Virei-me abruptamente,
dando de cara com Joyce.
- Hã... Oi. Eu... eu...
estava... humm... meditando sobre... os novos hidrantes para as mãos e...
- Ãrrã – ela sorriu
maliciosamente, aumentando meu constrangimento por ter sido flagrada olhando
para Joe com... hã... interesse puramente físico. – Agora esqueça seu marido
por algumas horas e se concentre no trabalho, porque dessa vez não pode haver
erros. Preciso que você monte uma planilha com os contratos internacionais mais
recentes. Clientes, datas, valores, percentual de contribuição total, custos e
lucros, e tudo o mais que puder encontrar. Você tem até o fim do dia. Aqui
estão os documentos – e jogou a pilha de papéis em meus braços paralisados. –
Bom dia, querida.
Contemplei por um tempo a
montanha cheia de números e nomes. Sentei-me na borda da mesa e examinei o
calhamaço de papeis sem saber por onde começar e sem entender o que Joyce
queria que eu fizesse exatamente. Respirei fundo
e me acomodei na cadeira, esperando que uma luz me iluminasse e milagrosamente
tudo fizesse sentido. Porém a luz iluminou apenas um quadradinho em meu
monitor.
Joe_Comex diz:
Pela sua
cara, você precisa de ajuda.
Demetria Lovato
diz:
Não sei nem por onde começar.
Joe_Comex diz:
O que a Joyce
quer?
Demetria
Lovato diz:
Não faço ideia!
Algo a ver com percentual total e planilha, e para
HOJE!
Joe_Comex diz:
Percentual de
contribuição total?
Demetria
Lovato diz:
Acho que é isso.
Joe_Comex diz:
Certo.
Eu te ajudo.
Primeiro
separe os contratos, de acordo com as datas...
Ele foi me orientando até
que comecei a pegar o jeito. Quando chegou a hora do almoço, eu já tinha feito
boa parte do serviço. Supus que o trabalho dele estivesse atrasado, já que ele
não havia feito nada além de me socorrer e responder às minhas centenas de
perguntas, mas ele nada comentou sobre isso quando veio até minha mesa e
anunciou:
- Hora de parar um pouco.
Você precisa comer.
Andamos lado a lado até o
refeitório da empresa. Muitos olhares curiosos nos seguiam. Nós nos sentamos
juntos a uma mesa mais ao canto.
- Credo! O que é essa
gororoba? – perguntei quando olhei para a bandeja à minha frente.
- Honestamente, não faço
ideia. Difícil identificar só pela aparência – ele cutucou a comida com a ponta
do garfo. Ao menos ela não se moveu. – Parece risoto de alguma coisa.
- Decididamente isso não é
risoto. Parece que alguém vomitou no meu prato.
- Quer
comer em outro lugar? Estamos meio sem tempo, mas tem um boteco aqui perto que
serve um...
- Não dá, Joe. A Joyce
pediu a planilha para hoje. Não posso perder nem um segundo. Vai ter que ser
essa gosma mesmo – suspirei pesadamente.
Ele me olhou divertido,
então pegou o garfo, fechou os olhos, tapou o nariz com os dedos e enfiou
aquilo na boca. Confesso que fiquei orgulhosa dele. Joe não temia o perigo.
Ele mastigou algumas vezes
antes de abrir os olhos.
- Humm... não é tão ruim –
comentou.
Reprimi uma careta.
- O que é?
- Não faço a menor ideia,
Demetria. Alguma coisa com frango... – Ele pegou mais uma pequena porção de
comida e aproximou o garfo da minha boca. Recuei um pouco. – Não seja covarde.
Experimenta.
Um pouco receosa, abri a
boca, já que havia sido desafiada. O gosto não era dos piores, mas a aparência
era realmente repugnante. A textura lembrava um risoto que passara do ponto,
havia um sabor suave de cogumelos e... talvez milho?
- Acho que pode ser
cogumelo – anunciei.
- Mesmo? – ele arriscou
outra garfada. – Pra mim parece frango.
- Talvez seja frango. Ou
talvez seja... – gemi, - Ok, comida pela qual não preciso pagar – e comecei a
comer. – não acredito que meu avô não se preocupara com a qualidade da comida
dos funcionários.
- Algumas coisas estão
diferentes desde que os eu avô... hã... depois da mudança na presidência da
L&L.
- Sério?
- E não foi só a qualidade
da comida que caiu. Alguns setores estão um pouco perdidos. Acho que é normal
acontecer esse tipo de coisa. A L&L, como várias outras empresas do seu
Marcus, caminha sozinha, mas ele sempre fez questão de prestar atenção nos
detalhes. O Hector está sendo um bom presidente, eu acho, mas não é o seu
Marcus. Imagino que vai levar um tempo até que ele se adapte e tudo volte ao
normal.
