quarta-feira, 15 de maio de 2013

CAPÍTULO 65



Eu estava tão perdida em meus sentimentos quando entrei em casa que não notei Joe sentado no sofá da sala.
- Está tudo bem? – ele perguntou.
Pisquei, voltando ao presente, e por uma fração de segundo a preocupação dominou seus olhos.
- Já tive dias piores.
Ele assentiu, reerguendo o muro que nos separava, e se levantou, indo para o quarto, provavelmente para me evitar.
- Joe – chamei. Ele se virou, o rosto ainda duro. – Você ainda vai à festa de hoje à noite?
- Acho que não tenho alternativa – ele murmurou, inquieto.
- E vamos juntos... ou cada um...
- Você é minha esposa – ele respondeu, me encarando com certa ferocidade. – Apesar de esquecer disso, eu não esqueço.
Argh! Era ridículo. Muito ridículo. Estávamos brigando como um casal de verdade, sem ter os benefícios de um relacionamento de verdade.
Decidi tomar um banho, já que eu estava adiantada, e demorei um pouco para decidir o que vestiria naquela noite. Aquela seria a primeira vez que o patrono da empresa, vô Marcus, não estaria presente na festa anual do Conglomerado Lovato. Eu sentia que deveria representá-lo de alguma forma. Deveria estar à altura do bom nome que ele havia deixado.
Optei pelo vestido de seda azul-marinho um pouco acima dos joelhos com apenas uma alça e alguns drapeados, que deixava minha silhueta ligeiramente marcada, de forma elegante. Equilibrei-me sobre os saltos dos sapatos cravejados e cristais que vovô me dera em meu vigésimo quarto aniversário e que eu nunca chegara a usar. Deixei os cabelos soltos, com leves cachos se formando nas pontas, e apliquei a maquiagem, tentando parecer feliz. Eu suspeitava que Hector estaria atento a cada suspiro meu naquela noite, dada a maneira como as coisas estavam entre mim e Joe, tinha medo de pôr tudo a perder. Mas que opção eu tinha? Não comparecer me parecia assumir a culpa, e eu jamais desistiria tão fácil.
Eu já estava pronta quando Joe se enfiou no banheiro. Mal ele fechou a porta e seu celular começou a tocar dentro do bolso do seu paletó, pendurado no mancebo em seu quarto. Por fim se aquietou, para logo em seguida voltar a tocar.
- Joe, seu celular está tocando – gritei.
- Atende e diz que ligo depois, por favor.
Um pouco sem jeito, entrei em seu quarto e me aventurei a mexer em seu bolso, encontrando um lenço – aquele que ele havia me emprestado quando nos embolamos na escada -, alguns comprovantes de estacionamento, a carteira e por fim o celular.
Era Justin.
- E aí, coisinha linda? Sentiu saudades?
- Ah, Justin. Quase entrei em depressão de tanta saudade.
- Cadê aquele mala do meu irmão?
- Tomando banho. Ele liga de volta assim que terminar. Temos uma festa hoje – contei.
- Ah, eu sei. Ele me disse. Escuta Demetria, foi bom que você tenha atendido. Minha mãe quer preparar um almoço aqui em casa amanhã. Reunião de família, sabe como é... Vocês estão livres?
- Me desculpa Justin, mas eu trabalho no domingo.
- Humm... e que tal um jantar?
- Bom... se o Joe quiser me levar... – coisa que naquele momento eu achava pouco provável.
- Não esquenta. Se ele não quiser vir, eu mesmo busco você. Ninguém aqui está ansioso para ver aquela cara de fuinha mesmo.
Em quinze minutos, Joe estava de banho tomado e pronto em seu smoking preto. Lindo e incrivelmente irritado.
- Era o Justin – avisei. – Sua família quer marcar um jantar para amanhã. Acho melhor você ligar para eles.
Ele assentiu, sem dizer uma única palavra. Com um suspiro o segui até a garagem. Esperei estarmos no carro para abordá-lo, assim ele não teria como fugir. Ele já tinha tido tempo mais que suficiente para reavaliar o que vira no restaurante italiano.
- Vai me ouvir agora? – perguntei.
- Na verdade, não tenho nada para ouvir. Você pode ter encontros com quem quiser, já que o que temos não passa de uma grande mentira.
- Não seja ridículo. Você sabe que eu não tenho encontros.
- Sei? – sua boca se tornou uma linha rígida.
- Se não sabe, deveria. E esse seu ciúme é totalmente ridículo – cruzei os braços sobre o peito.
- Ah é? Eu vejo a minha mulher com outro homem, de mãos dadas, e estou sendo ridículo! Essa é boa!
- O que você viu foi só uma reunião de negócios.
- Já tive muitas reuniões de negócios Demetria, e nunca segurei a mão de ninguém em nenhuma delas – ele retrucou.
Suspirei, exasperada.
- Tudo bem. Escuta, o Boris acha que eu tenho chance de anular o testamento se entrar com uma ação alegando que o vovô não estava em seu juízo perfeito quando redigiu o documento. Era isso que estávamos discutindo. Ele estava tentando me consolar porque fiquei triste com essa notícia.
- E você vai fazer isso? - ele perguntou asperamente – Vai manchar a memória do seu avô?
- Não! Não sei ainda. Eu não quero – sacudi a cabeça, confusa. – Foi isso que você viu. Era isso que estava acontecendo. O Boris estava tentando me consolar – repeti, esperando que ele entendesse de uma vez por todas.
A boca de Joe se transformou numa linha fina e rígida outra vez. Aquela veia pulsava em sua têmpora.
- É tão ruim assim estar casada comigo que você não pode esperar mais alguns meses para se livrar de mim?
- Que inferno, Joe! De onde você tirou essa ideia? Por que você sempre pensa o pior de mim? – gemi. – Não é nada disso! Eu gosto muito de estar casada com você. Se quer saber a verdade, eu gosto muito mais do que deveria! Se pra você o que temos é uma grande mentira, pra mim não é. O que temos é especial. Tão especial que eu faria qualquer coisa para manter. Por isso não quero que você se meta em encrenca por minha causa. Só estou tentando... – Não era a hora certa para ter aquela conversa. Já estávamos perto do Hotel Paradise, uma rede de hotéis luxuosos espalhados pelo mundo, também pertencente ao Conglomerado Lovato. Como eu poderia contar para ele ali, no meio do transito, que sua tão sonhada carreira não decolou porque entrei em sua vida? Provavelmente arruinaria todas as minhas chances de absolvição, que já eram mínimas. – Droga Joe! Você é um idiota às vezes!
Ele não respondeu. Na verdade, não falou comigo depois disso.
Assim que adentramos o salão de festas, no térreo do majestoso Paradise, Joe e eu fomos saudados por muitos conhecidos, a maioria presidentes das dezenas de companhias que vovô comprara ao longo dos anos. Ele os cumprimentou ainda de cara fechada, mas foi educado e atencioso, sem puxar o saco de ninguém. 
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Orgulhoso o Joe? imagina! sinceramente homens são uns cabeça dura, mais toda essa briga vai acabar na cama não se preocupem tá chegando a hora.... 

5 comentários:

  1. Posta mais um hoje, posta posta posta posta posta

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  2. Não vejo a hora deles acabarem com essa briga...
    Joe tem que deixar o orgulho um pouquinho de lado
    Ta perfeito
    Posta logo

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  3. Postaaaaa to super curiosa to adorando sua fic XO XO

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  4. Posta logo, cabeça dura é apelido hein super curiosa pelo que vem por ai kkk

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