– Você enlouqueceu de vez!
– gritou Sel, batendo a porta do guarda-roupa, quando expliquei a ela como
planejava acertar minha vida.
– Talvez você esteja certa
– eu disse, terminando de prender os cabelos. – Mas não vou ficar parada vendo
a minha vida ruir porque alguém armou pra cima de mim.
– Mas invadir uma casa?
Isso é sério, Demi – ela disse, abotoando a camisa branca de renda sobre o top
rosa antigo. O rosto estava tenso. – Até pra você.
– Não é tão sério assim...
– Mas ela tinha razão e eu sabia disso. O grande problema era que eu tinha
certeza de que havia algo oculto naquela história, algo que poderia me ajudar a
sair daquele pesadelo, e eu estava pronta para pagar o preço. Porém colocar Sel
naquela roubada estava me matando.
– Você não vai comigo. Tô
sozinha nessa.
– Nem pensar! Se você for,
eu também vou. – Ela cruzou os braços sobre o peito quando tentei argumentar. –
E nem adianta tentar discutir. Ou vamos as duas, ou não vai nenhuma.
– Sel – suspirei –, eu já
te meti em mais confusão do que gostaria. Aqui estou eu outra vez, incomodando
você e a sua mãe. Você sempre foi a mais responsável de nós duas. Pensa no que
está querendo fazer.
– É por isso mesmo que
quero ir. Preciso fazer algo bem idiota – ela resmungou.
Suspirei, passando os
braços sobre seus ombros. Nós duas estávamos arrasadas emocionalmente, mas por
razões diferentes.
– Você ainda está chateada
com o Nick?
– Não. – Ela encostou a cabeça
em meu obro e gemeu. – Tá bom, estou. Não é que eu não entenda. Quer dizer, ele
estava fazendo as aulas de mergulho e eu sabia. Mas, até você sugerir, nunca me
ocorreu que ele pretendia mudar para o litoral e trabalhar como guia turístico
subaquático. E nunca ocorreu que ele quisesse que eu fosse junto. A gente mal
se conhece!
– Na verdade, vocês se
conhecem há um tempão – apontei.
– Tá,
mas eu digo conhecer. Isso é loucura! Não posso simplesmente largar tudo e
mudar com ele para uma praia qualquer. Seria praticamente um casamento, um
passo grande demais e idiota e...
– Invadir casas é bem menos
assustador? – tentei.
– Exatamente – ela riu. –
Vamos mesmo fazer isso?
– Eu vou – esclareci. – Vou
precisar da ajuda do Joe. Não sei como ele vai me receber hoje, então cruza os
dedos pra dar tudo certo.
Ela avaliou meu rosto e
murchou um pouco.
– Ele ainda não ligou?
Sacudi a cabeça, encarando
o chão.
Eu estava furiosa – entre
outras coisas – com Joe. Como ele pôde imaginar que eu estava mais interessada
em dinheiro que nele? Eu ainda me questionava como ele fora capaz de pensar
algo assim a meu respeito. Como?
Tudo bem, eu havia me
casado com ele para reaver minha herança, mas isso foi antes de me apaixonar.
Ele devia saber disso.
– Ele acha que eu o troquei
por grana – comentei. – Nem me deu chance de explicar. Que tipo de mulher ele
acha que eu sou? Tudo bem, admito, foi o que pareceu, mas ele é meu marido,
droga! Devia me conhecer. Acho que o orgulho dele é maior do que o que ele
sente por mim.
– Não, Demi. Você está
enganada. O Joe te ama, só está magoado. Talvez ele precise de mais tempo para
curar as feridas. Não faz nem vinte e quatro horas que tudo desandou. Quem sabe
hoje vocês acabem se acertando...
– Ele não vai me procurar.
Mas tenho que falar com ele mesmo assim. Não sei se vou suportar, Sel. Ver o
Joe ali tão perto e ao mesmo tempo a quilômetros de distância.
– Eu sinto muito, Demi.
– Eu também, murmurei.
Então comecei a chorar. De
novo. E, mais uma vez, Sel estava ali, me consolando. Doeu demais aceitar o fim
de meu relacionamento com Joe. No dia anterior, logo depois que ele saiu
batendo a porta e eu recuperei um pouco de discernimento, eu havia juntado
minhas coisas e saído na nossa casa com o coração
aos
berros. Para minha surpresa, os primeiros a me acudirem foram os passageiros do
ônibus, que, depois de muitos soluços convulsivos de minha parte, compreenderam
que eu estava de coração partido e me encheram de abraços, tapinhas nas costas
e frases encorajadoras – não adiantou nada, mas achei bacana da parte deles.
Segui direto para casa da
Sel, mas não a encontrei. Já passava das nove e ela havia saído para o
trabalho. Mandy, com seu sexto sentido materno, foi quem me auxiliou, me
levando para seu quarto, todo decorado em tons de verde, e me deixando chorar
em seu ombro sem fazer perguntas quando tentei contar o que tinha acontecido.
Ela apenas murmurava “eu sei” vez ou outra, sem tentar me fazer acreditar que
aquela dor um dia melhoraria. E eu chorei, por muitas horas, até que acabei
adormecendo e, mesmo quando apaguei, sonhei que chorava, e dessa vez era meu
avô que me consolava. – O Joe entendeu tudo errado! – eu disse ao vô Marcus. –
Eu tentei falar a verdade e olha só! Eu sabia que falar a verdade nunca dá em
boa coisa. Ele nunca vai me perdoar. Ele acha que estou me afastando por causa
do dinheiro, mas não é isso. Ele... ele... nem me deixou explicar!
