sábado, 18 de maio de 2013

CAPÍTULO 71 MARATONA



Acordei com beijos deliciosos na nuca. Mãos grandes e suaves acariciavam minhas costas. O aroma de café impregnava o ar. Eu podia me acostumar com aquilo facilmente.
- Bom dia, Bela Adormecida – murmurou Joe em minha orelha.
Virei-me, me enroscando em seu pescoço.
- Bom dia – resmunguei.
- Está com fome? Imaginei que estaria e pedi o café. Você teve uma noite muito agitada – ele mordiscou meu queixo.
- Só um pouco.
Joe tocou os lábios quentes em meu pescoço antes de alcançar a bandeja cheia de guloseimas. Café, leite, ovos, croissants, pães e geleias variados, iogurte, frutas e sucos. Meu estômago roncou ao ver tanta fartura.
Ele riu.
- Que bom que não esta com fome – zombou.
Sentei-me enquanto ele me servia, prendendo o lençol sob os braços.
- É que normalmente demoro pra acordar. Estar com os olhos abertos não significa que eu esteja realmente desperta. Você viu o que aconteceu naquela manhã depois da tempestade....
- Obrigado pela dica – ele me passou o prato abarrotado de comida, colocando um morango em meus lábios.
As pesadas cortinas brancas, estampadas com minúsculas flores, estavam fechadas, por isso eu não fazia idéia de que horas eram. Aproveitei para observar o quarto, já que na noite anterior eu estava absorta demais em Joe e sua caricías. Era simples e requintado, com móveis retos e elegantes. As gravuras nas paredes eram de bom gosto, e a poltrona vermelha de linhas retas dava ao quarto sóbrio um toque de descontração. Eu não imaginava que pudesse existir um lugar tão perfeito para nossa tão esperada noite de núpcias.
- Sabia que eu nunca tinha me hospedado nesse hotel? O vovô sempre se hospedava, pelo menos uma vez por ano, em cada um dos hotéis da rede, para se certificar de que o serviço estava sendo bem feito. – Mordi uma rosquinha macia coberta de glacê. – Delícia de hotel.
Joe sorriu, um sorriso torto de tirar o fôlego.
- Também vou levar lembranças muito agradáveis – disse, tomando seu café preto.
- Sabe, você podia ter dito logo de cara que se sentia atraído por mim. Teria facilitado muita coisa.
- Podia, mas e se você não sentisse o mesmo?
- Alguma vez , quando nos beijamos, eu dei a entender que não queria?
Ele sacudiu a cabeça.
- Você não entendeu. E se você estivesse apenas querendo suprir o espaço deixado pelo seu avô? Já imaginou como os próximos onze meses seriam constrangedores pra mim? – falou, me encarando atentamente, procurando sinais de que pudesse ter dito a verdade. – mas naquela noite em que você estava com medo da ...hã..em que eu estava entediado, eu vi algo em seus olhos. Algo que eu queria tanto, mas que ia contra tudo que eu prezava. Você parecia me desejar e eu estava louco por você. Queria tanto que o que vi nos seus olhos fosse real. Estava tão perto de arruinar tudo...Como já não me sentia em meu juízo perfeito, decidi pedir ajuda, e pretendia contar pro Liam sobre a nossa situação. Talvez alguém de fora pudesse ver as coisas com mais clareza. Mais aí te vi com aquele advogadozinho sardento e... Desculpa por aquilo – ele disse, mas sorriu descaradamente.
- Joe, vamos deixar uma coisa bem clara. Eu sinto muita falta do vovô. Tanta que às vezes acho que vou morrer, que vou sufocar até definhar de tanta saudade. Nunca vou deixar de sentir falta dele. E ninguém nunca vai poder substituir o vô Marcus no meu coração. Nem mesmo você. O amor que sinto por ele é diferente, ele é família . O que eu sinto por você é...outra coisa. É ...hã...é como...se eu estivesse me afogando e de repente conseguisse encontrar a superfície. – Eu nunca tinha sido muito boa com essa coisa de declaração, mas esperava que ele compreendesse o que eu sentia.
- Como se estivesse à beira de um precipício sem proteção alguma, mas não resistisse e saltasse.
- Exatamente! – Caramba! Era exatamente daquela forma que eu havia me sentido tantas vezes ao lado dele. Ele também se sentia assim?
- Como se estivesse faminto por décadas e finalmente pudesse saciar a fome – ele deixou sua xícara de lado e começou a se inclinar em minha direção.- Como se descobrisse que o que move o universo não são as energias cósmicas, mas os brilhantes olhos castanhos no rosto de uma menina-mulher – e me beijou. Um beijo longo e quente, que deixou todos os meus sentidos alertas.
