domingo, 5 de maio de 2013

CAPÍTULO 31 MARATONA


Virei-me abruptamente, dando de cara com Joyce.
- Hã... Oi. Eu... eu... estava... humm... meditando sobre... os novos hidrantes para as mãos e...
- Ãrrã – ela sorriu maliciosamente, aumentando meu constrangimento por ter sido flagrada olhando para Joe com... hã... interesse puramente físico. – Agora esqueça seu marido por algumas horas e se concentre no trabalho, porque dessa vez não pode haver erros. Preciso que você monte uma planilha com os contratos internacionais mais recentes. Clientes, datas, valores, percentual de contribuição total, custos e lucros, e tudo o mais que puder encontrar. Você tem até o fim do dia. Aqui estão os documentos – e jogou a pilha de papéis em meus braços paralisados. – Bom dia, querida.
Contemplei por um tempo a montanha cheia de números e nomes. Sentei-me na borda da mesa e examinei o calhamaço de papeis sem saber por onde começar e sem entender o que Joyce queria que eu fizesse exatamente. Respirei fundo e me acomodei na cadeira, esperando que uma luz me iluminasse e milagrosamente tudo fizesse sentido. Porém a luz iluminou apenas um quadradinho em meu monitor.
Joe_Comex diz:
Pela sua cara, você precisa de ajuda.
Demetria Lovato diz:
Não sei nem por onde começar.
Joe_Comex diz:
O que a Joyce quer?
Demetria Lovato diz:
Não faço ideia!
Algo a ver com percentual total e planilha, e para HOJE!
Joe_Comex diz:
Percentual de contribuição total?
Demetria Lovato diz:
Acho que é isso.
Joe_Comex diz:
Certo.
Eu te ajudo.
Primeiro separe os contratos, de acordo com as datas...
Ele foi me orientando até que comecei a pegar o jeito. Quando chegou a hora do almoço, eu já tinha feito boa parte do serviço. Supus que o trabalho dele estivesse atrasado, já que ele não havia feito nada além de me socorrer e responder às minhas centenas de perguntas, mas ele nada comentou sobre isso quando veio até minha mesa e anunciou:
- Hora de parar um pouco. Você precisa comer.
Andamos lado a lado até o refeitório da empresa. Muitos olhares curiosos nos seguiam. Nós nos sentamos juntos a uma mesa mais ao canto.
- Credo! O que é essa gororoba? – perguntei quando olhei para a bandeja à minha frente.
- Honestamente, não faço ideia. Difícil identificar só pela aparência – ele cutucou a comida com a ponta do garfo. Ao menos ela não se moveu. – Parece risoto de alguma coisa.
- Decididamente isso não é risoto. Parece que alguém vomitou no meu prato.
- Quer comer em outro lugar? Estamos meio sem tempo, mas tem um boteco aqui perto que serve um...
- Não dá, Joe. A Joyce pediu a planilha para hoje. Não posso perder nem um segundo. Vai ter que ser essa gosma mesmo – suspirei pesadamente.
Ele me olhou divertido, então pegou o garfo, fechou os olhos, tapou o nariz com os dedos e enfiou aquilo na boca. Confesso que fiquei orgulhosa dele. Joe não temia o perigo.
Ele mastigou algumas vezes antes de abrir os olhos.
- Humm... não é tão ruim – comentou.
Reprimi uma careta.
- O que é?
- Não faço a menor ideia, Demetria. Alguma coisa com frango... – Ele pegou mais uma pequena porção de comida e aproximou o garfo da minha boca. Recuei um pouco. – Não seja covarde. Experimenta.
Um pouco receosa, abri a boca, já que havia sido desafiada. O gosto não era dos piores, mas a aparência era realmente repugnante. A textura lembrava um risoto que passara do ponto, havia um sabor suave de cogumelos e... talvez milho?
- Acho que pode ser cogumelo – anunciei.
- Mesmo? – ele arriscou outra garfada. – Pra mim parece frango.
- Talvez seja frango. Ou talvez seja... – gemi, - Ok, comida pela qual não preciso pagar – e comecei a comer. – não acredito que meu avô não se preocupara com a qualidade da comida dos funcionários.
- Algumas coisas estão diferentes desde que os eu avô... hã... depois da mudança na presidência da L&L.
- Sério?
- E não foi só a qualidade da comida que caiu. Alguns setores estão um pouco perdidos. Acho que é normal acontecer esse tipo de coisa. A L&L, como várias outras empresas do seu Marcus, caminha sozinha, mas ele sempre fez questão de prestar atenção nos detalhes. O Hector está sendo um bom presidente, eu acho, mas não é o seu Marcus. Imagino que vai levar um tempo até que ele se adapte e tudo volte ao normal.
