- Vai, conta tudo. E é
melhor caprichar nos detalhes tórridos se quer mesmo que eu perdoe sua mancada
– exigiu Sel assim que Joe se afastou do shopping Center, indo à procura de um
tênis novo de corrida. Ele havia se oferecido para me levar às compras depois
do expediente, já que eu lançara sobre ele o dramalhão eu-ônibus-pesadelo. Joe
achava divertido meu pavor do transporte coletivo. Eu desconfiava que ele não
conhecia o maravilhoso sistema de transporte público suíço.
- Não tem muito que
contar...- eu disse a ela.
-Ãrrã. O Joe me fala que
vocês estão juntos no mesmo quarto, depois de um jantar megarromântico, e hoje
você aparece aqui, com esse sorriso besta na cara e seu marido super-hot a
tiracolo, como se não fosse nada de mais. Conta logo e não me obrigue a usar a
força.
- Os pais dele jantaram com
a gente, Sel. Como pode ter sido romântico?
- Você pediu! – ela disse,
os olhos se tornando maiores e mais brilhantes, a boca ligeiramente trêmula, os
ombros caídos. Suaves gemidos de dor profunda ecoavam em seu peito.
- Tá bom! – revirei os
olhos enquanto subíamos pela escala rolante. – Pode para com o drama! O Joe
preparou o jantar e me apresentou pra família dele como sua Demetria, seja lá o
que isso quer dizer. Conversamos até tarde. Só isso. Eu e ele almoçamos juntos
hoje e depois ele se ofereceu para me trazer ao shopping, pois precisava
comprar uma gravata para jantar de manhã com a diretoria e um tênis de corrida.
Os pais dele já foram pra casa. Pelo que entendi, eles vivem numa chácara a
poucos quilômetros daqui e vieram até a cidade levar o Justin para fazer alguns
exames. Ele sofreu um acidente há pouco tempo. Gostei muito deles, são pessoas
superbacanas. Como eu disse, não foi nada romântico.
- Ai, Demi. Assim você
estraga todos os meus sonhos! Quero saber da primeira noite. Como foi? Não
rolou nada, nadinha? Um roçar de mãos, um olhar diferente, uma mão boba na madrugada,
nadica mesmo?
- Não. Quer dizer...-
desviei os olhos dela – a gente conversou um pouco no escuro, depois o Joe
dormiu e no meio da noite meio que me abraçou e sussurrou meu nome uma vez.
Ainda estava me abraçando hoje de manhã. Fingi que estava dormindo quando ele
acordou. Ele não tocou no assunto, nem eu.
Eu
acordara estranhamente mais cedo que de costume naquela manhã. Talvez fosse
pelo calor que me envolvia. Era delicioso demais para permanecer inconsciente.
Joe ainda estava com o braço em minha cintura, me segurando possessivamente
contra seu corpo. Coloquei minha mão sobre a dele, aconchegando-me mais. Logo
em seguida, ele despertou. Eu soube que ele havia acordado pela tensão que
dominou seu corpo e pela...hã...movimentação rígida e pulsante contra meu
quadril. Mantive os olhos fechados quando ele gentilmente tentou puxar o braço.
Segurei-o mais firme, impedindo que se afastasse, e inspirei profundamente. Ele
esperou alguns segundos antes de puxar a mão outra vez, com muito cuidado para
não me despertar. Mas, ao descer da cama, bateu em alguma coisa e praguejou
baixo.
Abri os olhas, fingindo que
acabara de acordar.
- Joe?
- Desculpa, Demetria. Eu
tropecei na minha maleta. Bom dia – disse ele, pegando roupas limpas no
guarda-roupa.
- Bom dia – me estiquei
toda e bocejei. – Caramba, sua cama é ótima! Nunca dormi tão bem.
- É um ótimo colchão – sua
voz não tinha entonação alguma.
- Eu não te chutei nem
nada, certo? Tenho o sono um pouco agitado. Pelo menos é o que a Sel diz –
cutuquei, esperando ver algum tipo de reação e me decepcionando
instantaneamente.
- Mesmo? Nem notei que você
estava na cama. Dormi feito uma pedra.
Ele jamais confessaria que
dormimos abraçados quase a noite toda. E não havia por que pressioná-lo. Nosso
relacionamento era estritamente profissional.
Sel suspirou, me tirando do
devaneio. Seus olhos brilharam.
- Uh! É disso que eu to
falando, garota! – disse, satisfeita com a pequena intimidade que eu havia tido
com meu marido. Um sorriso enorme coloria seu rosto.
Revirei os olhos.
- Sel eu já passei da
adolescência faz um certo tempo.
- Eu não me importo. O que
mais? Ele usou o que pra dormir? Como foi o abraço?
- Short, regata, conchinha.
Só isso.
- Ah,
meu Deus! Como assim, conchinha?
- Ele estava inconsciente.
Deixa isso pra lá – me queixei, saindo da escada rolante e seguindo em frente.
Ela estreitou os olhos.
- Você está escondendo
alguma coisa.
Suspirei. Por que Selena
tinha que me conhecer tão bem?
- Tudo bem. Ele passou o
dia me mandando piadinhas pelo MSN – comentei, deslizando o dedo por uma das
vitrines sem realmente vê-la.
- Que tipo de piada?
- Daquelas bem bobinhas –
eu disse, sem encará-la.
