terça-feira, 23 de abril de 2013

CAPÍTULO 12


Eu devia ter percebido que algo estava errado logo que entrei na mansão e vi Clóvis em pé, no centro da sala de estar. Eu devia ter percebido. 
-Pode me explicar o que significa isso? – ele disse num tom nada cordial, me mostrando o jornal do dia. Lá estava eu completamente bêbada sobre o balcão da danceteria 
Grunhi. 
- Olha só, Clóvis. Eu bebi um pouco a mais ontem e alguém deve ter tirado essa foto e entreg... 
- Então é isso que você anda fazendo quando passa as noites fora de casa?! – ele interrompeu, colérico – É a isso que você tem se dedicado, Demetria? Se sujeitando ao papel de uma... de uma garota de programa? 
- Ei! Peraí! Quem você pensa que é pra falar assim comigo? 
- Sou seu tutor! - Ele urrou, jogando o jornal no sofá de couro branco. – Como você pôde fazer isso, Demetria? Não percebe o que a mídia fez? Eles vincularam o seu comportamento ao nome do seu avô, as empresas do seu avô! Você acha que é essa a imagem que o Conglomerado Lovato espera passar para os clientes? Acha que é para essa bêbada que os funcionários querem trabalhar? Acha mesmo que algum dia você vai ser capaz de cuidar de tudo que o seu avô deixou? Eu tenho sérias dúvidas. 
Retraí-me ligeiramente. 
- A culpa não é minha. A imprensa é livre para escolher o que quiser, você sabe disso. 
- Se você não der motivos, eles não terão o que escrever. Eu proíbo você de se comportar dessa maneira. Proíbo você de sair desta casa. 
- Você não é meu avô! – retruquei. - Sou maior de idade, dona do meu nariz. Faço da minha vida o que eu quiser. 
- Não enquanto estiver sob a minha custódia, morando debaixo do meu teto. - Foi então que tudo ficou vermelho à minha frente. Eu me aproximei dele até que nosso nariz quase se tocou. 
- É você quem mora debaixo do meu teto, não o contrario. Não estou sob a sua custódia. Os bens do meu avô estão, eu não. Meu avô pode ter deixado tudo nas suas mãos capazes, Clóvis, mas você não pode me controlar. Nem tente! 
- Se for preciso, vou alertar os seguranças para que não deixem você sair dessa casa. Pelo menos assim vou saber que você não está se metendo em encrenca. 
- Você realmente acha que pode me trancar aqui? 
Ele empinou o queixo duplo, me confrontando com os olhos obstinados. 
- Farei o que for preciso. 
- Tudo bem – estreitei os olhos e o encarei por mais um minuto antes de me virar e subir as escadas calmamente. Assim que fechei a porta do quarto, peguei meu celular. – Sel, preciso de ajuda. – Relatei a ela o que tinha acabado de acontecer. 
- Que absurdo! Quem esse idiota pensa que é? – ela resmungou. – Pega tudo que achar necessário e vem pra minha casa. Você vai ficar aqui por uns tempos. Mais da metade das suas roupas já está aqui mesmo. 
Respirei aliviada. 
- Sabia que você ia me dizer isso. Obrigada! Mas sua mãe não vai se importar? – resmunguei. 
- Demi, eu tenho 25 anos! A casa também é minha. – Porém ela hesitou. – Mas não custa avisar, né? 
Assenti, ainda que ela não pudesse me ver. 
Enquanto ouvia Sel berrar para a mãe, me obriguei a entrar em meu closet e pegar o máximo de roupas e sapatos que pudesse. Limpei também o banheiro, enfiando tudo na mochila. 
- Tudo em ordem. Vamos ser colegas de quarto! – Ela disse ao telefone, animada. 
- Que ótimo – respondi, menos animada. Eu sabia que seria um incomodo, mas não tinha alternativa naquele momento. – Obrigada, Sel. 
- Vou poder cuidar de você agora. Vai ser o Máximo! Você nunca mais vai se atrasar pra nada, Demi! 
- Ah, que maravilha – revirei os olhos. – Chego ai em 20 minutos. 
Clóvis ainda estava na sala de estar quando desci com a mochila nos ombros, porém fiz o melhor que pude para ignorá-lo. 
- Aonde você pensa que vai? – ele esbravejou. 
- Não é da sua conta. 
- Você não vai sair dessa casa! 
Apesar da raiva que eu sentia, virei-me para admirar pela ultima vez o meu lar nos últimos vinte anos, ignorando o homem rechonchudo e seu rosto arroxeado de raiva. Dirigi-me ao aparador no hall de entrada e peguei o porta-retratos. 
- Vocês vão comigo – murmurei para o rosto sorridente de meus pais, vovô, eu ainda pequena em seu colo e Chantecle, meu gatinho siamês que fugira de casa depois que eu havia tentado dar banho nele. – E nem adianta sorrir, Sr. Marcus porque ainda estou furiosa com você. 
- Demetria, você não vai sair dessa casa hoje! – Clóvis vociferou. – Volte aqui, menina teimosa! 
Mas eu já estava do lado de fora, seguindo para a garagem, sentindo a brisa do início da noite acariciar meu rosto, e, pela primeira vez desde que meu avô se fora, me senti feliz. 
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Mais tarde posto mais, aviso rápido: minha irmã vai levar meu not para o técnico no sábado então até lá vou ficar postando 3 capítulos por dia pra não ficar em divida com vocês, já que vou ficar 3 dias sem postar ( sábado, domingo, segunda), talvez eu possa dar um jeito de postar algum no domingo porque vou pra casa dos meus pais no domingo...se não só terça ok!      

2 comentários:

  1. anwww, lindo haha' poosta loogo, pleeease, beeeijos <333 annw 3 por dia <33

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  2. Demi tomou rumo e vai mostrar como é capaz de muito. vai virar mulher...amei

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