- Lado direito ou esquerdo?
– Joe perguntou, apontando para a grande cama no quarto assustadoramente
masculino.
- Tanto faz – dei de
ombros. – Acho que esquerdo.
- Você sumiu a tarde toda.
Onde esteve? – Ele perguntou, jogando o meu travesseiro do lado esquerdo da
cama. Depois se virou de costas e começou a abrir a camisa.
Estanquei no lugar, os
olhos colados à sua figura.
- Hã... O que você está
fazendo?
Ele olhou por sobre o
ombro.
- Acho que a minha família
ia estranhar se eu tivesse que me trocar no banheiro.
- Quer dizer que eu também
vou ter que... – Oh, Deus! Por que não vesti o pijama logo depois do banho?
Ele riu.
- Que tipo de pervertido
você acha que eu sou, Demetria? Não vou olhar, fica tranquila – e se desfez da
camisa. Suas costas eram largas, os músculos recobertos pele dourada e macia.
Obriguei-me a desviar os olhos. Foi preciso muito, muito esforço.
- Tá, mas eu não peguei meu
pijama – Constatei com a boca seca.
Ele pendurou a camisa no
mancebo, abriu o guarda-roupa e, sem se virar, me atirou uma camisa puída.
- Pode ficar com essa. Você
é tão pequena que provavelmente vai cobrir suas canelas finas – zombou.
- Eu não tenho canelas
finas.
- Tem sim.
Assim que ele começou a
desabotoar a calça, virei de costas, me livrando de minhas roupas, com uma
pressa insana. Vesti a camisa cinza de faculdade. Era grande o bastante para
cobrir meus joelhos e cotovelos. Nada sexy. Mas eu não queria ser sexy, então
foi ótimo.
- Você
não vai mesmo me contar onde esteve? – Ele inquiriu mais uma vez.
Joe havia colocado um short
curto e uma regata branca. Suas coxas musculosas prenderam minha atenção
completamente. Sentei-me na cama com cuidado, me sentindo como uma granada cujo
pino fora arrancado. Eu devia ter me casado com Chris. Suas caspas sebosas
certamente bloqueariam qualquer pensamento a respeito de rasgar suas roupas e
jogá-lo na cama.
- Você está parecendo um
marido de verdade – ri nervosa, tentando botar os pensamentos em ordem.
Joe sorriu sem graça.
- Desculpa, não foi minha
intenção. Mas você sumiu, não atendeu o telefone e voltou com essa cara triste.
Só fiquei preocupado – deu de ombros. Sentou-se na cama e o colchão cedeu
ligeiramente.
Tudo bem, respira. Só
respira.
Deliberadamente, Joe
alcançou a minha mão esquerda e, antes que eu pudesse piscar, já deslizava a
aliança em meu dedo anelar. Em seguida, abriu a mão e me ofereceu a sua
aliança. Entendendo que ele queria que eu fizesse o mesmo, peguei o anel e o
acomodei em seu dedo pela segunda vez, um pouco constrangida.
- Eu posso ajudar em alguma
coisa, Demetria? – Ele perguntou, preocupado. – Você esta com problemas? Pode
confiar em mim para o que precisar. Eu nunca trairia sua confiança ou te colocaria
em problemas.
Foi nesse instante que algo
se quebrou dentro de mim e tudo extravasou. Comecei a chorar. Chorar mesmo, com
soluços e lagrimas – e não eram falsas. Meu caos emocional deixou Joe
apavorado. Pelo desespero estampado em seu rosto e pela forma hesitante e meio
apatetada com que me abraçou, deu para notar que ele não sabia o que fazer
quando uma garota chorava perto dele.
- Ei! Não chora – Pediu
completamente alheio aos meus sentimentos e ao problema que pendia sobre a
cabeça dele como uma guilhotina.
Ele me segurou em seus
braços até que parei de soluçar e pareceu relutante ao me soltar, examinando
atentamente minha expressão para ter certeza de que não voltaria a abrir o
berreiro.
- Desculpa – eu disse
sinceramente. Eu jamais quis lhe trazer problemas.
- Me conta o que está
acontecendo, por favor. Me deixa te ajudar – ele pediu num sussurro.
Essa era minha chance. Ele
estava pedindo. Eu só tinha que abrir a boca e deixar sair o que se passara
duas horas ensaiando.