- Acho que você tem razão. – Eu me perguntei se ainda estávamos falando sobre os problemas da L&L. Minha vida seguia em frente sem o meu avô, e, assim como suas empresas, eu também precisava de tempo para me adaptar.
- Sabe, você não é a garota mimada que pensei que fosse – ele comentou do nada, entre uma garfada e outra.
- E você não é o idiota que eu pensei que fosse – rebati, tomando um pouco de suco. – Bom, não totalmente.
- Obrigado – ele sorriu. – Dessa vez foi um elogio, certo?
- Ainda não – sorri de volta.
Ele riu. Mas logo seu rosto assumiu uma seriedade que fez minha comida ficar presa na garganta.
- Demetria, eu andei pensando se...
- Olá, Demetria. Joe – cumprimentou Clóvis, aparecendo do nada. – Como têm passado?
Joe reassumiu a aspereza habitual e não tocou mais na comida. Ou no que andava pensando, o que me deixou frustrada. Ele olhava vez ou outra para Clóvis de forma pouco amistosa.
- Estou bem, Clóvis – respondi. – E você? Se divertindo com a minha grana?
Ele fechou a cara.
- Você sabe muito bem que não estou fazendo isso – censurou. – estou cuidando do que é seu. E com a mesma dedicação que o seu avô teria. Como está a vida de casada?
- Nada do que reclamar – tomei um gole de suco.
- O Joe sempre foi um funcionário exemplar – Clóvis disse. – Seu avô chegou a comentar comigo que tinha grandes planos para ele. Mas, pelo que ouvi hoje, parece que ele está se saindo muito bem por conta própria.
- O Joe está bem aqui na sua frente – apontei. – Pode falar direto com ele. Essa coisa de usar a terceira pessoa é irritante.
- Sempre arredia – Clóvis sorriu, mas não parecia satisfeito. – Pois bem. Vim aqui hoje para cumprir um papel que me foi designado. Sei o que o seu Marcus gostaria de estar aqui para lhe dizer isso, Joe. Como não é possível, eu mesmo o farei.
Lancei a Joe um olhar agoniado, mas ele apenas encarava Clóvis desafiadoramente.
- A Demetria foi o bem mais precioso do sr. Marcus. Trate-a como ela merece ser tratada e não ouse magoar essa menina.
- Eu preferiria tomar um tiro de fuzil a fazer a Demetria infeliz – Joe disse calmamente. Espantei-me com a seriedade explicita em suas palavras. Não me pareceu atuação.
Clóvis sorriu.
- Fico feliz em ouvir isso. Evita um bocado de ameaças que eu não teria problema algum em cumprir. Não pense que ela está desamparada. A Demetria tem quem olhe por ela.
- Ah, eu já havia notado – Joe retrucou, a voz fria como gelo. – Deixar alguém sem um tostão, dependendo da bondade de amigo, é sem dúvida um gesto muito protetor.
Clóvis se retraiu.
- Sou pago para executar ordens, Joe.
- Mesmo sabendo que essas ordens vão fazer a Demetria sofrer. Bom trabalho, Clóvis. – Joe parecia realmente irritado.
- O sr. Marcus sabia o que estava fazendo – argumentou o advogado, o rosto impassível.
- Discordo – Joe retrucou. – O sr. Marcus conhecia bem a neta. Sabia como a decisão dele a magoaria, e mesmo assim foi em frente. Me pergunto o que, ou quem, pode ter influenciado um homem generoso como ele a agir dessa forma. – Clóvis tentou dizer alguma coisa, mas Joe não permitiu. – Não se preocupe mais com a Demetria. Ela é minha mulher agora. Não vou permitir que lhe falte nada, e vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que ela seja feliz. E, por favor, gostaria que você parasse de perturbar a Demetria. Se ela precisar de ajuda, sabe onde te encontrar. Não que você tenha a intenção de realmente ajudar, não é? – Ele se levantou da mesa e me pegou pela mão, lançando um olhar fulminante para Clóvis.
Por um momento, pensei que mísseis de destruição em massa sairiam dos olhos do advogado e acertariam em cheio a cabeça de Joe.
- Até logo, Clóvis – resmunguei atordoada.
Alguns olhares curiosos nos acompanharam, mas Joe não pareceu notar enquanto pisava duro no assoalho de madeira, e me levando de volta para nossa sala ainda vazia.
- Desculpa – ele pediu quando me fez sentar na cadeira de sua mesa e se encostou no tampo. – Eu não tinha a intenção e falar por você daquele jeito. Eu... não sei o que me deu. Eu simplesmente detesto esse cara! – ele passou a mão pelos cabelos.
