Joseph ficou imóvel por apenas uma fração de segundo e os traços do rosto elegantemente bronzeado e belo não o traíram nem por um instante. No entanto, naquele momento Demi soube que não havia nenhum mal-entendido, nenhuma piada ou mentira o homem por quem havia se deixado apaixonar loucamente estava comprometido com outra mulher. A temperatura do corpo despencou e ela começou a suar frio. O choque era tamanho que o estômago começou a provocar desconforto em Demi.
Joseph lançou um olhar arguto para ela. Estava pálida. Ele não conseguia se concentrar na conversa com Ashley, que, como sempre, estava relacionada com um dos temas extravagantes e inapropriados da festa de casamento. Não tardou muito a encerrar a conversa e dispensar a noiva. Pôs o telefone no gancho e se voltou para Ashley.
— Não era desta maneira que você deveria saber sobre Ashley — lamentou ele. — Mas até você vir para cá, acreditava que já soubesse da existência dela. Meu noivado é do conhecimento de todos.
— Mesmo assim, tinha que ter me contado.
A voz quase lhe faltou, pois a cada palavra que ele pronunciava, o pesadelo se tornava ainda mais real e mais difícil de suportar.
— Tinha a intenção de contar a você quando voltássemos para Londres.
— Depois de ter se divertido à vontade? — ironizou ela, sentindo-se extremamente humilhada. — Há quanto tempo está noivo?
— Há uns dois meses. Não vi razão para intrometer esse assunto entre nós.
Demi estava decepcionada demais com a descoberta e apenas conseguiu balançar a cabeça, incrédula com o argumento dele. A conversa tinha sido um verdadeiro nocaute, pois a reação dele estava sendo inversa ao que ela havia imaginado.
Joseph não estava se desculpando ou inventando desculpas. Na verdade, nem ao menos assumia o próprio erro.
— Quero que pense a respeito e considere o fato de que o que tenho com Ashley não tem nada a ver com a relação que tenho com você.
Uma risada cáustica e mortificada saiu da boca seca de Demi:
— Não preciso que me digam isso. Posso não ser muito sofisticada, mas mesmo uma pessoa como eu sabe a diferença entre um anel de noivado e o equivalente a um fim de semana promíscuo e sujo!
O corpo enérgico de Joseph se enrijeceu.
— Não foi isso que aconteceu entre nós.
— Não sei o que aconteceu entre nós, pois desde o primeiro dia tenho vivido uma mentira — anunciou Demi violentamente. — Por que me envolveu nesta situação tão sórdida? E para que quer ficar noivo se não pretende ser fiel?
— Talvez porque fidelidade não seja tão importante para algumas pessoas como é para você — revelou Joseph. — Só posso garantir que minha consciência está tranquila com relação ao meu noivado.
— Bem, o problema é seu ... e da sua noiva, que deve estar tão desesperada que aceitou essas condições. Mas, pelo menos, ela teve escolha.
Demi o olhava, admirada com a expressão impassível dele e com a teimosa recusa em admitir que havia cometido um erro.
— Eu não tive essa chance. Você mentiu para mim...
— Não contei nenhuma mentira — insistiu ele.
— Mentiu ao omitir a verdade.
Placas vermelhas coloriram as bochechas de Demi, tamanha era a raiva que sentia.
— Ontem à noite, você sabia que eu não imaginava que estivesse noivo, pois deixei claro que não estaria com você se não fosse solteiro. Mas você preferiu ficar calado.
— Tínhamos acabado de fazer amor. Não vi sentido algum em desapontar você aqui, tão longe de casa.
Foi naquele preciso momento que Demi perdera a paciência, pois ficou claro que Joseph era muito teimoso.
— Em outras palavras, pôs seu conforto em primeiro lugar e decidiu que seria melhor me fazer de tola. Em nenhum momento se preocupou se eu estava traindo meus valores ao me envolver com um homem que está planejando casar com outra mulher. Ou se o fato de saber que nossa relação não é algo especial e único me deixa enojada!
O rosto bonito dele estava rígido, contrariado.
— Claro que me preocupei. Mas não dá para viver a vida toda seguindo regras tão rígidas.
— Principalmente se essas regras se chocam com os desejos do sr. Joseph Jonas, não é verdade? — Demi o confrontou. — Tenho bons motivos para respeitar os valores que escolhi seguir.
Joseph a analisou com olhos brilhantes e intensos.
— Há muito tempo não desejo uma mulher como desejo você. Desistir da nossa história nunca foi uma opção.
— E, obviamente, estamos falando apenas de sexo, pois meu irresistível poder de sedução não é suficiente para impedir que você se case com outra pessoa. O curioso é que antes me acusou de não saber me comportar. Não acha que tinha o direito de saber que seria apenas um caso passageiro, um fogo de palha? Se tivesse algum respeito por mim, não teria me tratado desta maneira!