Joe, o
Clóvis disse que você ta ferrado. Sua carreira promissora já era. Você nunca
mais vai arrumar um emprego nesse planeta. A culpa é toda minha e lamento
muito. Me passa o vinho? Ops! Corrigindo: Me passa o travesseiro?
Mas, por alguma razão que
eu desconhecia... Tudo bem, eu conhecia bem os motivos que me impediram de lhe
dizer a verdade. Eu não queria que Joe me odiasse. Estava gostando demais
daquele novo estágio de nosso relacionamento e não queria perdê-lo.
- Eu fui... Visitar meu avô
– me ouvi dizendo. Claro que ocultei o motivo que havia me levado até lá.
- Ah, Demetria – ele voltou
a apertar os braços ao meu redor, num abraço sufocante e, beijou minha testa.
Era tão bom ficar ali, protegida por seu abraço... Realmente fazia com que tudo
o mais perdesse a importância. Ou quase tudo. – Você foi sozinha?
- Claro – resmunguei,
agarrada a sua regata. – com quem mais eu iria?
- Você podia ter me pedido
para te acompanhar, ou para a Selena, ou qualquer outra pessoa. Você não visitava
o cemitério desde que seu avô... Se foi. Não devia ter ido sozinha.
- Eu precisava ir sozinha.
Eu briguei com o vovô depois que ele morreu. Disse um monte de coisas que não
era verdade. Precisava me desculpar.
- Eu podia ter ficado do
lado de fora, te esperando no estacionamento - ele sussurrou.
- Vou lembrar disso da
próxima vez. Estou bem agora – sequei o rosto com as costas das mãos.
- Tem certeza? – Ele
perguntou, inseguro. Seu indicador alcançou meu queixo e inclinou meu rosto até
que nossos olhos se encontraram. Estávamos tão próximos que eu podia sentir seu
coração batendo forte e ritmado.
Assenti.
- Acho que ter passado a
noite ouvindo meu irmão fazer gracinhas não ajudou muito – ele sorriu um pouco
e me soltou.
- Na verdade ajudou sim. O
Justin é legal.
- Não estamos falando da
mesma pessoa, eu acho. Estou falando do moleque que te azarou a noite toda.
Sorri e Joe pareceu
satisfeito.
- Ele
só fez isso pra te provocar – eu disse. – Seu irmão te adora. Só queria chamar
sua atenção. O Justin pensa que você é louco por mim.
Esperei que ele negasse,
que fizesse piada ou algum comentário ácido como de costume, mas ele não abriu
a boca. Em vez disso, estendeu a mão, secando as últimas lágrimas do meu rosto
com o polegar. Meu coração latejou.
- Desculpa pelo transtorno
de hoje. Tudo bem mesmo dividirmos a cama? – indagou a voz mais rouca que o
habitual.
- Não me importo, Joe –
murmurei encarando-o.
Com um movimento lento, ele
alcançou uma mexa dos meus cabelos, afastando-a de meu rosto e prendendo-a em
seus dedos com delicadeza.
Comecei a ofegar.
Então meu celular tocou.
Joe recuou imediatamente.
- É melhor você ter um bom
motivo pra ter me deixado plantada no shopping hoje à noite! – esbravejou Sel.
– E me bajular muito até que eu te perdoe.
- Sel! Caramba, eu esqueci!
- EU NÃO ACR... – tive que
afastar o aparelho do ouvido ou meus tímpanos explodiriam com seus berros.
- Sel, eu posso exp... –
mas ela continuava a berrar, com toda a razão de estar furiosa.
Joe já tinha dado a volta
na cama e se deitado. Observou-me com as sobrancelhas arqueadas.
- Problemas? – sibilou.
- A Sel vai me matar –
tapei o bocal com a mão. – a gente tinha combinado de ver uma cortina para o
meu quarto hoje depois do trabalho. Acabei esquecendo. Ela tá furiosa comigo.
Ouve só! – coloquei o celular perto de seu ouvido, mas nem precisava, dado o
tom histérico dos gritos dela.
Ele se encolheu um pouco e
sorriu.
- Posso? - Indicou o
aparelho.
- Hã... Tudo bem...
Pegando
o celular, ele o aproximou corajosamente da orelha. Joe realmente não tinha
medo do perigo.