- E você gostou! – ela
comentou satisfeita.
Soltei os ombros,
desanimada, e encontrei seus olhos sorridentes.
- O que está acontecendo
comigo?
- Ah, meu Deus! Ah, meu
Deus! – ela pulou no lugar.
- Eu sei! Mas eu não estou
apaixonada! O Joe só é muito mais legal do que eu podia imaginar. O que sinto por
ele é...só atração – confessei.
- É vamos encarar os fatos,
eu seria louca se não me sentisse atraída por um cara como ele. O Joe é tudo
aquilo e...Não me olha com essa cara, Sel! Nem começa!
- Eu disse alguma coisa?
Você me ouviu dizendo alguma coisa? Eu não disse nada – ela ficou séria, com o
olhar inocente – demais -, e deu de ombros.
- Vamos comprar logo essa
porcaria de cortina!- resmunguei, totalmente ciente de que ela não acreditava
em nada do que eu dissera. Pelo menos em relação ao que eu senti por Joe.
Rodamos todas as lojas de
artigos para casa em busca da cortina perfeita. Quando a encontrei, não pude
comprar. Minha grana estava quase no fim e tinha que durar mais duas semanas,
quando sairia o próximo pagamento. Acabei levando uma mais simples, de tecido
diáfano branco, até que bonitinha, e com preço muito mais acessível. Aproveitei
e comprei um roupão, só para garantis que Joe não me visse mais uma vez andando
pelo apartamento embrulhada numa toalha.
Encontramos
Joe na praça de alimentação e escolhemos fast-food, embora ele não parecesse
muito entusiasmado com a comida. Acabei rindo quando ele fez uma careta para
meu cheeseburger triplo pingando gordura. Sel nos estudava atentamente, e Joe,
percebendo isso, não parava de sorrir, divertido com a situação. Ela me chutou
por debaixo da mesa. Revirei os olhos e terminei meu Milk shake. Eu parecia a
única adulta ali...
Já era tarde e estávamos
indo para o estacionamento quando vi de relance um vestido numa vitrine que
parecia sussurrar meu nome. Aproximei-me do vidro com que hipnotizada pela
beleza da peça. Era lindo. O vestido perfeito para jantar com Joe e a diretoria
na sexta. Eu estava cogitando a hipótese de entrar na loja quando encontrei a
plaqueta com o preço.
- Uau! O vestido preto,
fechado na frente, mas com um decote generoso nas costas, custava três vezes
mais que meu salário miserável. Em outros tempos, eu acharia um verdadeiro
pecado custar tão pouco, mas, dadas as circunstâncias, era um assalto.
Selly entendeu errado.
- Lindo, Demi! Prova pra
ver como fica – incitou ela.
- Nem pensar. Olha o preço!
Não posso pagar.
- Ah, é. Às vezes esqueço
que agora você é tão dura quanto eu. Minha amiga não é mais a princesa de
antes. Virou gata borralheira, como eu. – Desapontada, ela se arrastou pelo
assoalho liso.
Passei o braço por seu
ombro e a afastei da loja. Joe apenas nos observava.
- E no momento essa gata
borralheira aqui precisa encontrar uma abóbora mágica para se livrar dos ônibus
malvados – eu disse e ela riu um pouco. – E é só um vestido. – Um vestido
perfeito, que talvez fizesse Joe me olhar com outros olhos se... eu realmente
quisesse isso.
- Mas é a sua cara! – ela
resmungou.
- Eu não teria onde usar.
Não vou mais a lugares bacanas nem a festas badaladas. Ia ser cruel condenar
esse lindo vestido à minha vida nada social de agora.
Ela suspirou pesadamente.
- É, ia mesmo – concordou
triste. – Quer esticar? Tem uma nova danceteria que é bem barata.
- Humm... Tudo bem. Eu
preciso sair um pouco mesmo. Tô ficando cinza enfiada naquele escritório. – E,
voltando-me para Joe, eu disse: - Quer ir?
- Pode
ser... – ele concordou, meio inquieto.
- Você quer ir com a gente?
Numa danceteria? De verdade? – perguntei, chocada.
Ele deu de ombros.
- Também preciso sair um
pouco. Se você não se importar que eu vá...
- Não, tudo bem. Vai ser
ótimo te ver no meu mundo – sorri.
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Gente diz aí se não sou boazinha, resolvi postar um capítulo bônus pra vocês , só porque hoje estou muuuuuuuuito feliz, dia 8 vou completar 2 anos de namoro e meu amado vai me levar para o show do Paul McCartney no dia 9, que particularmente adoro, e agora vou ter que me superar no meu presente, mais agora falando do capítulo o que acham que irá acontecer na danceteria hein? será que Joe vai ficar com Demi? será que Joe vai trair a Demi? será que Joe vai brigar com alguém? dêem seus palpites. Até amanhã!
Capitulo extra URRUUU vc deveria ir a mais shows com seu namorado
ResponderExcluirO.o o que será que vai acontecer?! Anww ameei o capitulo bônus, poosta logo, xo
ResponderExcluirParabéns antes demais pelos 2 anos não é fácil, eu sei fiz o meu no mês de março.
ResponderExcluirTou meio tristonha pensei que o 35 seria o ultimo :(
Mas adorei a noite dos dois... Mto mais que sel