terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 21 MARATONA

Demetria
Coloco tudo dentro de uma caixa.
Cartões, cartas, a almofada de coração, o ursinho de pelúcia falante, cds, dois livros, a caixinha com o colar que ele me deu e nossa aliança de compromisso.
Pego a caixa e desço as escadas, vou andando com ela em meus braços até o dormitório masculino. Espero que Harry esteja lá, assim posso falar tudo de uma vez e deixar as coisas bem claras. Subo as escadas do seu dormitório e paro em frente a sua porta. Equilibrando a caixa em um só braço, bato três vezes na porta.
Escuto passos do outro lado, a chave girando na fechadura e alguém mexendo no trinco. A porta se abre e Harry, com uma camisa de futebol e calça jeans, me recebe.
Ele abre um sorriso largo quando vê que é eu, mas seu sorriso some quando ele olha com confusão para a caixa que eu carrego.
— Bom dia, Henrique. — Luto para soar o mais indiferente possível.
— Henrique? Desde quando você voltou a me chamar assim?
— Desde agora. Espero não estar te interrompendo. — Digo dando uma olhada para dentro do seu apartamento, o som de um jogo de futebol vem da direção da sala.
— Ann, não, não está. — Ele parece confuso com meu modo de trata-lo.
— Que bom, de qualquer forma, eu vou ser rápida. Só vim lhe trazer isso. — Digo e empurro em sua direção a caixa de papelão.
— Que porra é isso? — Ele pergunta olhando o conteúdo com estranheza. Tento não demostrar a magoa por saber que ele não se lembra que foi ele quem me deu tudo isso.  
— Isso são todos os presentes que você me deu desde que começamos a namorar, bem, com exceção das caixas de bombom, que obviamente eu comi. Nossa aliança de compromisso está aí dentro também.
Ele solta um suspiro e volta seu olhar para mim.
— Demi, achei que você tinha desistido dessa ideia maluca de terminar comigo.
— Eu tinha, eu vim na festa que teve ontem, vim para te dizer que estava disposta a te dar uma segunda chance. Mas então te vi se pegando com a vadia da Camilla no corredor do apartamento do Drake.
Ele abre a boca para dizer algo, mas o interrompo antes que ele possa.
— Não. Não negue, não tente se explicar...Eu vi muito bem o que você estava fazendo com ela.
— Demi... — Ele chama meu nome me olhando com cara de filhotinho.
— Acabou, Henrique. E agora eu realmente quero dizer que acabou tudo entre nós. Nosso namoro, nossa amizade, tudo. Achei que o melhor era te trazer tudo isso, já que você quem me deu, você decide o que fazer com isso, se quiser pode jogar fora ou colocar fogo. E não se preocupe, não precisa devolver os presentes que eu te dei. Até nunca mais. — Digo e me viro, ando rapidamente. Preciso sair daqui.
Quando estou quase virando o corredor e ficando fora da vista de Harry, ele começa a falar.
— Tudo bem, ontem eu fiquei com a Camilla, confesso, ok? — Suas palavras me fazem parar. -Mas eu só fiquei com ela por que você estava andando por aí exibindo aquele cara mais velho, você estava me rejeitando e eu sou homem, Demi...Eu só estava me aliviando até poder ter você de volta, não significou nada, nunca significou. Por favor, Demi, eu te amo.
Suas palavras aquecem meu coração, sinto minha determinação fraquejar, mas somente por um breve instante. Lembro-me do que ele fez, de quem ele é e nunca vai deixar de ser.
— Adeus, Henrique. — Digo com a voz fria, sem nem ao menos me virar e olha-lo nos olhos, então recomeço a andar, caminhando cada vez para mais longe dele enquanto Harry grita meu nome.

Alguns dias depois...
Ando por entre as prateleiras repletas de livros procurando por especificamente um. Aquele que eu espero que me faça entender melhor a matéria do Sr. Patterson.
Assim que o localizo pego-o e retorno para meu lugar. Abro no capítulo que me interessa e tento fazer aquele amontoado de letras fazerem algum sentido para mim.
Leio e releio o capítulo, depois pego minhas anotações da aula e comparo ambos. Depois de muito analisar chego a uma conclusão. Das duas uma; Ou o autor desse livro viajou bonito na hora de escrevê-lo, ou meu professor não sabe de nada.
Fecho o livro frustrada e massageio minhas têmporas, acho que estudei tanto que meu cérebro virou geleia.
Em meio ao silêncio da biblioteca, a voz de JJ Lawhorn começa a cantar, constrangidamente percebo que sua voz vem direto de dentro da minha bolsa.
Alguns outros estudantes que também estão passando sua tarde estudando me olham com caras zangadas e a Sra. Lacey, a bibliotecária, me olha feio e faz “Shhh” para mim.
Olho para ela com um olhar de desculpas e apressadamente abro minha bolsa e agarro meu celular.
JOSEPH JONAS chamando...
— Alô? — Atendo sussurrando.
— Alô, oi Demetria sou eu, Joseph.
— Eu sei, seu nome apareceu na tela.
— Ah é, verdade. Então, como está?
— Estou muito bem.
— Que bom, eu estou bem também, caso queira saber.
— Claro, desculpe.
— Shhh. — Sra. Lacey faz ruidosamente.
— O que você quer Joseph? Estou um pouco ocupada agora. — Digo tentando falar mais baixo ainda.
— Sinto muito, não queria atrapalha-la. Estou ligando porque gostaria que você jantasse comigo hoje.
— Jantar? Com você? — Pergunto confusa, realmente não espera por esse convite.
— Sim, hoje à noite.
— Por quê? Você nunca me convidou para jantar antes.
— Eu sei...Então, você está livre hoje a noite?
— Ann sim, estou.
— Ótimo. Que tal umas 8 horas, no meu apartamento?
— Eu não disse que iria. — Digo mais rispidamente do que eu pretendia e se faz silêncio no outro lado da linha.
— Por favor, Little Nips. — Ele pede com a voz mansa.
— Tudo bem, eu vou.
— Ótimo, estarei te esperando. Oito horas no meu apartamento, não se esqueça.
— Certo, até lá então.
— Até as oito, tchau.
Encerro a ligação e guardo meu celular. Por que será que Joseph me convidou para jantar? Que coisa estranha.
Um movimento ao meu lado chama minha atenção, quando me viro dou de cara com a barriga da Sra. Lacey.
Olho para cima, ela está com os braços cruzados e me lança um olhar repreensor.

— Desculpe. — Digo e lhe dou meu melhor sorriso de desculpas.

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