Quatorze
No final de 1985, Demi teve sua
grande chance. Designada para fazer uma
cobertura ao vivo de Beacon Hill, um bairro histórico de Boston,
foi surpreendida por um ataque de nervos que fez seus dedos tremerem e a voz
falhar, mas, quando tudo terminou, sentia-se invencível. Ela havia
se saído bem. Talvez até mesmo incrível. Agora, estava sentada ereta no banco
do passageiro da caminhonete da emissora, saltitando levemente de entusiasmo.
Quando fechava os olhos, revivia cada instante: a forma como conseguira se
posicionar diante da multidão e as perguntas que fizera, o encerramento
perfeito diante do banco bem iluminado, com as luzes vermelhas e amarelas da
polícia atravessando a noite que caía. Depois de tudo, levaram uma eternidade
para guardar os equipamentos e ir embora, mas ela não se importou. Quanto mais
durasse aquela noite, melhor. Ela não havia sequer tirado o ponto do ouvido, o
microfone com bateria às costas, nem o walkie-talkie. Eram seus distintivos de
honra.
– Pare naquela loja de conveniência – Nicholas disse do banco de
trás. – Estou com sede. Mutt, enquanto estamos aqui, desça e faça umas imagens
para situarmos a matéria. É a sua vez de buscar a bebida, Demi. Mutt entrou no
estacionamento.
– Legal.
Quando pararam, Demi recolheu o dinheiro dos outros dois e saiu da
caminhonete a caminho do minimercado iluminado.
– Não venha com aquela Coca nova para mim – disse Nicholas no
ponto no ouvido dela.
Ela puxou o walkie-talkie do cinto, ligou e disse:
– Você me diz isso toda as vezes. Eu não sou idiota.
Dentro da loja iluminada, Demi procurou a geladeira de bebidas,
avistou-a e
foi na direção dela, seguindo pelo corredor das aspirinas.
– Ei, olha só – disse ela, falando no walkie-talkie –, tem
vitamina para idosos. Quer uma caixa, Nicholas?
– Engraçadinha – respondeu ele no ponto do ouvido.
Dando risada, ela estendeu a mão para a alça da geladeira quando,
pelo
vidro, notou uma sombra movimentando-se. Ao se virar, viu um homem
usando uma máscara de esqui cinza apontar uma arma para o caixa.
– Ai, meu Deus.
– Você está falando de mim? – brincou Nicholas. – Porque já estava
mais do
que na hora…
Ela tirou o volume do walkie-talkie antes que o ladrão ouvisse
alguma coisa.
Prendeu o aparelho no cinto e pôs o casaco por cima dele e da
bateria.
Na registradora, o assaltante se virou para ela.
– Você! No chão.
O sujeito mascarado apontou a arma para o teto e apertou o gatilho
para se
fazer entender.
– Demi? Que droga está acontecendo? – falou a voz de Nicholas no fone de
ouvido.
Demi lutou com o fio do ponto de ouvido, tentando escondê-lo. Depois
colocou no máximo a captação de som do walkie-talkie, torcendo
para que
Nicholas conseguisse pegar alguma coisa.
– Tem um cara assaltando a loja – sussurrou ela o mais alto que
sua coragem permitiu.
No ponto, ouviu Nicholas dizer:
– Puta merda. Mutt, ligue para a emergência. Demi, fique calma e se atire no
chão. Podemos entrar ao vivo com isso. Ligue seu microfone. Estou
entrando
em contato com a emissora. Eles estão no ar agora. Stan, você está
ouvindo?
Alguns segundos depois, Nicholas voltou:
– OK, Demi, vamos passar isso para o Mike. Ele está no ar com o
noticiário das dez. O seu áudio vai entrar ao vivo. Você não vai escutá-lo, mas
ele vai ouvir você.
Demi ligou o microfone e suspirou:
– Não sei, Nicholas, como…
– Seu áudio está ligado, Demi. Você está ao vivo. Vai.
O sujeito mascarado se virou de novo para Demi, apontando a arma
para
ela.
– Eu disse para você se abaixar, caramba.
Ela havia acabado de processar a frase “Já me enchi dessa merda”,
quando
ele apertou o gatilho. Veio um estalo. Demi mal teve tempo de
gritar antes que a bala a atingisse, derrubando-a no chão. Caiu sobre as
prateleiras, tendo uma vaga noção das caixas coloridas que despencavam ao seu
redor. Sua cabeça bateu com força no piso de linóleo. Por um instante, ficou deitada lá, arfando,
olhando fixamente para uma serpente
retorcida de luz fluorescente.
– Demi?
Era a voz de Nicholas, em seu ouvido. Bem devagar, ela se virou de
lado.
Sentia o ombro latejando de dor, mas cerrou os dentes e foi
adiante. Abaixada, ela rastejou até o final do corredor, abriu uma caixa de absorvente higiênico e enfiou um sobre a ferida,
segurando-o com força. A pressão doeu intensamente e a deixou tonta.
– Demi? O que aconteceu? Fale comigo. Você está bem?
– Estou aqui. Acabei de botar… um curativo no meu ferimento. Acho
que
estou bem.
– Graças a Deus – falou Nicholas. – Quer desligar seu microfone?
– De jeito nenhum.
– Tudo bem. Você está ao vivo, lembra? Vá falando. Meu áudio não
está no
ar, mas estão todos ouvindo você. Essa é a sua grande chance,
garota, e eu estou aqui para ajudar. Pode descrever a cena?
Demi se agachou, estremecendo de dor, e avançou lentamente,
tentando
avaliar quando poderia olhar para cima.
– Há poucos instantes, um homem mascarado entrou neste minimercado
em Beacon Hill, armado e exigindo dinheiro do caixa. Ele atirou uma vez para o alto
e uma vez contra mim – sussurrou ela o mais alto que considerou seguro.
Ouviu um barulho parecido com choro. Mantendo-se abaixada, ela
virou num canto e encontrou um menininho encolhido no corredor de doces.
– Ei – chamou ela, estendendo a mão.
O menino a segurou avidamente, apertando com tanta força que ela
não
conseguiu se soltar.
– Qual o seu nome? – perguntou ela.
– Gabe. Eu estou aqui com o meu vô. Você viu aquele cara atirando?
– Eu vi. E vou encontrar o seu vô para garantir que ele está bem.
Fique aqui.
Qual é o seu sobrenome, Gabe, e quantos anos você tem?
– Linklater. Vou fazer 7 em julho.
– Está certo, Gabe Linklater. Fique abaixado e em silêncio. Não
precisa mais
chorar, está bem? Seja um bom menino.
– Vou tentar.
Ela levou o queixo na direção do pescoço e falou baixinho no
microfone.
Não tinha certeza se a estavam ouvindo, mas continuou narrando:
– Acabei de encontrar o menino Gabe Linklater, de 7 anos, no
corredor dos
doces. Agora estou procurando pelo avô, que o trouxe. De onde
estou, posso
ouvir o homem armado perto da registradora, ameaçando o caixa.
Digam à
polícia que há um assaltante apenas.
Ela virou no corredor.
Lá, encontrou um velho sentado de pernas cruzadas no chão
segurando uma caixa de ração para cachorro.
– O senhor é o avô de Gabe? – sussurrou ela.
– Ele está bem?
– Um pouco assustado, mas bem. Ele está no corredor dos doces. O
que o senhor viu?
– O assaltante chegou num carro azul. Eu o vi pela janela – contou
o homem e, ao olhar para o ombro de Demi, disse: – Talvez você devesse…
– Vou me aproximar um pouco mais.
Ela apertou o absorvente no ferimento de novo, estremeceu de dor e
esperou que a náusea passasse. Desta vez, sua mão ficou empapada de sangue.
Ignorando o fato, ela voltou a falar, dirigindo-se ao
apresentador, a quem não ouvia.
– Pelo jeito, Mike, o sujeito armado chegou num carro azul, que
deve estar
parado do lado de fora, em frente a uma das janelas. Fico feliz em
informar que o avô de Gabe está vivo e bem. Estou tentando me aproximar da
registradora. Posso ouvir o assaltante gritando que tem que haver mais
dinheiro, e o caixa dizendo que não sabe abrir o cofre. Posso ver luzes
piscando do lado de fora, o que significa que a polícia chegou. Estão iluminando a loja e dizendo para
ele sair com as mãos para o alto.
Demi se levantou só por um instante e então se agachou atrás de
uma placa
publicitária.
– Diga à polícia que ele tirou a máscara, Mike. Ele tem cabelos
louros e uma
tatuagem de cobra no pescoço. O assaltante está extremamente
agitado. Está gritando palavrões e agitando a arma. Acho que…
Mais um tiro foi ouvido. Um vidro se estilhaçou. Segundos depois,
uma equipe da SWAT invadiu o local atravessando as portas de vidro.
– Demi! – chamou Nicholas no ponto em seu ouvido.
– Estou bem.
Ela se levantou devagar, e o movimento a fez sentir uma onda de
dor e náusea. Através da janela quebrada, pôde ver a caminhonete da TV. Mutt
estava com a câmera, filmando tudo, mas ela não conseguiu localizar Nicholas.
– A SWAT de Seattle acabou de entrar pelas janelas. O assaltante está no
chão. Vou tentar me aproximar e fazer algumas perguntas.
Ela deu a volta no estande, prosseguindo lentamente. Estava perto
do corredor de cereais e, por uma fração de segundo, pensou nos cafés da manhã de
sábado na casa dos Gomez. A Sra. M. a deixava comer Quisp. Mas só nos finais de
semana. Foi seu último pensamento consciente antes de desmaiar. O trajeto até o
hospital pareceu levar uma eternidade. Durante todo o caminho, no para e anda
do trânsito da cidade, Sel ficou sentada no banco de trás do táxi malcheiroso rezando para que Demi
estivesse bem. Finalmente, pouco depois das onze horas, o carro parou em frente
ao hospital. Sel pagou a corrida e entrou correndo no saguão iluminado. Nicholas
e Mutt já estavam lá, atirados em cadeiras de plástico desconfortáveis, com
aparências horríveis. Quando ela entrou, Nicholas se
levantou.
Sel correu até ele.
– Eu assisti ao jornal. O que aconteceu?
– Um cara atirou nela, mas ela continuou transmitindo. Você
precisava ver,
Gomez, Demi foi brilhante. Destemida.
Sel ouviu a admiração na voz dele e a viu em seus olhos. Em
qualquer outro momento isso poderia tê-la magoado, aquele orgulho evidente.
Naquele instante, apenas a deixou furiosa.
– É por isso que você é tão apaixonado por ela, não é? Porque ela
tem a coragem que você não tem. Então você a coloca em perigo, faz com que leve
um tiro e se orgulha que ela tenha tanta paixão – rugiu Sel, e sua voz trêmula fez a última palavra ser lançada
como veneno. – Que se foda o heroísmo. Eu não estava falando da notícia, estava
falando da vida dela. Você ao menos perguntou como ela está?
Nicholas pareceu perplexo com aquela explosão.
– Ela está em cirurgia. Ela…
– Selly!
Ouviu Joe chamando seu nome e se virou, vendo-o entrar correndo no
saguão. Os dois se aproximaram com a mesma naturalidade do vento e da chuva,
agarrando-se um ao outro. Os braços dele a acolheram num abraço apertado,
oferecendo a ela um lugar seguro onde finalmente podia chorar.
– Como ela está? – sussurrou ele no ouvido de Sel, tão frágil
quanto ela estava se sentindo.
Ela recuou, desejando ao menos conseguir tentar sorrir.
– Está em cirurgia. É tudo o que eu sei. Mas ela vai ficar bem. Tiros não podem parar
uma tempestade.
– Ela não é tão durona como finge ser. Nós dois sabemos disso, não
é, Sel?
Sel engoliu em seco e assentiu com a cabeça. Os dois ficaram ali parados num
silêncio constrangido, ainda juntos, unidos pelos fios invisíveis da preocupação
mútua. Ela viu nos olhos dele, claro como água: ele realmente amava Demi, e estava
assustado.
– É melhor eu ligar para os meus pais. Eles vão querer vir para
cá.
Esperou que Joe respondesse, mas ele simplesmente ficou lá parado, com os olhos
vidrados, cerrando os punhos ao lado do corpo como um atirador que pode
precisar sacar a arma a qualquer momento. Com um sorriso cansado, ela se
afastou. Quando passou por Nicholas, não conseguiu deixar de dizer:
– É assim que pessoas de verdade se ajudam em momentos difíceis.
Enfiou 25 centavos no telefone
público e ligou para casa. Quando seu pai atendeu – graças a Deus que não foi a
mãe, porque isso a faria perder o controle –, ela lhe contou o que havia
acontecido e desligou.
Ela se virou e Nicholas estava lá, esperando por ela.
– Eu sinto muito.
– É bom sentir mesmo.
– Uma das coisas nesse ramo, Selly, é que a gente aprende a pôr a
notícia
em primeiro lugar. É um dos perigos do negócio.
– Com gente como você e Demi é sempre a notícia primeiro.
Ela o deixou lá parado e foi até o sofá, onde se sentou. Abaixou a
cabeça e
rezou novamente.
Depois de um instante, ela o sentiu aproximando-se de novo. Como
ele não
disse nada, ela olhou para cima. Nicholas não se mexeu, nem sequer
piscou, mas Sel percebeu quanto ele estava tenso. Parecia estar mantendo a
compostura por um triz.
– Você é mais durona do que parece, Gomez.
– Às vezes.
Ela queria dizer que o amor a fortalecia, sobretudo num momento
como aquele, mas ficou com medo até mesmo de
pronunciar aquela palavra olhando
para Nicholas. Ele sentou ao lado dela.
– Quando você passou a me conhecer tão bem?
– É um escritório pequeno.
– Não foi por isso. Ninguém mais me conhece tão bem assim – falou
ele,
depois suspirou e se recostou. – Eu realmente a coloquei em
perigo.
– Ela não aceitaria nada diferente – admitiu Sel. – Nós dois
sabemos disso.
– Eu sei, mas…
Quando ele deixou a frase suspensa no ar, ela o encarou.
– Você a ama?
Ele não respondeu, apenas ficou sentado, recostado no sofá, com os olhos
fechados.
Ela não podia suportar aquilo. Agora que finalmente ousara fazer a pergunta,
queria uma resposta.
– Nicholas?
Ele estendeu a mão na direção dela, passou um braço por seu ombro
e a puxou para perto de si. Sel mergulhou no conforto que ele oferecia. Estar
ao lado de Nicholas daquele jeito era tão natural quanto respirar, embora ela soubesse
quanto aquela sensação era perigosa. Ali, sem dizer mais nada, os dois passaram
as longas horas vazias da noite. Esperando.
Demi acordou lentamente, avaliando o que a cercava: teto branco de
isolamento acústico, lâmpadas fluorescentes, grades na cama e uma bandeja de metal ao lado. As
lembranças começaram a tomar conta da sua consciência: Beacon Hill. O
minimercado. Lembrou da arma sendo apontada para ela e do sopro de fumaça. E da
dor.
– Você faz qualquer coisa para ganhar atenção, né?
Sel estava parada na porta, usando uma calça de moletom larga da Universidade
de Washington e uma camiseta velha da Semana Grega. Quando se aproximou da
cama, estava com os olhos cheios de lágrimas e os secava impacientemente.
– Droga. Eu jurei que não ia chorar.
– Graças a Deus que você está aqui – falou Demi, e apertou o botão
da cama até ficar sentada.
– É claro que estou aqui, sua idiota. Todo mundo está aqui. Joe,
Mutt, mamãe, papai. Nicholas. Ele e o meu pai estão jogando cartas e conversando
sobre notícias há horas. A mamãe fez pelo menos duas mantas novas. A gente estava
muito preocupado.
– Eu me saí bem?
Sel riu enquanto lágrimas rolavam pelo seu rosto.
– Essa precisava ser a sua primeira pergunta. Nicholas disse que
você superou Jessica Savitch.
– Será que o 60 Minutes vai querer me entrevistar?
Sel se aproximou da amiga.
– Não me assuste desse jeito de novo, está bem?
– Vou tentar.
Antes que Sel pudesse dizer mais alguma coisa, a porta se abriu e Joe
ficou parado na entrada, segurando dois copos de isopor cheios de café.
– Ela acordou – disse ele baixinho, deixando os copos na mesa ao
lado.
– Acabou de abrir os olhos. É claro que está mais interessada nas
chances
de ganhar um Emmy do que na própria recuperação – brincou Sel, e
olhou
para a amiga. – Vou deixar vocês a sós por um instante.
– Mas você não vai embora, vai? – perguntou Demi.
– Eu volto mais tarde, quando todo mundo tiver saído.
– Que bom – disse Demi. – Porque eu preciso de você.
Assim que Sel saiu, Joe se aproximou, com os belos olhos brilhando
ao encará-la.
– Eu pensei que tinha perdido você.
– Eu estou ótima – disse ela, impaciente. – Você viu a
transmissão? O que
achou?
– Eu não acho você boa, Demi – disse ele baixinho. – Acho muito
melhor do
que qualquer pessoa que eu conheça, mas eu te amo. E passei a
noite toda
pensando no que seria a minha vida sem você e não gostei do que
vi.
– Por que você me perderia? Eu estou bem aqui.
– Case-se comigo, Demi.
Ela quase riu, achando que fosse uma piada. Então viu os olhos
dele. Ele
realmente estava com medo de perdê-la.
– Você está falando sério – disse ela, franzindo a testa.
– Recebi uma oferta de trabalho da Vanderbilt, no Tennessee. Quero
que você vá comigo. Você me ama, Demi, mesmo que não saiba disso. E precisa de
mim.
– É claro que eu preciso de você. O Tennessee está entre os
grandes mercados?
O rosto rude dele franziu diante da pergunta. Seu sorriso
esvaneceu.
– Eu te amo – disse ele de novo, dessa vez em voz baixa e sem o
beijo para
selar as palavras e lhes dar o devido peso.
A porta atrás dele se abriu. A Sra. Gomez estava ali parada, com
as mãos na cintura, vestindo uma saia jeans simples e uma blusa xadrez com gola
ao estilo Peter Pan. Parecia uma figurante do Footloose.
– A enfermeira disse que temos mais cinco minutos de visitas e
depois vai
expulsar todo mundo.
Joe se abaixou e a beijou. Foi um beijo bonito e quase
melancólico, que de alguma forma conseguiu ao mesmo tempo uni-los e deixar
claro quão afastados podiam ficar.
– Eu te amava, Demi – sussurrou ele.
Amava? Ele disse amava? No passado?
– Joe…
Ele se virou de costas para a cama.
– Ela é toda sua, Mandy.
– Desculpe expulsar você – disse a Sra. Gomez.
– Não se preocupe. Acho que o meu tempo havia acabado. Adeus, Demi.
Ele saiu do quarto, deixando a porta bater atrás de si.
– Ei, garotinha – disse a Sra. Gomez.
Demi surpreendeu a si mesma caindo no choro.
A Sra. Gomez apenas acariciou seus cabelos e a deixou chorar.
– Acho que eu fiquei com muito medo.
– Psiuuu – fez a Sra. Gomez de modo tranquilizador, secando as
lágrimas de Demi com um lenço de papel. – Claro que ficou, mas nós estamos aqui
agora.
Você não está sozinha.
Demi chorou até aliviar a pressão em seu peito e as lágrimas
acabarem.
Afinal, sentindo-se melhor, secou os olhos e tentou sorrir.
– Muito bem. Estou pronta para o sermão agora.
A Sra. Gomez lhe deu aquele olhar.
– Seu professor, Demetria?
– Ex-professor. Foi por isso que eu nunca contei. E você me diria
que ele era
velho demais para mim.
– Você o ama?
– Como eu poderia saber?
– Você saberia.
Demi encarou a Sra. M. Sentiu-se como se fosse a mais velha das
duas, a mais experiente. Todos os Gomez viam o amor como algo durável e confiável, fácil de reconhecer. Demi
podia ser jovem, mas sabia que eles estavam errados. O amor podia ser frágil
demais. Mas ela não diria isso em voz alta. Em vez disso, tudo o que disse foi:
– Talvez.
Da noite para o dia, Demi se tornou uma sensação da mídia em
Seattle. O
jornalista Emmett Watson fez uma pausa na rabugice sobre a falta
de planejamento do crescimento populacional no estado de Washington para escrever
uma coluna sobre coragem sob fogo cerrado e sobre como todos deveríamos sentir
orgulho do comprometimento de Demetria Lovato com a
notícia. A emissora de rádio KJR dedicou um dia inteiro de rock
para a “garota da TV que usou um microfone para impedir um assalto”, e até
mesmo um conhecido programa de comédia local levou ao ar um quadro que fazia
piada com o assaltante atrapalhado e mostrava Demi numa fantasia de Mulher
Maravilha. Flores e balões chegavam ao seu quarto, muitos deles enviados por
pessoas que normalmente eram notícia. Na quarta-feira, ela precisou começar a
doar os lindos buquês e arranjos a outros pacientes. As enfermeiras
encarregadas de cuidar dela tiveram de aprender a ser também guarda-costas e
leões de chácara.
– E então, você é a gênia. O que eu faço? Demi estava sentada na
cama examinando a pilha de recados em papel cor de rosa que Sel havia levado do
escritório. Era uma lista impressionante de nomes, mas ela não estava
conseguindo se concentrar. Sentia dor no braço, e a tipoia dificultava até as tarefas mais
simples. O pior de tudo era que ela não parava de pensar no pedido absurdo de Joe.
– Quero dizer… Tennessee. É mais ou menos como Nebraska.
– É verdade.
– Como eu posso chegar ao topo num lugar desses? Ou talvez seja exatamente
onde eu vá conseguir chegar ao topo rápido e ser vista pelas redes nacionais.
Sel estava na outra ponta da cama, com as pernas estendidas ao
lado das
de Demi.
– Olhe só. Nós estamos conversando sobre isso há quase uma hora.
Talvez
eu não seja a melhor pessoa para discutir o assunto, mas me parece
que em
algum momento você precisa pelo menos falar em amor.
– A sua mãe me disse que eu saberia dizer se o amasse.
Demi olhou para a mão nua, tentando imaginar um anel de diamante.
– Você disse que eu devia dar um tiro em você caso sequer pensasse
em se casar antes dos 30 – lembrou-a Sel, sorrindo. – Quer voltar atrás?
– Muito engraçadinha.
O telefone da mesa de cabeceira tocou. Ainda olhando para a
própria mão,
ela atendeu rapidamente, esperando que fosse Joe.
– Alô?
– Demetria Lovato?
Ela suspirou, decepcionada.
– É ela.
– Aqui é Fred Rorbach. Talvez você se lembre de mim…
– Claro que me lembro. KILO TV. Eu lhe mandei um currículo por
semana
durante todo o meu último ano no colegial, e depois lhe mandei fitas da
faculdade. Como vai?
– Estou ótimo, obrigado. Mas estou na KLUE TV agora, não na KILO.
Estou à frente do noticiário da noite.
– Parabéns.
– Na verdade, é por isso que estou ligando. Provavelmente não
somos os primeiros a ligar para você, mas temos certeza de que faremos a melhor
oferta.
Ele havia atraído toda a sua atenção.
– É mesmo?
Sel desceu da cama e ficou parada ao lado de Demi, falando
baixinho:
– O que é?
Demi fez um sinal para que esperasse.
– Fale sobre ela.
– Queremos fazer o que for preciso para tê-la como membro da
família do departamento de notícias da KLUE. Quando você pode vir conversar
comigo a respeito?
– Estou recebendo alta neste instante. Que tal amanhã? Dez horas.
– Nos veremos amanhã, então.
Demi desligou o telefone e deu um gritinho.
– Era da KLUE TV. Querem me contratar!
– Ah, meu Deus – disse Sel, dando pulinhos. – Você vai ser uma
estrela.
Eu sabia. Mal posso esperar para…
Ela parou no meio da frase, seu sorriso desaparecendo.
– O que foi? – perguntou Demi.
– Joe.
Demi sentiu um aperto no peito. Queria fingir que havia algo em
que pensar,
uma decisão a ser tomada, mas ela sabia qual era a verdade. E Sel
também.
– Você vai ser uma grande estrela – disse Sel com firmeza. – Ele vai compreender.
DIVULGAÇÃO:
Gente desculpa as demora mas estou sem tempo pra nada, estou estudando muito, trabalhando ..... e por aí vai a rotina está acabando comigo, só tenho tempo nos fins de semana e mal porque amanhã é aniversário do meu pai daí não dá pra postar mas vou tentar outra ainda estou preparando a próxima história que vocês já sabem qual é e assim que essa terminar eu começo, ok? só tenham um pouco de paciência.
nao creio que ela vai abrir mao do joe =@
ResponderExcluirPosta logooooo, ai emu Deuus quero mais mais e mais
ResponderExcluirselinho pra você no meu blogger http://jemifanficsdemijoe.blogspot.com.br/2014/03/selinho.html
ResponderExcluirameei ... quero mais caps ^^
ResponderExcluirtem selinho pra vc no meu blog :-D
http://jemilovely.blogspot.com.br/2014/03/selinho.html?m=1
posta logooo
bjs
Oi!
ResponderExcluirSe quiser concorrer a melhor fanfic visite esse blog: http://reviverstories.blogspot.pt/
Beijos.