domingo, 2 de junho de 2013

CAPÍTULO 103 MARATONA FINAL ULTIMO



Ainda dava para ouvir a música tocando quando me sentei num dos bancos de madeira do jardim. A melodia de Frank Sinatra penetrava pelas grossas paredes da mansão, me trazendo um milhão de lembranças felizes. Fechei os olhos e não foi surpresa, afinal, vovô aparecer ali, ao meu lado, sorrindo.
- Eu sabia que você ia encontrar – disse ele, satisfeito.
Sorri para ele.
- Pelo menos agora eu sei que você mudou de ideia em relação a me deserdar.
Ele inspirou profundamente.
- Eu nunca quis te deserdar. Não de verdade. Só estava furioso demais quando o Clóvis redigiu aquele testamento ridículo. Aquele documento não devia ter validade, não devia ter sido registrado, mas o Clóvis fez isso sem que eu soubesse. Você me conhece, Demetria. Você achou mesmo que eu seria capaz de ser tão rígido com você? Eu nunca consegui!
- Mas e as cartas? Como o Clóvis conseguiu aquelas cartas?
Ele sacudiu a cabeça.
- Foi um golpe de sorte do Clóvis. De fato, eu pretendia ver você nos corredores da L&L, sempre quis ver minha neta em uma das empresas, você sempre soube disso. Eu pretendia estar lá para te auxiliar, mas, por causa do aneurisma, não sabia quanto tempo tinha. Eu já estava velho – ele deu de ombros. – Tive medo de não poder te ajudar como gostaria e deixei algumas cartas com a Inês, caso eu faltasse. Ela entregou ao Clóvis logo que parti, sem saber que com isso estaria ajudando aquele homem a enganar você.
- Então ainda vou receber algumas? – perguntei, animada.
Ele sorriu, e um brilho de diversão surgiu em seus olhos.
- Quando chegar a hora certa, Demetria.
- Você insistiu para eu contar tudo ao Joe porque sabia que ele ia enxergar o que eu estava deixando escapar, não foi? Porque sabia que ele é um Sherlock Holmes disfarçado de administrador de empresas.
Vovô riu.
- O Joe é muito perspicaz. Um rapaz de ouro! Você não poderia ter escolhido um homem melhor.
Suspirei.
- Pensei que nunca mais fosse ver você – murmurei.
- E perder seu primeiro discurso? Que tipo de avô acha que eu sou? – ele fingiu indignação.
Sorri um pouco. De alguma forma, eu sabia que aquela era a última vez que o veria. Talvez fosse o brilho em seus olhos, ou a pequena ruga na testa, que demonstrava apreensão, mas ele estava me deixando. Para sempre dessa vez.
- Não sei como te dizer adeus – balbuciei, lágrimas obstruíam minha visão.
Os olhos castanhos se tornaram ainda mais gentis.
- Não é definitivo, Demetria. Eu sempre estive ao seu lado, e sempre estarei.
- Ah, vovô! – me estiquei em sua direção, me abraçando em sua cintura e enterrando a cabeça em seu peito. Então ele sorriu, estendeu a mão, que dessa vez era quente como antigamente, quase em chamas,e tocou meu rosto. E eu senti seu toque. Senti as dobras de sua pele, seu calor adorado. Ele deslizou o dedo sobre meu nariz, me obrigando a levantar a cabeça, como costumava fazer quando eu era criança, depois pousou a palma em minha bochecha.
- Não existe amor maior do que o de um pai por sua filha, ainda que ela não seja biologicamente sua – ele sorriu. Um sorriso pleno, feliz. – Eu te amo, Demetria, como avô, como pai. Um amor absoluto, que não morre nunca, nem quando o corpo se extingue.
- Eu te amo, vovô – solucei.
- Não é o fim, Demetria. É apenas um recomeço. O começo de um novo tempo. Estarei por perto. Nunca se esqueça disso! Estarei ali, perguntando: “O que será que ela vai aprontar hoje?”
Eu ri em meio às lágrimas.
- Você sempre foi minha maior riqueza – ele sorriu. – Procure ficar longe de confusão e tente ser feliz.
- Prometo – cobri a mão que descansava em minha bochecha com a minha, absorvendo tudo que ele me oferecia. Paz, conforto, amor. Eu estava repleta de amor puro naquele instante – vou fazer o impossível para te deixar orgulhoso, vovô. Eu juro!
- Mas, Demetria... – ele abriu um sorriso enorme e beijou minha testa, e os lábios eram quentes e macios, como sempre foram – eu já estou! – Como uma explosão de estrelas, uma luz quente me envolveu, me obrigando a fechar os olhos, aquecendo meu corpo e meu coração antes de se dissipar, deixando a mais cálida paz em seu lugar.
Quando abri os olhos ainda úmidos, eu estava sorrindo. Eu sabia que não havia ninguém ao meu lado, mas eu não estivera sozinha. Dessa vez, eu não tinha dúvidas. Meu avô estivera ali. Fosse um sonho ou qualquer outra coisa incompreensível, pouco me importava. Eu sabia que ele estivera ali comigo, e isso me bastava. Eu me sentia bem, feliz, mais experiente, mais vivida. Adulta! Naquele momento eu me sentia pronta para qualquer coisa, sentia que aguentaria seja lá o que fosse que a vida estivesse me reservado. Sorri, me levantando para voltar para a festa e procurar por Joe, porém não fui muito longe. Ele atravessou a porta da cozinha a passos largos e se pôs a correr assim que me viu.