Não fique assim. Não chore,
querida. Ele agiu dessa maneira porque está sofrendo. Ele realmente ama você.
Dê um tempo a ele. O Joe vai acabar caindo em si e vai procurar você para
entender o que está acontecendo.
Sacudi a cabeça
freneticamente.
– Não, vovô. Eu conheço o
Joe. Ele não vai me procurar. Eu feri o orgulho dele – chorei. Vovô permaneceu
ali, murmurando palavras de consolo que não serviam de muita coisa, me
envolvendo naquele abraço sem calor. – Você sumiu! – acusei. – Eu precisei
tanto de você, e você desapareceu.
– Você é muito mais forte
do que pensa.
– Se eu perguntasse o que
realmente aconteceu para você tomar a decisão de me excluir do testamento, você
me contaria a verdade?
Ele sacudiu a cabeça e
disse apenas:
– A vida é um jogo,
Demetria. Você precisa saber usar as estratégias. A dificuldade da luta armada
é fazer próximas as distâncias e converter os problemas em vantagens.
Revirei os olhos.
– Sabe, você deveria ter
lido Harry Potter, para me ensinar um pouco de magia. Esses provérbios não me
servem de nada.
– Isso
porque você não está realmente ouvindo. A arte da guerra pode conter as
respostas que você tanto procura. – Ele ficou sério subitamente. – Tome
cuidado, seu plano é perigoso.
– Para mim ou para aquele
crápula? – Surpresa, encarei meu avô, com a curiosidade estampada no rosto.
Como ele soubera? Eu não havia falado sobre isso com ninguém.
– Para ambos. Há muito em
jogo.
Então eu acordei e Sel
estava ao lado da cama, pronta para me emprestar seu ombro, e não me fiz de
rogada. Doeu aceitar o fim. Doeu além do que podia suportar, como vovô havia
alertado, em um sonho que parecia ter acontecido em outra vida.
– Minha mãe me ligou
avisando do rompimento. Que diabos você fez? – ela quis saber, me abraçando e
tentando decifrar minhas frases desconectas. Depois de muitas tentativas, ela
finalmente compreendeu o que acontecera e, como aquela garota que me abraçara
era Selena Gomez, a melhor amiga que alguém poderia ter, disse a única coisa
capas de me tirar daquele estado histérico:
– Chora tudo agora, Demi,
porque até o anoitecer vamos precisar colocar a cabeça no lugar e nos
concentrar para encontrar uma forma de te livrar dessa.
Passei o dia assim, ora
enfiada na cama, ora no ombro de Sel, recebendo religiosamente a cada três
horas, doses generosas de chocolate e vodca. Passei por momentos críticos, em
que me agarrava ao telefone e Sel praticamente me aplicava uma gravata,
enquanto Mandy escondia o aparelho para que eu não ligasse para Joe implorando
para que ele me ouvisse.
– Não! Você não pode ligar
– explicava Sel pacientemente. – Você vai se odiar se ligar para ele agora.
Acredite. – E isso só me fazia chorar ainda mais, pois eu sabia que Joe jamais
ligaria.
Meu coração doía ao pensa
nele, meu corpo doía, como se estivesse doente, e eu tinha certeza que ele
também se sentia assim, como se uma parte do corpo tivesse sido dilacerada por
um triturador de carne. Eu sabia disso porque, apesar de tudo, de ele não ter
me ouvido, de ter me julgado e me dado as costas, eu vira seu rosto ao me
deixar. Joe realmente acreditava que eu o trocara por dinheiro. E estava
devastado por isso.
Foi a lembrança de seu
olhar destruído que me trouxe um pouco de esperança e serenidade. Talvez ainda
houvesse uma chance para nós dois. Obriguei-me a focar os pensamentos em
solucionar o mais rápido possível aquela situação, como Sel havia me alertado.
Por
isso, depois de passar a noite em claro bolando minhas estratégias e explicar
na manhã seguinte meus planos nos mínimos detalhes para minha amiga – que não
achou tão genial assim, mas acabou cedendo por falta de ideia melhor –, decidi
partir para a ação. Enquanto Sel me levava para a L&L, repassamos mais uma
vez nosso plano de invasão, e, às nove em ponto daquela manhã, eu estava na
antessala da presidência. Vestia calça jeans e botas de cano alto, uma blusa
preta com decote em V e mangas longas, os cabelos presos num rabo de cavalo.
Pronta para a guerra. Pronta para tudo!
– Inês, vou precisar de um
grande favor.
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tamtamtam será que essa loucura dará certo??? a situação pede medidas desesperadas.
tomara que de certo
ResponderExcluirai não aguento mais essa agonia, nada da certo pra Demi :/
Socoorrroooo, que coisa nais perfeita! Nao aguento mais ler qe a demetria ta sofrendo ))): sos precisoooo de mais capitulos e de um final feliz, tpo agora!! Bjs, lena
ResponderExcluirDeus, Demi é muito doida, ela vai invandir uma casa..
ResponderExcluirJoe tem que deixar de ser orgulhoso e ouvir o que a Demi tem a dizer.
Ta lindo
Posta loogoo
Posta mais eu quero sabet o q a demi vai
ResponderExcluiraprontar.
Ine