quinta-feira, 23 de maio de 2013

CAPÍTULO 85


– Você enlouqueceu de vez! – gritou Sel, batendo a porta do guarda-roupa, quando expliquei a ela como planejava acertar minha vida.
– Talvez você esteja certa – eu disse, terminando de prender os cabelos. – Mas não vou ficar parada vendo a minha vida ruir porque alguém armou pra cima de mim.
– Mas invadir uma casa? Isso é sério, Demi – ela disse, abotoando a camisa branca de renda sobre o top rosa antigo. O rosto estava tenso. – Até pra você.
– Não é tão sério assim... – Mas ela tinha razão e eu sabia disso. O grande problema era que eu tinha certeza de que havia algo oculto naquela história, algo que poderia me ajudar a sair daquele pesadelo, e eu estava pronta para pagar o preço. Porém colocar Sel naquela roubada estava me matando.
– Você não vai comigo. Tô sozinha nessa.
– Nem pensar! Se você for, eu também vou. – Ela cruzou os braços sobre o peito quando tentei argumentar. – E nem adianta tentar discutir. Ou vamos as duas, ou não vai nenhuma.
– Sel – suspirei –, eu já te meti em mais confusão do que gostaria. Aqui estou eu outra vez, incomodando você e a sua mãe. Você sempre foi a mais responsável de nós duas. Pensa no que está querendo fazer.
– É por isso mesmo que quero ir. Preciso fazer algo bem idiota – ela resmungou.
Suspirei, passando os braços sobre seus ombros. Nós duas estávamos arrasadas emocionalmente, mas por razões diferentes.
– Você ainda está chateada com o Nick?
– Não. – Ela encostou a cabeça em meu obro e gemeu. – Tá bom, estou. Não é que eu não entenda. Quer dizer, ele estava fazendo as aulas de mergulho e eu sabia. Mas, até você sugerir, nunca me ocorreu que ele pretendia mudar para o litoral e trabalhar como guia turístico subaquático. E nunca ocorreu que ele quisesse que eu fosse junto. A gente mal se conhece!
– Na verdade, vocês se conhecem há um tempão – apontei.
– Tá, mas eu digo conhecer. Isso é loucura! Não posso simplesmente largar tudo e mudar com ele para uma praia qualquer. Seria praticamente um casamento, um passo grande demais e idiota e...
– Invadir casas é bem menos assustador? – tentei.
– Exatamente – ela riu. – Vamos mesmo fazer isso?
– Eu vou – esclareci. – Vou precisar da ajuda do Joe. Não sei como ele vai me receber hoje, então cruza os dedos pra dar tudo certo.
Ela avaliou meu rosto e murchou um pouco.
– Ele ainda não ligou?
Sacudi a cabeça, encarando o chão.
Eu estava furiosa – entre outras coisas – com Joe. Como ele pôde imaginar que eu estava mais interessada em dinheiro que nele? Eu ainda me questionava como ele fora capaz de pensar algo assim a meu respeito. Como?
Tudo bem, eu havia me casado com ele para reaver minha herança, mas isso foi antes de me apaixonar. Ele devia saber disso.
– Ele acha que eu o troquei por grana – comentei. – Nem me deu chance de explicar. Que tipo de mulher ele acha que eu sou? Tudo bem, admito, foi o que pareceu, mas ele é meu marido, droga! Devia me conhecer. Acho que o orgulho dele é maior do que o que ele sente por mim.
– Não, Demi. Você está enganada. O Joe te ama, só está magoado. Talvez ele precise de mais tempo para curar as feridas. Não faz nem vinte e quatro horas que tudo desandou. Quem sabe hoje vocês acabem se acertando...
– Ele não vai me procurar. Mas tenho que falar com ele mesmo assim. Não sei se vou suportar, Sel. Ver o Joe ali tão perto e ao mesmo tempo a quilômetros de distância.
– Eu sinto muito, Demi.
– Eu também, murmurei.
Então comecei a chorar. De novo. E, mais uma vez, Sel estava ali, me consolando. Doeu demais aceitar o fim de meu relacionamento com Joe. No dia anterior, logo depois que ele saiu batendo a porta e eu recuperei um pouco de discernimento, eu havia juntado minhas coisas e saído na nossa casa com o coração
aos berros. Para minha surpresa, os primeiros a me acudirem foram os passageiros do ônibus, que, depois de muitos soluços convulsivos de minha parte, compreenderam que eu estava de coração partido e me encheram de abraços, tapinhas nas costas e frases encorajadoras – não adiantou nada, mas achei bacana da parte deles.
Segui direto para casa da Sel, mas não a encontrei. Já passava das nove e ela havia saído para o trabalho. Mandy, com seu sexto sentido materno, foi quem me auxiliou, me levando para seu quarto, todo decorado em tons de verde, e me deixando chorar em seu ombro sem fazer perguntas quando tentei contar o que tinha acontecido. Ela apenas murmurava “eu sei” vez ou outra, sem tentar me fazer acreditar que aquela dor um dia melhoraria. E eu chorei, por muitas horas, até que acabei adormecendo e, mesmo quando apaguei, sonhei que chorava, e dessa vez era meu avô que me consolava. – O Joe entendeu tudo errado! – eu disse ao vô Marcus. – Eu tentei falar a verdade e olha só! Eu sabia que falar a verdade nunca dá em boa coisa. Ele nunca vai me perdoar. Ele acha que estou me afastando por causa do dinheiro, mas não é isso. Ele... ele... nem me deixou explicar!