- Rápido! Vamos fugir antes que alguém perceba a sua falta – e enlaçou minha cintura, afundando a cabeça em meu pescoço. – Você estava incrível em cima daquele palco.
- Acho que eu estava verde. Coisa horrível de se ver. Mas, como não vomitei em ninguém, acho que me saí bem.
Ele interrompeu as carícias em meu pescoço e levantou a cabeça.
- Você estava muito verde. E indescritivelmente linda! Mas já vou avisar. Se o nosso casamento for parecido com essa noite, as pessoas levando você pra longe de mim o tempo todo, vou ser obrigado a te sequestrar e nos casaremos, só nós dois, sem ninguém para atrapalhar, em uma ilha isolada em algum lugar do mundo. E pouco me importa o que os outros vão pensar!
- Ah, Joe. Você diz as coisas mais lindas... mas a Sel e a Miley iam me matar se a gente fugisse. As duas estão enlouquecidas com a festa. Elas me enchem o saco porque eu nunca quero opinar sobre nada, a cor dos guardanapos, o tipo de flor que eu prefiro...
- Espero que esse desinteresse não seja sinal de que você mudou de ideia – sua testa franziu.
- Eu tenho coisa melhor para me ocupar – passei os braços em seu pescoço - E você acha mesmo que eu ainda tenho essa alternativa? Depois de tudo, você acha mesmo que dá pra ser feliz sem você por perto?
- E pensar que a felicidade estava num anúncio de jornal... – ele sacudiu a cabeça, fingindo consternação.
- E eu, que só queria a minha vida de volta, acabei essa história com dois casamentos nas costas. Quem poderia imaginar que eu ia encontrar o amor dessa forma...?
- Ah, eu soube desde o começo. Eu sabia que você era a mulher que ia amar até o fim dos meus dias quando vi aquela cópia da sua bunda – ele brincou, me mantendo segura em seu peito musculoso. – Como não me apaixonar por uma garota atrevida como você? Só se eu fosse louco!
Era difícil descrever meu estado de euforia. Era como sentir tudo ao mesmo tempo, só que multiplicado por dez. Eu olhava para Joe, que sorria apaixonado, me fazendo promessas silenciosas de uma vida plena. Eu havia acabado de prometer a vovô que faria o possível para ser feliz, e ali estava eu, agarrada à minha chance.
Nesse momento, talvez porque eu ainda estivesse pensando nele, vindo do nada, uma pequena borboleta – azul – flutuou ao nosso redor. Uma vez, duas, três voltas completas antes de descansar em meu antebraço. Joe a olhou fascinado, e eu... bom, eu a olhei com outros olhos. Eu não tinha mais medo. Acabei rindo ao pensar como fora desatenta. “Eu sempre estivesse ao seu lado”, vovô dissera. Agora eu entendia.
- Não estou aprontando nada – sussurrei para ela.
A borboleta abriu as asas azuis, e – se isso não fosse impossível – eu poderia apostar que ela estava rindo. Então ela voou, tocou a testa de Joe, em seguida a minha, como se estivesse nos abençoando, e sumiu na escuridão dos arbustos.
- Isso foi um sinal – disse Joe. – Não é a primeira vez que uma dessas cruza o nosso caminho.
- Nem vai ser a última. – Eu sabia que ela voltaria. Muitas e muitas vezes! – Agora me explica melhor seu plano para me tirar daqui – e afundei os dedos em seus cabelos macios.
O brilho em seus olhos me ofuscou por um ou dois segundos.
- Você esta falando sério? Porque, assim que eu colocar o plano em ação nada vai poder me deter – ele ameaçou.
Colei minha testa à sua.
- Estou ouvindo, camarada...
Ele sorriu enormemente, alcançou meus sapatos, que estavam esquecidos no chão, calçou-os em meus pés – seus dedos se demoraram um tantinho em minhas pernas – e se endireitou, passando um braço em minhas costas e outro em meus joelhos, me aconchegando em seu colo.
- Primeiro, vamos sair daqui de fininho. Eu deixei o meu carro já embicado na garagem. Não sei por que pressenti que talvez a gente precisasse sair correndo – ele sorriu, malicioso. – Então, quando estivermos em segurança no nosso apartamento, eu te mostro o resto do meu plano fenomenal.
Passei os braços ao redor de seu pescoço, me prendendo a ele, e ri, mas alguém gritou, chamando por mim.
- Joe, solta a Demetria. Agora – ordenou Miley. – Ela tem que falar com os jornalistas. Eles estão esperando há horas!
Ele a ignorou, apertando o passo. Minhas pernas sacudiam, frouxas, no ar. Um dos meus sapatos caiu.
- Meu sapato... – resmunguei.
- Compro uma dúzia deles pra você – ele prometeu, acelerando ainda mais.
- Joe! – Miley tentava nos alcançar. – Preciso dela só por mais um minutinho! Coloca a Demetria no chão, por favor!
- Desculpa, Miley. Mas eu preciso da Demetria nesse momento. É caso de vida ou morte! – ele continuou apressado pelo gramado, rumo a garagem.
- você já tem a Demetria para o resto da vida, pra que tanta pressa? Jooooooe!
Ele riu, me acomodando melhor em seu peito largo, olhando em meus olhos com adoração.
Para o resto da vida. Que destino mais cruel o meu e, ainda sorrindo, se inclinou para me beijar.

