Eu devia ter percebido que algo estava errado logo que entrei na mansão e vi Clóvis em pé, no centro da sala de estar. Eu devia ter percebido.
-Pode me explicar o que significa isso? – ele disse num tom nada cordial, me mostrando o jornal do dia. Lá estava eu completamente bêbada sobre o balcão da danceteria
Grunhi.
- Olha só, Clóvis. Eu bebi um pouco a mais ontem e alguém deve ter tirado essa foto e entreg...
- Então é isso que você anda fazendo quando passa as noites fora de casa?! – ele interrompeu, colérico – É a isso que você tem se dedicado, Demetria? Se sujeitando ao papel de uma... de uma garota de programa?
- Ei! Peraí! Quem você pensa que é pra falar assim comigo?
- Sou seu tutor! - Ele urrou, jogando o jornal no sofá de couro branco. – Como você pôde fazer isso, Demetria? Não percebe o que a mídia fez? Eles vincularam o seu comportamento ao nome do seu avô, as empresas do seu avô! Você acha que é essa a imagem que o Conglomerado Lovato espera passar para os clientes? Acha que é para essa bêbada que os funcionários querem trabalhar? Acha mesmo que algum dia você vai ser capaz de cuidar de tudo que o seu avô deixou? Eu tenho sérias dúvidas.
Retraí-me ligeiramente.
- A culpa não é minha. A imprensa é livre para escolher o que quiser, você sabe disso.
- Se você não der motivos, eles não terão o que escrever. Eu proíbo você de se comportar dessa maneira. Proíbo você de sair desta casa.
- Você não é meu avô! – retruquei. - Sou maior de idade, dona do meu nariz. Faço da minha vida o que eu quiser.
- Não enquanto estiver sob a minha custódia, morando debaixo do meu teto. - Foi então que tudo ficou vermelho à minha frente. Eu me aproximei dele até que nosso nariz quase se tocou.
- É você quem mora debaixo do meu teto, não o contrario. Não estou sob a sua custódia. Os bens do meu avô estão, eu não. Meu avô pode ter deixado tudo nas suas mãos capazes, Clóvis, mas você não pode me controlar. Nem tente!
- Se for preciso, vou alertar os seguranças para que não deixem você sair dessa casa. Pelo menos assim vou saber que você não está se metendo em encrenca.
- Você realmente acha que pode me trancar aqui?
Ele empinou o queixo duplo, me confrontando com os olhos obstinados.
- Farei o que for preciso.
- Tudo bem – estreitei os olhos e o encarei por mais um minuto antes de me virar e subir as escadas calmamente. Assim que fechei a porta do quarto, peguei meu celular. – Sel, preciso de ajuda. – Relatei a ela o que tinha acabado de acontecer.
- Que absurdo! Quem esse idiota pensa que é? – ela resmungou. – Pega tudo que achar necessário e vem pra minha casa. Você vai ficar aqui por uns tempos. Mais da metade das suas roupas já está aqui mesmo.
Respirei aliviada.
- Sabia que você ia me dizer isso. Obrigada! Mas sua mãe não vai se importar? – resmunguei.
- Demi, eu tenho 25 anos! A casa também é minha. – Porém ela hesitou. – Mas não custa avisar, né?
Assenti, ainda que ela não pudesse me ver.
Enquanto ouvia Sel berrar para a mãe, me obriguei a entrar em meu closet e pegar o máximo de roupas e sapatos que pudesse. Limpei também o banheiro, enfiando tudo na mochila.
- Tudo em ordem. Vamos ser colegas de quarto! – Ela disse ao telefone, animada.
- Que ótimo – respondi, menos animada. Eu sabia que seria um incomodo, mas não tinha alternativa naquele momento. – Obrigada, Sel.
- Vou poder cuidar de você agora. Vai ser o Máximo! Você nunca mais vai se atrasar pra nada, Demi!
- Ah, que maravilha – revirei os olhos. – Chego ai em 20 minutos.
Clóvis ainda estava na sala de estar quando desci com a mochila nos ombros, porém fiz o melhor que pude para ignorá-lo.
- Aonde você pensa que vai? – ele esbravejou.
- Não é da sua conta.
- Você não vai sair dessa casa!
Apesar da raiva que eu sentia, virei-me para admirar pela ultima vez o meu lar nos últimos vinte anos, ignorando o homem rechonchudo e seu rosto arroxeado de raiva. Dirigi-me ao aparador no hall de entrada e peguei o porta-retratos.
- Vocês vão comigo – murmurei para o rosto sorridente de meus pais, vovô, eu ainda pequena em seu colo e Chantecle, meu gatinho siamês que fugira de casa depois que eu havia tentado dar banho nele. – E nem adianta sorrir, Sr. Marcus porque ainda estou furiosa com você.
- Demetria, você não vai sair dessa casa hoje! – Clóvis vociferou. – Volte aqui, menina teimosa!
Mas eu já estava do lado de fora, seguindo para a garagem, sentindo a brisa do início da noite acariciar meu rosto, e, pela primeira vez desde que meu avô se fora, me senti feliz.
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Mais tarde posto mais, aviso rápido: minha irmã vai levar meu not para o técnico no sábado então até lá vou ficar postando 3 capítulos por dia pra não ficar em divida com vocês, já que vou ficar 3 dias sem postar ( sábado, domingo, segunda), talvez eu possa dar um jeito de postar algum no domingo porque vou pra casa dos meus pais no domingo...se não só terça ok!
anwww, lindo haha' poosta loogo, pleeease, beeeijos <333 annw 3 por dia <33
ResponderExcluirDemi tomou rumo e vai mostrar como é capaz de muito. vai virar mulher...amei
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