Janine já me esperava com
um sorriso no rosto, os cabelos rebeldes presos como um espanador.
- Demetria, a confusão foi
culpa sua, mas admito que você foi muito perspicaz em resolver tudo sozinha.
Ganhou vários pontos com a diretoria. Eles acham que talvez possam aproveitar
melhor sua capacidade - usei todo meu autocontrole para não fazer a dancinha da
vitória, mas então Janine continuou falando e acabou com meu novo cupê laranja
com bancos personalizados - no Comex, no setor nove. Eles sempre precisam da
ajuda da Joyce. Você vai poder suprir essa deficiência.
- Mas eu pensei que fosse
ser promovida!
- E foi. Você agora é
secretária! - ela floreou a palavra, como se dissesse estrela de cinema.
- Isso não é ser promovida
- cruzei os braços sobre o peito.
-
Claro que é, boba! - ela riu. - Você vai poder mandar uma das assistentes ir
até a sala da copiadora pra você. Isso não é bom?
Vendo por esse lado...
- E quanto ao salário? - eu
quis saber.
- Como agora você vai
exercer o cargo de secretária - estrela de cinema! - do setor nove, seu
pagamento será ajustado à sua função. O aumento é mínimo, mas já é alguma
coisa, certo?
- Certo. - Qualquer
dinheiro extra era bem-vindo. E ficar no setor nove poderia ser bom. Joyce
estaria dois andares inteiros longe de mim, e Joe pod... Oh, Deus! - Peraí. Eu
vou trabalhar com o Joe? No mesmo andar?
Janine sorriu
maliciosamente.
- Na mesma sala. Eu sei que
vocês acabaram de casar e imagino que querem aproveitar todos os momentos, mas
devo alertar que a empresa não tolera demonstrações explícitas de afeto dentro
do prédio. Se é que você me entende... - ela piscou um dos olhos pequenos.
- Claro, claro. Nada de
pegação por aí. - Tudo bem. Ir e vir de carona com Joe era uma coisa. Morar com
ele era outra. Trabalhar na mesma sala seria o apocalipse. Pelo menos para meus
sentimentos conturbados. - O Joe vai... pirar com a notícia.
- Ele já soube - garantiu
ela. - E pareceu ansioso para falar com você.
- Ah, aposto que sim.
Obrigada, Janine.
- De nada. Ah, espere. Eu
já ia me esquecendo. - Ela me estendeu um envelope. - Pra você.
Esperei que ela se
afastasse par abrir a carta. Bilhete, na verdade. De vovô.
Muito bem, mocinha. Você
acaba de subir seu primeiro degrau dentro da empresa. O que já prova que eu
estava certo quanto à sua capacidade. Você sempre foi muito criativa uma pena
que usasse essa criatividade para se meter em encrencas, em vez de se livrar
delas. Fico feliz que as coisas estejam mudando.
Com amor, vovô
P.S.:
Espero que a Joyce tenha sobrevivido a você. Ela é uma boa secretária.
Eu ri, dobrando a carta,
guardei-a no bolso do meu jeans e rapidamente desci para o setor nove, no
quinto andar.
Joe estava me esperando no
corredor, andando de um lado para o outro, o rosto tenso.
- Isso vai ser um problema
- começou ele. - Não vai ser bom a gente ficar tanto tempo juntos. Vamos acabar
cometendo um deslize ou...
- Nos matando? - completei.
- Relaxa. Vai ficar tudo bem. Você vai ser promovido, não vai?
- Ainda não é certo. Talvez
eu seja, talvez não - ele deu de ombros.
- Então vamos torcer para
que seja, e pra gente não se matar enquanto trabalharmos juntos.
- Ah, que lindo! - comentou
uma garota de roupas justas que marcavam sua silhueta e decote pouco recatado.
Meio vulgar, mas bonita. - Mal conseguem ficar longe um do outro.
- Bom dia, Blanda - Joe
respondeu, ainda me encarando.
- Demetria, não é? - ela sorriu
pra mim. - O Joe não fala muito de você. Soube que você vai ficar na nossa
sala. Isso vai ajudar a nos conhecermos melhor, já que o Joe parece querer te
guardar só para ele.
- O Joe é muito discreto -
respondi sem pestanejar. - Ele não gosta de ser o centro das atenções. Ele é um
cavalheiro. Mas parece que não existem segredos nessa empresa, hein? Todo mundo
já sabe da minha mudança de setor.
Ela sorriu afetada.
- Pode apostar. As paredes
têm ouvidos por aqui. - E, acenando os dedos pintados de vermelho-escarlate,
ela nos deixou a sós.
- Entendeu? - Joe sussurrou
ansioso, os olhos suplicantes.
