sábado, 11 de maio de 2013

CAPÍTULO 45 MARATONA



A porta do quarto em frente ao meu estava fechada quando passei a caminho do banheiro. Tomei um banho rápido e vesti roupas confortáveis. Dei de cara com Joe quando saí do banheiro. Ele vestia a camiseta puída que havia me emprestado na noite em que seus pais nos visitaram. O rosto parecia cansado.
- Me desculpa. - começou. - Eu não sabia que você tinha preparado o jantar. Eu precisei sair e você não tinha voltado ainda e...
- Não era nada de mais. Eu encomendei a comida, não deu trabalho nenhum, portanto não precisa fazer drama. - Entrei no quarto para terminar de me arrumar, mas ele me seguiu.
- Tinha algum motivo especial? Eu vi a mesa e... bom, parecia ser importante.
- Não era. Não precisa se justificar. Nosso casamento é de fachada. Como você bem lembrou, eu não sou sua esposa de verdade, então relaxa. - Eu revirava minha cômoda em busca do pequeno brinco que sabia que estava ali, em algum lugar.
- Não foi isso que eu disse ontem. Você está deturpando tudo. Mesmo assim, eu te devo desculpas. Eu estava bêbado, Demetria. Não que isso justifique alguma coisa. Acontece que...
- Sua vida particular não me diz respeito. - Desisti do brinco. Passei o gloss rosa-claro e espalhei. - Você saiu e não tem que dar satisfações.
- Eu tenho. Eu quero. Eu preciso! - sua voz estava mais alta que de costume.
- Então vai ter que esperar. Tenho que trabalhar agora – peguei minha bolsa e a joguei sobre o ombro.
- Trabalhar? Aconteceu alguma coisa na L&L - ele perguntou, franzindo a testa.
- Não. Arrumei um bico de fim de semana. - Atravessei o quarto tentando ignorá-lo, o que não era nada fácil, tendo em vista seu tamanho. Joe não entrava simplesmente em um ambiente, ele o invadia, o dominava, e tudo parecia se acomodar ao seu redor.
Ele me seguiu pela casa.
- Você está furiosa comigo – apontou.
- Não estou. - peguei uma maçã na geladeira e dei uma dentada. - Só estou atrasada.
Joe se plantou diante da porta, impedindo minha passagem.
- O que eu preciso fazer para você me escutar? Implorar?
- Não seria uma má ideia...
Ele ficou parado por um segundo, provavelmente pensando em como me fazer ouvir sua explicação idiota e decorada. Alcancei a maçaneta e a puxei com tanta força, atingindo suas costa no processo, que Joe acabou me dando passagem.
Chamei o elevador.
Ele veio atrás.
Que inferno!
- Você pode pelo menos me dizer por que está tão irritada? - perguntou exasperado.
- Por que você não pergunta pra vagabunda em quem andou se esfregando na noite passada? Talvez ele te dê uma dica. - entrei no elevador e apertei o botão. As portas começaram a se fechar, mas Joe colocou a mão grande entre elas, que recuaram imediatamente.
- É isso que está te incomodando? - ele indagou, surpreso. - Você pensa que fiquei com outra mulher? O que te faz pensar isso?
Eu ri, sem humor algum.
- Além do perfume vagabundo que impregnou a casa tosa assim que você entrou?
Seu rosto ficou lívido.
- Não é o que você está pensando. Eu realmente estive com uma mulher, mas não no sentido que você está sugerindo. Foi uma reunião de negócios.
- Claro – comentei, sarcástica. - Deu pra notar que vocês se acertaram bem. Agora quer soltar a porta?
- Não até você me escutar? - disse ele, teimoso. Cruzei os braços sobre o peito. - eu recebi um telefonema ontem. A Blanda disse que tinha uma coisa muito importante para me dizer.
- A Blanda? - Oh, por quê? Por que, de todas as vagabundas do planeta, ele tinha que escolher justo aquela peituda cheia de subterfúgios?
- É, ela deu a entender que você estava com problemas. Decidi encontrá-la pra saber do que se tratava. Ela já estava me espe...