Não fique assim. Não chore, querida. Ele agiu dessa maneira porque está sofrendo. Ele realmente ama você. Dê um tempo a ele. O Joe vai acabar caindo em si e vai procurar você para entender o que está acontecendo.
Sacudi a cabeça freneticamente.
– Não, vovô. Eu conheço o Joe. Ele não vai me procurar. Eu feri o orgulho dele – chorei. Vovô permaneceu ali, murmurando palavras de consolo que não serviam de muita coisa, me envolvendo naquele abraço sem calor. – Você sumiu! – acusei. – Eu precisei tanto de você, e você desapareceu.
– Você é muito mais forte do que pensa.
– Se eu perguntasse o que realmente aconteceu para você tomar a decisão de me excluir do testamento, você me contaria a verdade?
Ele sacudiu a cabeça e disse apenas:
– A vida é um jogo, Demetria. Você precisa saber usar as estratégias. A dificuldade da luta armada é fazer próximas as distâncias e converter os problemas em vantagens.
Revirei os olhos.
– Sabe, você deveria ter lido Harry Potter, para me ensinar um pouco de magia. Esses provérbios não me servem de nada.
– Isso porque você não está realmente ouvindo. A arte da guerra pode conter as respostas que você tanto procura. – Ele ficou sério subitamente. – Tome cuidado, seu plano é perigoso.
– Para mim ou para aquele crápula? – Surpresa, encarei meu avô, com a curiosidade estampada no rosto. Como ele soubera? Eu não havia falado sobre isso com ninguém.
– Para ambos. Há muito em jogo.
Então eu acordei e Sel estava ao lado da cama, pronta para me emprestar seu ombro, e não me fiz de rogada. Doeu aceitar o fim. Doeu além do que podia suportar, como vovô havia alertado, em um sonho que parecia ter acontecido em outra vida.
– Minha mãe me ligou avisando do rompimento. Que diabos você fez? – ela quis saber, me abraçando e tentando decifrar minhas frases desconectas. Depois de muitas tentativas, ela finalmente compreendeu o que acontecera e, como aquela garota que me abraçara era Selena Gomez, a melhor amiga que alguém poderia ter, disse a única coisa capas de me tirar daquele estado histérico:
– Chora tudo agora, Demi, porque até o anoitecer vamos precisar colocar a cabeça no lugar e nos concentrar para encontrar uma forma de te livrar dessa.
Passei o dia assim, ora enfiada na cama, ora no ombro de Sel, recebendo religiosamente a cada três horas, doses generosas de chocolate e vodca. Passei por momentos críticos, em que me agarrava ao telefone e Sel praticamente me aplicava uma gravata, enquanto Mandy escondia o aparelho para que eu não ligasse para Joe implorando para que ele me ouvisse.
– Não! Você não pode ligar – explicava Sel pacientemente. – Você vai se odiar se ligar para ele agora. Acredite. – E isso só me fazia chorar ainda mais, pois eu sabia que Joe jamais ligaria.
Meu coração doía ao pensa nele, meu corpo doía, como se estivesse doente, e eu tinha certeza que ele também se sentia assim, como se uma parte do corpo tivesse sido dilacerada por um triturador de carne. Eu sabia disso porque, apesar de tudo, de ele não ter me ouvido, de ter me julgado e me dado as costas, eu vira seu rosto ao me deixar. Joe realmente acreditava que eu o trocara por dinheiro. E estava devastado por isso.
Foi a lembrança de seu olhar destruído que me trouxe um pouco de esperança e serenidade. Talvez ainda houvesse uma chance para nós dois. Obriguei-me a focar os pensamentos em solucionar o mais rápido possível aquela situação, como Sel havia me alertado.
Por isso, depois de passar a noite em claro bolando minhas estratégias e explicar na manhã seguinte meus planos nos mínimos detalhes para minha amiga – que não achou tão genial assim, mas acabou cedendo por falta de ideia melhor –, decidi partir para a ação. Enquanto Sel me levava para a L&L, repassamos mais uma vez nosso plano de invasão, e, às nove em ponto daquela manhã, eu estava na antessala da presidência. Vestia calça jeans e botas de cano alto, uma blusa preta com decote em V e mangas longas, os cabelos presos num rabo de cavalo. Pronta para a guerra. Pronta para tudo!
– Inês, vou precisar de um grande favor.
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tamtamtam será que essa loucura dará certo??? a situação pede medidas desesperadas. 

4 comentários:

  1. tomara que de certo
    ai não aguento mais essa agonia, nada da certo pra Demi :/

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  2. Socoorrroooo, que coisa nais perfeita! Nao aguento mais ler qe a demetria ta sofrendo ))): sos precisoooo de mais capitulos e de um final feliz, tpo agora!! Bjs, lena

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  3. Deus, Demi é muito doida, ela vai invandir uma casa..
    Joe tem que deixar de ser orgulhoso e ouvir o que a Demi tem a dizer.
    Ta lindo
    Posta loogoo

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  4. Posta mais eu quero sabet o q a demi vai
    aprontar.
    Ine

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