domingo, 5 de maio de 2013

CAPÍTULO 35 MARATONA FINAL



- Lado direito ou esquerdo? – Joe perguntou, apontando para a grande cama no quarto assustadoramente masculino.
- Tanto faz – dei de ombros. – Acho que esquerdo.
- Você sumiu a tarde toda. Onde esteve? – Ele perguntou, jogando o meu travesseiro do lado esquerdo da cama. Depois se virou de costas e começou a abrir a camisa.
Estanquei no lugar, os olhos colados à sua figura.
- Hã... O que você está fazendo?
Ele olhou por sobre o ombro.
- Acho que a minha família ia estranhar se eu tivesse que me trocar no banheiro.
- Quer dizer que eu também vou ter que... – Oh, Deus! Por que não vesti o pijama logo depois do banho?
Ele riu.
- Que tipo de pervertido você acha que eu sou, Demetria? Não vou olhar, fica tranquila – e se desfez da camisa. Suas costas eram largas, os músculos recobertos pele dourada e macia. Obriguei-me a desviar os olhos. Foi preciso muito, muito esforço.
- Tá, mas eu não peguei meu pijama – Constatei com a boca seca.
Ele pendurou a camisa no mancebo, abriu o guarda-roupa e, sem se virar, me atirou uma camisa puída.
- Pode ficar com essa. Você é tão pequena que provavelmente vai cobrir suas canelas finas – zombou.
- Eu não tenho canelas finas.
- Tem sim.
Assim que ele começou a desabotoar a calça, virei de costas, me livrando de minhas roupas, com uma pressa insana. Vesti a camisa cinza de faculdade. Era grande o bastante para cobrir meus joelhos e cotovelos. Nada sexy. Mas eu não queria ser sexy, então foi ótimo.
- Você não vai mesmo me contar onde esteve? – Ele inquiriu mais uma vez.
Joe havia colocado um short curto e uma regata branca. Suas coxas musculosas prenderam minha atenção completamente. Sentei-me na cama com cuidado, me sentindo como uma granada cujo pino fora arrancado. Eu devia ter me casado com Chris. Suas caspas sebosas certamente bloqueariam qualquer pensamento a respeito de rasgar suas roupas e jogá-lo na cama.
- Você está parecendo um marido de verdade – ri nervosa, tentando botar os pensamentos em ordem.
Joe sorriu sem graça.
- Desculpa, não foi minha intenção. Mas você sumiu, não atendeu o telefone e voltou com essa cara triste. Só fiquei preocupado – deu de ombros. Sentou-se na cama e o colchão cedeu ligeiramente.
Tudo bem, respira. Só respira.
Deliberadamente, Joe alcançou a minha mão esquerda e, antes que eu pudesse piscar, já deslizava a aliança em meu dedo anelar. Em seguida, abriu a mão e me ofereceu a sua aliança. Entendendo que ele queria que eu fizesse o mesmo, peguei o anel e o acomodei em seu dedo pela segunda vez, um pouco constrangida.
- Eu posso ajudar em alguma coisa, Demetria? – Ele perguntou, preocupado. – Você esta com problemas? Pode confiar em mim para o que precisar. Eu nunca trairia sua confiança ou te colocaria em problemas.
Foi nesse instante que algo se quebrou dentro de mim e tudo extravasou. Comecei a chorar. Chorar mesmo, com soluços e lagrimas – e não eram falsas. Meu caos emocional deixou Joe apavorado. Pelo desespero estampado em seu rosto e pela forma hesitante e meio apatetada com que me abraçou, deu para notar que ele não sabia o que fazer quando uma garota chorava perto dele.
- Ei! Não chora – Pediu completamente alheio aos meus sentimentos e ao problema que pendia sobre a cabeça dele como uma guilhotina.
Ele me segurou em seus braços até que parei de soluçar e pareceu relutante ao me soltar, examinando atentamente minha expressão para ter certeza de que não voltaria a abrir o berreiro.
- Desculpa – eu disse sinceramente. Eu jamais quis lhe trazer problemas.
- Me conta o que está acontecendo, por favor. Me deixa te ajudar – ele pediu num sussurro.
Essa era minha chance. Ele estava pedindo. Eu só tinha que abrir a boca e deixar sair o que se passara duas horas ensaiando.