- Ok, pode parar! Eu não preciso ouvir sobre os seus encontros – saí do elevador e marchei para a escada de emergência. Abri a porta com raiva e comecei a descer, decidida.
Entretanto, Joe me alcançou, descendo os degraus de dois em dois.
- Não foi um encontro, Demetria.
Parei.
- Você está me dizendo que ela não se esfregou em você?
Ele respirou fundo.
- Não. Ela fez isso uma vez, mas... Ei, espera aí – ele me puxou pelo cotovelo quando voltei a andar. - Demetria, por favor, para de agir feito criança.
Puxei o braço com força, lançando a ela o mais homicida dos olhares.
- Não toca em mim. Eu não sou uma das suas vagabundas.
- Eu não tenho vagabundas – seu rosto escureceu. Um brilho de raiva tilintava nas íris cristalinas.
- Ah, claro! São todas tão finas quanto a Blanda. Me deixa adivinhar. Ela estava com um vestido vermelho com decote até o umbigo?
Ele bufou furioso.
Ótimo!
- Me recuso a falar com você enquanto estiver agindo dessa maneira – cuspiu.
-Maravilha! Porque eu não tô nem um pouco a fim de falar com você. Nem agora nem nunca mais! - e comecei a correr escada abaixo, até alcançar a porta que levava à portaria. Joe não me seguiu dessa vez.
Eu sabia que ele podia sair com qualquer garota, mas Blanda? Ela era vulgar, irritante e muito cínica. Para não mencionar o fato de estar se enroscando com o meu marido e colocando tudo a perder. Eu a odiava. E odiava Joe ainda mais. Ele teria que dizer alguma coisa para sua amante, não teria? Que nosso casamento – recente, aliás – não ia nada bem. Ou talvez tivesse dito a verdade, a ela, que o que tínhamos era apenas um acordo comercial e nada mais. E ela poderia contar isso a qualquer um, e meus planos de retomar minha herança iriam por água abaixo. Mas Joe pensou nisso? Não, claro que não. Provavelmente seu cérebro virou do avesso diante da visão dos peitos plásticos de Blanda. Porque tinha que ser silicone. Nenhuma garota tem tudo aquilo dado pela natureza. Ou isso ou alguém lá em cima quis me zoar nesse departamento.
Nicholas estava me esperando na calçada, um pouco impaciente.
- Eu não sabia que ia começar hoje. Não conta como atraso – apontei, já que sua cara não era das mais amigáveis naquele momento. Como se meu humor já não estivesse ruim o bastante depois da viajem sacolejante que acabara de enfrentar. Maldito ônibus!
- Não conta. Me desculpa. Eu tive um imprevisto e preciso correr. Você pode fechar tudo depois e deixar a chave na portaria do seu prédio? Passo lá mais tarde pra pegar.
- Combinado.
- Você sabe onde está tudo. Boa sorte – ele disse e correu pela rua, acenando para que o motorista do táxi parasse.
- Como se eu precisasse – murmurei. Ninguém entrava no antiquário. Eu duvidava que fosse diferente num domingo de sol.
Decidi mudar algumas coisas na loja para ajudar a passar o tempo – além de não dormir nas poltronas outra vez – e esquecer a discussão com Joe. Deixei os objetos de que eu mais gostava em evidência na vitrine. Talvez isso ajudasse a atrair clientes. Não sei por que eu nunca tinha pensado nisso antes. Talvez
porque nunca tivesse encarado a galeria como um trabalho de verdade, mas agora eu queria que a loja se enchesse de clientes. Coisa estranha.
Uma hora depois, para minha surpresa, meu plano funcionou e recebi um cliente. Não um cliente qualquer.
- Hector? O que faz aqui? - indaguei, surpresa ao ver o presidente da L&L, e possivelmente o homem que ajudara a arruinar minha vida, vestindo roupas informais.
- Eu estava me perguntando o mesmo – ele confidenciou.
- Eu trabalho aqui nos fins de semana.
Ele franziu a testa.
- Não pagamos o suficiente?
- Não. Nem perto.
- Para o padrão de vida que você tinha antes? - ele tentou, parecendo desconfortável com minha sinceridade.
