sábado, 4 de maio de 2013

CAPÍTULO 23



Por um segundo, eu não sabia o que fazer – se esmurrava seu rosto sem dó ou me lançava sobre ele para apressar o beijo. Mais logo ele se afastou, puxando algo do banco traseiro, me deixando perplexa e cheia de sensações contraditórias.
– Aqui está – disse ele me entregando um buquê de flores brancas variadas. – Achei que você ia precisar.
Peguei o buquê rapidamente. Ele não queria me beijar, estava apenas pegando as malditas flores. Claro que ele não queria me beijar. Assim como eu não queria beijá-lo. Na verdade, não podia imaginar nada mais repugnante do que ter aqueles lábios rosados e fartos sobre os meus.
Seguimos calados para o cartório, no centro da cidade. Uma borboleta voava descontrolada e subitamente se decidiu por uma única direção – a que levava ao meu encontro. Congelei na calçada, respirando com dificuldade. Ela circulou Joe – que não deu a menor importância ao inseto nojento – e depois partiu pra cima de mim.
– O que foi? Joe perguntou quando notou que eu não o acompanhava.
– B-b-b-b-b-b... – foi o que saiu.
– O quê? – ele se aproximou, me observando atentamente.
– B-borboleta – gemi, tremendo.
– Você tem medo? – ele inclinou a cabeça enquanto espantava o bicho com uma das mãos.
Respirei aliviada quando a vi se afastar.
– Medo? Que nada. Só... não gosto muito de insetos.
Joe conseguira uma cerimônia privada para aquela manhã de domingo. Ele havia convidado alguns colegas de escritório. “Para dar credibilidade”, dissera. Convidei pouca gente. Sel, Mandy, Nicholas e Mazé. Convidei também Clóvis e Telma, para que assistissem ao espetáculo e me deixassem em paz de uma vez por todas. Eu temia que , se ele descobrisse minha farsa o sacrifico fosse em vão.
Estavam quase todos lá quando chegamos. Sel e Mandy apareceram minutos depois. Não deixei de notar o olhar e os sorrisos de cumplicidade trocados entre Sel e Nick, mais ficou cada um em seu canto. Como se não quisessem que ninguém soubesse que estava saindo – quase todas as noites – havia três semanas.
Eu estava nervosa. Era um casamento de mentira, mas ainda assim um casamento, Eu nunca sonhara com uma festa espetaculosa nem nada. Na verdade, gostava de imagina que, se um dia me casasse, seria num lugar exótico, como no topo de uma montanha da Mesa, na Cidade do Cabo, e não em um cartório monocromático no centro da cidade sem nenhuma família por perto.
Tive um pequeno sobressalto quando uma mão quente e grande envolveu a minha. Olhei no rosto de Joe, assustada, mas tentei me recompor. Ele apertou gentilmente minha mão e não a soltou.
– Fica calma. E tenta parecer feliz – disse num sussurro.
– No nosso acordo não permite esse tipo de contato físico a não ser extremamente necessário – um calor súbito inundou minha face.
Pode apostar que também não me agrada muito essa encenação, mas é o nosso casamento, não se esqueça. E, já estamos aqui, vou cumprir o meu papel. Se alguém não acreditar que esse casamento não é real, não vai ser por falta de esforço da minha parte.
Ele tinha razão. Eu sabia que tinha. Entretanto, fiquei ainda mais apavorada. Acontecia sempre que ele ficava assim tão perto. Joe despertava sensações novas em mim, e eu não podia lidar com mais nada naquele momento. Tentei sorrir com uma noiva radiante. Acho que falhei.
O juiz de paz deu inicio a cerimônia, lendo uma infinidade de coisas que eu não ouvi. Joe estava tenso, olhando pra frente, minha mão ainda na sua. Às vezes ele apertava gentilmente. Eu o fitei, mais ele encarava a parede clara atrás do escrivão. Então tudo aconteceu muito rápido: assinamos os papéis, depois foi a vez das testemunhas e BAM!, eu estava casada.
Em meio ao zumbido que a tensão do momento me causou, vi Joe retirar do bolso do paletó uma caixinha e entregá-la ao juiz de paz.