Joe, o Clóvis disse que você ta ferrado. Sua carreira promissora já era. Você nunca mais vai arrumar um emprego nesse planeta. A culpa é toda minha e lamento muito. Me passa o vinho? Ops! Corrigindo: Me passa o travesseiro?
Mas, por alguma razão que eu desconhecia... Tudo bem, eu conhecia bem os motivos que me impediram de lhe dizer a verdade. Eu não queria que Joe me odiasse. Estava gostando demais daquele novo estágio de nosso relacionamento e não queria perdê-lo.
- Eu fui... Visitar meu avô – me ouvi dizendo. Claro que ocultei o motivo que havia me levado até lá.
- Ah, Demetria – ele voltou a apertar os braços ao meu redor, num abraço sufocante e, beijou minha testa. Era tão bom ficar ali, protegida por seu abraço... Realmente fazia com que tudo o mais perdesse a importância. Ou quase tudo. – Você foi sozinha?
- Claro – resmunguei, agarrada a sua regata. – com quem mais eu iria?
- Você podia ter me pedido para te acompanhar, ou para a Selena, ou qualquer outra pessoa. Você não visitava o cemitério desde que seu avô... Se foi. Não devia ter ido sozinha.
- Eu precisava ir sozinha. Eu briguei com o vovô depois que ele morreu. Disse um monte de coisas que não era verdade. Precisava me desculpar.
- Eu podia ter ficado do lado de fora, te esperando no estacionamento - ele sussurrou.
- Vou lembrar disso da próxima vez. Estou bem agora – sequei o rosto com as costas das mãos.
- Tem certeza? – Ele perguntou, inseguro. Seu indicador alcançou meu queixo e inclinou meu rosto até que nossos olhos se encontraram. Estávamos tão próximos que eu podia sentir seu coração batendo forte e ritmado.
Assenti.
- Acho que ter passado a noite ouvindo meu irmão fazer gracinhas não ajudou muito – ele sorriu um pouco e me soltou.
- Na verdade ajudou sim. O Justin é legal.
- Não estamos falando da mesma pessoa, eu acho. Estou falando do moleque que te azarou a noite toda.
Sorri e Joe pareceu satisfeito.
- Ele só fez isso pra te provocar – eu disse. – Seu irmão te adora. Só queria chamar sua atenção. O Justin pensa que você é louco por mim.
Esperei que ele negasse, que fizesse piada ou algum comentário ácido como de costume, mas ele não abriu a boca. Em vez disso, estendeu a mão, secando as últimas lágrimas do meu rosto com o polegar. Meu coração latejou.
- Desculpa pelo transtorno de hoje. Tudo bem mesmo dividirmos a cama? – indagou a voz mais rouca que o habitual.
- Não me importo, Joe – murmurei encarando-o.
Com um movimento lento, ele alcançou uma mexa dos meus cabelos, afastando-a de meu rosto e prendendo-a em seus dedos com delicadeza.
Comecei a ofegar.
Então meu celular tocou. Joe recuou imediatamente.
- É melhor você ter um bom motivo pra ter me deixado plantada no shopping hoje à noite! – esbravejou Sel. – E me bajular muito até que eu te perdoe.
- Sel! Caramba, eu esqueci!
- EU NÃO ACR... – tive que afastar o aparelho do ouvido ou meus tímpanos explodiriam com seus berros.
- Sel, eu posso exp... – mas ela continuava a berrar, com toda a razão de estar furiosa.
Joe já tinha dado a volta na cama e se deitado. Observou-me com as sobrancelhas arqueadas.
- Problemas? – sibilou.
- A Sel vai me matar – tapei o bocal com a mão. – a gente tinha combinado de ver uma cortina para o meu quarto hoje depois do trabalho. Acabei esquecendo. Ela tá furiosa comigo. Ouve só! – coloquei o celular perto de seu ouvido, mas nem precisava, dado o tom histérico dos gritos dela.
Ele se encolheu um pouco e sorriu.
- Posso? - Indicou o aparelho.
- Hã... Tudo bem...
Pegando o celular, ele o aproximou corajosamente da orelha. Joe realmente não tinha medo do perigo.