— Você está equivocada. O que senti por você foi atração explosiva. E não acredito que negar sentimentos torne alguém uma pessoa melhor.
Com esta réplica pungente, Joseph foi até o closet e pegou uma roupa limpa para vestir.
— Conversaremos sobre isso quando estiver mais calma. Acho que discussões são perda de tempo e de energia.
— Não me importa o que acha. Quero apenas que me arranje um jeito de sair daqui o mais rápido possível. — Ela ergueu o queixo e reuniu todo o seu orgulho para esconder a dor que sentia. — Também não vou me importar se tiver que ficar horas no aeroporto esperando pelo próximo vôo para Londres.
— Isso é loucura. Por que vai embora? Não faz sentido dizer que o que existe entre nós é casual — insistiu Joseph veementemente. — Quero você na minha vida.
— Sinto dizer que esse é um daqueles raros casos em que você não consegue o que quer.
Os olhos verdes de Demi cintilavam cheios de censura.
— Não vou deixar você ir embora.
— Não tem escolha.
Demi escancarou a pequena mala que havia levado e começou a guardar os poucos itens que trouxera de casa. Ela o odiava, porém a aterrorizava o fato de que a imagem angustiante dele nos braços de outra mulher a torturava lentamente. Para se manter sã, tratou de permanecer ativa e prática.
Joseph observou-a empilhar seus pertences. Não gostava de confrontos emocionais. Não lidava com emoções, ponto final. Nunca havia se metido em confusões amorosas ou em promessas e muito menos deixado se levar por histórias com finais felizes para sempre. Mas sabia que ela acreditava naquilo tudo e que a tinha magoado. Preferia dar um tempo para que ela se acalmasse. Não acreditava que ela fosse, simplesmente partir e abandoná-lo.
Uma hora depois, Hamid o informou que Demi estava no salão principal com a bagagem. Joseph ficou olhando para a tela do computador e se deu conta de que não havia feito nada durante todo aquele tempo.
Vestida com uma blusa branca e uma saia jeans e com os gloriosos cabelos presos na nuca, ela estava de pé, em frente à janela.
— Entendo que esteja decepcionada, mas acho que poderia ser mais flexível — disse Joseph ternamente.
— Joseph ... — sussurrou Demi, interrompendo-o. — Ser flexível é apenas uma forma diferente de dizer ser usada por você, e não sou masoquista. Mas já cheguei à conclusão que tudo o que aconteceu entre nós não foi inteiramente culpa sua. Tenho minha parcela de culpa também.
Os olhos cor de ébano semicerraram-se.
— Como assim?
Demi queria contar a ele sobre Sunny, porque estava convencida de que seria a última vez que o veria.
— Para que você entenda, tenho de voltar nove anos no tempo, que foi quando vi você pela primeira vez. Tinha 14 anos.
Joseph estava intrigado.
— A primeira vez? Como? Onde?
— Você visitou minha irmã gêmea na clínica para crianças.
Ele franziu a testa, desconcertado.
— Em uma clínica?
— O nome dela era Sunny... e, não, você não reparou em mim em nenhuma das visitas. Era apenas uma das fãs no meio das pessoas em volta do carrinho de chá. Minha irmã tinha leucemia e pouco tempo de vida. Um dia, você voltou com o cantor da banda favorita dela. Sunny ficou exultante. Você era o ídolo dela e naquele dia se tornou o meu também, por ter sido tão generoso e bondoso com ela.
Joseph estava chocado com o que ela lhe dizia. Também perdera uma irmã gêmea quando era adolescente, mas era um assunto proibido para ele. Além disso, aquela revelação havia conseguido penetrar sua armadura de homem frio e calculista. Ele era o herói dela. Aquilo era mais doloroso que uma surra.
— Sua irmã, Sunny, morreu?
Demi fez que sim, estampando a tristeza nos belos olhos verdes.
— Sinto muito. Durante anos visitei centenas de crianças. Infelizmente não me lembro dela — admitiu ele.
— Faz muito tempo. Não esperava que se lembrasse. Apenas queria que soubesse que mesmo que tudo dê errado entre nós, no campo pessoal, sempre serei grata por você ter feito minha irmã tão feliz enquanto estava viva.
— Não quero sua gratidão, pedhi mou. Esse tipo de gratidão é algo que nunca quis de ninguém.
— Mas, pelo menos, espero que isso explique o motivo que me fez ter agido tão impulsivamente, quando, finalmente, tive a chance de falar com você pessoalmente. Tinha essa falsa imagem da sua pessoa — uma imagem imatura, infantil. E sei que acabei causando a impressão errada também.
— Theos mou ... Não diga isso, não é verdade.
— Preciso ir.
