domingo, 12 de maio de 2013

CAPÍTULO 56 E DESCULPAS


Eu tinha que apressar as coisas, tinha que conseguir seduzir Joe e até imaginava como, ainda que corasse só de pensar no assunto. Combinei com Sel de nos encontrarmos depois do expediente para que ela me ajudasse com meu plano de sedução.
Depois do trabalho, Joe me deixou no café, disse que tinha negócios a resolver, mas pediu que eu ligasse caso precisasse de carona.
- Ele sente alguma coisa por você – deduziu Sel, depois que narrei a ela os últimos acontecimentos. – Tá na cara que sente. Vamos encarar os fatos, Demi. O Joe é muito certinho. Ele não vai querer voltar atrás com a palavra dele. Vocês combinaram que não iam ter contato físico, aposto que ele vai fazer de tudo para evitar isso. E, obvio, está se sentido diminuído diante da fortuna que te aguarda. Coisa de homem. Supernormal.
- Não acho nada normal. Preciso me apressar, fazer com ele saiba o que sinto por ele, mas sem ser muito direta. Não quero assustar o Joe... muito. Decidi tentar do seu jeito.
- Demorou – ela comentou, tomando um grande gole de capuccino.
- Vou precisar do seu cartão de crédito emprestado. Tô a zero, Sel. Desculpa.
- Sem problemas – ela sorriu, animada. – O que vai ser, shopping ou sex shop?
Oh, Deus!
- Não acredito que vou fazer isso – murmurei envergonhada, sacudindo a cabeça.
- Eu é que não acredito em como você demorou pra tomar uma atitude. Eu no seu lugar já teria dado uma de mulher fatal há um tempão.
- Preciso que isso dê certo Sel. Aconteceram algumas coisas essa semana... – Contei a ela sobre Blanda e que Hector fora informado sobre meu casamento de mentira. E lembrei que Sel havia tido uma grande participação nisso. – Eu não acredito que você contou pro Nicholas que meu casamento é de fachada. Caramba, Selena! Você complicou as coisas pra mim.
- Ai, Demi, me perdoa. Saiu sem querer. Eu não pretendia dizer nada, mas quando vi já tinha contado. – Sim, eu podia imaginar. Sel vivia fazendo esse tipo de coisa, falando sem pensar até que fosse tarde demais e depois se enrolando toda na tentativa de se corrigir. Nunca dava certo. – Eu pedi pro Nicholas não contar a ninguém, fiz ele jurar, mas...
- Obviamente ele não te ouviu.
- Desculpa- seu rosto assumiu uma expressão de culpa tão dolorosa que partiu meu coração.
Suspirei.
- Tudo bem, Sel. Deixa pra lá. Mas, pelo amor de Deus, fala com ele e explica outra vez que ninguém mais pode ficar saber dessa história.
- Pode deixar. Desculpa mesmo. Demi. Eu não devia ter contado nada para ele. Pensei que fosse seguro – ela murmurou, baixando os olhos. – Tenho certeza que o Nicholas não fez por mal. Ele jamais ia te prejudicar de proposito. Nem eu.
- Eu sei – suspirei, desanimada por não poder esganar o namorado da minha melhor amiga, como gostaria. – Estou com medo. A Blanda não tem poder pra fazer nada, já o Hector... Ele é muito esperto. E até convidou o Joe e eu para o jantar anual do conglomerado. Acho que ele está planejando alguma coisa. Preciso de um plano B. Andei pensando sobre aquela sua ideia de contestar o meu avô. Você acha que o seu advogado pode mesmo me ajudar a anular o testamento?
- Acho. O Boris é fera nessas coisas.
- Marca um encontro com ele então, mas não fala nada sobre isso com o Joe. Pelo menos até eu explicar tudo o que está acontecendo. Leva o Nick, se quiser. – Como se eu já não soubesse que ele iria de qualquer forma. – Mas avisa que, se ele abrir a boca outra vez, eu arranco os olhos dele.
- Se ele quiser ir – ela deu de ombros.
- Brigaram de novo?
- Não. Mas ontem ele finalmente me levou pra conhecer a irmã dele – ela confidenciou, fazendo uma careta.
- E pela sua cara foi tenso.
- Pra dizer o mínimo – suspirou. – A lucy trata o irmão como um bebê, e definitivamente não foi com a minha cara. Disse que eu estava roubando a virtude do irmãozinho dela.
Gargalhei alto.
-Pois é – ela continuou - Depois, ficou analisando todos os meus passos e cada vez que o Nicholas me tocava eu sentia que ela estava prestes a pular em cima de mim e me esganar no chão da sala de jantar.
- Meu Deus! E o Nick, o que disse?
- Ele tentou me convencer que a irmã é possessiva com tudo, para eu dar um tempo que ela vai acabar me aceitando. Mas não preciso que ela me aceite. Não preciso que ninguém me aceite. Só espero que ele também se sinta assim e não precise de aprovação de ninguém – ela jogou os longos cabelos negros para trás, bufando ligeiramente, e mudou de assunto. – Mas me conta aí. Então você é a nova queridinha da empresa, é?