Ótimo!
- Para o padrão de qualquer pessoa, eu acho. Hã... Posso te ajudar em alguma coisa? - ofereci.
- Zackary mudou de casa. Quero levar um presente de boas-vindas, mas pensei em algo não muito pessoal.
- Vou te mostrar as peças que ficam bem em qualquer ambiente.
Mostrei a ele somente o que a Galeria Renoir tinha de melhor. Eu o observava de perto e ainda não conseguia entender como um homem feito ele, refinado e educado, fora capaz de sugerir aquele testamento cruel a vô Marcus. Hector ouvia atentamente minha explicação sobre cada item. Ele não parecia entender muito de antiguidades, mas se encantou com o candelabro de prata.
- Tudo isso por um candelabro? - exclamou quando ouviu o preço.
-É uma peça forçada em prata pura, na época da Renascença. Não é apenas o valor do material, tem todo um trabalho artesanal. Veja a técnica do artista, os detalhes da época, a delicadeza dos traços. É uma peça perfeita. É um dos meus artigos preferidos da loja. – E dessa vez eu não estava embromando. Era mesmo
uma legítima peça da França renascentista. O preço não era medido pelo pesa da prata, mas pelo valor histórico e pela beleza.
- Bom, se você diz que ele vai gostar...
- Tenho certeza que o Zackary e a esposa vão adorar ter essa peça para exibir na sala de jantar. Pode confiar em mim.
Embrulhei o castiçal com cuidado, colocando-o em uma caixa branca e finalizando com um laço dourado. Entreguei o pacote a Hector.
- Muito obrigado – arrulhou ele. – Você é mesmo um tesouro, como seu avô dizia.
- Uma pena que no último minuto ele tenha mudado de ideia, não é? – soltei, observando atentamente suas feições. Seu rosto permaneceu inexpressivo.
-Marcus era um homem muito correto. Sempre confiei nas decisões dele. Você devia fazer o mesmo.
- Eu confiava. O problema é que não tenho certeza se essa decisão foi tomada por ele ou se alguém influenciou meu avô.
Ele enrijeceu.
- Seu avô não era manipulável, Demetria. Nunca foi.
- Era o que eu pensava. – Até ler aquele maldito testamento. Contudo, confrontar Hector naquele momento não me levaria a lugar algum. Eu precisava de mais informações, necessitava entender os porquês daquela história antes de exigir explicações. – Obrigada, Hector. Volte sempre.
Ele assentiu e se virou para a porta, mas voltou-se para mim, o rosto moreno demonstrando alguma emoção que não pude identificar.
- Algum problema? – indaguei quando ele não disse nada.
- Não. Só estou realmente surpreso em encontrar você trabalhando aqui. Parece que, afinal, você está criando juízo. Tenha um bom dia – e saiu. 
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Primeira discussão do casal, será que Joe realmente traiu a Demi? tenho minhas duvidas, e vocês o que acham? e respondendo a uma pergunta, se vai ter hot, vai ter HOT, mais lá pra frente eles vão consumar o casamento mais antes Demi vai aprontar muito, estamos exatamente na metade da fic.         

5 comentários:

  1. Mas quando eles se entendem? :\ e vai a ver beijo nos próximos capitulos? kkk

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  2. Aiiiiiiiiiii aquela blenda que ficar com joe so por que ele se casou
    Coitada de demi posta logo

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  3. aaaaa lindo demaaais, não tava podendo usar o pc mais cedo e nem vi quando começou a postar :(
    Poosta logo, taa lindo demais, xo

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  4. lindo demaais, u_u
    Posta logo please, beijos
    C. Shay

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  5. amanado essa história demais até, posta logo poor favor, beijos

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