Demi não se permitia voltar a encará-lo. Hamid já lhe havia avisado que o helicóptero a aguardava para levá-la até o aeroporto. Joseph tinha o poder de deixá-la débil e hesitante, mas estava determinada a ser forte e ir embora com dignidade.
— Você não me causou nenhuma impressão errada — rebateu ele. O sotaque estava mais carregado do que de costume. — Quando vi você, o estrago já estava feito. Meu instinto de caçador é muito forte e quanto mais você resistisse mais eu a desejaria. Me desculpe por ter magoado você. Mas pense bem antes de ir embora e dar as costas ao que temos juntos. Algo tão especial não se encontra com facilidade.
— Mas foi uma farsa — rebateu ela, com tanta amargura que precisou lutar para esconder.
Joseph observou o helicóptero partindo. O perfil imponente e solene estampava pura frustração. Foi até o bar e serviu-se de uísque. A partida de Demi havia desencadeado reações adversas e desconfortáveis nele.
Talvez fosse até melhor que ficasse um tempo sem vê-la. Afinal, não era nenhum herói, e nem tivera a ilusão que fosse. Pensou que seria típico de Demetria Lovato se entregar a um homem apenas se ele fosse um maldito herói!
E, no entanto, ele havia se comportado como um cafajeste, pensou, com a consciência pesada. Tinha se aproveitado da inocência de uma virgem que o vira, evidentemente, sob um prisma adolescente e apaixonado. Recordou-se dos olhos cheios de vida de Demi, quando ela o viu no primeiro dia, na sala da reunião. Perguntou-se o que teria de fazer para trazer aquele brilho de volta, e não tinha dúvidas da sua habilidade para alcançar aquela meta.
No entanto, terminar com Ashley não era algo negociável, ponderou. A escolhera para ser sua esposa, e não era homem de voltar atrás. Só havia vaga para o papel de amante. Demi teria que entender e aceitar isso. Daria a ela a chance de se familiarizar com o conceito da palavra condescendência. Recusava-se a pensar na possibilidade de que ela acabasse se mostrando teimosa e contestadora.
Depois de algumas horas de atraso no aeroporto, Demi conseguiu retornar a Londres em uma manhã cinza e úmida. Sentiu falta da luz vívida do sol quase tanto quanto a falta de Joseph. Ele havia feito com que um avião da Jonas a levasse até Londres. Durante o vôo, por causa da tripulação, teve que prender o choro e manter os olhos secos. Ao chegar em casa, pensou como o apartamento que alugara era desconsoladamente frio e escuro.
Não tardou em advertir-se de que aquele era o mundo real. O seu mundo real. Agora entendia porque o Marrocos parecera um conto de fadas. Como pôde iludir-se achando que seria algo sério e duradouro? A relação afetiva não tinha sido mais que um affaire passageiro, e ela, um objeto de desejo fortuito do milionário grego para quem uma única mulher, claramente, nunca seria suficiente. Ele a tinha escolhido porque ela fora inacreditavelmente fácil.
No dia seguinte, foi despertada pela entrega de um magnífico buquê. Disse para si mesma que não iria ler o cartão, e apesar da beleza das flores ter lhe causado lágrimas nos olhos, ainda assim, as jogou no lixo.
Recusou-se a cair no equívoco de acreditar que amava Joseph. Como poderia amar alguém que mal conhecia?
Tinha que esquecê-lo, e logo. Mas o desejo por ele a consumia como uma dor constante. Não sabia como exterminar o impulso veemente e impaciente de pelo menos ver o rosto de Joseph uma vez mais. Como conseguiria algum dia perdoar-se pelos erros que cometera?
Disposta a voltar a trabalhar e ansiosa para ganhar mais dinheiro, passou na agência de empregos para dizer que estava livre novamente. Por sorte, tinha trabalho naquela noite, em um supermercado. Quando acabou seu turno, estava verdadeiramente cansada, mal conseguia andar pela rua no caminho para casa. O que era bom, pois o cansaço a impedia de pensar.
De repente, notou que uma limusine a seguia. O chofer parou no acostamento e abriu a porta para que ela entrasse.
— Por favor, vá embora! — pediu ela em voz baixa, rezando para que nenhum de seus colegas de trabalho estivesse vindo, mais atrás.
O automóvel continuou seguindo-a até em casa, e quando ela subia as escadas, Nemos apareceu, carregando um enorme baú cheio de roupas.
— Nemos ... por favor — murmurou ela, fatigada. — Não quero isso.
Ele deixou o baú em frente à porta de entrada do edifício de Demi.
— O sr. Jonas nos mandou apanhar a senhora no trabalho e lhe entregar estas roupas.
Demi implorou que ele tirasse o baú de perto e ele assentiu, levando-o de volta para o carro.
— Ele ainda está no Marrocos? — Não conseguiu controlar a curiosidade.
— Em Atenas ... a trabalho.