Isso me despertou do torpor imediatamente.
– Joe, o que é...
– É a parte do espetáculo – ele sibilou de volta.
Eu ainda estava atônita no momento em que Joe enfiou a argola dourada e reluzente em meu dedo. Ele sorriu quando o juiz teve que pigarrear para que eu pegasse a aliança e colocasse em seu dedo, no dedo do meu marido. Engoli seco. Comecei a suar. Minha mão tremia tanto que tive dificuldade para encaixar a aliança no anelar largo de Joe.
– Eu vos declaro agora marido e mulher – disse o juiz cheio de pompa, oficializando nossa sentença... quer dizer, nossa união.
Tudo ia relativamente bem – Sel tirava centenas de fotos, Mazé chorava copiosamente e ninguém além de Joe, parecia notar meu pânico. Contudo Mandy estragou tudo dizendo:
– Cadê o beijo do casalzinho?
Apavorada, olhei para Sel, que furtivamente apontou para Clóvis, atento a cada movimento meu. Voltei-me para Joe que estava sério. Ele se virou devagar, me encarando, até ficar de frente para mim. Encaixou as mãos grandes em meu queixo, inclinou minha cabeça para trás e começou a fazer o percurso que traria seus lábios aos meus.
Ah não. De jeito nenhum esse camarada vai me beijar. Não mesmo!
Joe não podia me beijar. Eu já havia fantasiado sobre os pelos em seu peito. Já havia imaginado como seria estar na cama com ele. E meio que desejara beijá-lo meia hora atrás, quando estávamos no carro. Isso sem termos tido nenhum contato físico. Ele simplesmente não podia me beijar.
Não vou retribuir!
Aflita, tentei enviar mensagens telepáticas sobre o que aconteceria com o seu nariz caso ele ousasse colar aquele lábios suculentos e macios nos meus, mas ele não entendeu. Ou fingiu não entender. Talvez minha mensagem tenha sido um pouco confusa, já que aqueles olhos caleidoscópicos me desconcertaram.
Ok, talvez eu retribua. Só um pouquinho...
E inexoravelmente, Joe me beijou. Quando sua boca cobriu a minha, tive vontade de gritar para que parasse, mas uma fração de segundo depois a doçura, o calor e suavidade do toque me desarmaram e me vi de repente correspondendo, suspirando e ansiando por mais. Não foi longo, mais foi mais do que um simples beijo. Foi um roçar, provar, degustar de lábios que imprimiu tanto sutileza quanto desejo de se aprofundar. Fiquei tão chocada com o que estava sentindo que mal pude me mover.
Joe se endireitou, o rosto sério, olhos escurecidos como eu nunca vira antes. Eu não fazia ideia da expressão em meu rosto, mas não devia ser das melhores, já que ele tocou meu queixo com delicadeza e murmurou:
– Agora sorria.
Fiz o que ele pediu atordoada demais para pensar em outra coisa. Os convidados se apressaram para nos parabenizar. Ninguém parecia duvidar da veracidade de nosso casamento – exceto Clóvis como o chato que era.
– Amada, você está deslumbrante! – disse Telma, beijando o ar ao lado de minhas bochechas.
Foi tão repentino – Clóvis comentou analisando Joe atentamente – Confesso que fiquei surpreso com a notícia.
– Foi coisa de momento. A gente não quis esperar – retruquei nervosa. – Pra que esperar quando estamos tão apaixonados...?
– Como foi que aconteceu mesmo? – ele questionou pelo que me pareceu ser a milionésima vez. – Como vocês acabaram se apaixonando?
– Hã... foi... é...
– Amor à primeira colisão – Joe interveio. Repremi um suspiro de alívio. – Fiquei louco pela Demetria assim que ela me atropelou, em seu primeiro dia na empresa. Ela é uma garota fantástica, foi impossível resistir aos seus encantos.
– Isso. Foi exatamente assim – assegurei a Clóvis, cruzando os braços atrás das costas para que ele não visse o quanto minhas mãos tremiam.
– Que romântico! – arrulhou Telma – Demetria, amada, você não devia ter escondido de mim que estava apaixonada.