- Acho
que você tem razão. – Eu me perguntei se ainda estávamos falando sobre os
problemas da L&L. Minha vida seguia em frente sem o meu avô, e, assim como
suas empresas, eu também precisava de tempo para me adaptar.
- Sabe, você não é a garota
mimada que pensei que fosse – ele comentou do nada, entre uma garfada e outra.
- E você não é o idiota que
eu pensei que fosse – rebati, tomando um pouco de suco. – Bom, não totalmente.
- Obrigado – ele sorriu. –
Dessa vez foi um elogio, certo?
- Ainda não – sorri de
volta.
Ele riu. Mas logo seu rosto
assumiu uma seriedade que fez minha comida ficar presa na garganta.
- Demetria, eu andei
pensando se...
- Olá, Demetria. Joe –
cumprimentou Clóvis, aparecendo do nada. – Como têm passado?
Joe reassumiu a aspereza
habitual e não tocou mais na comida. Ou no que andava pensando, o que me deixou
frustrada. Ele olhava vez ou outra para Clóvis de forma pouco amistosa.
- Estou bem, Clóvis –
respondi. – E você? Se divertindo com a minha grana?
Ele fechou a cara.
- Você sabe muito bem que
não estou fazendo isso – censurou. – estou cuidando do que é seu. E com a mesma
dedicação que o seu avô teria. Como está a vida de casada?
- Nada do que reclamar –
tomei um gole de suco.
- O Joe sempre foi um
funcionário exemplar – Clóvis disse. – Seu avô chegou a comentar comigo que
tinha grandes planos para ele. Mas, pelo que ouvi hoje, parece que ele está se
saindo muito bem por conta própria.
- O Joe está bem aqui na
sua frente – apontei. – Pode falar direto com ele. Essa coisa de usar a
terceira pessoa é irritante.
-
Sempre arredia – Clóvis sorriu, mas não parecia satisfeito. – Pois bem. Vim
aqui hoje para cumprir um papel que me foi designado. Sei o que o seu Marcus
gostaria de estar aqui para lhe dizer isso, Joe. Como não é possível, eu mesmo
o farei.
Lancei a Joe um olhar
agoniado, mas ele apenas encarava Clóvis desafiadoramente.
- A Demetria foi o bem mais
precioso do sr. Marcus. Trate-a como ela merece ser tratada e não ouse magoar
essa menina.
- Eu preferiria tomar um
tiro de fuzil a fazer a Demetria infeliz – Joe disse calmamente. Espantei-me
com a seriedade explicita em suas palavras. Não me pareceu atuação.
Clóvis sorriu.
- Fico feliz em ouvir isso.
Evita um bocado de ameaças que eu não teria problema algum em cumprir. Não
pense que ela está desamparada. A Demetria tem quem olhe por ela.
- Ah, eu já havia notado –
Joe retrucou, a voz fria como gelo. – Deixar alguém sem um tostão, dependendo
da bondade de amigo, é sem dúvida um gesto muito protetor.
Clóvis se retraiu.
- Sou pago para executar
ordens, Joe.
- Mesmo sabendo que essas
ordens vão fazer a Demetria sofrer. Bom trabalho, Clóvis. – Joe parecia
realmente irritado.
- O sr. Marcus sabia o que
estava fazendo – argumentou o advogado, o rosto impassível.
- Discordo – Joe retrucou.
– O sr. Marcus conhecia bem a neta. Sabia como a decisão dele a magoaria, e
mesmo assim foi em frente. Me pergunto o que, ou quem, pode ter influenciado um
homem generoso como ele a agir dessa forma. – Clóvis tentou dizer alguma coisa,
mas Joe não permitiu. – Não se preocupe mais com a Demetria. Ela é minha mulher
agora. Não vou permitir que lhe falte nada, e vou fazer tudo o que estiver ao
meu alcance para que ela seja feliz. E, por favor, gostaria que você parasse de
perturbar a Demetria. Se ela precisar de ajuda, sabe onde te encontrar. Não que
você tenha a intenção de realmente ajudar, não é? – Ele se levantou da mesa e
me pegou pela mão, lançando um olhar fulminante para Clóvis.
Por um momento, pensei que
mísseis de destruição em massa sairiam dos olhos do advogado e acertariam em
cheio a cabeça de Joe.
- Até logo, Clóvis –
resmunguei atordoada.
Alguns
olhares curiosos nos acompanharam, mas Joe não pareceu notar enquanto pisava
duro no assoalho de madeira, e me levando de volta para nossa sala ainda vazia.