Não devia ter perguntado onde Joseph estava ou o que fazia não era mais problema seu.
Ficou feliz quando a agência de empregos telefonou avisando que havia uma vaga temporária de uma semana em uma grande companhia de seguros. Mais tarde, a vizinha, filha da sra. Evans, pediu que Demi ficasse algumas horas com a mãe, pois precisava sair. Contente, porque poderia se distrair um pouco e esquecer temporariamente os problemas, Demi desceu para a casa da senhora para lhe fazer companhia.
No apartamento havia televisão a cabo e a senhora Evans insistiu que Demi ficasse à vontade para escolher o programa que desejasse.
Com o controle remoto, zapeava pelos inúmeros canais quando se deteve em um deles, perplexa. A primeira coisa que viu foi a foto de Joseph com um título abaixo anunciando o documentário sobre a vida amorosa do milionário grego. O programa já havia começado, mas Demi teve tempo de ver uma loura incrivelmente bela entrando no convés de um imenso iate branco. A partir dali, não conseguiu mais despregar os olhos da televisão e, ainda assim, nada lhe causava mais sofrimento que assistir aquele programa.
Sentia vergonha da sua curiosidade mórbida de saber quem era Ashley. O que descobriu sobre ela e a relação com Joseph apenas a deixou mais ressentida e humilhada. Ao lado de Ashley Greene, com o cabelo louro e perfeito, a aparência de supermodelo e lindamente maquiada, Demi via a si mesmo como uma pobre coitada em guerra constante com a balança. O que mais a impressionou foi o fato de que uma mulher tão linda como Ashley não fosse suficiente para satisfazer Joseph. Será que ele era um mulherengo inveterado? Incorrigivelmente viciado em experiências novas e desafios?
Porém, ao longo do documentário, descobriu que Joseph conhecia Ashley desde a adolescência, e cada comentário sobre as fotos do casal fazia com que o coração de Demi se contraísse. Eles realmente pareciam ser o casal perfeito. Ambos eram gregos, lindos, ricos e sofisticados. Demi sabia que não tinha nenhuma daquelas qualidades e perguntou-se como havia conseguido chamar a atenção de Joseph. Apesar de doloroso, tinha de admitir que ele se preocupava verdadeiramente com Ashley. Do contrário, porque um homem com tantas opções e com tanta experiência iria escolher se casar com ela?
Assim que saiu do trabalho, no dia seguinte, Demi foi direto à farmácia e comprou um teste de gravidez. Estava à beira de uma síncope. O resultado não tardou a sair: positivo.
Subitamente, sentiu-se nova demais e muito assustada. Havia conseguido fazer tudo errado: engravidado na primeira relação sexual com um estranho. E para piorar, o pai da criança, Joseph Jonas, não ligava a mínima para ela e, certamente, não queria que tivesse um filho dele. E, naturalmente, Ashley Greene tampouco iria querer.
Demi ficou se lamentando duramente por um bom tempo, tomada pela culpa e pelo desconsolo. Sabia quão miserável se sentiria se o homem com quem fosse se casar engravidasse outra mulher. Ashley, que era uma vítima naquela história, ficaria arrasada e humilhada se descobrisse. Além disso, seria um constrangimento em dobro por causa da opinião pública, visto que eles eram conhecidos na mídia. Caso a imprensa descobrisse que Joseph havia engravidado uma de suas funcionárias temporárias, no mesmo dia a história seria capa de todas as revistas de fofocas e dos jornais sensacionalistas.
Uma onda amarga e dolorosa, cheia de arrependimento, a invadiu. Como iria sustentar aquela criança que crescia em seu interior? Com o que recebia, mal conseguia alimentar-se direito. Bebés precisavam de vários cuidados e roupas. Uma creche era financeiramente inviável. Como iria conseguir trabalhar e cuidar do filho? E se não fosse capaz de se manter em um emprego estável, a criança teria o futuro prejudicado e ficaria sem referência, um exemplo em que se espelhar, pois estariam sempre vivendo em condições de pobreza e necessidade.
Ao meio-dia foi chamada pelo gerente-geral ao primeiro andar. Ele parecia um tanto nervoso. Se por um lado estava preocupada que tivesse feito algo errado, por outro sentia-se grata por poder sentar em um lugar confortável e aquecido.
Quando a porta se abriu, levantou-se, surpreendida. Um gemido surdo saiu de seus lábios entreabertos pelo fato inesperado, Joseph estava bem à sua frente.
— O que está fazendo aqui? — Demi balançou a cabeça, incrédula.
Joseph lançou um olhar arguto para ela. Estava pálida. Ele não conseguia se concentrar na conversa com Ashley, que, como sempre, estava relacionada com um dos temas extravagantes e inapropriados da festa de casamento. Não tardou muito a encerrar a conversa e dispensar a noiva. Pôs o telefone no gancho e se voltou para Ashley.
