Eu estava tão perdida em
meus sentimentos quando entrei em casa que não notei Joe sentado no sofá da
sala.
- Está tudo bem? – ele
perguntou.
Pisquei, voltando ao
presente, e por uma fração de segundo a preocupação dominou seus olhos.
- Já tive dias piores.
Ele assentiu, reerguendo o
muro que nos separava, e se levantou, indo para o quarto, provavelmente para me
evitar.
- Joe
– chamei. Ele se virou, o rosto ainda duro. – Você ainda vai à festa de hoje à
noite?
- Acho que não tenho
alternativa – ele murmurou, inquieto.
- E vamos juntos... ou cada
um...
- Você é minha esposa – ele
respondeu, me encarando com certa ferocidade. – Apesar de esquecer disso, eu
não esqueço.
Argh! Era ridículo. Muito
ridículo. Estávamos brigando como um casal de verdade, sem ter os benefícios de
um relacionamento de verdade.
Decidi tomar um banho, já
que eu estava adiantada, e demorei um pouco para decidir o que vestiria naquela
noite. Aquela seria a primeira vez que o patrono da empresa, vô Marcus, não
estaria presente na festa anual do Conglomerado Lovato. Eu sentia que deveria
representá-lo de alguma forma. Deveria estar à altura do bom nome que ele havia
deixado.
Optei pelo vestido de seda
azul-marinho um pouco acima dos joelhos com apenas uma alça e alguns drapeados,
que deixava minha silhueta ligeiramente marcada, de forma elegante.
Equilibrei-me sobre os saltos dos sapatos cravejados e cristais que vovô me dera
em meu vigésimo quarto aniversário e que eu nunca chegara a usar. Deixei os
cabelos soltos, com leves cachos se formando nas pontas, e apliquei a
maquiagem, tentando parecer feliz. Eu suspeitava que Hector estaria atento a
cada suspiro meu naquela noite, dada a maneira como as coisas estavam entre mim
e Joe, tinha medo de pôr tudo a perder. Mas que opção eu tinha? Não comparecer
me parecia assumir a culpa, e eu jamais desistiria tão fácil.
Eu já estava pronta quando
Joe se enfiou no banheiro. Mal ele fechou a porta e seu celular começou a tocar
dentro do bolso do seu paletó, pendurado no mancebo em seu quarto. Por fim se
aquietou, para logo em seguida voltar a tocar.
- Joe, seu celular está
tocando – gritei.
- Atende e diz que ligo
depois, por favor.
Um pouco sem jeito, entrei
em seu quarto e me aventurei a mexer em seu bolso, encontrando um lenço –
aquele que ele havia me emprestado quando nos embolamos na escada -, alguns
comprovantes de estacionamento, a carteira e por fim o celular.
Era Justin.
- E aí, coisinha linda?
Sentiu saudades?
- Ah,
Justin. Quase entrei em depressão de tanta saudade.
- Cadê aquele mala do meu
irmão?
- Tomando banho. Ele liga
de volta assim que terminar. Temos uma festa hoje – contei.
- Ah, eu sei. Ele me disse.
Escuta Demetria, foi bom que você tenha atendido. Minha mãe quer preparar um
almoço aqui em casa amanhã. Reunião de família, sabe como é... Vocês estão
livres?
- Me desculpa Justin, mas
eu trabalho no domingo.
- Humm... e que tal um
jantar?
- Bom... se o Joe quiser me
levar... – coisa que naquele momento eu achava pouco provável.
- Não esquenta. Se ele não
quiser vir, eu mesmo busco você. Ninguém aqui está ansioso para ver aquela cara
de fuinha mesmo.
Em quinze minutos, Joe
estava de banho tomado e pronto em seu smoking preto. Lindo e incrivelmente
irritado.
- Era o Justin – avisei. –
Sua família quer marcar um jantar para amanhã. Acho melhor você ligar para
eles.