Revirei os olhos e contei a ela os detalhes da minha recém adquirida popularidade. A tensão que pairava no ar se esvaiu.
Nicholas ligou para ela minutos depois e, apesar de ela tentar ser a rainha do gelo, falhou vergonhosamente e se derreteu ao telefone. Reprimi uma careta por causa do açúcar que ela derramou. No fundo, acho que era um pouco de inveja. Queria poder me derreter assim com Joe. É claro, queria que ele correspondesse.
No fim das contas, optei pelo shopping – sex shop era demais para mim -, e foi Sel quem escolheu o que eu vestiria naquela noite, já que eu não conseguiria parar de pensar em quanto aquilo era desesperador.
Já era tarde quando ela me deixou em casa, mas prometeu me ligar caso conseguisse falar com Boris. A casa estava quieta quando entrei. Joe já estava em seu quarto a portas fechadas. Tomei um banho demorado, tendo o cuidado de hidratar cada centímetro de minha pele.
Um pouco constrangida, vesti a curta camisola preta com aplicação de renda francesa em locais estratégicos e me senti uma idiota por não saber se meu próprio marido gostava ou não daquele tipo de lingerie. Alisei os cabelos com as mãos e fui até a porta, mas vacilei. Olhei-me no espelho novamente, cogitei tirar a camisola e substituí-la por meu pijama confortável, mas Joe já me vira com ele muitas vezes e nunca se sentira tentado a nada. Ao menos nunca havia demonstrado.
Sentindo-me uma mulher desprezada, desesperada e cheia de artifícios tentando seduzir o próprio marido – o que era totalmente o caso -, criei coragem para bater na porta de seu quarto.
Em menos de dois segundos Joe abriu.
Sem camisa.
Meus olhos foram atraídos para seu tórax, o abdome chato e cheio de gomos, a penugem ali existente. Por um momento glorioso, esqueci de minha missão e fiquei fantasiando cenas libidinosas com aquele homem alto e forte como um guerreiro. Em como seria me pendurar em seu pescoço enquanto ele me tomava nos braços e me jogava em sua cama com selvageria...
- Que foi? – perguntou ele.
Pisquei tentando lembrar como respirava.
- Hã...
- Você está bem? Aconteceu alguma coisa? – preocupado, seus olhos buscaram os meus.
- Eu... - O que eu tinha ido fazer ali mesmo? Ah, é – Barata! Tem uma barata no meu quarto. Enorme. Desse tamanho! – abri os braços para ilustrar melhor.
Joe franziu a testa, relaxando, os olhos divertidos.
- Tem certeza de que não era um tatu? Nunca ouvi falar que baratas podesse atingir essas proporções – riu.
- Ah, era imensa! Maior que um rato. Talvez até fosse um rato. Não vi direito. Eu não volto para o quarto enquanto aquilo estiver lá – impus.
- Eu vou salvá-la, frágil donzela! – ele brincou, alcançando a camiseta cinza puída e passando-a pela cabeça, acabando com minha linda vista panorâmica. Rapidamente se enfiou em meu quarto. – Onde foi que você viu a barata?
- No chão. – Ah. Brilhante! – Perto da cama. Ou talvez perto da cômoda. Não sei bem. – Era difícil precisar onde poderia estar minha barata imaginaria.
Ele se agachou, examinando os cantos de meu quarto. Eu me dei conta de que ele ainda não havia olhado para meu corpo, então alisei a camisola, joguei os cabelos para que caíssem em meus ombros de forma sedutora e me encontrei no batente da porta, tentando parecer sexy e irresistível. Eu não estava orgulhosa do que estava fazendo – usar aquele artificio não era a minha cara -, mas Joe exigia paciência. Além disso, se desse certo...
- Não tem nada além de roupa suja - ele jogou uma saia em minha direção e acabou acertando minha cabeça. Livrei-me da peça jogando-a e qualquer canto e passei os dedos pelos cabelos rapidamente, me endireitando.
- Tem certeza? Eu vi Joe, era gigantesca!
Ele procurou mais um pouco antes de desistir.
- Ela deve ter se escondido em algum lugar. Amanhã compro inseticida, está bem? – disse, vindo em minha direção.
Levantei a cabeça para encará-lo.
- Mas como eu vou dormir com esse monstro aqui? – murmurei, desolada.
Ele estudou meu rosto por um momento e suspirou, exasperado.
- Tudo bem, já entendi – e pegou meu travesseiro.
Tive que me conter para não fazer a dancinha da vitória enquanto Joe me empurrava para seu quarto. Eu finalmente estava onde queria.
- Você pode dormir aqui – disse ele.
- Obrigada. Você nem vai notar que eu estou aqui – e sorri carinhosa, desejando o contrario: que ele notasse, e muito, meu corpo ao lado do seu. A renda da camisola começava a pinicar e a calcinha fio dental estava me dando nos nervos.
Joe colocou meu travesseiro sobre a cama e pegou o seu.
- Boa noite – começou a se retirar
- Aonde você vai? – perguntei, mais alto do que pretendia.