— Não era desta maneira que você deveria saber sobre Ashley — lamentou ele. — Mas até você vir para cá, acreditava que já soubesse da existência dela. Meu noivado é do conhecimento de todos.
— Mesmo assim, tinha que ter me contado.
A voz quase lhe faltou, pois a cada palavra que ele pronunciava, o pesadelo se tornava ainda mais real e mais difícil de suportar.
— Tinha a intenção de contar a você quando voltássemos para Londres.
— Depois de ter se divertido à vontade? — ironizou ela, sentindo-se extremamente humilhada. — Há quanto tempo está noivo?
— Há uns dois meses. Não vi razão para intrometer esse assunto entre nós.
Demi estava decepcionada demais com a descoberta e apenas conseguiu balançar a cabeça, incrédula com o argumento dele. A conversa tinha sido um verdadeiro nocaute, pois a reação dele estava sendo inversa ao que ela havia imaginado.
Joseph não estava se desculpando ou inventando desculpas. Na verdade, nem ao menos assumia o próprio erro.
— Quero que pense a respeito e considere o fato de que o que tenho com Ashley não tem nada a ver com a relação que tenho com você.
Uma risada cáustica e mortificada saiu da boca seca de Demi:
— Não preciso que me digam isso. Posso não ser muito sofisticada, mas mesmo uma pessoa como eu sabe a diferença entre um anel de noivado e o equivalente a um fim de semana promíscuo e sujo!
O corpo enérgico de Joseph se enrijeceu.
— Não foi isso que aconteceu entre nós.
— Não sei o que aconteceu entre nós, pois desde o primeiro dia tenho vivido uma mentira — anunciou Demi violentamente. — Por que me envolveu nesta situação tão sórdida? E para que quer ficar noivo se não pretende ser fiel?
— Talvez porque fidelidade não seja tão importante para algumas pessoas como é para você — revelou Joseph. — Só posso garantir que minha consciência está tranquila com relação ao meu noivado.
— Bem, o problema é seu ... e da sua noiva, que deve estar tão desesperada que aceitou essas condições. Mas, pelo menos, ela teve escolha.
Demi o olhava, admirada com a expressão impassível dele e com a teimosa recusa em admitir que havia cometido um erro.
— Eu não tive essa chance. Você mentiu para mim...
— Não contei nenhuma mentira — insistiu ele.
— Mentiu ao omitir a verdade.
Placas vermelhas coloriram as bochechas de Demi, tamanha era a raiva que sentia.
— Ontem à noite, você sabia que eu não imaginava que estivesse noivo, pois deixei claro que não estaria com você se não fosse solteiro. Mas você preferiu ficar calado.
— Tínhamos acabado de fazer amor. Não vi sentido algum em desapontar você aqui, tão longe de casa.
Foi naquele preciso momento que Demi perdera a paciência, pois ficou claro que Joseph era muito teimoso.
— Em outras palavras, pôs seu conforto em primeiro lugar e decidiu que seria melhor me fazer de tola. Em nenhum momento se preocupou se eu estava traindo meus valores ao me envolver com um homem que está planejando casar com outra mulher. Ou se o fato de saber que nossa relação não é algo especial e único me deixa enojada!
O rosto bonito dele estava rígido, contrariado.
— Claro que me preocupei. Mas não dá para viver a vida toda seguindo regras tão rígidas.
— Principalmente se essas regras se chocam com os desejos do sr. Joseph Jonas, não é verdade? — Demi o confrontou. — Tenho bons motivos para respeitar os valores que escolhi seguir.
Joseph a analisou com olhos brilhantes e intensos.
— Há muito tempo não desejo uma mulher como desejo você. Desistir da nossa história nunca foi uma opção.
— E, obviamente, estamos falando apenas de sexo, pois meu irresistível poder de sedução não é suficiente para impedir que você se case com outra pessoa. O curioso é que antes me acusou de não saber me comportar. Não acha que tinha o direito de saber que seria apenas um caso passageiro, um fogo de palha? Se tivesse algum respeito por mim, não teria me tratado desta maneira!
— Você está equivocada. O que senti por você foi atração explosiva. E não acredito que negar sentimentos torne alguém uma pessoa melhor.
Com esta réplica pungente, Joseph foi até o closet e pegou uma roupa limpa para vestir.
— Conversaremos sobre isso quando estiver mais calma. Acho que discussões são perda de tempo e de energia.
— Não me importa o que acha. Quero apenas que me arranje um jeito de sair daqui o mais rápido possível. — Ela ergueu o queixo e reuniu todo o seu orgulho para esconder a dor que sentia. — Também não vou me importar se tiver que ficar horas no aeroporto esperando pelo próximo vôo para Londres.
— Isso é loucura. Por que vai embora? Não faz sentido dizer que o que existe entre nós é casual — insistiu Joseph veementemente. — Quero você na minha vida.
