sábado, 25 de maio de 2013

CAPÍTULO 87



Miley dominou a conversa no almoço, me colocando a par da última bomba que caíra sobre a L&L. Ao que parecia, a empresa estava perdendo vendas para o concorrente – de qualidade inferior, mas com preço mais acessível -, e a diretoria estava arrancando os cabelos por causa dos números, que só despencavam. A solução encontrada para o problema havia sido reduzir a qualidade dos produtos, o que gerara um impasse. Parte da diretoria se recusava a baixar a qualidade, a outra parte não via problemas nisso.
– Não acho uma boa solução – comentei enquanto Miley voltava para sua sala e eu seguia rumo à copiadora. Ao que parecia, eu nunca me livraria daquela máquina. – Os clientes confiam nos nossos produtos, sabem que podem comprar de olhos fechados. Reduzir a qualidade aplicaria bem mais que perder o bom nome da L&L Cosméticos. Perderíamos credibilidade. Deve ter outro jeito... Sei lá, deveriam tentar outro caminho. De repente um plano de fidelização ou algo assim.
– Como assim? – ela inquiriu.
– Não sei. Talvez criar um programa de acumulo de pontos ou trocas. Prender os consumidores pela qualidade e dar a eles algum tipo de bônus. A gente podia trocar um número específico de embalagens vazias por um novo produto ou... – dei de ombros. – Acho que estou falando besteira, Miley. Não entendo nada de estratégia de vendas.
– Eu discordo – soou a voz grave e tão, tão familiar atrás de mim.
Virei-me e lá estava Joe, me avaliando a distância, os braços cruzados sobre o peito largo, um pequeno sorriso cínico nos lábios.
– Acho que você entende mais do que muitos de nós. – Ele se aproximou um pouco, ainda mantendo uma distância segura. – Sua ideia pode ser uma alternativa viável. Gostaria de ouvir mais sobre ela. Está ocupada agora?
O perfume dele me atingiu como um bastão de aço. Estava em meu nariz, em minha pele, dentro de mim. Estremeci com as doces lembranças, ainda tão recentes. Eu não queria falar com ele – bom, claro que queria, mas não queria colocá-lo no meio daquilo tudo, justo agora que ele estava livre da maldição de estar casado comigo. No entanto, eu precisaria de sua ajuda naquela noite. A ideia de deixar um bilhete em sua mesa era tentadora, porém não muito eficaz. Eu precisava que tudo ocorresse conforme o planejado se pretendia continuar vivendo em liberdade.
– Hã... Tudo bem. Eu estava mesmo querendo falar com você.
– Eu te acompanho – Joe disse, ficando bem ao meu lado.
Miley sorriu e se afastou rapidamente. Ele e eu seguimos em silêncio pelo corredor, rumo a saleta claustrofóbica. Era como no início, dois estranhos que não sabiam o que dizer. Joe fechou a porta assim que entramos.
Seus olhos brilhavam intensamente, como dois sóis... só que impiedosos.
– Agora fale – ele exigiu, se aproximando.
– Sobre o programa de acúmulo de pontos? – tentei, dando um passo para trás quando ele tentou chegar perto.
– Onde você passou a noite? – ele perguntou sem rodeios, emanando raiva por todos os poros.
Engoli em seco.
– Com a Sel. Na casa dela – murmurei. Meu peito subia e descia rápido demais.
– Só vocês duas?
– E a Mandy.
Ele assentiu brevemente.
– Já que assinamos os papéis do divórcio, você não acha que precisamos resolver certas coisas?
– Não acho, não! – Aquilo doía demais. Ele podia ao menos ter relutado um pouco mais. Lutado um pouco mais, não é mesmo? – Você já assinou a porcaria da separação e resolveu tudo. Com essa nova lei do divórcio, a essa altura já estamos oficialmente separados. Não tem mais nada a ser discutido.
Joe suspirou, frustrado.
– Você conseguiu o que queria, não conseguiu? – ele me analisava atentamente, como se procurasse algo em meu rosto. – Era o que você queria, não era? – as duas esmeraldas flamejantes não desgrudaram dos meus olhos um só instante. Havia mais naquela pergunta, muito mais. Eu só não sabia o quê, exatamente.
