- Do outro lado, Demetria –
ele riu. – Distribuíram esse panfleto no bar em que eu tentei manter o Clóvis e
o Hector. Mão se preocupa. Seu corpo é perfeito pra mim.
- Ah –
corei.
- Leia – ele sussurrou.
Voltei os olhos para o
papel e o virei. A letra rebuscada de Joe era um pouco ilegível.
marido arrependido procura esposa para longa
temporada. Procura-se mulher recém-divorciada, pequena na altura, mas com um
coração gigante, dona de personalidade ímpar, temperamento, tempestuoso e olhos
castanhos profundos, capazes de capturar a alma de um homem. Oferece-se um
coração em ótimo estado de conservação e uma longa e prazerosa vida de servidão
como pagamento.
- Enquanto eu aturava a
falação do Clóvis ontem... Aliás, desculpa por não ter conseguido mantê-lo
ocupado por mais tempo. Ele percebeu que alguma coisa estava errada quando a
Telma ligou falando que o endereço que a Inês havia passado a ela não existia.
Algo sobre um jantar...
- Não existia mesmo. A Inês
me ajudou a esvaziar a mansão – sorri um pouco.
Ele também. Bom, quase.
- Certo, então, enquanto eu
ouvia aquela baboseira, me dei conta de que preciso de uma esposa para não
enlouquecer. Andei pensando em colocar esse anúncio no jornal – ele deu de
ombros, para gemer logo em seguida – O que você acha? Conhece alguém que possa
se interessar?
- Hã... – tentei engolir e
não consegui. – Você só esqueceu de especificar a condição financeira da
mulher.
- Me perdoa, Demetria! – A
intensidade de sua voz fez os pelos de meu corpo ficarem de pé. De um bom jeito
dessa vez. – Por estragar tudo, por ter abandonado você, por ter sido um idiota
– seu olhar cintilava. –Eu fiz tudo errado, não fiz? Estraguei tudo porque sou
um arrogante insensível que não teve a educação de ouvir o que a mulher que ele
ama tinha a dizer. Eu pensei que... Como eu poderia imaginar que você estava
tentando me proteger? Sabia que estou furioso com você por ter se colocado em
risco por minha causa? – Mas em seu rosto só havia ternura e um pouquinho de
desespero.
- Eu não podia deixar
Clóvis brincar com a sua vida. Você tem o seu irmão e os seus pais e... Bom...
foi a única saída que eu encontrei.
- Quando você pediu o
divórcio, eu pensei que...
- Eu
tinha escolhido a grana e não você. Você já disse isso.
- É – ele assentiu.
- Não Joe. Não era pelo
dinheiro. No começo era sim. O casamento e tal, mas depois... não era mais –
dei de ombros.
- Quando eu disse aquelas
coisas horríveis, foi porque eu achava que você queria o seu dinheiro mais do
que me queria. E eu não suportei isso. Eu não podia imaginar que você estava
sacrificando o nosso casamento pra me proteger. A minha carreira não é tão
importante assim, Demetria – ele sacudiu a cabeça, desgostoso. – Nesse momento,
não consigo parar de pensar em quanto fui mesquinho com você, quanto fui cruel
em lhe dizer aquelas coisas lá em casa. Eu te magoei, e isso é imperdoável.
Mas, Demetria... – ele tentou se endireitar um pouco na cama, reprimindo uma
careta de dor – eu estava machucado, me sentia humilhado, traído. Pensei que
você jamais poderia me admirar. Eu sei que não muda o que fiz, mas eu nunca
tive a intenção de te machucar. Nunca! Nem mesmo quando você me chutou.
- Mas eu não te chutei! –
contrapus.
- Eu sei disso agora, mas
na hora do desespero foi o que pareceu.
- Como você soube? O Hector
me contou que você encontrou desvios de dinheiro no nome da Telma. Como você
soube disso?
- Eu... quando cheguei em
casa duas noites atrás e não encontrei você, vi que suas roupas não estavam lá,
eu... enlouqueci, Demetria. Eu não podia acreditar no que você estava fazendo.
Tentei encontrar milhares de razões, já que não deixei você mesma explicar.