- Selena, é o Joe. – O ruído cessou do outro lado. Ele colocou o aparelho no ouvido. – eu queria me desculpar. Preparei um jantar para a Demetria. Minha família está aqui, vieram conhecê-la, mas eu não sabia que vocês tinham outros planos. A Demetria é sempre muito educada – ele fez uma careta divertida. – meus pais encheram ela de perguntas e meu irmão passou a noite toda se insinuando pra ela... Acho que isso deixou a Demetria nervosa, por isso ela esqueceu de cancelar com você.
Mordi o lábio, apreensiva. Eu podia imaginar a cara que Sel devia estar fazendo.
- Talharim à carbonara e vinho – continuou ele. – Comprei uma mousse de chocolate, mas não descobri ainda se ela gostou. Ah, fico feliz em ouvir isso. Não. – As sobrancelhas dele se arquearam e um pequeno sorriso brincou em seus lábios. – Foi, é? Ela não me disse nada.
Comecei a ficar tensa. O que Sel estaria dizendo a ele?
- Mesmo? Eu nunca teria imaginado – ele riu. – Sabe, acho que eu ia gostar muito de conversar com você sem a Demetria por perto. Assim eu poderia aprender mais sobre ela. Combinado. É, meus pais ainda estão aqui. Vão passar a noite com a gente. Claro, no quarto da Demetria, e meu pai vai dormir no sofá. Ela vai... Ficar comigo essa noite.
Prendi a respiração. Joe esperou. E esperou. E esperou.
- Selena você ainda está ai? Ah, claro. Eu digo pra ela. Boa noite – e desligou. Voltando-se para me entregar o telefone, disse: - acho que ela ficou mais calma...
- Ela não quis falar comigo? – Oh, Deus!
- Disse que não queria interromper. Pediu para avisar que remarcou as compras para amanhã.
- Ai! – enterrei o rosto entre as mãos. Sel devia estar imaginando uma noite mágica, romântica. Isso seria péssimo de explicar. – Você não devia ter feito isso, Joe. Ela vai imaginar coisas.
- Ela me pareceu bastante curiosa.
- Não me diga! – falei, levantando a cabeça e o encarando. – A mente da Selena já criou um milhão de fantasias sobre nós dois sem você insinuar que estamos dormindo na mesma cama. Ela vai pirar!
- Não estou insinuando, Demetria. Vamos mesmo dormir na mesma cama – ele riu, debochado. – a não ser que você me mande dormir no chão.
Gemi outra vez.
- Ela vai achar que você e eu... Oh, Deus! E não acreditar quando eu disser que nós não... Argh! – puxei o lenço e o prendi entre os braços.
- A Selena sabe do nosso acordo. Não vai se deixar levar pela imaginação.
- Você não conhece a minha amiga nem o tamanho da criatividade dela! – apontei.
- Ela me disse uma coisa sobre você... Será que é fantasia da cabeça dela ou...?
- Provavelmente é fantasia – me apressei.
- Ela disse que você sentiu a minha falta ontem à noite.
- Com certeza é fantasia. Podemos dormir? Tô acabada. – Fingi um bocejo e me virei na cama. Boa noite.
A voz dele apareceu... desapontada? Ao dizer:
- Claro. Boa noite – e apagou a luz.
Levou um tempo para que meus olhos se habituassem à escuridão. Um pequeno feixe de luz entrava pela janela, permitindo que eu enxergasse o quarto parcialmente. Fiquei hiperconsciente da presença de Joe ao meu lado na cama.
- Joe – chamei, rígida como uma estaca.
- O que?
Virei-me ficando cara a cara com ele. Eu podia ver os traços de seu rosto, ainda que fracamente, pelo bruxulear da claridade vinda da janela. Ele estava sério.
- Foi muito legal conhecer seus pais e esse seu lado mais família – comentei.
- Pensei que você fosse preferir pular pela janela a ter que aguentar o Justin.
Eu ri e, deslumbrada, vi um sorriso largo se espalhar em seu rosto! – E, de novo, ele me surpreendeu ao se aproximar lentamente e tocar a minha bochecha com seus lábios macios. – Durma bem.
Mas, claro, depois disso não pude pregar o olho. Eu só pensava em como havia sido doce aquele beijo fraternal. E como eu queria que ele me beijasse outra vez, mas de forma nada fraternal. Revirei-me na cama por um bom tempo, totalmente ciente do calor que emanava de seu corpo. Lutei muito para evitar
