domingo, 2 de junho de 2013

CAPÍTULO 99 MARATONA FINAL



- Do outro lado, Demetria – ele riu. – Distribuíram esse panfleto no bar em que eu tentei manter o Clóvis e o Hector. Mão se preocupa. Seu corpo é perfeito pra mim.
- Ah – corei.
- Leia – ele sussurrou.
Voltei os olhos para o papel e o virei. A letra rebuscada de Joe era um pouco ilegível.
marido arrependido procura esposa para longa temporada. Procura-se mulher recém-divorciada, pequena na altura, mas com um coração gigante, dona de personalidade ímpar, temperamento, tempestuoso e olhos castanhos profundos, capazes de capturar a alma de um homem. Oferece-se um coração em ótimo estado de conservação e uma longa e prazerosa vida de servidão como pagamento.
- Enquanto eu aturava a falação do Clóvis ontem... Aliás, desculpa por não ter conseguido mantê-lo ocupado por mais tempo. Ele percebeu que alguma coisa estava errada quando a Telma ligou falando que o endereço que a Inês havia passado a ela não existia. Algo sobre um jantar...
- Não existia mesmo. A Inês me ajudou a esvaziar a mansão – sorri um pouco.
Ele também. Bom, quase.
- Certo, então, enquanto eu ouvia aquela baboseira, me dei conta de que preciso de uma esposa para não enlouquecer. Andei pensando em colocar esse anúncio no jornal – ele deu de ombros, para gemer logo em seguida – O que você acha? Conhece alguém que possa se interessar?
- Hã... – tentei engolir e não consegui. – Você só esqueceu de especificar a condição financeira da mulher.
- Me perdoa, Demetria! – A intensidade de sua voz fez os pelos de meu corpo ficarem de pé. De um bom jeito dessa vez. – Por estragar tudo, por ter abandonado você, por ter sido um idiota – seu olhar cintilava. –Eu fiz tudo errado, não fiz? Estraguei tudo porque sou um arrogante insensível que não teve a educação de ouvir o que a mulher que ele ama tinha a dizer. Eu pensei que... Como eu poderia imaginar que você estava tentando me proteger? Sabia que estou furioso com você por ter se colocado em risco por minha causa? – Mas em seu rosto só havia ternura e um pouquinho de desespero.
- Eu não podia deixar Clóvis brincar com a sua vida. Você tem o seu irmão e os seus pais e... Bom... foi a única saída que eu encontrei.
- Quando você pediu o divórcio, eu pensei que...
- Eu tinha escolhido a grana e não você. Você já disse isso.
- É – ele assentiu.
- Não Joe. Não era pelo dinheiro. No começo era sim. O casamento e tal, mas depois... não era mais – dei de ombros.
- Quando eu disse aquelas coisas horríveis, foi porque eu achava que você queria o seu dinheiro mais do que me queria. E eu não suportei isso. Eu não podia imaginar que você estava sacrificando o nosso casamento pra me proteger. A minha carreira não é tão importante assim, Demetria – ele sacudiu a cabeça, desgostoso. – Nesse momento, não consigo parar de pensar em quanto fui mesquinho com você, quanto fui cruel em lhe dizer aquelas coisas lá em casa. Eu te magoei, e isso é imperdoável. Mas, Demetria... – ele tentou se endireitar um pouco na cama, reprimindo uma careta de dor – eu estava machucado, me sentia humilhado, traído. Pensei que você jamais poderia me admirar. Eu sei que não muda o que fiz, mas eu nunca tive a intenção de te machucar. Nunca! Nem mesmo quando você me chutou.
- Mas eu não te chutei! – contrapus.
- Eu sei disso agora, mas na hora do desespero foi o que pareceu.
- Como você soube? O Hector me contou que você encontrou desvios de dinheiro no nome da Telma. Como você soube disso?
- Eu... quando cheguei em casa duas noites atrás e não encontrei você, vi que suas roupas não estavam lá, eu... enlouqueci, Demetria. Eu não podia acreditar no que você estava fazendo. Tentei encontrar milhares de razões, já que não deixei você mesma explicar. Então, depois de muitos copos de vodka, lembrei de como você foi , de certo modo, coagida a se casar pra recuperar seus bens e me perguntei se isso estaria acontecendo de novo. Eu já suspeitava do Clóvis. Desde a festa do conglomerado, quando você me contou tudo que estava acontecendo, suspeitei que tinha algo errado nessa história. As coisas não se encaixavam. Eu conheço o Hector. Trabalhei com ele por anos e não conseguia acreditar que ele fosse o responsável por aquele testamento. Só restava uma pessoa interessada, uma pessoa envolvida. Uma pessao que levou uma enorme vantagem com o testamento deixado pelo seu avô.
