quinta-feira, 2 de maio de 2013

CAPÍTULO 22 E DIVULGAÇÃO



Você está tão linda que me dá vontade de chorar, Demi – Sel disse, abanando os olhos na tentativa de não borrar a maquiagem. – Esse vestido é perfeito!
– Pareço uma noiva louca pra casar? – perguntei um pouco insegura.
– Hã... não – ela sorriu. – Mas você está deslumbrante!
– É o único vestido mais sério que eu trouxe pra cá. Não posso nem pensar em comprar alguma coisa agora.
O vestido off-white – que eu havia usado no último aniversário da vovó – tinha decote reto e busto e mangas curtas cobertas por uma delicada renda francesa, a cintura bem marcada por uma faixa larga de seda arrematada por um laço lateral e saia rodada até a altura dos joelhos. Sel se encarregou da maquiagem, leve e delicada. Sua mãe adorou a ideia de me ajudar com o cabelo, criando um coque despojado. Embora a aparência fosse casual, levou duas horas para que ficasse satisfeita com o resultado. Ela finalizou prendendo um narciso branco na lateral do meu coque.
– Assim ele vai estar presente de alguma forma – disse com os olhos marejados, me admirando no espelho por um momento, antes de me deixar a sós com Sel.
Eu, por outro lado, não queria pensar em vovó naquele momento. Era por sua culpa que estava indo me casar com um homem que eu não amava.
Suspirei.
– Você ainda está chateada por causa do carro? – Sel quis saber.
– Um pouco. Ontem, quando fechei negócio, eu pensei em voltar atrás, mas fiquei com medo de ser presa. Imagino que cadeia no U.S.A  seja ainda pior que ônibus. Pelo menos estou tentando me convencer disso.
Como minha vida podia ter mudado tanto em tão pouco tempo? Em apenas seis semanas, eu deixara de ser a neta rica do Sr. Marcus para me tornar a neta falida do finado Marcus e, o que era ainda pior, casada.
Contemplei-me nos espelho por alguns minutos. Os fios de meus cabelos emolduravam estrategicamente o rosto e seguiam naturais para a parte de trás da cabeça. O vestido delicado e acentuado e a maquiagem em tons claros me deixaram com um quê de romantismo.
Sorri.
Nada mal para uma falida.
– O noivo chegou! – gritou Mandy.
Sel voou até o corredor e deu uma espiada.
– O Joe está aqui! – dando pulinhos. – Ele está na sala. E está um gato!
– Ele até que é bonito, mais é sério demais. – Passei a mão na saia do vestido para me livrar de um vinco. – Sel? – chamei, sentindo algo se avolumar em meu peito. – Vai ficar tudo bem?
Ela me abraçou com ternura tomando cuidado para não estragar meu penteado.
– Não sei – disse sinceramente como sempre. – Mas vou torcer muito para que aconteça.
– Acho que... é hora de ser corajosa e encarar o bicho-papão – tentei sorrir.
– Relaxa Demi. Isso nem é casamento – ela me consolou, apertando minha mão.
– Eu estava me referindo ao Joe.
Ela riu.
– Ah, se o bicho-papão for lindo desse jeito, vou rezar para que ele venha me assustar todas as noites.
Revirei os olhos enquanto seguíamos para a sala. Joe se levantou ao instante em que me viu. Seus cabelos estavam ligeiramente desarrumados, e a barba rala conferia ao maxilar um ar imponente, a camisa branca sob o paletó escuro e bem cortado o deixara sexy, mas ao mesmo tempo respeitável. Ele não usava gravata. Os dois primeiros botões da camisa estavam abertos. Os olhos brilhavam mais do que de costume. Sel tinha razão, ele estava lindo. Ele era lindo.
– Você está muito... hã...apresentável – ele me disse, meio sem jeito.
– Eu estava pensando o mesmo ao seu respeito. Você fica bem com essa roupa.
Ele passou a mão pelos cabelos – de novo, com numa propaganda de perfume –, parecendo nervoso. Bastante nervoso.
– É, foi isso que eu quis dizer. Você ficou bem com esse vestido. Parece uma mulher. – Estreitei os olhos. Ele se apressou em esclarecer, parecendo ainda desconcertado. – Quer dizer, você parece uma mulher adulta, não uma garota mima... Você está linda. É isso que estou querendo dizer desde o inicio – ele suspirou pesadamente, com os punhos cerrados.
– Ah. Isso foi... – acho que sorri – um elogio?
Ele assentiu brevemente.
– Então eu agradeço.
– Hã... disponha. Você está pronta? Não quero me atrasar.
Voltei-me para minha amiga, a beijei e abracei.
– Obrigada por tudo, Sel.
– Boa sorte, amiga! Te vejo daqui a pouco.
– Obrigada pela hospedagem, Mandy! – gritei. Ela ainda estava se arrumando.
– Até já, querida! Estou enrolada com o zíper, mais estarei na cerimônia. Não vou perder isso por nada. Nem que tenha que ir sem roupa! Selena, pode vir me ajudar?