FIM!
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Meninas lindas do meu coração chega ao fim a segunda fic do blog, em 2 meses maravilhosos, agradeço de coração o tempo em que vocês "gastam" aqui lendo, comentando, e sei que nem sempre podem comentar porque todos temos nossas obrigações fora daqui, saibam que pra mim isso é um local onde fujo da minha realidade, obrigações, compromissos,problemas, muitos problemas quero dizer, e que foi muito divertido ler seus comentários, sentir a ansiedade de vocês, a emoção e agradeço as novas seguidoras que vem sempre comentando, as anonimas também são bem importantes, e dona Eriimiilsa senti sim sua falta já ia fazer uma campanha para lhe encontrar e lhe entendo perfeitamente, os estudos nessa fase são bem puxados, passo por isso também, espero que sempre que puder  comente será sempre bem vinda como todas. Espero que realmente tenham gostado da fic e que gostem mais ainda da próxima, fiquem com Deus e logo,logo volto com uma surpresa!     

9 comentários:

  1. Amei a fic toda mas nao gostei desse caps )): TINHA QUE PASSAR UNS ANOS. Mas eu amei, parabens fernanda beijinhos

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  2. Ai meu deus jfjsbdkahksks eu to apaixonada fjhdjsbsjsb vc vai postar o prologo?? E a sinopse da proxima??? Bdjshd bjs lena

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  3. É impossível não gostar. Pensei qe fui esquecida ... Brincadeira, sinto-me lisonjeada pelas saudades, não é fácil mesmo mais umas vezes por semana tenho que passar por cá para me deliciar com esse talento todo mulher. Meu Marido acabou como uma borboleta que por acaso é meu animal favorito ... Marcus meu amor, saudades que terei de ti.
    A história para muitas pode ser Jemi mas para mim foi mais Memi ( Marcus e Demi) porque de houve amor que mais triunfou em cada capítulo e em cada frase foi o deles dois, eu amo demasiado essa história por isso foi um romance diferente que não relatou de um amor de amantes como centro da história. E digo que és muito talentoso por isso por enchergares a beleza do amor que existe desde antes que nascemos entre os nossos progenitores e mais belo ainda é que não é uma figura materna. Amei de verdade. Parabéns mais um sucesso

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  4. Lamento as partes que estão no
    Masculino posso dar-te meu iPhone para dares nele um correctivo ele me deixa mal as vezes

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  5. que liindo!! Para o resto da vida *____*
    adorei essa fic foi perfeita, parabéns :)
    mal essa fic acabou, já estou ansiosa e muito curiosa pra saber como será a próxima \o/

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  6. Final lindo, preciso para de ler fics, fico pensando em príncipes encantados (que nao existem). Mas eu adorei essa fic, muito muito mesmo.

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  7. chegou ao fim a fic que eu aguardava ansiosamente todos os dias para ler. Gostei muito da historia toda mas o ultimo capitulo é sempre especial. parabens

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  8. adorei a sua historia já li a maioria das historias jemi e lhe digo a sua foi uma das que mas me prendeu,muitas dela são vagas historias sem rumo definido, mas a sua foi complexa cheia de altos e baixos entre a casal e por mas que seja um final sei que foi um final que não me desapontou. MEU PARABÉNS LETÍ

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  9. MEU DEUS!!!!!!!!!!!!!!!!! Tendo um Heart Attack em 3,2,1.........amei ahistoria ta muito perfeita,continua postando que eu tenho certeza que vou amar qualquer coisa.............. Aii meu Deus,voce eh perfeita,suas historias são perefeitas..........U.U invejinha aquiie,(invejnha Br4nc4!!!
    Ameiii,tha tudo perfeito!!!!

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