CAPÍTULO 19 MARATONA

Naquela noite, Demi emergiu do quarto e foi para a sala de estar principal. Ouvira Joseph chegar, e eram 7h... o horário que ele lhe pedira que estivesse pronta. Nervosa, ela respirou fundo e entrou na sala para encontrá-lo servindo-se de um drinque. A noite estava caindo sobre Roma do lado de fora, com luzes se acendendo, tornando o cenário altamente sedutor. Ele virou-se para olhá-la, e Demi tremeu, sentindo-se quase despida.

Joseph apertou o copo em ação reflexa. O vestido dela era sem mangas, preto e justo, com um dos ombros desnudos. Batia abaixo dos joelhos e acentuava cada curva. As sandálias prateadas de salto revelavam pés pequenos e delicados.

Os cabelos estavam presos num coque solto, e argolas de prata roçavam-lhe o pescoço. Não havia excesso de maquiagem ou joias, apenas aqueles cílios incrivelmente longos e o cheiro pessoal que lhe provocava os sentidos. A boca rosada zombava de Joseph, fazendo-o se arrepender de não tê-la beijado antes. Subitamente, queria muito beijá-la, marcá-la.

― Eu não tinha certeza do tipo de traje...

― Está bom ― ele a interrompeu, a voz rouca de Demi afetando-o fisicamente. Joseph bebeu seu drinque num gole só, então a pegou pelo braço e conduziu-a para fora, antes que fizesse alguma tolice, como beijá-la.

Demi estava sentada no banco de trás do carro de Joseph. Ainda não descobrira se o desagradara pela escolha do vestido. Ele estava de terno preto, camisa preta e gravata azul, parecendo perigoso e maravilhoso ao mesmo tempo. Olhava para frente, oferecendo-lhe apenas o perfil forte.

Eles chegaram a uma casa palaciana, com luzes de conto de fadas brilhando em árvores e ao longo do muro que cercava a propriedade. O carro seguia outros num ritmo lento. Joseph inclinou-se para frente e disse:

— Dario, pare o veículo. Iremos andando daqui.

O chofer obedeceu-lhe, e Joseph desceu, rodeando o carro para ajudar Demi. Ao lhe dar a mão, ela lembrou-se do momento em Londres quando supersticiosamente acreditara que aquela noite inteira era obra do destino.

Depois de um jantar suntuoso, durante o qual Demi tentou não se sentir muito deslocada nas redondezas luxuosas, ela agora estava de pé ao lado de Joseph, enquanto ele conversava com alguns outros homens. Ela não perdera os olhares especulativos deles, ou os das mulheres ao redor da mesa de jantar. Alguns tinham sido desdenhosos, lembrando-lhe das outras mulheres de Joseph. Num momento de fraqueza, ela o pesquisara na Internet, e sentira-se nauseada pela quantidade de mulheres que entravam e saíam de sua vida. Seu estômago se contorceu. Ele tinha uma namorada atual? Estava saindo com alguém naquelas últimas noites em Roma? Por isso chegava em casa tão tarde? Demi detestava admitir, mas não conseguia dormir enquanto não o ouvia entrar no apartamento.

E por que o pensamento de uma namorada a feria tanto? Demi deu um gole de sua água, e então engasgou. A mão de Joseph estava em suas costas imediatamente. Ele vinha agindo como o noivo perfeito durante a noite inteira... com pequenos toques aqui e ali, deixando seus nervos à flor da pele. Ela praticamente empurrou-lhe a mão.

― Eu vou ao toalete ― disse, entregando-lhe o copo e saindo.

Um pouco depois, Joseph tentava se concentrar na conversa, mas não conseguia. Onde estava Demetria? Uma onda de pânico o envolveu. Eles iam se casar no dia seguinte, e ele experimentava uma estranha ansiedade. Disse a si mesmo que era impaciência para levá-la a Sardenha, quando teria Demi exatamente onde a queria: sob seu total controle.

Então ele a avistou. Ela estava num canto da sala, conversando com um homem alto, de boa aparência. Joseph o reconheceu. Ele era famoso por ter lindas amantes enquanto a esposa brincava com rapazes mais novos. Uma fúria cega o fez atravessar o espaço rapidamente. Demi estava assentindo em resposta a algo que Stefano Corzo dizia, um braço ao redor da barriga e um copo de água na outra mão. A aparência tão comportada dela o enfureceu ainda mais.

A pele de Demi se arrepiou, informando-a que Joseph estava perto. Ela teve de disfarçar um tremor quando o sentiu deslizar um braço ao redor de sua cintura. Ele cumprimentou o outro homem educadamente, mas Demi sentiu a tensão na voz profunda, e maravilhou-se ao perceber como já o conhecia bem.

― Hora de irmos embora ― disse Joseph. ― Amanhã será um grande dia.

O casamento. Ela sentiu um friozinho na barriga enquanto o acompanhava, e eles se despediam dos anfitriões. Uma vez dentro do carro, a atmosfera estava carregada de tensão, mas Demi tentou ignorar o fato de que se sentia muito consciente de Joseph.

― Então, sobre o que você e Stefano estavam conversando? ― perguntou ele.

Demi o olhou brevemente, antes de virar o rosto outra vez.

 ― Estávamos falando sobre a crise econômica na Irlanda, e seus efeitos na Europa. ― Stefano a parara quando ela estava saindo do toalete, mas Joseph sem dúvida pensava que ela estivera tentando seduzir o outro homem.

Joseph a fitou, os olhos brilhando. Ela estivera falando sobre economia? O pensamento fez alguma coisa mover em seu peito, e ele desviou o olhar, antes que pudesse revelar quão ambíguo aquela declaração o fazia sentir-se.

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Bom tá ai agora já vou meu pai chegou, até amanhã, obrigado pelos comentários. E comentem nesse também