- Meu celular tocou, estridente, em alguma parte do quarto. Joe suspirou e me libertou de seus lábios. Não que eu quisesse isso.
Procurei com os olhos pelo chão acarpetado, sobre a mesa de cabeceira, na poltrona, mas não vi minha bolsa em lugar algum.
- Onde você está? – gemi, revirando os lençóis com cuidado para não derrubar a bandeja.
- Aqui – Joe levantou minha bolsa de dentro do balde de gelo vazio, ao lado da poltrona vermelha.
- Mas como foi que... – sacudi a cabeça e sorri. – Alô?
- Demetria, já são nove horas e você ainda não está aqui. Posso saber por quê? – inqueriu Nick, com a voz extremamente irritada.
- Hoje é domingo? – cobria testa com a mão, fechando os olhos, evitando grunhir.
- Demetria! NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESQUECEU DE... – afastei o telefone para que os berros não perfurassem meu tímpano, fazendo uma careta. Joe me observava, curioso.
- Eu não esqueci! – gritei, ainda segurando o telefone a certa distância da orelha. – tive um... imprevisto e estou... hã... saindo agora.
- Ou você chega aqui em vinte minutos ou pode esquecer o emprego. – Ele desligou na minha cara.
- Merda! – desci da cama e comecei a pegar minhas roupas, emboladas com as de Joe, espalhadas por todo o quarto.
Como pude esquecer que era domingo e eu tinha que trabalhar? Bom, claro que eu podia esquecer. Eu tinha acabado de passar uma noite mágica nos braços do homem mais gato do planeta e ele simplesmente me amava. E, por sorte, também era meu marido, o que significava que eu o veria outra vez. Muitas outras vezes. Isso era o bastante para esquecer até o nome do país em que eu vivia.
- O que você está fazendo? – Joe perguntou, me olhando com uma expressão magoada.
Comecei a me vestir desajeitadamente enquanto equilibrava uma rosquinha entre os dentes.
- Vou pra galeria. Hoje é domingo, acredita? Preciso chegar lá em vinte minutos ou vou ser demitida. O Nicholas está soltando fogo pelas ventas. – Eu tentava subir o zíper na lateral do vestido, mas estava enroscado. Parecia que, quanto mais eu tentava, mais ele se recusava a me obedecer. Isso só acontecia, claro, porque eu estava com pressa. Se tivesse tempo, o maldito zíper deslizaria como um trem sobre trilhos novos. – Pode me ajudar com isso aqui, por favor? – pedi, indicando o fecho teimoso.
- Claro – ele disse, se aproximando e subindo o zíper com destreza, os dedos quentes me tocando delicadamente. – Você vai trabalhar com essa roupa?
- Não dá tempo de passar em casa. – engoli o resto da rosquinha. – Invento uma história qualquer. Desculpa sair assim correndo. Realmente esqueci que era domingo. – Calcei os sapatos.
- Não vou mentir, eu tinha planejado muita coisa para essa manhã... – seus braços enlaçaram minha cintura e seus lábios deslizaram por meu pescoço. – mas temos a noite toda, e todas as outras noites... Acho que posso adiar por algumas horas as coisas pecaminosas que pretendo fazer com você.
- Que tipo de coisas pecaminosas? – perguntei, interessada.
Sua boca já brincava em minha orelha.
- De todo tipo. – Seus dentes mordiscavam delicadamente a pela sensível. Estremeci, enroscando os dedos em seus cabelos macios. Oh, Deus!
Joe não podia ser real. Era perfeito demais para ser real. Talvez se eu ficasse só mais uns minutinhos...
Então, claro, Joe me soltou.
- Eu levo você. Será que posso conhecer a galeria? – indagou, alcançando a camisa e jogando o paletó sobre os ombros. Ficou enorme. Precisei subir as mangas para libertar minhas mãos.
- Não vejo porque não poderia.
Ele riu.
- Porque é sempre tão difícil arrancar de você um simples sim?
- Ah, eu... – corei um pouco – não sei. 
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Então, me perguntaram quantos capítulos terá essa maratona, e a resposta é: depende de vocês se comentarem bastante até termino ela hoje... brincadeira, mas vocês que vão ditar a velocidade das postagens então COMENTEM! 

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