— Sinto dizer que esse é um daqueles raros casos em que você não consegue o que quer.
Os olhos verdes de Demi cintilavam cheios de censura.
— Não vou deixar você ir embora.
— Não tem escolha.
Demi escancarou a pequena mala que havia levado e começou a guardar os poucos itens que trouxera de casa. Ela o odiava, porém a aterrorizava o fato de que a imagem angustiante dele nos braços de outra mulher a torturava lentamente. Para se manter sã, tratou de permanecer ativa e prática.
Joseph observou-a empilhar seus pertences. Não gostava de confrontos emocionais. Não lidava com emoções, ponto final. Nunca havia se metido em confusões amorosas ou em promessas e muito menos deixado se levar por histórias com finais felizes para sempre. Mas sabia que ela acreditava naquilo tudo e que a tinha magoado. Preferia dar um tempo para que ela se acalmasse. Não acreditava que ela fosse, simplesmente partir e abandoná-lo.
Uma hora depois, Hamid o informou que Demi estava no salão principal com a bagagem. Joseph ficou olhando para a tela do computador e se deu conta de que não havia feito nada durante todo aquele tempo.
Vestida com uma blusa branca e uma saia jeans e com os gloriosos cabelos presos na nuca, ela estava de pé, em frente à janela.
— Entendo que esteja decepcionada, mas acho que poderia ser mais flexível — disse Joseph ternamente.
— Joseph ... — sussurrou Demi, interrompendo-o. — Ser flexível é apenas uma forma diferente de dizer ser usada por você, e não sou masoquista. Mas já cheguei à conclusão que tudo o que aconteceu entre nós não foi inteiramente culpa sua. Tenho minha parcela de culpa também.
Os olhos cor de ébano semicerraram-se.
— Como assim?
Demi queria contar a ele sobre Sunny, porque estava convencida de que seria a última vez que o veria.
— Para que você entenda, tenho de voltar nove anos no tempo, que foi quando vi você pela primeira vez. Tinha 14 anos.
Joseph estava intrigado.
— A primeira vez? Como? Onde?
— Você visitou minha irmã gêmea na clínica para crianças.
Ele franziu a testa, desconcertado.
— Em uma clínica?
— O nome dela era Sunny... e, não, você não reparou em mim em nenhuma das visitas. Era apenas uma das fãs no meio das pessoas em volta do carrinho de chá. Minha irmã tinha leucemia e pouco tempo de vida. Um dia, você voltou com o cantor da banda favorita dela. Sunny ficou exultante. Você era o ídolo dela e naquele dia se tornou o meu também, por ter sido tão generoso e bondoso com ela.
Joseph estava chocado com o que ela lhe dizia. Também perdera uma irmã gêmea quando era adolescente, mas era um assunto proibido para ele. Além disso, aquela revelação havia conseguido penetrar sua armadura de homem frio e calculista. Ele era o herói dela. Aquilo era mais doloroso que uma surra.
— Sua irmã, Sunny, morreu?
Demi fez que sim, estampando a tristeza nos belos olhos verdes.
— Sinto muito. Durante anos visitei centenas de crianças. Infelizmente não me lembro dela — admitiu ele.
— Faz muito tempo. Não esperava que se lembrasse. Apenas queria que soubesse que mesmo que tudo dê errado entre nós, no campo pessoal, sempre serei grata por você ter feito minha irmã tão feliz enquanto estava viva.
— Não quero sua gratidão, pedhi mou. Esse tipo de gratidão é algo que nunca quis de ninguém.
— Mas, pelo menos, espero que isso explique o motivo que me fez ter agido tão impulsivamente, quando, finalmente, tive a chance de falar com você pessoalmente. Tinha essa falsa imagem da sua pessoa — uma imagem imatura, infantil. E sei que acabei causando a impressão errada também.
— Theos mou ... Não diga isso, não é verdade.
— Preciso ir.
Demi não se permitia voltar a encará-lo. Hamid já lhe havia avisado que o helicóptero a aguardava para levá-la até o aeroporto. Joseph tinha o poder de deixá-la débil e hesitante, mas estava determinada a ser forte e ir embora com dignidade.
— Você não me causou nenhuma impressão errada — rebateu ele. O sotaque estava mais carregado do que de costume. — Quando vi você, o estrago já estava feito. Meu instinto de caçador é muito forte e quanto mais você resistisse mais eu a desejaria. Me desculpe por ter magoado você. Mas pense bem antes de ir embora e dar as costas ao que temos juntos. Algo tão especial não se encontra com facilidade.
— Mas foi uma farsa — rebateu ela, com tanta amargura que precisou lutar para esconder.
Joseph observou o helicóptero partindo. O perfil imponente e solene estampava pura frustração. Foi até o bar e serviu-se de uísque. A partida de Demi havia desencadeado reações adversas e desconfortáveis nele.