- Desculpa – ele pediu
quando me fez sentar na cadeira de sua mesa e se encostou no tampo. – Eu não
tinha a intenção e falar por você daquele jeito. Eu... não sei o que me deu. Eu
simplesmente detesto esse cara! – ele passou a mão pelos cabelos.
- Eu... realmente não
preciso que ninguém me defenda, mas agradeço o que você fez. Só não sei bem se
entendi o que te fez ficar tão alterado. O que o Clóvis fez com você?
- Comigo, nada. Com você,
tudo! Eu detesto o que o Clóvis e o seu avô fizeram com você. Sou pago para
executar ordens – ele imitou, furioso. – Que tipo de homem permite que uma
garota magoada, que já perdeu toda a família, se sujeite aos caprichos de uma
pessoa que nem está mais aqui? Me desculpa, mas o seu avô foi cruel com você.
Ele errou. Errou feio. Nem ele tinha o direito de brincar assim com a sua vida.
Por causa disso hoje estamos casados.
Pressionei os lábios para
não gritar. Eu havia entendido tudo errado Joe não se importava comigo. Não de
verdade.
- Se você tá querendo pular
fora... – comecei, sem conseguir terminar.
- Pular fora? – sua testa
vincou, o olhar ficou confuso. Em seguida, seus olhos se arregalaram e ele se
agachou à minha frente, tomando minhas mãos nas suas. – Não! Não foi isso que
eu quis dizer, Demetria. Não mesmo!
Só consegui fitar o chão.
Ele me surpreendeu encaixando as mãos quentes em meu queixo e levantando meu
rosto até que eu olhasse para ele.
- Eu não quis dizer isso –
falou numa voz urgente, os olhos límpidos e profundos. – Eu juro! É que me mata
pensar em como tudo isso te magoa, em que tipo de problema você teria se o
noivo não fosse eu. Com que tipo de maluco você teria se casado para recuperar
o que é seu de direito. Entendeu?
Assenti, meio zonza. Joe
não me soltou.
- Eles estão errados. Seu
avô e o Clóvis... e eu estava errado também. Você não é quem eu achei que
fosse. Você é uma mulher especial, sincera ao extremo, que ama os amigos e a
família e que precisa de ajuda quando uma lagarta aparece. Você é... – seu
olhar estava preso em meu rosto e se deteve por um instante em meus lábios.
Minha
respiração ficou pesada. Seus olhos brilharam perigosamente, e sua proximidade
me deixou em chamas.
- ...tão linda! – ele se
inclinou em minha direção.
Não me atrevi a piscar,
temendo acordar se fechasse os olhos. Eu queria que Joe me beijasse mais uma
vez, para me convencer de que seus lábios não eram tão macios e quentes como eu
lembrava. Só queria ter certeza de que eu havia fantasiado a doçura e o calor de
seu toque. Nada além disso.
Entretanto, não pude
comprovar que estava enganada, já que Liam entrou na sala, silencioso como um
mamute.
- Opa! Desculpa, cara. Foi
mal – ele murmurou, sorrindo maliciosamente. – Não sabia que vocês estavam
trabalhando num... assunto importante.
Joe me soltou de imediato e
me larguei na cadeira, com vontade de matar aquele gigante loiro pela
intromissão.
- Já terminamos – respondeu
Joe. E, como se um botão tivesse sido ativado, a fachada distante que ele usava
com frequência voltou com força total. – Demetria, eu... preciso terminar
algumas coisas. Será que você pode... – e indicou a cadeira onde eu estava
sentada.
- Ah, claro. – Se minhas
pernas me obedecessem!
Num esforço hercúleo, me
pus de pé e me obriguei a caminhar até minha mesa. Não ousei olhar para Joe
pelo resto da tarde.
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Tenso! Joseph confundindo cada vez mais a coitada da Demetria .
Confundindo ela, já nem sei quem ta mais confuso aí. Se ele ou ela? Se Joe ta encenando ta ficando perito, pode até fazer filme desse jeito. Joe ofendeu meu homem, tudo bem que ele exagerou mas tipo ele só esta fazendo o que não fez em vida, mostrar a neta como é o mundo de verdade, amei ai o cap. Se aparecer mais uma Blanda ou Liam eu dimito os dois via carta
ResponderExcluirE também nao me simpatizo muito com o Clovis e sua mulher
ResponderExcluiresse clóvis ta aprontando eu sinto isso u_u
ResponderExcluirPoosta loogo poor favor, beijos
poosta logo,amaando demais, beeeijos,
ResponderExcluirAcho que joe sempre gostou de demi. Amei amei amei amei amei espero que esse beijo saia logo
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