- Eu... realmente não preciso que ninguém me defenda, mas agradeço o que você fez. Só não sei bem se entendi o que te fez ficar tão alterado. O que o Clóvis fez com você?
- Comigo, nada. Com você, tudo! Eu detesto o que o Clóvis e o seu avô fizeram com você. Sou pago para executar ordens – ele imitou, furioso. – Que tipo de homem permite que uma garota magoada, que já perdeu toda a família, se sujeite aos caprichos de uma pessoa que nem está mais aqui? Me desculpa, mas o seu avô foi cruel com você. Ele errou. Errou feio. Nem ele tinha o direito de brincar assim com a sua vida. Por causa disso hoje estamos casados.
Pressionei os lábios para não gritar. Eu havia entendido tudo errado Joe não se importava comigo. Não de verdade.
- Se você tá querendo pular fora... – comecei, sem conseguir terminar.
- Pular fora? – sua testa vincou, o olhar ficou confuso. Em seguida, seus olhos se arregalaram e ele se agachou à minha frente, tomando minhas mãos nas suas. – Não! Não foi isso que eu quis dizer, Demetria. Não mesmo!
Só consegui fitar o chão. Ele me surpreendeu encaixando as mãos quentes em meu queixo e levantando meu rosto até que eu olhasse para ele.
- Eu não quis dizer isso – falou numa voz urgente, os olhos límpidos e profundos. – Eu juro! É que me mata pensar em como tudo isso te magoa, em que tipo de problema você teria se o noivo não fosse eu. Com que tipo de maluco você teria se casado para recuperar o que é seu de direito. Entendeu?
Assenti, meio zonza. Joe não me soltou.
- Eles estão errados. Seu avô e o Clóvis... e eu estava errado também. Você não é quem eu achei que fosse. Você é uma mulher especial, sincera ao extremo, que ama os amigos e a família e que precisa de ajuda quando uma lagarta aparece. Você é... – seu olhar estava preso em meu rosto e se deteve por um instante em meus lábios.
Minha respiração ficou pesada. Seus olhos brilharam perigosamente, e sua proximidade me deixou em chamas.
- ...tão linda! – ele se inclinou em minha direção.
Não me atrevi a piscar, temendo acordar se fechasse os olhos. Eu queria que Joe me beijasse mais uma vez, para me convencer de que seus lábios não eram tão macios e quentes como eu lembrava. Só queria ter certeza de que eu havia fantasiado a doçura e o calor de seu toque. Nada além disso.
Entretanto, não pude comprovar que estava enganada, já que Liam entrou na sala, silencioso como um mamute.
- Opa! Desculpa, cara. Foi mal – ele murmurou, sorrindo maliciosamente. – Não sabia que vocês estavam trabalhando num... assunto importante.
Joe me soltou de imediato e me larguei na cadeira, com vontade de matar aquele gigante loiro pela intromissão.
- Já terminamos – respondeu Joe. E, como se um botão tivesse sido ativado, a fachada distante que ele usava com frequência voltou com força total. – Demetria, eu... preciso terminar algumas coisas. Será que você pode... – e indicou a cadeira onde eu estava sentada.
- Ah, claro. – Se minhas pernas me obedecessem!
Num esforço hercúleo, me pus de pé e me obriguei a caminhar até minha mesa. Não ousei olhar para Joe pelo resto da tarde.
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Tenso! Joseph confundindo cada vez mais a coitada da Demetria .

5 comentários:

  1. Confundindo ela, já nem sei quem ta mais confuso aí. Se ele ou ela? Se Joe ta encenando ta ficando perito, pode até fazer filme desse jeito. Joe ofendeu meu homem, tudo bem que ele exagerou mas tipo ele só esta fazendo o que não fez em vida, mostrar a neta como é o mundo de verdade, amei ai o cap. Se aparecer mais uma Blanda ou Liam eu dimito os dois via carta

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  2. E também nao me simpatizo muito com o Clovis e sua mulher

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  3. esse clóvis ta aprontando eu sinto isso u_u
    Poosta loogo poor favor, beijos

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  4. poosta logo,amaando demais, beeeijos,

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  5. Acho que joe sempre gostou de demi. Amei amei amei amei amei espero que esse beijo saia logo

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