Talvez fosse até melhor que ficasse um tempo sem vê-la. Afinal, não era nenhum herói, e nem tivera a ilusão que fosse. Pensou que seria típico de Demetria Lovato se entregar a um homem apenas se ele fosse um maldito herói!
E, no entanto, ele havia se comportado como um cafajeste, pensou, com a consciência pesada. Tinha se aproveitado da inocência de uma virgem que o vira, evidentemente, sob um prisma adolescente e apaixonado. Recordou-se dos olhos cheios de vida de Demi, quando ela o viu no primeiro dia, na sala da reunião. Perguntou-se o que teria de fazer para trazer aquele brilho de volta, e não tinha dúvidas da sua habilidade para alcançar aquela meta.
No entanto, terminar com Ashley não era algo negociável, ponderou. A escolhera para ser sua esposa, e não era homem de voltar atrás. Só havia vaga para o papel de amante. Demi teria que entender e aceitar isso. Daria a ela a chance de se familiarizar com o conceito da palavra condescendência. Recusava-se a pensar na possibilidade de que ela acabasse se mostrando teimosa e contestadora.
Depois de algumas horas de atraso no aeroporto, Demi conseguiu retornar a Londres em uma manhã cinza e úmida. Sentiu falta da luz vívida do sol quase tanto quanto a falta de Joseph. Ele havia feito com que um avião da Jonas a levasse até Londres. Durante o vôo, por causa da tripulação, teve que prender o choro e manter os olhos secos. Ao chegar em casa, pensou como o apartamento que alugara era desconsoladamente frio e escuro.
Não tardou em advertir-se de que aquele era o mundo real. O seu mundo real. Agora entendia porque o Marrocos parecera um conto de fadas. Como pôde iludir-se achando que seria algo sério e duradouro? A relação afetiva não tinha sido mais que um affaire passageiro, e ela, um objeto de desejo fortuito do milionário grego para quem uma única mulher, claramente, nunca seria suficiente. Ele a tinha escolhido porque ela fora inacreditavelmente fácil.
No dia seguinte, foi despertada pela entrega de um magnífico buquê. Disse para si mesma que não iria ler o cartão, e apesar da beleza das flores ter lhe causado lágrimas nos olhos, ainda assim, as jogou no lixo.
Recusou-se a cair no equívoco de acreditar que amava Joseph. Como poderia amar alguém que mal conhecia?
Tinha que esquecê-lo, e logo. Mas o desejo por ele a consumia como uma dor constante. Não sabia como exterminar o impulso veemente e impaciente de pelo menos ver o rosto de Joseph uma vez mais. Como conseguiria algum dia perdoar-se pelos erros que cometera?
Disposta a voltar a trabalhar e ansiosa para ganhar mais dinheiro, passou na agência de empregos para dizer que estava livre novamente. Por sorte, tinha trabalho naquela noite, em um supermercado. Quando acabou seu turno, estava verdadeiramente cansada, mal conseguia andar pela rua no caminho para casa. O que era bom, pois o cansaço a impedia de pensar.
De repente, notou que uma limusine a seguia. O chofer parou no acostamento e abriu a porta para que ela entrasse.
— Por favor, vá embora! — pediu ela em voz baixa, rezando para que nenhum de seus colegas de trabalho estivesse vindo, mais atrás.
O automóvel continuou seguindo-a até em casa, e quando ela subia as escadas, Nemos apareceu, carregando um enorme baú cheio de roupas.
— Nemos ... por favor — murmurou ela, fatigada. — Não quero isso.
Ele deixou o baú em frente à porta de entrada do edifício de Demi.
— O sr. Jonas nos mandou apanhar a senhora no trabalho e lhe entregar estas roupas.
Demi implorou que ele tirasse o baú de perto e ele assentiu, levando-o de volta para o carro.
— Ele ainda está no Marrocos? — Não conseguiu controlar a curiosidade.
— Em Atenas ... a trabalho.
Não devia ter perguntado onde Joseph estava ou o que fazia não era mais problema seu.
Ficou feliz quando a agência de empregos telefonou avisando que havia uma vaga temporária de uma semana em uma grande companhia de seguros. Mais tarde, a vizinha, filha da sra. Evans, pediu que Demi ficasse algumas horas com a mãe, pois precisava sair. Contente, porque poderia se distrair um pouco e esquecer temporariamente os problemas, Demi desceu para a casa da senhora para lhe fazer companhia.
No apartamento havia televisão a cabo e a senhora Evans insistiu que Demi ficasse à vontade para escolher o programa que desejasse.