- Vamos manter o plano
inicial. Almoçar juntos de vez em quando e alguns sorrisos de cumplicidade pode
ser uma boa. E... sei lá, inventa alguma coisa que demonstre afeto e que não
complique a nossa vida na empresa. A Janine disse que pegação é proibido, o que
é ótimo no nosso caso.
Ele
correu a mão pelos cabelos. Prendi a respiração. Eu sabia que seu perfume me
envolveria como um abraço, e as imagens dele suado, com a camiseta branca
colada ao tórax, invadiriam minha mente, bagunçando minha capacidade de
raciocínio.
- Vai ser complicado - ele
resmungou, mais para si mesmo, me pareceu.
- Deixa rolar, Joe -
murmurei, um pouco magoada com seu pessimismo. - Também preciso que isso dê
certo. Acho que até mais que você.
Ele não pareceu nada feliz,
mas acabou concordando e voltou para sua mesa, a seis metros da minha.
Meu primeiro dia no setor
nove foi meio estranho. Havia uma pilha de papéis que precisavam ser copiados e
arquivados acumulada fazia semanas, e de repente me senti uma tola. Eu não
tinha assistente. O ofício era exatamente o mesmo, só o andar era outro. Não
havia promoção nenhuma!
Concentrei-me em guardar a
papelada nas pastas certas e ignorei o burburinho na enorme repartição. Muitos
olhares curiosos me avaliavam, mas um em especial, que me fazia sentir como se
um holofote estivesse apontado para mim, me deixou inquieta. Joe passou boa
parte do dia me encarando e desviando os olhos quando eu o fitava de volta.
Quase no final do
expediente, Blanda, a garota do decote, sentou-se na beirada da minha mesa já
bagunçada - organização nunca foi meu forte mesmo - e me avaliou de cima a
baixo.
- Você se saiu bem para o
primeiro dia. - Mas algo no tom de sua voz me convenceu de que ela pensava
exatamente o oposto.
- Que bom que te
impressionei.
Esperei que ela me deixasse
em paz, mas, claro, ela continuou ali, me analisando com olhos de ave de
rapina.
- Então... como foi que
você e o Joe acabaram juntos?
Eu já tinha um “Não é da
sua conta” na ponta da língua, mas então me ocorreu que Blanda poderia ser uma
ótima ferramenta. A curiosidade estampava seu rosto, e eu tinha certeza de que
qualquer coisa que eu dissesse seria repetido - e talvez até aumentado - pelos
corredores da L&L.
- Ah, foi... hã... - Um
ícone piscou na barra de ferramentas em meu monitor. Ninguém nunca tinha me
chamado no MSN desde que eu começara a trabalhar. Na verdade, ninguém nunca me
chamava para nada que não fosse dar ordens. Fiquei um pouco emocionada.
Era
Joe.
Joe_Comex diz:
O que a
Blanda quer?
Demetria
Lovato diz:
Saber como acabamos juntos.
Joe_Comex diz:
Inventa
qualquer coisa e depois me avisa, pra não ter falhas.
Demetria
Lovato diz:
Ok.
- Foi meio... coisa de
pele, sabe como é? - comecei. - Quando a gente se conheceu, rolou aquela coisa.
Ela sorriu.
- Engraçado. Ouvi dizer que
vocês não se suportavam e...
- Exatamente - a interrompi
apressada. - Daí para o tesão desenfreado foi um pulo.
Suas sobrancelhas finas se
arquearam.
- Mesmo? O Joe não parece
desse tipo.
- Ah, mas é. Acredite, o
Joe sabe como enlouquecer uma garota. - Dessa vez não era mentira.
Blanda se virou para
observá-lo por sobre o ombro. Ele desviou os olhos para a tela do computador.
Joe_Comex diz:
O que você
disse?
Demetria
Lovato diz:
Que você é um garanhão insaciável e por isso caí na
sua.
Ele
tossiu convulsivamente, atraindo olhares para si, inclusive o meu. Seu rosto
estava vermelho como um tomate.
- O Joe, quem diria... -
Blanda sorriu, ainda observando-o. - Ele é lindo, claro. Mas sempre pensei que
fosse frio demais.
- Não. O Joe é capaz de
derreter as geleiras de Puncak Jaya só com o olhar. Na verdade, ele é
surpreendentemente carinhoso. Imagina que ele abasteceu a despensa com
chocolate e a geladeira com todas as marcas de iogurte que encontrou no
supermercado porque não sabia qual era a minha favorita...
- Que atencioso! - ela
disse com entusiasmo forçado.
- Muito. - E realmente era.
