quinta-feira, 18 de abril de 2013

CAPÍTULO 5


Cheguei ao prédio da L&L Cosméticos ( Lovato & Lovato), a maior empresa do país no segmento de cosméticos, fundada por meu avô e tia Celine cinquenta anos antes,  às nove e quinze. 
Não foi fácil chegar quase na hora. Sel e eu tínhamos ficado acordadas até tarde tentando pensar em uma maneira de resolver minha situação, e quando o relógio despertou, as sete em ponto, nem ouvi. Ela me sacudiu diversas vezes, até desistir e ligar o meu MP3 nas caixinhas de som no volume máximo, me fazendo pular da cama. 
Comi alguma coisa, depois passei um tempo contemplando minhas roupas, sem ter certeza de como deveria me vestir. Eu não tinha muita,  alias, nenhuma roupa de escritório, de modo que me decidi por um jeans preto e uma camisa cinza de babados que estava na mochila da Selly, a peça era ajustada por uma faixa na cintura, por isso ficou bacana. Sel não se importou que eu pegasse a camisa emprestada, afinal concordamos que uma vice-presidente deveria estar vestida de forma profissional. 
Olhei-me no espelho: os cabelos lisos, mas nem tanto,  cor de cevada estava num dia bom, os olhos castanhos, realçados pela vermelhidão e pelo inchaço causado pelo choro, não estavam tão mal. Eu poderia passar por uma descolada executiva em crise alérgica, mas com o cabelo superbrilhante. 
Foi um tremendo esforço chegar apenas quarenta e cinco minutos atrasada, mas a mulher do RH,  uma ruiva de cachos tão pequenos e indomados, presos no alto da cabeça por um rabo de cavalo, que se parecia muito com um espanador, não concordou comigo. 
- Veja bem – ela começou. – Recebi ordens do Dr. Clóvis para tratar você da mesma forma que trato qualquer outro funcionário. Aqui você será apenas a nova assistente de secretária. Não receberá benefícios ou regalias por ser neta do seu Marcus. Espero que esse atraso não se repita, estamos de acordo? 
- Não entendi direito – apoiei as duas mãos sobre o balcão comprido. – Eu vou fazer o quê, dona? 
Ela revirou os olhos. 
- Meu nome é Janine, não dona. E você é a nova assistente da secretária Joyce, do setor sete. Ela vai lhe ensinar tudo assim que você mexer esse traseiro e for para o sétimo andar. 
- Deve estar havendo algum engano – eu disse sorrindo para a Espanador. – Eu sou a neta do dono da empresa. Não vou ser secretária de ninguém. 
- Concordo, você vai ser assistente de secretária – ela sorriu triunfante. 
- Eu cursei cinco anos de faculdade de artes. Não vou ficar anotando recados. Pode esquecer! – cruzei os braços sobre o peito. 
- Creio que vai sim. Pelo menos o Dr. Clóvis disse que você não tinha alternativa. 
- Vou ligar para ele – eu disse, petulante, pegando o celular. Por alguma razão, eu já tinha adicionado Clóvis a minha lista de contatos. Agora sabia que era meu subconsciente agindo, tentando me alertar de que eu estava numa enroscada. – Ele vai te dizer que é pra eu trabalhar na gerência de alguma coisa por aqui. Talvez vice-presidência ou algo do tipo. 
- Por favor, ligue, Vossa Alteza! – ela respondeu com ironia. 
Fechei a cara e liguei para Clóvis, que para minha perplexidade, me informou exatamente o mesmo que a Espanador. O cargo que vovô havia me designado era o de uma simples assistente de secretária. Assistente! 
- Você vai começar de baixo, para compreender o funcionamento da empresa. Pode fazer carreira como todo mundo. Dessa forma, conhecerá todos os setores, o coração da empresa – disse ele. 
Meu queixo caiu. Desliguei o telefone sem nem me despedir. 
Voltei-me para Janine Espanador. 
- Tudo bem, mas fique sabendo que isso é temporário. 
Ela apenas riu, me deixando ainda mais furiosa. Marchei para o elevador e subi até o sétimo andar. A secretária Joyce, já estava a par da situação e me dedicou tanta simpatia quanto a Espanador do RH. 
- Certo, garota. Estou nesse escritório há anos e não vou deixar uma menininha mimada estragar tudo. Não fique no meu caminho! – ela proferiu, e seus cabelos castanhos na altura do queixo sacudiram um pouco. 
- Por mim tá ótimo. Vou ficar ali no canto vendo você trabalhar. 
Ela gargalhou, e o pescoço fino e longo se curvou para trás. Joyce era uma figura estranha, magra e comprida como um cabo de vassoura, e tão simpática quanto um. 
- Seu avô devia bem saber o que estava fazendo ao deixar aquele testamento... – ela sacudiu a cabeça. 
Minhas bochechas arderam. Todo mundo sabia da minha desgraça? 
Subitamente, senti uma vontade louca de atirar Joyce pela janela. Quase tão forte quanto meu desejo de fugir dali aos prantos com a constatação de que vô Marcus me considerava uma idiota fracassada incapaz de cuidar de mim mesma. 
Ou de exercer uma função bacana na empresa. 
No entanto, trabalhar ainda parecia menos aterrorizante que casar. Não muito, melhor, mas ainda assim... 

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Hey, e aí estão gostando?,bom agora o tormento começa realmente para Demetria, vejam bem, a garota sempre teve tudo, nunca trabalhou de verdade, de hora pra outra perde o avô, fica pobre e tem que trabalhar em algo que ela nunca fez, ainda tem o tutor pouco confiável lhe vigiando, haaaa pessoal da pra ter pena da coitada e só ta começando, esperem pra ver, mais tarde posto outro!     
E mais uma coisa, gostaria de agradecer aos novos seguidores, espero que estejam gostando e sejam bem-vindos!  

2 comentários:

  1. Poostaaa logo, ta lindo demais, beeijos. C. Shay

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  2. Pena dela. Esse Clóvis tá me cheirando a sacana não sei pk?

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