- O Clóvis.
Ele assentiu.
- Exatamente. Com base no que encontrei quando comecei a pesquisar, os depósitos ilícitos da empresa Lovato, supus que o nosso rompimento só podia ter sido obra do Clóvis. Por isso assinei a papelada do divórcio tão depressa. Fiquei com medo que, se ele estivesse mesmo te chantageando e eu não assinasse, ele pudesse criar problemas ou te prejudicar de alguma forma. Então te procurei ontem à tarde, na esperança de estar certo. Mas acabei perdendo a cabeça e te magoei de novo, não foi? – ele grunhiu. Um som ameaçador e ao mesmo tempo assustado.
Não respondi. Não precisava. Ele sabia a resposta. - Foi ali que percebi que eu estava certo e tive a confirmação de que alguma coisa ou alguém estava te obrigando a me deixar. Eu vi a raiva em seus olhos. Você não queria a nossa separação.
- Não – murmurei simplesmente.
Ele inspirou profundamente.
- Eu vivi um pesadelo até começar a raciocinar direito – sorriu tristemente. – Me afastar de você, mesmo que por poucas horas, foi doloroso demais. Mas, quando você confirmou na mansão o que eu já suspeitava, quando entendi os motivos que te levaram a agir como agiu, senti como se estivesse nascendo de novo. Você me amava a ponto de abrir mão do que queria.
Assenti. - O que eu quero é saber se ainda me ama, depois de todas as coisas horríveis que eu te disse – ele continuou, apressado. – Porque acho que podemos fazer isso dar certo. Eu sei que podemos! Escuta, sei que não mereço o seu perdão, mas... mas eu queria dizer que... eu não tenho como te dar a vida a que você está acostumada. Nem metade. Não que eu não gostaria, mas realmente a sua fortuna é algo que... A verdade é que eu não tenho nada pra te oferecer, Demetria. Tudo que posso oferecer está bem aqui, diante de você – ele abriu o braço bom num gesto derrotado. – Eu só posso te oferecer o meu amor, minha fidelidade, minha cumplicidade, minha admiração. Sei que não é muito, mas se quiser é seu. Meu coração, meu corpo, minha alma. É tudo seu. Eu não me importo se você tem dinheiro suficiente pra comprar um planeta ou um chiclete. Não me importo com mais nada, desde que você fique comigo. Assim não vou ter que me preocupar com a sua estabilidade financeira nem com a sua carreira. E isso é ótimo! – ele ergueu os ombros casualmente, com os olhos nos meus, mas o rosto ainda estava tenso. – Sobra mais tempo pra pensar em como te convencer a não quebrar o nariz de mais ninguém por aí. Você pode voltar pra nossa casa, ou vamos morar na mansão, ou vamos pra casa da Selena, se ela deixar. O que você quiser. Podemos morar no estacionamento da L&L que eu não me importo. Eu ainda seria o homem mais sortudo do planeta por ter você como minha mulher.
Eu adorava quando ele dizia aquilo.
Minha mulher.
Dele. Tão dele... Bom, já não oficialmente, mas mesmo assim... 
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Ta bom vou confessar que o pedido de casamento não vai ser tão convencional e nem tão romântico, mais vai ser especial para os dois.  

5 comentários:

  1. Omg.... Chorando rios de lagrimas aquiiii lindoooo, perfeitooooo ahhh quero maiss :-)

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  2. Ai que lindooo....muito bom
    Posta mais!!

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  3. Posta logoooo!!
    To chorando aqui já.

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  4. capitulo lindo, me emocionei aqui *_*
    posta looogo :P

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