esbarrar em sua pele, para evitar me jogar contra ele só para ter certeza de que aqueles lábios não eram tão macios assim.
- Algum problema com a cama? – ele perguntou numa voz profunda.
- Hã... Não.
Tentei dormir, juro que tentei, mas parecia que as horas se arrastavam e o sono seguia em direção oposta.
- Tá dormindo? – sussurrei um tempo depois.
- Não.
- Nem eu.
- Percebi - havia humor em sua voz.
- Posso perguntar uma coisa?
- Agora?
- É.
- Tudo bem.
Virei-me no colchão até ficar de frente para ele novamente. Busquei seus olhos. Era incrível que, mesmo com quase nenhuma claridade, as esmeraldas continuassem ali, incandescentes.
- Você acha que sou uma pessoa ruim? – eu quis saber.
- Não - ele respondeu, sucinto.
- Tem certeza?
- Você é muita coisa, Demetria – ele sorriu. – Tantas que ainda não descobri todas, mas tenho absoluta certeza de que não é uma pessoa ruim.
Assenti, virei-me outra vez e fechei os olhos. Mantive-me o mais imóvel possível. Algum tempo depois, ouvi a respiração de Joe se tornar mais pesada. Ele adormecera. Eu ainda estava acordada quando, lá pelas tantas da madrugada, ele se moveu, jogando os braços ao redor da minha cintura e me arrastando para perto num movimento rápido. Parei de respirar. Ele apertou seu corpo de encontro ao meu, os músculos fortes e quentes me envolvendo, se encaixando perfeitamente em mim. Meu coração retumbou com tanta violência que doeu. Ele afundou a cabeça em meus cabelos e inalou profundamente.
- Demetria – sibilou perto da minha orelha.
Um arrepio violento me fez estremecer, mas antes que eu pudesse criar expectativas - bom, eu meio que já havia criado, mesmo antes de entrar naquele quarto, mas deixa pra lá -, sua respiração pesada se tornou cadenciada novamente, e percebi que ele esteve adormecido o tempo todo e que não havia a menor possibilidade de que fosse me beijar ou tentar qualquer outra coisa.
Envelopada por ele, fechei os olhos. Uma estranha sensação me invadiu, relaxando meus músculos, apaziguando minha mente perturbada.
Adormeci sorrindo, pela primeira vez nos braços do meu marido. 
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Booom acabou a maratona, que tal quando eu estiver de folga em um outro fim de semana fazer outra? eu gostei muito de ficar o dia aqui na companhia de vocês, agradeço aos comentários e visualizações que ultrapassou 400 achei incrível da parte de vocês se eu postar mais vou acabar a fic e ainda estou preparando a próxima  e estou cansada de estar deitada aqui só postando kkkk mais foi bem divertido pelo menos eu achei, termino com um capítulo fofo na opinião amanhã posto mais não se preocupem bjs, xau!  
há ia esquecendo de dar boas vindas as novas leitoras sejam bem vindas espero que continuem comentando e gostando da história.

4 comentários:

  1. Fofo?! Isso não foi nada fofo, foi algo muito mais. Amei de verdade essa maratona ... ainda tou sem palavras sobre o que acabei de ler.
    Obrigada a gente. .. compreendo por teres que parar ... é que do jeito que a história está linda a gente ia devorar ela toda hje. Lindo ♥ ♥♥♥♥♥

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  2. anww, queee lindo lindo ><
    muuito fofo, Pensei que Demi ia falar sobre a conversa com Clóvis, ameeei a maratona, e sim em outro final de semana q tiver de folga faça uma maratona u_u
    Poosta logo, beeijos

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  3. ta lindo demaais essa história, poosta logo pleease, sim assim que puder faz outra maratona, poosta logo, ta lindo, xo

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  4. Amei, amei, amei muito o cap. Adorei a maratona

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