Então, depois de muitos copos de vodka, lembrei de como você foi , de certo
modo, coagida a se casar pra recuperar seus bens e me perguntei se isso estaria
acontecendo de novo. Eu já suspeitava do Clóvis. Desde a festa do conglomerado,
quando você me contou tudo que estava acontecendo, suspeitei que tinha algo
errado nessa história. As coisas não se encaixavam. Eu conheço o Hector.
Trabalhei com ele por anos e não conseguia acreditar que ele fosse o
responsável por aquele testamento. Só restava uma pessoa interessada, uma
pessoa envolvida. Uma pessao que levou uma enorme vantagem com o testamento
deixado pelo seu avô.
- O Clóvis.
Ele assentiu.
- Exatamente. Com base no
que encontrei quando comecei a pesquisar, os depósitos ilícitos da empresa
Lovato, supus que o nosso rompimento só podia ter sido obra do Clóvis. Por isso
assinei a papelada do divórcio tão depressa. Fiquei com medo que, se ele
estivesse mesmo te chantageando e eu não assinasse, ele pudesse criar problemas
ou te prejudicar de alguma forma. Então te procurei ontem à tarde, na esperança
de estar certo. Mas acabei perdendo a cabeça e te magoei de novo, não foi? –
ele grunhiu. Um som ameaçador e ao mesmo tempo assustado.
Não respondi. Não
precisava. Ele sabia a resposta. - Foi ali que percebi que eu estava certo e
tive a confirmação de que alguma coisa ou alguém estava te obrigando a me
deixar. Eu vi a raiva em seus olhos. Você não queria a nossa separação.
- Não – murmurei
simplesmente.
Ele inspirou profundamente.
- Eu vivi um pesadelo até
começar a raciocinar direito – sorriu tristemente. – Me afastar de você, mesmo
que por poucas horas, foi doloroso demais. Mas, quando você confirmou na mansão
o que eu já suspeitava, quando entendi os motivos que te levaram a agir como
agiu, senti como se estivesse nascendo de novo. Você me amava a ponto de abrir
mão do que queria.
Assenti. - O que eu quero é
saber se ainda me ama, depois de todas as coisas horríveis que eu te disse –
ele continuou, apressado. – Porque acho que podemos fazer isso dar certo. Eu
sei que podemos! Escuta, sei que não mereço o seu perdão, mas... mas eu queria
dizer que... eu não tenho como te dar a vida a que você está acostumada. Nem
metade. Não que eu não gostaria, mas realmente a sua fortuna é algo que... A
verdade é que eu não tenho nada pra te oferecer, Demetria. Tudo que posso
oferecer está bem aqui, diante de você – ele abriu o braço bom num gesto
derrotado. – Eu só posso te oferecer o meu amor, minha fidelidade, minha
cumplicidade, minha admiração. Sei que não é muito, mas se quiser é seu. Meu
coração, meu corpo, minha alma. É tudo seu. Eu não me importo se você tem
dinheiro suficiente pra comprar um planeta ou um chiclete. Não me importo com
mais nada, desde que você fique comigo. Assim não vou ter que me preocupar com
a sua estabilidade financeira nem com a sua carreira. E isso é ótimo! – ele
ergueu os ombros casualmente, com os olhos nos meus, mas o rosto ainda estava
tenso. – Sobra mais tempo pra pensar em como te convencer a não quebrar o nariz
de mais ninguém por aí. Você pode voltar pra nossa casa, ou vamos morar na mansão,
ou vamos pra casa da Selena, se ela deixar. O que você quiser. Podemos morar no
estacionamento da L&L que eu não me importo. Eu ainda seria o homem mais
sortudo do planeta por ter você como minha mulher.
Eu adorava quando ele dizia
aquilo.
Minha
mulher.
Dele. Tão dele... Bom, já não
oficialmente, mas mesmo assim...
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Ta bom vou confessar que o pedido de casamento não vai ser tão convencional e nem tão romântico, mais vai ser especial para os dois.
Omg.... Chorando rios de lagrimas aquiiii lindoooo, perfeitooooo ahhh quero maiss :-)
ResponderExcluirAi que lindooo....muito bom
ResponderExcluirPosta mais!!
amei!!! posta logo pfvr
ResponderExcluirPosta logoooo!!
ResponderExcluirTo chorando aqui já.
capitulo lindo, me emocionei aqui *_*
ResponderExcluirposta looogo :P