Com o controle remoto, zapeava pelos inúmeros canais quando se deteve em um deles, perplexa. A primeira coisa que viu foi a foto de Joseph com um título abaixo anunciando o documentário sobre a vida amorosa do milionário grego. O programa já havia começado, mas Demi teve tempo de ver uma loura incrivelmente bela entrando no convés de um imenso iate branco. A partir dali, não conseguiu mais despregar os olhos da televisão e, ainda assim, nada lhe causava mais sofrimento que assistir aquele programa.
Sentia vergonha da sua curiosidade mórbida de saber quem era Ashley. O que descobriu sobre ela e a relação com Joseph apenas a deixou mais ressentida e humilhada. Ao lado de Ashley Greene, com o cabelo louro e perfeito, a aparência de supermodelo e lindamente maquiada, Demi via a si mesmo como uma pobre coitada em guerra constante com a balança. O que mais a impressionou foi o fato de que uma mulher tão linda como Ashley não fosse suficiente para satisfazer Joseph. Será que ele era um mulherengo inveterado? Incorrigivelmente viciado em experiências novas e desafios?
Porém, ao longo do documentário, descobriu que Joseph conhecia Ashley desde a adolescência, e cada comentário sobre as fotos do casal fazia com que o coração de Demi se contraísse. Eles realmente pareciam ser o casal perfeito. Ambos eram gregos, lindos, ricos e sofisticados. Demi sabia que não tinha nenhuma daquelas qualidades e perguntou-se como havia conseguido chamar a atenção de Joseph. Apesar de doloroso, tinha de admitir que ele se preocupava verdadeiramente com Ashley. Do contrário, porque um homem com tantas opções e com tanta experiência iria escolher se casar com ela?
Assim que saiu do trabalho, no dia seguinte, Demi foi direto à farmácia e comprou um teste de gravidez. Estava à beira de uma síncope. O resultado não tardou a sair: positivo.
Subitamente, sentiu-se nova demais e muito assustada. Havia conseguido fazer tudo errado: engravidado na primeira relação sexual com um estranho. E para piorar, o pai da criança, Joseph Jonas, não ligava a mínima para ela e, certamente, não queria que tivesse um filho dele. E, naturalmente, Ashley Greene tampouco iria querer.
Demi ficou se lamentando duramente por um bom tempo, tomada pela culpa e pelo desconsolo. Sabia quão miserável se sentiria se o homem com quem fosse se casar engravidasse outra mulher. Ashley, que era uma vítima naquela história, ficaria arrasada e humilhada se descobrisse. Além disso, seria um constrangimento em dobro por causa da opinião pública, visto que eles eram conhecidos na mídia. Caso a imprensa descobrisse que Joseph havia engravidado uma de suas funcionárias temporárias, no mesmo dia a história seria capa de todas as revistas de fofocas e dos jornais sensacionalistas.
Uma onda amarga e dolorosa, cheia de arrependimento, a invadiu. Como iria sustentar aquela criança que crescia em seu interior? Com o que recebia, mal conseguia alimentar-se direito. Bebés precisavam de vários cuidados e roupas. Uma creche era financeiramente inviável. Como iria conseguir trabalhar e cuidar do filho? E se não fosse capaz de se manter em um emprego estável, a criança teria o futuro prejudicado e ficaria sem referência, um exemplo em que se espelhar, pois estariam sempre vivendo em condições de pobreza e necessidade.
Ao meio-dia foi chamada pelo gerente-geral ao primeiro andar. Ele parecia um tanto nervoso. Se por um lado estava preocupada que tivesse feito algo errado, por outro sentia-se grata por poder sentar em um lugar confortável e aquecido.
Quando a porta se abriu, levantou-se, surpreendida. Um gemido surdo saiu de seus lábios entreabertos pelo fato inesperado, Joseph estava bem à sua frente.
— O que está fazendo aqui? — Demi balançou a cabeça, incrédula.
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tá aí mais um capítulo, bem grande, e também agradecer a todos os comentários e as minhas seguidoras, obrigado gente isso só me deixa com mais animação para postar e detalhe estamos exatamente na metade da fic já que ela é pequena.
Há agora o negócio vai complicar para ambos ... anciosas? eu tô!
Há agora o negócio vai complicar para ambos ... anciosas? eu tô!
Aaaaa, poosta logo, pleeease, quero ver o q vai acontecer, bjs.
ResponderExcluirC. Shay
postado!
Excluirlindo demais haha' posta logo beeijos
ResponderExcluirpostado!
ExcluirOh Meu Deus.
ResponderExcluirEu gosto de homens teimosos e decididos... Ai Joeee'
Demi Grávidaa--- querida agora a outra é a Ashley
hum será? Joseph não sabe ainda que Demi está grávida, e ela é orgulhosa e ele feriu seu orgulho a fazendo ser sua amante e isso ela não vai esquecer tão fácil e ne tão cedo.
ExcluirPoostaa logo, ta lindo demais, beeijos
ResponderExcluirpostado
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