– E você nem sequer hesitou, Joe. Você podia ter tentado me enrolar? Não podia ter tentado me convencer a continuar casada? Nãããão! Claro que não. Você estava doido pra pular fora, e aproveitou a primeira oportunidade que caiu no seu colo pra se livrar de mim!
– Eu só fiz o que você me pediu! Foi você quem pediu o divórcio. Não posso obrigar ninguém a me amar, a querer ficar do meu lado – ele bufou.
– Andei pensando sobre nosso relacionamento. Ele começou errado. Nunca daria certo entre nós dois. Você tem razão, não podemos ficar juntos. Eu não pertenço ao seu mundo.
Você é o meu mundo, seu completo idiota!, eu quis dizer, mas, em vez disso, disse apenas:
– Seu completo idiota.
– Um dia você vai ser dona de um império e de uma fortuna que eu nem consigo calcular, e olha que cálculos são a minha especialidade. E eu sou um cara simples que, por mais que lute e trabalhe, sempre será classe média.
– Eu não me importo.
– Mas eu me importo! Tem muito mais que amor em um casamento. Tem confiança, respeito, admiração...
– Eu não acredito no que você está dizendo! Quer dizer que, enquanto eu era pobre e ferrada, ah, tudo bem me levar pra cama... Isso é fantástico, Joe! Maravilha!
– Eu não disse isso – ele grunhiu. – Você está deturpando as coisas, como sempre.
– Eu não acredito em quanto você está sendo ridículo! É só dinheiro!
– Um dinheiro que fez você se casar comigo – apontou ele. – Um dinheiro que te levou a me abandonar, não foi? – ele gritou, furioso, mas, apesar disso, seu olhar parecia questionador. Era como se ele estivesse encenando, testando... Que estranho.
– Eu não te abandonei! É você quem está pulando fora.
– Porque você pediu o divórcio, cacete!
– Bom... pedi, mas eu tive meus motivos. E você sabe muito bem que eu não tinha a intenção de ficar longe de você. Foi você quem me expulsou da sua vida! Agora, custava muito bancar o difícil só por alguns dias, até que eu... – parei de falar.
– Até que você...? – ele perguntou, ansioso, os olhos intensamente brilhantes de expectativa.
Eu não podia contar a ele. Não agora. Não tão perto de resolver tudo aquilo. Não podia colocá-lo novamente no meio daquela confusão. Uma sensação estranha de déja vu apertou minha garganta. Tentei ignorá-la.
– Que merda, Joe! – grunhi furiosa, empurrando-o para tentar sair daquela sala antes que fizesse alguma besteira. Ele nem se moveu.
Joe me avaliou por um instante, a testa franzida, os lábios comprimidos em uma linha reta.
– O que está realmente acontecendo, Demetria? – perguntou por fim, num sussurro.
Respirei fundo e ergui a cabeça, até ficar com o nariz a centímetros do dele.
– Nada que seja da sua conta. Você não é mais meu marido. Não lhe devo satisfações.
Ele estreitou os olhos, e um quase sorriso brincou em seus lábios.
Seu celular tocou, Joe atendeu, sem jamais desviar os olhos dos meus. 
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oiii, então hoje estava pensando em postar mais 3 pra vocês , se não tivesse ido parar no hospital hoje, estou postando esse escondida da minha mãe e do meu namorado que estão na minha casa me vigiando( ninguém merece), mais se amanhã estiver pelo menos 80% bem posto 3 pra vocês, hoje estou apenas com um nível de exaustão acima do que posso aguentar, então é isso até amanhã.    

3 comentários:

  1. Oxxi, amor o que aconteceu pra você precisar ir ao hospital?!
    aaamando a história, pooosta loogo, pleease, xo

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  2. Melhoras pra você... O que houve pra você precisar ir para o hospital?
    O capítulo está incrível.
    Poste quando estiver melhor.
    Beijos

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  3. Como assim hospital? Vc tá melhor?
    A historia está muito boa pena q já tá chegando ao fim...
    Ine

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