Já era madrugada quando
bati freneticamente na porta do quarto de Joe. Levou séculos para que ele
abrisse.
- Que foi? A barata voltou?
– perguntou, os cabelos ligeiramente amassados, os olhos sonolentos.
- Não. Quer jogar xadrez?
- Agora?
- Por que não?
- Demetria, são quase três
da manhã! – ele apontou, um pouco confuso.
- Eu sei, mas... – o
estrondoso ruído seguido pelo brilho assustador ecoou pelas paredes. Estremeci
e entrei em seu quarto sem esperar pelo convite. – Podemos fazer outra coisa.
Qualquer coisa. Quer ajuda para arrumar seu armário?
- Hã... Não, obrigado.
Minhas coisas estão bem organizadas – ele disse, parado ao lado da porta. – E
isso não é hora de arrumar nada. O que deu em você?
Eu já estava abrindo as
portas e gavetas do seu guarda-roupa impecavelmente organizado.
- Nada. Mas deve ter alguma
coisa aqui para arrumar. Você não pode ser tão organizado. – O som grave se
repetiu, e o flash brilhante invadiu o quarto. Gritei, dando um salto para a
cama de Joe.
As gotas da tempestade
furiosa começaram a açoitar a vidraça, e eu me encolhi sob o lençol ainda
quente.
- Você tem medo de trovão?
– ele perguntou, com um meio sorriso no rosto.
- Medo, eu? – Mais um grito
de fúria da natureza ressoou. Eu me encolhi como uma bola, cobrindo a cabeça
com o lençol.
Ele riu baixinho. Subiu na
cama e senti o colchão ceder um pouco sob seu peso. Retirou o lençol da minha
cara.
- O que eu posso fazer para
te acalmar? – quis saber, encostando-se na cabeceira da cama.
- Nada. Eu não to com medo.
Só... sei lá... achei que você podia estar entediado.
Ele
assentiu, pensativo.
- Talvez eu esteja.
- Ah, isso é ótimo! Quer
ver um filme ou talvez jogar pôquer? Adoro pôq... Oh, Deus! – o clarão invadiu
o quarto novamente, bem como seu estalido ensurdecedor. Agarrei-me ao pescoço
de Joe, subindo em seu colo antes que pudesse me dar conta. Minhas mãos estavam
frias como gelo.
- Tudo bem. Tudo bem. – Ele
murmurou, uma mão subindo vagarosamente em minhas costas. – Eu estou aqui.
Fechei os olhos à medida
que a tempestade ganhava força e se tornava mais e mais ruidosa. Eu tremia,
tentava respirar normalmente e fiz um esforço terrível para não chorar. Eu era
uma mulher de vinte e quatro anos, pelo amor de Deus!
Joe me apertou em seus
braços. Enterrei o rosto na curva de seu pescoço e rezei para que aquilo fosse
logo embora e eu pudesse parar de tremer.
- O Justin perguntou por
você hoje quando liguei pra ele – ele contou, ainda subindo e descendo a mão em
minha coluna.
- Perguntou? – sussurrei de
olhos fechados.
- É. Ele adorou você. E
isso não é muito comum. O Justin implica com todo mundo.
- Também gostei muito dele.
Garoto legal.
- É. Às vezes ele é.
Eu mantinha os olhos
fechados e inspirava profundamente, tentando me acalmar. O cheiro da pele de
Joe, já tão familiar, ajudava um pouco.
- Andei pensando - ele
continuou. – O que você acha de uma lava-louças?
- Por quê?
Seus ombros largos se
ergueram num gesto casual.
- Você não gosta de lavar
louça.
- Eu... – outro estrondo
ribombou pelo quarto. Gemi, me agarrando mais a ele.
-
Pensei que você quisesse a lava-louças, já que sugeriu uma quando mudou pra cá
– ele explicou, exalando calma.
- Você n-não precisa de
lava-louças, lembra? – contrapus, assustada.
- Talvez eu precise agora.
Você não é muito boa com organização. Sabe... – houve outra explosão no céu.
Sua mão continuava acariciando minhas costas, e a outra começou a deslizar pelo
comprimento de meus cabelos. – Acho que eu devia me oferecer para ajudar a
arrumar suas coisas. Parece que uma bomba explodiu no seu quarto.
Sacudi a cabeça.
- Obrigada, mas não. Não
encontro nada quando está tudo organizado. Prefiro do meu jeito.
- Seu jeito é bastante...
prático – ouvi a ironia em sua voz.
Levantei a cabeça para
encará-lo.
- Na verdade, é mesmo.
Minha bagunça é bem organizada. Eu quase sempre sei onde estão as minhas
coisas.
Ele sorriu.
- Quase sempre – e examinou
meu rosto atentamente. Dois dedos correram pela lateral dos meus cabelos,
prendendo-os atrás da orelha. – Você bagunça tudo que toca – ele sussurrou. –
Nada é a mesma coisa depois que você a toca.