Quer dizer, Joe podia ter aquele jeito rude de vez em quando, mas essa do
iogurte havia deixado bem claro que dentro dele havia um gentleman à moda
antiga.
Joe_Comex diz:
Por que você
disse isso?
Demetria
Lovato diz:
Porque achei que falar da nossa vida sexual faria a
Blanda parar de me fazer perguntas.
Joe_Comex diz:
E parou?
- Como foi que ele te pediu
em casamento? - Blanda questionou.
Joe_Comex acabou de chamar a sua atenção.
Demetria
Lovato diz:
Não.
Como foi que você me pediu em casamento?
Joe_Comex diz:
Não faço
ideia.
Espera, deixa
eu pensar.
Diz que foi
na noite em que te levei ao teatro.
Demetria
Lovato diz:
O que fomos assistir?
Joe_Comex diz:
Tanto faz.
Depois do espetáculo te levei até o mirante para admirarmos a cidade toda
iluminada.
Levei vinho.
Você gosta de
vinho, né?
Demetria
Lovato diz:
Adoro.
- O Joe me levou ao teatro
e depois ao mirante da cidade pra dar uns amassos. Ele levou um Pinot Noir -
contei para Blanda.
Joe_Comex diz:
Ficamos conversando,
você estava feliz, à vontade.
Eu estava
nervoso como o diabo, com medo do que estava prestes a fazer.
Sabia que
precisava de você como nunca precisei de ninguém.
Sabia que te
queria ao meu lado para o resto da vida.
Olhei para Joe, completamente
concentrado na tela do computador.
- Ele
estava nervoso, com medo que eu dissesse não - falei mecanicamente.
- Caramba! Nunca imaginaria
o Joe com medo de nada.
- Nem eu!
Joe_Comex diz:
Então tomei
coragem, olhei dentro dos seus olhos e disse:
Demetria,
você tem sido a pedra no meu sapato desde que entrou na minha vida sem pedir
licença.
Demetria Lovato diz:
Esse é o pior pedido de casamento imaginário que eu
já ouvi!
Joe_Comex diz:
Ainda não
terminei. Então eu te disse:
Desde aquele
dia em que você me atropelou na escada, não consigo parar de pensar em você.
Meu mundo virou de pernas pro ar... e não quero que volte a ser o que era. Não
se isso te excluir. Quero que esse caos aumente se significar que terei você
por perto.
Levantei a cabeça para
observá-lo. Ele digitava a uma velocidade impressionante, completamente
absorto.
Joe_Comex diz:
Sei que a
gente mal se conhece, mas tenho certeza que algo extraordinário vai acontecer
se ficarmos juntos. Prometo que vou te amar, te respeitar, te proteger e te
apoiar em todos os momentos da nossa vida. Case comigo e me faça um homem
completo.
E você
respondeu...
Demetria
Lovato diz:
Eu caso!!!
Joe_Comex
diz:
Eu te tomei
em meus braços.
Demetria
Lovato diz:
E aí? O que aconteceu depois?
Joe_Comex diz:
Nos
entregamos tão profundamente aos nossos sentimentos que juntos atingimos as
estrelas.
Olhei novamente para ele,
que dessa vez me encarava de volta. Havia um brilho novo em seus olhos,
dançando alegre nas íris iridescentes. Minha respiração acelerou.
- Demetria, tá me ouvindo?
- chamou Blanda, me libertando do encantamento.
Sacudi a cabeça, um pouco
confusa.
- Oi?... Estou. Que foi?
- Perguntei como foi o
pedido. O que foi que ele disse?
- Ah, ele disse que... eu
era uma pedra no sapato e que ele não podia mais viver sem mim, depois me levou
até as estrelas.
- Nossa!
- É. Tá calor aqui, não ta? - engoli em
seco, afastando o cabelo da testa subitamente úmida. - Preciso tomar... alguma
coisa. Gelada. Bem gelada!
Eu falei não falei... Tô ficando vidente. Parece que li o capítulo antes de ser postado. Acho que o Joe viu esse pedido em
ResponderExcluirAlgum filme, e a Demi morrendo de calor imaginando como seria de fosse verdade. Perfeito... Quero mais... Ham hje tem mais para a minha felicidade. Amando
Esqueci de falar do meu amor na História Marcus... Dá para a mulher dele ter o meu nome, é que sou louca por homens tão perfeitos até depois de mortos. Melhor avó do ano
ResponderExcluirAAAA AAAMEEEI ESSA CAPITULO U_U
ResponderExcluirEssa convesa no msn foi demais <3
Amaaando poosta loogo, pleeeae, xo
maaaratonaaa \o
ResponderExcluirEssa história está demais, posta logo o proximo, beeijos