Ele assentiu, sem dizer uma
única palavra. Com um suspiro o segui até a garagem. Esperei estarmos no carro
para abordá-lo, assim ele não teria como fugir. Ele já tinha tido tempo mais
que suficiente para reavaliar o que vira no restaurante italiano.
- Vai me ouvir agora? –
perguntei.
- Na verdade, não tenho
nada para ouvir. Você pode ter encontros com quem quiser, já que o que temos
não passa de uma grande mentira.
- Não seja ridículo. Você
sabe que eu não tenho encontros.
- Sei? – sua boca se tornou
uma linha rígida.
- Se não sabe, deveria. E
esse seu ciúme é totalmente ridículo – cruzei os braços sobre o peito.
- Ah é? Eu vejo a minha
mulher com outro homem, de mãos dadas, e estou sendo ridículo! Essa é boa!
- O que você viu foi só uma
reunião de negócios.
- Já
tive muitas reuniões de negócios Demetria, e nunca segurei a mão de ninguém em
nenhuma delas – ele retrucou.
Suspirei, exasperada.
- Tudo bem. Escuta, o Boris
acha que eu tenho chance de anular o testamento se entrar com uma ação alegando
que o vovô não estava em seu juízo perfeito quando redigiu o documento. Era
isso que estávamos discutindo. Ele estava tentando me consolar porque fiquei
triste com essa notícia.
- E você vai fazer isso? -
ele perguntou asperamente – Vai manchar a memória do seu avô?
- Não! Não sei ainda. Eu
não quero – sacudi a cabeça, confusa. – Foi isso que você viu. Era isso que
estava acontecendo. O Boris estava tentando me consolar – repeti, esperando que
ele entendesse de uma vez por todas.
A boca de Joe se
transformou numa linha fina e rígida outra vez. Aquela veia pulsava em sua
têmpora.
- É tão ruim assim estar
casada comigo que você não pode esperar mais alguns meses para se livrar de
mim?
- Que inferno, Joe! De onde
você tirou essa ideia? Por que você sempre pensa o pior de mim? – gemi. – Não é
nada disso! Eu gosto muito de estar casada com você. Se quer saber a verdade,
eu gosto muito mais do que deveria! Se pra você o que temos é uma grande
mentira, pra mim não é. O que temos é especial. Tão especial que eu faria
qualquer coisa para manter. Por isso não quero que você se meta em encrenca por
minha causa. Só estou tentando... – Não era a hora certa para ter aquela
conversa. Já estávamos perto do Hotel Paradise, uma rede de hotéis luxuosos
espalhados pelo mundo, também pertencente ao Conglomerado Lovato. Como eu
poderia contar para ele ali, no meio do transito, que sua tão sonhada carreira
não decolou porque entrei em sua vida? Provavelmente arruinaria todas as minhas
chances de absolvição, que já eram mínimas. – Droga Joe! Você é um idiota às
vezes!
Ele não respondeu. Na
verdade, não falou comigo depois disso.
Assim que adentramos o salão de festas, no
térreo do majestoso Paradise, Joe e eu fomos saudados por muitos conhecidos, a
maioria presidentes das dezenas de companhias que vovô comprara ao longo dos
anos. Ele os cumprimentou ainda de cara fechada, mas foi educado e atencioso,
sem puxar o saco de ninguém.
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Orgulhoso o Joe? imagina! sinceramente homens são uns cabeça dura, mais toda essa briga vai acabar na cama não se preocupem tá chegando a hora....
posta logo, adoro a fic
ResponderExcluirPosta mais um hoje, posta posta posta posta posta
ResponderExcluirNão vejo a hora deles acabarem com essa briga...
ResponderExcluirJoe tem que deixar o orgulho um pouquinho de lado
Ta perfeito
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Postaaaaa to super curiosa to adorando sua fic XO XO
ResponderExcluirPosta logo, cabeça dura é apelido hein super curiosa pelo que vem por ai kkk
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