Demi fechou a porta e se apoiou nela. Uma onda gigante de incredulidade a abateu. Por uma semana Joseph havia ignorado sua existência e agora dava um ultimato, na forma de um almoço de última hora, como se fosse um imperador e ela, sua serva. Não iria, de jeito nenhum!
Porém, por uma fração de segundos, sentiu uma imensa satisfação por saber que ele não a tinha esquecido completamente. Mas não podia ser ingênua e se contentar com tão pouco. Como ele tinha a coragem de agir como se ela fosse sua escrava, à sua total disposição?
A culpa era dela, pensou, por não ter se dado o respeito naquele dia no escritório. Doía ter de admitir que havia se comportado como uma qualquer. E, agora, ele a tratava como tal, sem qualquer consideração. E se entrasse no jogo, acabaria ainda mais machucada.
Pelo menos havia aprendido a lição, concluiu, com pesar. Trocou de roupa e se preparou para ir para cumprir seu turno no supermercado. Quando bateram à porta novamente, já estava pronta para sair. Antes que Nemos tivesse tempo de abrir a boca, ela o cortou:
— Eu não irei. Não vou voltar a ver seu chefe nunca mais. Depende de você como vai explicar isto a ele.
Nemos não podia acreditar no que ouvia. Fez uma cara de consternação e enrijeceu os traços já fortes do rosto. Parecia furioso, o que surpreendeu Demi, porque achava que Nemos fosse um homem plácido e de bom temperamento. A campainha tocou pela terceira vez e ela impertigou-se, impaciente. Abriu a porta com agressividade.
Era Joseph. Sua presença a espantou, pois acreditava que seria Nemos.
Pelo visto, o magnata grego estava esperando na limusine.
Com seu olhar devorador, Joseph fitava obsessivamente os vívidos olhos verdes e a boca rosada, carnuda e suave de Demi. A pele branca e os cabelos caídos até o ombro o atraíam. Durante toda a semana, sempre que relaxava e conseguia não pensar em trabalho, Demi aparecia em pensamentos eróticos. Pessoalmente, a feminilidade extravagante dela era ainda mais estimulante. Mesmo sem maquiagem e superprodução, era um espetáculo.
Aproveitando a distração dela, abriu a porta suavemente e entrou na casa. A primeira vista, ficou assombrado com os móveis velhos e feios do pequeno cômodo. Havia muito tempo não tinha tido contato com tanta penúria. A distância entre as classes sociais nunca estivera tão clara. Mas Joseph estava onde queria e nem mesmo uma avalanche o tiraria dali.
Demi, por sua vez, estava espantada com a presença dele. O ritmo do coração foi aumentando estridentemente em seus ouvidos. Desde o cabelo castanho até os olhos cor de bronze, o queixo perfeito, ele a atraía, por completo.
Com um terno cinza de grife, ele era a personificação da elegância impecável. Bonito demais. Demi lembrou-se das noites mal dormidas por causa dos sonhos proibidos e passionais que tanto queria esquecer. Era intensa a mortificação que sentia pelo significado de seus pensamentos.
— Nemos não soube explicar o porquê de sua ausência — disse Joseph calmamente.
O tom de voz forte e profundo e o sotaque carregado despertaram Demi de seu estado de perplexidade. Surpresa ao notar que o estava comendo com os olhos, ergueu o queixo em um ângulo desafiador.
— Precisa de uma explicação? Pois lhe dou: eu não quero almoçar com você.
Desde o início Joseph apreciou a beleza daquela ruiva pequenina à sua frente, mas a fala simples e a falta de afetação aumentavam sua atração por ela.
Agora, uma impaciência sensual corria por seu corpo. Não entendia o comportamento dela. Sabia apenas que queria levá-la para a cama de novo. A agonia do desejo por ela havia se acumulado durante aquela semana atribulada de reuniões e viagens.
É assim mesmo Mulher... Mostra que tem valor
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