- Ah, nem vem. Eu não
toquei em nada seu. Se você perdeu alguma coisa, a culpa não é minha! – me
defendi.
Ele apenas me encarou, tão
intensamente e por um momento tão longo que tive que baixar os olhos. E só
então me dei conta de que Joe estava sem camisa. Seu tórax ligeiramente
bronzeado estava nu, exibindo, a quem se atrevesse a olhar, toda a força e
glória de seus músculos. Minha mão escorregou do seu pescoço, e a pele quente e
lisa de seu peito largo se arrepiou sob a ponta de meus dedos. Senti seu
coração batendo rápido sob a minha palma, a respiração entrecortada. Voltei
meus olhos para os seus, e o que vi neles me paralisou.
Medo. Havia medo, pânico,
alarme em suas esmeraldas caleidoscópicas. Meus braços caíram frouxos ao lodo
do corpo, desamparados. Ele não queria que eu o tocasse daquela maneira. Eu
havia me enganado. Ele não me queria daquele jeito. Quase não pude respirar.
- Acho
melhor eu... – me arrastei para fora da cama, evitando seu olhar assustado. –
Eu não quis invadir sua privacidade, Joe. Eu só achei que você... estivesse
entediado. Desculpa. – rejeição não era algo com o qual eu estivesse
familiarizada. Doía, ardia, queimava em meu peito.
Um maldito raio cruzou a
janela, tão perto que a estrutura de alumínio vibrou, reclamando. Não pude
reprimir um tremor.
Joe alcançou a minha mão.
Olhei-o por sobre o ombro.
- Dorme aqui – ele pediu
num sussurro. Havia tanto medo em seus olhos, como se espelhassem os meus. No
entanto, era a mim que ele temia, não raios letais de duzentos milhões de
volts. – Não quero que você fique sozinha essa noite.
- Não acho uma boa ideia. –
Mas as luzes tremularam antes de a energia elétrica entrar em colapso e sumir.
– Ou talvez seja – e pulei de volta na cama.
Ele se mexeu no colchão,
liberando espaço para que eu me acomodasse ao seu lado. Receosa, fiquei bem no
canto, me equilibrando na beirada da cama, temendo ultrapassar os limites, mas
Joe não pareceu se importar e gentilmente escorregou o travesseiro sob minha
cabeça, dividindo-o comigo. Nossos rostos ficaram próximos, tão próximos na
escuridão que nossas testas quase se tocavam. Vez ou outra a claridade
iluminava o quarto e eu enrijecia. Ele me estendeu a mão, e eu, agradecida, a
agarrei com força, apertando-a contra o peito. Fechei os olhos e desejei que
aquele ruído horrível e ameaçador cessasse e eu pudesse deixar Joe em paz.
Ele se moveu, me fazer
abrir os olhos. Alcançou alguma coisa na mesa da cabeceira – seu mp3 -, ligou o
aparelho, colocou um dos fones em meu ouvido, o outro no seu, e voltou a deitar
sem jamais soltar minha mão. A melodia não fazia desaparecer, mas abafava os
sons da tempestade. Eu conhecia aquela banda de rock alternativo, assistira a
um show em Vancouver no ano anterior.
- Pensei que você só
curtisse blues.
- Gosto de outras coisas
também.
- Eu gosto dessa banda.
- Eu sei. Te ouvi cantando
no chuveiro.
Concentrei-me
nos acordes melodiosos, no vocal, na batida, ignorando o medo, tentando
mantê-lo sob controle. O calor da mão de Joe entrelaçada na minha era
acalentador. Aos poucos meu coração voltou ao ritmo normal, a adrenalina deixou
meu corpo e subitamente me senti exausta.
Abri os olhos com
dificuldade e encontrei Joe, apenas uma sombra pouco visível, me observando.
- Obrigada – sussurrei,
molenga.
- Durma – ele acariciou a
lateral do meu rosto com a mão livre. – Estou aqui. Não vou sair do seu lado.
- Tá – Obedeci, adormecendo logo em
seguida.
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uma perguntinha, vocês já sentiram esse "tédio" que Demi costuma sentir, bom sempre sinto, e o Joe tá se mostrando um marido e tanto, não é?
Capitulo lindo.... Posta logoo
ResponderExcluirLINDO..... POSTA OUTRO PLEASE
ResponderExcluirmas o Joe quer a Demi... não quer? Postaaa <3
ResponderExcluirPosta logo!!!
ResponderExcluirVc escreve muitooo bem, sua fic me deixou viciada.
Bjss
Cada capitulo eu fico ainda mais viciada, posta logo
ResponderExcluirposta por favor, cada capítulo mais perfeito!
ResponderExcluirPostaaaaaa mais hojeeeee, pleaseeee, ta mt lindoooo
ResponderExcluiroieeeee!!!!!!!!!!!!! sou leitora nova e estou amando .....é tão intenso gostoso de se ler ....vc vai postar + hj néh? vc disse q postaria ....faz a mini maratona .....vou estar aqui p ler bjs
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