– Eu não sabia bem o que estava sentindo, Telma.
– E isso começou há pouco mais de quê? Um mês? – Clóvis insistiu.
– Quarenta e noves dias, para ser exato – Joe respondeu e passou os braços em minha cintura, muito tranquilamente, me puxando para seu peito. – Quarenta e nove dias gloriosos, não é, Demetria?
– Ãrrã. Pura alegria! – murmurei. Eu me sentia um pouco zonza com Joe me abraçando daquele jeito tão... íntimo. Eu sentia seus músculos firmes em detalhes impressionantes, comprimidos contra meu corpo. Ele era tão grande, tão rijo, tão quente, e seu perfume tão sedutor...
Tentei parecer à vontade com tanta proximidade, passando os braços ao redor de sua cintura estreita. Fiz o melhor que pude.
Clóvis franziu a testa, mais se viu sem argumentos.
– Fico feliz por você Demetria. Você está encantadora, Lembra muito sua mãe. Bom... vou deixar vocês a sós. Devem estar querendo alguns momentos de privacidade.
– Estamos ansiosos! – tentei parecer feliz.
Ele sorriu em resposta, ainda que parecesse desconfiado.
– Claro, claro. Só mais uma coisa. – Retirou um gordo envelope do bolso e me entregou. – Seu avô não perderia seu casamento por nada.
Peguei o pacote um pouco trêmula e o apertei de encontro ao peito.
– Obrigada. – murmurei emocionada.
– Não me agradeça – Clóvis sorriu, pegou a mão de sua esposa, se despediu e nos deixou.
Voltei o olhar para o envelope, em um nó se formando em minha garganta. Fechei os olhos e encostei no ombro de Joe, inspirando para me acalmar.
– Eu não queria enganar ninguém – gemi de encontro ao ombro forte que me amparava.
– Eu sei – ele sussurrou, acariciando meus cabelos, me confortando. Era tão bom tê-lo ao meu lado naquele instante que se tornou um pouco mais fácil suportar tudo aquilo.
Foi então que me dei conta de que ainda estávamos agarrados.
– Que ideia foi essa de me abraçar? – me livrei de seus braços e tentei respirar normalmente. – Você não pode me abraçar assim!
– O que você acha que estou fazendo, Demetria? Acabamos de nos casar. Devemos parecer apaixonados.
– Não faça isso sem me avisar primeiro. E ainda teve aquele beijo que francamente... – engoli seco, a lembrança ainda quente e úmida em meus lábios – foi totalmente, completamente desnecessário.
– Não concordo – ele retrucou, o rosto impassível. – É assim que os casais costumam selar o compromisso.
– Pois saiba que eu não gostei – avisei, soando bem menos convincente do que pretendia.
– Não se preocupe Demetria. Prometo que aquele foi nosso primeiro e último beijo. 
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Desculpa não ter postado ontem, mas cheguei em casa super cansada ta sendo uma semana difícil, mas... hoje estou de folga e irei postar 2 ou 3 capítulos vamos ver, bom mudando de assunto esse casal é bem complicado acabaram se beijando de qualquer forma, ainda vai acontecer muitas coisinhas em relação ao casal, coisas frustrantes, prestem atenção na borboleta ok, até logo!      

4 comentários:

  1. haaaa sabia que ia rolar beeijo u_u
    O que tem nesse envelope??
    Poosta logoo, AAAAAAAAAAAA DOIS OU TRES CAPITULO HOOJE, QUEEE LINDO, ESPERO QUE SEJA TRES U_U
    xo

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  2. lindo demais como sempre, posta logo!
    Sim, posta três capítulos hoje, amando essa história, beijos

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  3. lindo lindo não?! Essa história promete, assim como esse casamento, então seja uma boa pessoa e poste 3 capítulos hoje!
    Quero muito saber o que vai acontecer nesse casamento!
    Posta logo, beijos
    C. Shay

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  4. Demi ta ficando muito mentirosa.... amei ta lindo demais. O qe ta dentro do envelope?

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