- Selena, é o Joe. – O
ruído cessou do outro lado. Ele colocou o aparelho no ouvido. – eu queria me
desculpar. Preparei um jantar para a Demetria. Minha família está aqui, vieram
conhecê-la, mas eu não sabia que vocês tinham outros planos. A Demetria é
sempre muito educada – ele fez uma careta divertida. – meus pais encheram ela
de perguntas e meu irmão passou a noite toda se insinuando pra ela... Acho que
isso deixou a Demetria nervosa, por isso ela esqueceu de cancelar com você.
Mordi o lábio, apreensiva.
Eu podia imaginar a cara que Sel devia estar fazendo.
- Talharim à carbonara e
vinho – continuou ele. – Comprei uma mousse de chocolate, mas não descobri
ainda se ela gostou. Ah, fico feliz em ouvir isso. Não. – As sobrancelhas dele
se arquearam e um pequeno sorriso brincou em seus lábios. – Foi, é? Ela não me
disse nada.
Comecei a ficar tensa. O
que Sel estaria dizendo a ele?
- Mesmo? Eu nunca teria
imaginado – ele riu. – Sabe, acho que eu ia gostar muito de conversar com você
sem a Demetria por perto. Assim eu poderia aprender mais sobre ela. Combinado.
É, meus pais ainda estão aqui. Vão passar a noite com a gente. Claro, no quarto
da Demetria, e meu pai vai dormir no sofá. Ela vai... Ficar comigo essa noite.
Prendi a respiração. Joe
esperou. E esperou. E esperou.
- Selena você ainda está
ai? Ah, claro. Eu digo pra ela. Boa noite – e desligou. Voltando-se para me
entregar o telefone, disse: - acho que ela ficou mais calma...
- Ela não quis falar
comigo? – Oh, Deus!
- Disse que não queria
interromper. Pediu para avisar que remarcou as compras para amanhã.
- Ai! – enterrei o rosto
entre as mãos. Sel devia estar imaginando uma noite mágica, romântica. Isso
seria péssimo de explicar. – Você não devia ter feito isso, Joe. Ela vai
imaginar coisas.
- Ela me pareceu bastante
curiosa.
- Não me diga! – falei,
levantando a cabeça e o encarando. – A mente da Selena já criou um milhão de
fantasias sobre nós dois sem você insinuar que estamos dormindo na mesma cama.
Ela vai pirar!
- Não estou insinuando,
Demetria. Vamos mesmo dormir na mesma cama – ele riu, debochado. – a não ser
que você me mande dormir no chão.
Gemi
outra vez.
- Ela vai achar que você e
eu... Oh, Deus! E não acreditar quando eu disser que nós não... Argh! – puxei o
lenço e o prendi entre os braços.
- A Selena sabe do nosso
acordo. Não vai se deixar levar pela imaginação.
- Você não conhece a minha
amiga nem o tamanho da criatividade dela! – apontei.
- Ela me disse uma coisa
sobre você... Será que é fantasia da cabeça dela ou...?
- Provavelmente é fantasia
– me apressei.
- Ela disse que você sentiu
a minha falta ontem à noite.
- Com certeza é fantasia.
Podemos dormir? Tô acabada. – Fingi um bocejo e me virei na cama. Boa noite.
A voz dele apareceu...
desapontada? Ao dizer:
- Claro. Boa noite – e
apagou a luz.
Levou um tempo para que
meus olhos se habituassem à escuridão. Um pequeno feixe de luz entrava pela
janela, permitindo que eu enxergasse o quarto parcialmente. Fiquei
hiperconsciente da presença de Joe ao meu lado na cama.
- Joe – chamei, rígida como
uma estaca.
- O que?
Virei-me ficando cara a
cara com ele. Eu podia ver os traços de seu rosto, ainda que fracamente, pelo
bruxulear da claridade vinda da janela. Ele estava sério.
- Foi muito legal conhecer
seus pais e esse seu lado mais família – comentei.
- Pensei que você fosse
preferir pular pela janela a ter que aguentar o Justin.
Eu ri e, deslumbrada, vi um
sorriso largo se espalhar em seu rosto! – E, de novo, ele me surpreendeu ao se
aproximar lentamente e tocar a minha bochecha com seus lábios macios. – Durma
bem.
