A noite não saiu como eu
havia esperado. Joe não me beijou nem nada disso, mas não tinha sido um
prejuízo total. Aqueles momentos foram preciosos, íntimos demais para simples
amigos. Era como se eu tivesse conseguido finalmente perfurar sua armadura e,
através dessa pequena rachadura, algo magico nos conectasse. Senti uma vontade
louca de contar tudo a ele. Tudo mesmo. Meus sonhos, meus medos, meus problemas,
o que Clóvis havia dito sobre sua carreira, minhas suspeitas em relação a
Hector, minhas neuras sobre meus peitos pequenos, as conversas com o vovô
enquanto eu dormia... Sentia que ser honesta com ele era o melhor caminho para
chegar ao coração.
Mas e se ele não
entendesse? E se me odiasse por, ainda que indiretamente ter melado sua
promoção e colocado em risco sua carreira?
Apressada, me levantei da
cama, decidida a arriscar o pouco que tinha conseguido para tentar algo mais
profundo, mais solido e, quem sabe, extraordinário. Eu não aguentava mais viver
daquele jeito, como se me equilibrasse no fio de uma navalha.
Encontrei Joe sentado ao
balcão da cozinha, com uma pilha de envelopes na mão.
- Bom dia, Bela Adormecida.
Dormiu bem? - ele perguntou, com um sorriso enorme.
Quase desisti.
Quase.
- Bom dia. Eu preciso falar
com você.
- Temos tempo. Por que não
senta e toma o café da manhã comigo? - ele puxou o banco para que me sentasse
ao seu lado.
Sentei-me quicando no banco
alto. Minha coragem começava a fraquejar.
Joe me passou uma xicara de
café fumegante e pão integral. Seu dedo esbarrou na geleia de framboesa. Ele
levou o dedo à boca e lambeu, me deixando - por aproximadamente dez segundos -
em êxtase. Meu Deus, como meu marido era sexy!
Respirei fundo e tentei
começar.
- Joe,
eu queria falar com você sobre um assunto muito chato.
- Tudo bem... Ei, olha! –
ele exclamou, me mostrando um grande envelope Conglomerado Lovato. - O Hector
me convidou para a festa anual do conglomerado! Isso nunca aconteceu antes.
Será que significa alguma coisa?
- Pode ser. O Hector
conhece você e o seu trabalho. – Ou talvez queira avaliar mais de perto nosso
relacionamento. _ mas voltando ao assun...
- Diz aqui que a minha
esposa deve estar presente – ele sorriu, sedutor. Como se precisasse se
esforçar para me seduzir – você me concede essa honra? É no sábado.
- Hã... Tudo bem.
- Os diretores de todas as
empresas do Conglomerado Lovato vão estar presentes. É um pouco intimidador,
mas é tradição.
- Eu sei, já estivesse em
muitas festas iguais a essa. Na verdade acho que em todas. – Vovô sempre me
arrastava com ele, desde pequena. Achava que não havia mal algum em ter uma
pirralha correndo de um lado para o outro, melecando com glacê os caros
vestidos das mulheres.
- Ah, claro – de repente
seu bom humor se foi e seu rosto se tornou duro – Às vezes esqueço que você é
herdeira de tudo aquilo.
- Eu só fui a todas as
festas porque o vovô era dono de tudo, não eu. Nunca fui convidada realmente.
Nem mesmo para a desse ano.
Sua expressão se suavizou
um pouco.
- Bom, estou te convidando.
Claro, se você não tiver vergonha de aparecer diante de toda aquela gente
acompanhada por um plebeu – apontou.
Demorei um segundo a mais
que o necessário para entender. Joe estava nos separando por classe social. Por
isso minha voz saiu tão esganiçada quando resmunguei:
-Hein?
- Você é da elite. Os
jornais te chamavam de princesa do conglomerado até pouco tempo atrás – ele
voltou os olhos para seu café.
- É,
eles também gostam de usar o termo garota-problema, e recentemente fui
rebaixada a gata borralheira. Eu não sou da elite coisa nenhuma! Nunca fui –
falei, nervosa.
- Em breve você vai ter
tudo de volta e tudo que era do seu avô e vai assumir o lugar dele – Joe comentou,
com a voz distante.
- E isso é ruim? – inquiri.
- Não. Claro que não – ele
suspirou pesadamente. – Você merece tudo que a vida pode oferecer de melhor,
Demetria.
- Eu não tenho culpa por
ter nascido rica, Joe – murmurei.
- Eu sei. O que você estava
falando antes? – ele mudou de assunto, visivelmente perturbado. – Sobre o que
você queria falar comigo?
- Hã... Eu... ééé... –
Fala! Fala logo! Acaba com isso de uma vez por todas? – Eu... O que você acha
de irmos ao teatro um dia desses?
Oh, Deus! Por favor, não
permita que mais uma questão me atrapalhe! Por favor, rezei. Não podia haver
mais isso entre nós. Não essa coisa estupida de classes sociais diferentes.
Além disso, eu agora era tão pobre quanto ele. Na verdade, muito mais. E Joe
não era pobre de verdade, só não era montado na grana, por assim dizer. E
contar para ele que eu contribuía para sua condição social permanecesse como
estava não ajudaria em nada, certo?
- Acho ótimo. Você escolhe
a peça. Confesso que não tenho ideia do que está em cartaz.
Assenti mordendo o lábio,
detestando enganá-lo, o que era o novo para mim. Mentir já fazia parte de quem
eu era, mas com Joe algo havia mudado.
-Vou... – e apontei com o
polegar para meu quarto.
- Eu espero – ele sorriu, mas era um
sorriso triste.
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então meninas pausa para almoço como já disse vou almoçar na casa de um tio meu, vou ver minha mãe dar um beijo e um abraço nela e o presente também e depois volto pra postar o resto da maratona e vamos ver uma Demetria cheia de truques pra cima de Joe e o coitado fugindo.
annw, poosta looogo, pleeease, <333
ResponderExcluiraaa poosta mais capitulo, ta lindo demais essa maratona :33
ResponderExcluirlindo como sempre, posta logo o proximo por favor, beijos
ResponderExcluirC. Shay
Posta mais. Tá muito boa essa historia
ResponderExcluirTa perfeito
ResponderExcluirSua história é incrivel, você é uma ótima escritora.
Posta logo
Beijos
Posta mais. Tá muito boa essa historia
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