– Como se eu tivesse opção – ela revirou os olhos e nos deixou sozinhos na sala.
Respirando fundo, passei as mãos no vestido uma última vez e me dirigi a Joe.
– Bom... – abri os braços, desanimada. – Estou pronta.
Ele apenas assentiu e indicou com a mão que eu fosse na frente.
Joe foi todo gentil, abrindo a porta do carro para que eu entrasse e depois dirigindo com cautela seu SUV confortável. Era estranho estar a caminho do meu casamento com alguém com quem eu não tinha intimidade alguma. Ao contrário, Joe sempre me intimidava, mesmo quando estava calado, como naquele momento.
– Está nervoso? – perguntei, tentando quebrar o silêncio esmagador.
Ele hesitou, mas acabou respondendo.
– Um pouco.
– Eu também – confessei. – Você acha que alguém vai desconfiar?
– Pelo que você disse, o Clovis foi o único que suspeitou de alguma coisa até agora. Só precisamos ficar atentos quando ele estiver por perto.
Claro que Clóvis tinha que ser estraga-prazeres de sempre e me submeter a uma intensa sabatina quando comuniquei a ele sobre o casamento. Respondi monossilabicamente a quase todas as perguntas, com medo de cair em contradição. Ele não pareceu convencido.
– Vou ficar atenta. E seus pais? Vão estar lá?
– Hã... – sua testa enrugou. – Não.
– Você não contou pra eles que vai se casar? – Não que isso importasse, mais fiquei decepcionada. Joe parecia ser do tipo que fazia tudo como mandava o figurino.
– Contei que conheci uma garota... especial. Depois que eles se acostumarem com a ideia, vou contar que estamos morando juntos. Não quero envolver minha família nisso, Demetria. Em um ano, você e eu seremos meros conhecidos. Eles não precisam sofrer com a perda de alguém que talvez venham a gostar.
– Parece sensato – concordei, fitando o painel do carro sem realmente vê-lo. Eu estava indo me casar. Com Joe. Oh, Deus!
– Mas para o pessoal da empresa eu disse que meus pais estão viajando e que, infelizmente não conseguiram voo para chegar a tempo. Parece que acreditaram – ele continuou.
– Menos o Clóvis, obviamente – apontei, – Ás vezes tenho vontade de esganar o meu avô... se isso fosse possível, é claro. Como ele pôde confiar desse jeito naquele advogado e não em mim? – Joe abriu a boca, mais rapidamente levantei as duas mãos em súplica. – Foi uma pergunta retórica. Não precisa responder!
Ele riu, um pouco mais relaxado.
– Ele só ia dizer que o seu avô deve ter tido algum motivo pra isso. Ele era um bom homem, jamais ia te magoar se não fosse o último recurso.
– Não quero falar sobre isso – cruzei os braços sobre o peito, desviando o olhar para a janela.
Ficamos em silêncio o restante do percurso. Assim que ele estacionou o carro, me senti fria. Meus olhos tremiam e minha boca estava tão seca quanto o deserto do Atacama. Mesmo depois de desligar o motor, Joe permaneceu com as mãos agarradas ao volante, olhando para o para-brisa.
– Isso vai dar certo? – perguntei num fiapo de voz.
Ele assentiu, ainda olhando para frente.
– Se fizermos tudo direito, vai.
Entrei em pânico.
– Ai, que inferno! Então não vai funcionar! Eu não sei fazer tudo direito, Joe. Por mais que eu tente, alguma coisa sempre acaba dando errado e... e...
– Fica calma – ele voltou seus olhos verdes em minha direção. – Eu já sei que você não costuma seguir pelo caminho do óbvio. Mas eu sim. Estou aqui. Vamos conseguir.
Engoli seco. De alguma forma. Sua tentativa de me acalmar me deixou ainda mais nervosa.
– Vamos mesmo? Porque normalmente dá tudo errado quando estou perto.
Ele riu, totalmente descontraído agora.
– Já percebi. Vou garantir que isso não aconteça hoje – e se inclinou em minha direção.
Prendi a respiração.
O que ele está fazendo? O que ele está fazendo?!
Seu rosto ficou a centímetros do meu, o sorriso ainda em seus lábios cheios e convidativos. Levantei ligeiramente a cabeça. Sua respiração sapecou minha pele.
Ele vai me beijar! 
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3 comentários:

  1. AAAAA POOOSTA LOGO, AAAMAAANDO DEMAIS ESSA HISTÓRIA, BEEEIJOS

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  2. Ele a vai beijar. Pode se desejar algo mais,,,não sabe porquê? Porque essa história é maravilhosa

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  3. Nossa essa historia é maravilhosa. Posta logo

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