Mas, claro, depois disso
não pude pregar o olho. Eu só pensava em como havia sido doce aquele beijo
fraternal. E como eu queria que ele me beijasse outra vez, mas de forma nada
fraternal. Revirei-me na cama por um bom tempo, totalmente ciente do calor que
emanava de seu corpo. Lutei muito para evitar
esbarrar
em sua pele, para evitar me jogar contra ele só para ter certeza de que aqueles
lábios não eram tão macios assim.
- Algum problema com a
cama? – ele perguntou numa voz profunda.
- Hã... Não.
Tentei dormir, juro que
tentei, mas parecia que as horas se arrastavam e o sono seguia em direção
oposta.
- Tá dormindo? – sussurrei
um tempo depois.
- Não.
- Nem eu.
- Percebi - havia humor em
sua voz.
- Posso perguntar uma
coisa?
- Agora?
- É.
- Tudo bem.
Virei-me no colchão até
ficar de frente para ele novamente. Busquei seus olhos. Era incrível que, mesmo
com quase nenhuma claridade, as esmeraldas continuassem ali, incandescentes.
- Você acha que sou uma
pessoa ruim? – eu quis saber.
- Não - ele respondeu,
sucinto.
- Tem certeza?
- Você é muita coisa,
Demetria – ele sorriu. – Tantas que ainda não descobri todas, mas tenho
absoluta certeza de que não é uma pessoa ruim.
Assenti, virei-me outra vez
e fechei os olhos. Mantive-me o mais imóvel possível. Algum tempo depois, ouvi
a respiração de Joe se tornar mais pesada. Ele adormecera. Eu ainda estava
acordada quando, lá pelas tantas da madrugada, ele se moveu, jogando os braços
ao redor da minha cintura e me arrastando para perto num movimento rápido.
Parei de respirar. Ele apertou seu corpo de encontro ao meu, os músculos fortes
e quentes me envolvendo, se encaixando perfeitamente em mim. Meu coração
retumbou com tanta violência que doeu. Ele afundou a cabeça em meus cabelos e
inalou profundamente.
- Demetria – sibilou perto
da minha orelha.
Um arrepio violento me fez
estremecer, mas antes que eu pudesse criar expectativas - bom, eu meio que já
havia criado, mesmo antes de entrar naquele quarto, mas deixa pra lá -, sua
respiração pesada se tornou cadenciada novamente, e percebi que ele esteve
adormecido o tempo todo e que não havia a menor possibilidade de que fosse me
beijar ou tentar qualquer outra coisa.
Envelopada por ele, fechei
os olhos. Uma estranha sensação me invadiu, relaxando meus músculos,
apaziguando minha mente perturbada.
Adormeci sorrindo, pela primeira vez nos
braços do meu marido.
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Booom acabou a maratona, que tal quando eu estiver de folga em um outro fim de semana fazer outra? eu gostei muito de ficar o dia aqui na companhia de vocês, agradeço aos comentários e visualizações que ultrapassou 400 achei incrível da parte de vocês se eu postar mais vou acabar a fic e ainda estou preparando a próxima e estou cansada de estar deitada aqui só postando kkkk mais foi bem divertido pelo menos eu achei, termino com um capítulo fofo na opinião amanhã posto mais não se preocupem bjs, xau!
há ia esquecendo de dar boas vindas as novas leitoras sejam bem vindas espero que continuem comentando e gostando da história.
Fofo?! Isso não foi nada fofo, foi algo muito mais. Amei de verdade essa maratona ... ainda tou sem palavras sobre o que acabei de ler.
ResponderExcluirObrigada a gente. .. compreendo por teres que parar ... é que do jeito que a história está linda a gente ia devorar ela toda hje. Lindo ♥ ♥♥♥♥♥
anww, queee lindo lindo ><
ResponderExcluirmuuito fofo, Pensei que Demi ia falar sobre a conversa com Clóvis, ameeei a maratona, e sim em outro final de semana q tiver de folga faça uma maratona u_u
Poosta logo, beeijos
ta lindo demaais essa história, poosta logo pleease, sim assim que puder faz outra maratona, poosta logo, ta lindo, xo
ResponderExcluirAmei, amei, amei muito o cap. Adorei a maratona
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