- Vou dormir no seu quarto. Para o caso da barata aparecer outra vez.
- Mas... não! – Porém ele já havia fechado a porta, me deixando ali, com aquela camisola estúpida (que ele nem notara) e o coração pesado.
Cai na cama e coloquei o travesseiro sobre a cabeça para abafar um grito. Por que tudo era difícil com Joe? Qual era o problema dele? Irritada, me acomodei sob o lençol, socando o travesseiro para afofá-lo. Fechei os olhos.
- Acho que esses seus planos não vão dar em nada.
- Você acha? – eu disse sorrindo, abrindo os olhos e puxando o lençol até o queixo, tentando esconder minha camisola pouco recatada. Se aquilo era um sonho, eu não podia estar vestindo algo menos escandaloso? – Eu não tinha percebido, vovô.
Ele riu.
- Seu problema, Demetria, é querer resolver coisas importantes usando mentiras como arma. Nunca vai dar certo.
- Eu discordo. Dizer a verdade sempre me colocou em problemas. Você sabe disso.
Ele sacudiu a cabeça, e o rosto assumiu uma postura mais séria.
- Não. Fazer a escolha errada te colocou em problemas, querida. E você está cometendo esse mesmo erro agora, com Joe.
- O que você sugere que eu faça? Bata no quarto dele, quer dizer, no meu quarto, e diga: “ Joe, estou completamente apaixonada por você?” Ele vai rir. Eu me sinto segura ao lado dele, vovô, me sinto...protegida e... não quero estragar isso. Deixa que eu cuido da minha vida amorosa, está bem? Me conta sobre o além. É animado por lá? O que você anda fazendo quando não está nos meus sonhos?
Vovô fechou a cara.
- Tentando manter você longe de problemas, é isso que ando fazendo – resmungou.
- Ah. Tem... tido sorte?
- Não.
- Já tinha imaginado – suspirei – Você soube que o Joe fez chantagem emocional comigo para eu não comprar a moto?
- Sim, e graças a ele você está livre de um sermão- ele sorriu – Estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota.
Revirei os olhos.
- Por que você decidiu falar comigo por códigos? Além disso, podia ter escolhido um sábio mais genial pra citar. Homer Simpson, por exemplo. Sun Tzu é muito chato!
Sua gargalhada preencheu o quarto.
- Homer Simpson agora é um sábio – sacudiu a cabeça, fingindo indignação.
- Você adorava o Homer – lembrei.
- Isso não quer dizer que seja sábio. Ele não deve ser exemplo para ninguém.
- D’oh! – Imitei e vovô gargalhou outra vez. Não pude deixar de rir com ele, seu riso sempre fora contagiante.
- Tudo bem. Ele é um pateta que às vezes, veja bem, eu disse às vezes, tem momentos interessantes – ele sorriu.
- Nunca me ocorreu que você pudesse achar o Homer Simpson realmente interessante – zombei.
- Ora, eu fui um homem de muitas facetas. Você não conheceu todas elas.
- Ah, não? – perguntei interessada.
Ele sacudiu a cabeça.
- Você conheceu meu lado paternal. Meu lado mais sagaz sempre ficou bem distante de você.
Bom, já que ele tocou no assunto...
- Por que você fez aquele testamento, vovô? – observei atentamente seu rosto desgastado pelo tempo.
Ele ficou sério, com o olhar distante, de uma forma que me dizia muitas coisas e ao mesmo tempo não dizia nada.
- Feche os olhos. Você precisa descansar. Vovô vai te contar uma história para que tenha bons sonhos.
- Mas eu já estou sonhando! – apontei. – Ou... não estou?
Sua testa franziu.
- Feche os olhos, Demetria. Não me tire esse prazer...
Suspirei, frustrada.
- Pelo menos vai ter final feliz? – me acomodei mais no travesseiro macio.
- Vamos descobrir – ele respondeu evasivo, como fizera a vida toda sempre que eu tentava antecipar o fim de suas histórias. – Era uma vez uma garota que vivia num reino muito distante e adorava apostar em cavalos...
Com minha desilusão em relação a Joe temporariamente esquecida e os lençóis impregnados de seu aroma sedutor me envolvendo, fui ficando molenga ao som daquela voz que eu idolatrava. Em menos tempo do que pensei ser possível, eu estava longe, feliz, quase flutuando, vagando na tala inconsciência. 
------------------------------------------------------------------------------------------
meninas mil desculpas não ter continuado a maratona de hoje, fui almoçar na casa do meu tio com toda a minha família e não deu pra mim voltar a tempo já que moro um pouco longe da casa dele e ainda por cima hoje é o dia das mães não sou ligada nessas datas mais mesmo assim, eu moro só e fazia uma semana que não via ela então aproveitei a oportunidade e fiquei com ela e depois como já havia mencionado fui assistir a semifinal do campeonato cearense com meu namorado(pelo menos o ceará ganhou) e o filho dele então não deu, espero que entendam e para me redimir com vocês mandem sugestões por meio dos comentários para que eu possa ser desculpada.  

4 comentários: