terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 34 MARATONA

Ele começa a se debater e a tentar se soltar e começa a me xingar, mas não o escuto claramente por causa da musica, algumas pessoas nos encaram rapidamente com curiosidade mas logo voltam sua atenção para seu par.
O arrasto sem maiores dificuldades até a porta dos fundos, abro-a e o jogo para fora do ginásio, ele cambaleia e quase cai no chão. Saio para o ar fresco e ameno da noite e deixo a porta se fechar atrás de mim.
Você está louco, cara? Quem diabos é você? Ele pergunta bravo e retira a máscara preta que cobria apenas metade do seu rosto.
Joseph Jonas, amigo do Ian, muito prazer. Digo me divertindo com a situação.
Posso saber por que você me arrastou aqui para fora, idiota?
Para o Ian poder dançar com a Nina em paz e para que eles façam as pazes sem ter a sua presença apaixonada para incomoda-los. Digo com um sorriso falso.
Seu idiota, a Nina está comigo agora. Ele diz e pelo bem estar do coração de Ian e pelo bem da cara desse moleque, espero que ele não esteja se referindo a ela estar com ele como namorada.
Ele a traiu e agora vem querer ela de volta? Bom, é tarde demais. Ela merece alguém melhor.
E esse alguém melhor seria você? Pergunto rindo.
Seria sim. A Nina estava começando a se curar e eu estava a ajudando, não vou permitir que ele a machuque de novo. Ele diz todo corajoso e começa a caminhar para a frente do ginásio.
Epa, onde você pensa que vai? Digo dando um passo grande e o segurando pelo braço.
Me solta, otário Eu vou voltar para a minha garota. Ele diz tentando se livrar do meu aperto de aço. Jogo minha cabeça para trás e solto uma gargalhada, sinto algumas lágrimas escorrerem dos meus olhos de tanto rir. Quando me recupero olho-o seriamente.
Olha aqui babaca, primeiramente, ela não é a sua garota. Ela é do Ian e sempre será, porque aqueles dois nasceram para ficarem juntos, ok? E olha que eu estar dizendo essa palhaçada toda é um grande negocio, porque eu não acredito muito nisso, mas enfim...Segunda coisa, ele não traiu ela, não que eu tenha que dar alguma satisfação para você, mas ele nunca faria isso. E terceiro, acho melhor, para o seu próprio bem, você ficar longe dela. O Ian é um cara ciumento e se você continuar dando em cima da garota dele, não vai ser nada bonito.
Você está me ameaçando?
Eu não, estou apenas te avisando, dando um conselho se preferir. O Ian e a Nina se amam, muito mesmo. De um jeito tão forte que eu nunca vou ser capaz de compreender, e apesar de eu ser muito cético com relação a essas baboseiras de amor e achar que isso é sinônimo de problema, o meu amigo não acha. Ele acredita no amor e se entregou de corpo e alma nessa relação com a Nina. Demorou um pouco para eu entender e até mesmo aceitar essa relação deles, e mesmo ainda não compreendendo muito bem, eu respeito. Ela faz o meu amigo feliz então o que me importa se eu acredito no amor ou não? Ian está feliz, então eu estou feliz, e qualquer um que quiser atrapalhar essa felicidade, vai ter que se ver com o Ian e comigo. Você está entendendo o que eu estou dizendo, bro? Acabo falando mais do que deveria, mas pelo menos acho que atingi o resultado esperado. Vejo o idiota engolindo em seco e parecendo amedrontado. Sorrio internamente.
Ninguém vai atrapalhar a felicidade do meu melhor amigo. Ian não é meu irmão de sangue, mas é de coração, e depois de ver ele se transformar em um lixo ambulante com o termino do namoro, meio que caiu a minha fixa. Prometi para mim mesmo que apesar de achar que o amor o transformou em uma menininha chorona e que ele deveria estar pegando o maior número possível de mulheres ao invés de uma só, eu não faria mais piadas sobre isso, ou diria como ele esta cometendo um grande erro ou ainda brincar com ele e dizer que se ele quisesse eu poderia arrumar um rabo gostoso para ele para dar uma variada. Não farei mais isso. Vou respeitar a escolha do meu melhor amigo, se ele quer se amarrar a só uma garota apenas com 21 anos, então vou dar apoio total. E se alguém ameaçar esse relacionamento, eu brigarei como se a causa fosse minha. Porque afinal, é isso que irmãos fazem um pelo outro.
E se ela não quiser se afastar de mim? Ele pergunta.
Não me interessa, é melhor você se afastar dela, porque se você continuar essa amizade com segundas intenções, eu acabo com você. E sim, isso sim foi uma ameaça.
Será que você pode me soltar?
Se você tentar ir lá dentro e atrapalhar o dois você vai se arrepender. Digo e solto o idiota.
Alguns minutos se passam e eu continuo do lado de fora do ginásio vigiando o Ryan “babaca” Johnson. Ele não tentou fugir nenhuma vez, mas mesmo assim por precaução, fico perto dele e de olhos bem abertos e atentos.
Não acredito que estou perdendo meu baile de formatura. Qual é, cara, me deixe voltar lá para dentro.
Para que? Para você ir lá dentro e atrapalhar os dois? Nem sonhando. Se o Ian ou a Nina não deram sinal de vida ainda significa que ele conseguiu pelo menos conversar com ela. Nós vamos esperar aqui até que Ian apareça, se tivermos que esperar a noite toda, esperaremos.
Ele solta um grunhido de frustração misturado com raiva e chuta a parede.
Será que eu vou ter que gritar pedindo ajuda? Ele me lança um olhar raivoso e eu sorrio maliciosamente.
Igual a uma donzela em perigo? Provoco-o e ele fica vermelho de raiva. Além do mais, pode gritar, ninguém vai te ouvir com o barulho da musica lá dentro.
Mais alguns poucos minutos passam até que a porta pela qual saímos abre e uma Nina sem máscara aparece. Ela sai e anda em nossa direção, vejo Ian vindo logo atrás dela. Pela sua cara posso começar a cantar vitória, Ian parece mais relaxado, mais feliz e aquele antigo brilho está de volta em seus olhos.
O velho e bom Ian está de volta. Graças a Deus.
Olá, Joseph.
Oi, Nina. Cumprimento-a sorrindo. Ela olha para Ryan e lhe dá um sorriso tímido, como se desculpando-se.
Não me passa despercebido que Ian passa seu braço em volta dos ombros de Nina possessivamente quando ela se dirige a Ryan. Ele está deixando claro para o idiota a quem ela pertence e eu acho isso engraçado, obviamente não rio, mas por dentro me divirto e começo a me questionar como será isso. Como deve ser sentir ciúmes de alguém, como será agir possessivamente? Esse sentimento é um campo totalmente desconhecido para mim e sinceramente eu acho tão engraçado quando eu presencio alguma cena de ciúmes de um cara com a sua garota. Quer dizer, tem tantas mulheres por aí, porque ter medo de ficar sem aquela se é só procurar outra caso ela vá embora?
Ryan, sinto muito ter deixado você só com o Joseph, aqui fora. Ela me lança um olhar mas logo se vira para o idiota de novo.
Nina, o que está acontecendo, você voltou com esse cara? Ele pergunta olhando para Ian com uma expressão de nojo, que não é muito diferente de como Ian está encarando ele.
Sim, Ian e eu voltamos. Ela confirma.
Isso. Dou um grito vitorioso e um soco no ar, animado. Eu já tinha percebido, mas ouvi-la confirmando é muito melhor.
Os três me olham. O idiota com raiva, Nina com estranheza e Ian com diversão.
Foi mal. Digo dando um sorriso tímido e eles voltam a conversar.
Você vai mesmo voltar com esse cara depois do que ele fez? O idiota pergunta parecendo indignado e vejo a mão de Ian que pende ao lado do seu corpo se fechar em punho, mas ele se controla e não diz anda.
Ryan, eu e Ian conversamos e eu acredito nele...
Não é possível. Ele a corta. O cara te trai e você o perdoa? Você não tem amor próprio, Nina?
Não ouse falar assim com ela, seu merdinha. Ian retira seu braço dos ombros de Nina e avança para cima do idiota, mas Nina toca nele e lhe olha com olhos suplicantes. Ian recua imediatamente.
Olha Ryan, eu vim aqui para me desculpar por te deixar esperando e por não poder mais ser a sua companhia hoje à noite, eu vim aqui por que eu te devo isso. Mas eu não te devo explicações de nada mais. Eu amo Ian e ele me convenceu que é inocente, eu acredito nele e acho que fiz uma enorme burrada ao duvidar dele. Então sim, eu voltei com ele e você não tem nada a ver com isso. Nina diz com a voz controlada e calma e Ian nem tenta disfarçar o sorriso enorme que domina seu rosto, ele laça a cintura dela e lhe dá um beijo no topo da cabeça.
Não tenho nada a ver com isso? Tudo bem, talvez você tenha razão. Mas você já se esqueceu qual ombro amigo estava lá quando você precisou? Quem te ouviu quando você precisava desabafar e quem te abraçou e te ajudou a ajuntar os cacos quando você estava despedaçada? O sorriso de Ian desaparece e uma expressão de raiva e náusea passa por suas feições.
Não, eu não me esqueci, Ryan. Você sabe muito bem que eu sou muito grata por você ter estado lá por mim. Eu não quero que a nossa amizade termine assim, eu me importo com você. Ao ouvir isso Ian aperta o maxilar e seu corpo todo fica tenso. Mas eu amo Ian e é com ele que eu quero ficar para sempre. Gostaria muito que você pudesse aceitar isso e que nós continuássemos sendo amigos.
O idiota solta uma risada debochada e passa a mão pelos cabelos. Ele balança a cabeça dBlandagar enquanto encara o chão e fica em silêncio alguns segundos.
Se você prefere acreditar nesse cara, que assim seja. Mas na próxima vez que ele te machucar, não venha correndo para mim.
Ian solta um grunhido e Nina rapidamente lhe lança um olhar, pedindo silenciosamente que ele não se exalte.
O idiota se vira e sai caminhando, Nina encara suas costas com tristeza, certamente lamentando a perda de um amigo.
Começo a respirar mais aliviado, finalmente as coisas estão bem de novo, e nenhum sangue foi derramado.
Só mais uma coisa. O idiota para e diz, se vira e caminha de volta até nós, mas dessa vez parando mais longe de nós três do que ele estava antes.
“Merda, cedo demais para falar.”
O que foi, Ryan? Nina pergunta.
O idiota coloca as mãos no bolso da calça social preta e encara Ian com um sorriso diabólico no rosto.
 “Merda, isso não vai prestar.”
Você pretende contar para o seu namoradinho tudo o que aconteceu entre nós? O super, mega, idiota sem noção pergunta.
Do que você está falando? O que aconteceu entre vocês? Ian pergunta se virando para Nina. Ela o olha assustada e segura em seus braços.
Calma, Ian. Não aconteceu nada. Ela diz.
Como não? Nina, está se esquecendo daquela noite em que...
Cala a boca, Ryan. Ela diz irritada.
Não, cala a boca por quê? Deixe ele falar. Que noite? O que aconteceu? Ian diz tremendo de raiva.
Não é nada, não significou nada. Nina diz se desculpando.
Ah então aconteceu alguma coisa? Ele pergunta e meu corpo todo fica em alerta. Se o Ian se exaltar eu vou ter que apartar a briga ou se não esse idiota vai acabar indo para o hospital, não que eu pessoalmente queira evitar isso, por mim ele podia ir para o raio que o parta, mas Ian teria sérios problemas.
Sim, quer dizer não, quer dizer, mais ou menos. Nina se enrola e está claramente nervosa.
Droga. Por favor Deus, que ela não tenha feito nada com o idiota, ou ele é um homem morto.
O que aconteceu, Nina? Ian pergunta sem paciência, se exaltando um pouco e fazendo Nina recuar um passo.
Eu e...Bom, foi uma noite que eu estava muito mal e...A gente acabou meio que... Ela tenta explicar mas sem conseguir formar uma frase compreensível, começa a gaguejar e os olhos se enchem de lágrima e eu tenho vontade de chorar também.
“Estava tudo indo tão bem, se não fosse esse filho da puta. Eu vou acabar com ele.”
Não consegue? Tudo bem, eu conto. Eu e Nina dormimos juntos. O idiota diz com um sorriso presunçoso no rosto. Antes que eu posso fazer qualquer coisa, antes que Nina possa abrir a boca para se defender e sem mesmo perguntar se aquilo era verdade, Ian desfere um soco bem no queixo do idiota.
Nina solta um grito e cobre a boca com as mãos, o idiota grita de dor e cambaleia para trás com a mão no queixo e Ian sem dar tempo para que ele se recomponha, parte para cima com uma fúria sanguinária.
Ian acerta socos e chutes no idiota, que tenta revidar, mas não consegue acertar Ian nem uma única vez. O meu amigo é o melhor lutador não profissional que eu conheço.
Nina grita e pede que Ian pare.
Ian, por favor, pare com isso...Ian, é mentira, eu e ele não dormimos juntos, pare por favor. Nina pede desesperada e assim que ouve as palavras, Ian para, deixando o idiota muito machucado caído no chão.
Como assim? Você não dormiu com ele? Ele pergunta com confusão e raiva misturados no olhar, e Nina balança a cabeça.
Então sobre o que você estava tão nervosa? O que aconteceu que você não estava conseguindo me contar? Ele pergunta se aproximando dela.
Ian, meu amor...Eu e o Ryan não dormimos juntos, pelo menos não do jeito que ele deu a entender e que você acha que foi. Ela diz enxugando as lágrimas do rosto.
Como assim? Ian pergunta frio como gelo.
Eu e ele dormimos juntos, mas não desse jeito, nós literalmente dormimos na mesma cama. Ela explica e vejo as expressões duras do meu amigo se transformarem em alivio.
Não se esqueça de contar o que aconteceu antes, querida. O idiota diz quase como um gemido, Ian vira para ele e antes que a pancadaria recomece eu vou até o idiota caído no chão e o levanto puxando-o pelo colarinho da camisa e o coloco de pé.
Cale essa porra dessa boca se você não quiser que ele te mate, filho da puta. Digo, eu mesmo querendo dar uma lição nesse cara para ele deixar de ser tão otário.
O que aconteceu antes? Ian pergunta com um misto de ansiedade e medo na voz.
Foi numa noite, fazia umas cinco semanas que a gente tinha terminado e eu estava muito mal. Tinha encontrado uma foto nossa, daquele feriado que a gente passou na Florida, lembra? Aí eu procurei o Ryan, precisava conversar com alguém e ele estava me ajudando tanto nas últimas semanas. A gente foi para o quarto dele e ficamos deitados na cama escutando a chuva enquanto eu alternava entre chorar e desabafar.
Ian escuta atentamente cada palavra de Nina, ele não se mexe nem um milímetro, toda sua atenção no que ela está contando. Provavelmente está decidindo se ele vai matar ou não o idiota, que por sorte está de boca fechada.
A gente ficou horas daquele jeito, conversando ou então em silêncio enquanto eu chorava. Eu estava tão triste, eu estava morrendo de saudades e queria correr de volta para os seus braços, mas sempre que eu pensava em fazer isso a imagem de você com aquela mulher seminua se beijando voltava a minha cabeça. Várias vezes eu pensei se eu teria me precipitado em não te ouvir, talvez você realmente fosse inocente, pensando bem, eu sabia que aquele cara não era o Ian de verdade. Mas eu estava machucada demais somente com a possibilidade de ter me enganado tanto com relação a você e aquela imagem de vocês dois no seu quarto não saia da minha cabeça. Nina começa a chorar e Ian a puxa para seus braços, ele a abraça firme e apoia o queixo no topo da sua cabeça.
Shhh, baby, está tudo bem. Eu te amo. Ele diz para ela e ela chora mais.
Quando ela se recompõe, se afasta e limpa as lágrimas, respira fundo e continua.
Logo nossa conversa foi indo em outras direções, Ryan foi me distraindo da minha dor e era por isso que eu estava andando muito com ele nas últimas semanas, ele sempre conseguia me distrair nem que fosse por um momento. Fomos conversando sobre diversos assuntos até que em um momento, não sei exatamente como, surgiu um clima. Nós nos aproximamos e ele me beijou, fiquei surpresa mas não o afastei, e acabei retribuindo. O beijo foi se tornando cada vez mais intenso e menos inocente, até que quando me dei por mim, eu estava deitada de costas na cama e o Ryan estava em cima de mim me beijando. Ian e eu escutamos o relato de Nina sem emitir som nenhum, os dois muito interessados em saber o que de fato aconteceu entre eles.
Mesmo pensando que você tinha me traído, eu estava me sentindo péssima, muito culpada por estar beijando outro. Quando ele começou a me acariciar eu me senti doente, sabia que não podia continuar com aquilo, então pedi que ele parasse. Ele parou e eu pedi desculpas por ter deixado aquilo ir longe demais, ele pediu desculpas e disse que tinha sido um momento de fraqueza e que não queria se aproveitar do meu estado, mas que não pode resistir. Eu disse que estava tudo bem, mas o problema era que eu ainda te amava. E foi isso, depois disso eu deitei em seu braço e nós conversamos até ambos cairmos no sono.
Um nos braços do outro? Ian pergunta com dor na voz.
Sim. Nina diz tão baixo que mal a escuto, ela olha para o chão envergonhada.
Sinto muito, Ian. Mas eu te amo, por favor, me perdoe.
Ian encara o chão e não diz nada.
Ian...Você vai me deixar? Nina pergunta engasgando com as próprias lágrimas.
O silêncio perdura, o ar carregado com tensão.
Acho melhor você ir embora, antes que eu me arrependa por não acabar com você por ter beijado e acariciado a minha noiva. Ian diz e eu, o idiota e Nina o olhamos com os olhos arregalados em surpresa.
Noiva? O idiota e Nina perguntam ao mesmo tempo. Mas eu rapidamente compreendo o que ele quer dizer.
Ian já havia falado diversas vezes sobre a vontade de pedir Nina em casamento. Ele disse que queria comprar um anel lindo e fazer algo especial, e que isso seria muito em breve, mas aí todo esse mal entendido aconteceu. Acho que o meu amigo não quer perder mais tempo.
Sim, noiva. Quer dizer, se você aceitar se casar comigo, é claro. Nina cobre a boca aberta em surpresa com as mãos e começa a chorar, mas dessa vez de felicidade.
Ela começa a balançar a cabeça freneticamente e pula nos braços de Ian.
Sim, sim, sim, sim...Mil vezes sim, meu amor. Eu aceito me casar com você, Ian. Eu te amo tanto. Ela diz apertando-o forte e descendo sua boca na dele. Ian a envolve com seus braços e a beija tão intensamente e apaixonadamente que eu sinto a necessidade de desviar o olhar.
Ah meu Deus, estou tão feliz. Nina diz sem fôlego quando eles param de se beijar.
Eu também, meu amor. O que eu mais quero é que você seja minha mulher para sempre. Eu te amo mais que tudo, Nina Dobrev. Eles sorriem um para o outro e se beijam apaixonadamente de novo.
Por um momento, e eu disse apenas por um momento, sinto uma dor aguda no peito. Por um momento, por um breve momento, que assim como rapidamente surgiu rapidamente foi embora, eu senti no fundo da minha alma o desejo de ter aquilo que Ian e Nina tinham, junto com o desejo veio à dor, por saber que eu nunca encontraria aquilo.
A verdade é o seguinte; Eu vivo falando que não acredito no amor, mas na real, eu acredito. Eu digo que não porque eu tento convencer a mim mesmo que eu sou o único normal e o resto do mundo é que tem algum problema. Mas isso é uma grande e deslavada mentira. Eu sou o que tem problemas.
O fato é, eu simplesmente não entendo o amor, e não consigo senti-lo – o amor que um homem sente por uma mulher, eu quero dizer – porque é claro que eu amo meus pais, irmãos e amigos. Eu não consigo querer amar alguém, o que eu quero mesmo é desejar o sentimento de querer amar alguém. Dá para entender?
Eu sei, é confuso. Eu também muitas vezes não entendo. E apesar de 99% do tempo eu estar bem com o fato de não conseguir amar uma mulher e ter um relacionamento sério, de não sentir falta disso e achar que tudo bem se eu nunca me apaixonar, tem 1% do meu tempo, quando eu presencio momentos como esse entre meus pais, ou os pais de Ian, ou meus tios, ou meus primos ou meus amigos, que eu sinto uma dor muito forte em meu peito.
Uma dor que dói não pela falta de amor, mas por ser uma pessoa incapaz de amar, ou de pelo menos sentir falta de possuir a capacidade de ter esse sentimento.
Ian se afasta de Nina e se vira, encarando o idiota. Limpo as lágrimas dos meus olhos antes que elas caiam me denunciando ou que alguém
perceba meus olhos marejados. Agradeço a Deus por a dor sempre chegar e ir embora tão rápido, não sei se aguentaria ela por mais que um breve instante, e morro de medo que um dia ela chegue e não vá mais embora.
Não sei se tenho mais medo dessa dor, ou da dor que eu sentiria se eu pudesse amar e tivesse meu coração despedaçado, como Ian.
Talvez essa incapacidade de amar seja uma benção disfarçada de desgraça.
Pelo amor de Deus, Joseph. Ian diz meu nome me trazendo de volta à realidade. Tire esse cara da minha frente antes que eu mude de ideia e termine o que eu comecei.
Você ouviu. Se mande, cara. Digo me abaixando para pegar a máscara do idiota e lhe entregando.
Acompanho-o até um pedaço do caminho e depois volto para ficar ao lado de Nina e Ian. Olho para ver se o idiota está mesmo indo embora e alivio percorre minhas veias quando vejo que ele de fato se foi.
Você tem certeza que quer casar? Você não precisa tomar essa decisão agora e...
Ian a cala com um beijo, quando se afasta aposto que Nina não se lembra mais o que estava falando.
Eu quero me casar com você, quero muito. E eu não decidi isso assim, de uma hora para outra.
Ah não? Ela pergunta enlaçando seu pescoço e sorrindo apaixonadamente.
Não. Já faz um tempo que eu venho pensando nisso, eu até cheguei a olhar alguns anéis, e só não comprei um porque não achei nenhum que fosse perfeito o suficiente para você.
Oh Ian. Eu não preciso de nada disso, você pode amarrar um barbante em meu dedo que eu serei a mulher mais feliz do mundo. Ela diz e o beija de novo.
“Talvez eu deva ir embora.”
Nada disso, você terá o anel mais lindo do mundo, e eu não medirei esforços para encontra-lo. Sinto muito não poder te dá-lo agora, sinto muito também por esse pedido nada romântico. Eu estava planejando algo muito mais perfeito, mas eu meio que tive que improvisar. Ele ri e a beija na ponta do nariz.
Ah meu amor, isso foi perfeito, pode apostar.
Quer curtir o resto do seu baile, só que com o acompanhante certo dessa vez? Ian lhe pergunta.
Eu gostaria. Você faria isso por mim?
Minha Nina, você ainda não percebeu que eu faço tudo por você? Ele pergunta a olhando com amor enquanto acaricia sua bochecha.
Percebi, mas eu ainda pergunto por que às vezes acho que estou sonhando, e que alguém tão perfeito como você só pode ser fruto da minha imaginação.
Ian ri e a abraça. Já estava com saudades da risada do meu amigo, fazia muito tempo que não a escutava.
Então vamos. Vou rodar você por aquela pista até você ficar tonta. Ele repousa o braço nos ombros dela e ela enlaça a cintura dele com o braço.
Joseph, você vem ou vai ficar parado aí a noite toda? Nina para, se vira e me pergunta.
Ian me olha e o sorriso no rosto dele é contagiante. Permito deixar pela primeira vez em alguns meses o peso da culpa escorregar de meus ombros e cair no chão. Sinto-me muito mais leve. Eu não arruinei a vida do meu melhor amigo para sempre. Ele está feliz de novo, e eu ajudei isso acontecer. Sorrio largamente para os dois e pisco para Ian quando digo:
Eu vou com vocês. Tem duas garotas a quem estou devendo uma dança. 


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