CAPÍTULO 22
Respiro fundo antes de bater a porta,
estou quinze minutos atrasada.
Bato três vezes na porta e dois segundos
depois Joseph a abre, tão rápido que me faz pensar se ele estava ao lado dela
esperando.
— Oi. — Joseph diz percorrendo meu corpo
com seus olhos, se demorando mais nas minhas pernas vestidas com meu jeans
preto.
— Oi, desculpa o atraso, foi o trânsito.
— Sem problemas, o jantar acabou de ser
servido, entre. — Ele diz com um sorriso largo no rosto.
Ele abre espaço e eu entro em seu
apartamento. A última vez que eu estive aqui, ele abriu essa porta e eu pulei
em seu colo e ataquei sua boca, depois ele me levou até seu quarto e fez o
melhor sexo da minha vida.
Só de lembrar disso sinto meu corpo se
aquecer.
Entro no apartamento e um cheiro
delicioso de comida me recebe, assim como uma musica baixa de fundo.
— Que bom que você veio, obrigado por
aceitar meu convite.
— Claro, sem problemas. Obrigado você por
me convidar.
— A comida está na mesa nos esperando,
podemos? — Ele pergunta fazendo gesto para que eu vá à frente.
Sigo em direção à sala de jantar, quando
entro vejo a mesa posta para dois. Alguns utensílios de porcelana fazem
companhia para os pratos, os talheres e as taças. Um cheiro muito bom sai deles.
— Por favor. — Joseph diz puxando a
cadeira para mim.
— Obrigada. — Digo sentando-me.
— Está faltando o vinho, volto em um
minuto.
— Tudo bem.
Ele some pela porta, indo em direção à
cozinha e logo retorna segurando uma garrafa na mão.
Ele a abre e serve as duas taças até a
metade, deixa a garrafa na mesa e se senta em seu lugar, na cabeceira da mesa.
— Gostaria que eu lhe servisse?
— Por favor.
Ele pega meu prato e me serve, o cheiro
delicioso e a aparecia suculenta da comida abrem meu apetite. Depois ele serve
a ele mesmo e volta a se sentar.
Ele sorri para mim e eu sorrio para ele,
sem graça.
— Espero que você goste.
Pego os talheres, coloco uma pequena
quantidade neles e levo até a boca. O gosto é tão delicioso quanto o cheiro e a
aparência.
— Está delicioso. — Digo limpando a boca
no guardanapo.
— Que bom, pedi para a Sra. Bennet
caprichar. — Ele diz e toma um gole de vinho.
— Quem?
— Sra. Bennet, minha empregada.
— Ah sim.
Continuamos comendo em silêncio, mas não
aquele silêncio confortável, e sim o muito desconfortável. Às vezes ele me olha
e sorri sem graça e eu retribuo o gesto igualmente sem graça.
Joseph se mexe frequentemente na cadeira
e parece inquieto, como se quisesse dizer algo.
O que eu mais temia aconteceu, depois que
transamos a relação entre nós dois ficou estranha, isso é obvio pelo silêncio
constrangedor e a tensão pairando no ar.
— Como vão as aulas? — Ele pergunta de
repente.
— Vão bem. — Digo e ele assente. Droga,
devo me esforçar mais para termos uma conversa, ele está se esforçando.
— Estou feliz que logo estarei formada, a
experiência de fazer uma faculdade é maravilhosa, mas sinceramente não vejo a
hora disso tudo terminar. — Digo e ele ri.
— Eu pensava da mesma forma, acho que
todos os universitários pensam assim. Não são todos que aguentam a pressão, se
formar é algo grande. Fico feliz que você esteja no seu caminho para conseguir
mais essa conquista na sua vida.
— Obrigada. Mas e você, como está o
trabalho?
— Está muito bem, obrigado. Desde que fui
promovido minhas responsabilidades triplicaram e o meu tempo para fazê-las
parece que diminuiu, mas estou feliz. Gosto muito do que eu faço.
— A chave para o sucesso. — Digo.
— Com certeza.
Terminamos nosso jantar conseguindo
amenizar o clima, depois que conseguimos engatar uma conversa, o silêncio
constrangedor não voltou a nos incomodar mais.
— Gostaria de sobremesa? A Sra. Bennet
preparou uma Mousse de chocolate deliciosa.
— Adoraria.
— Ótimo, eu vou buscar, por que não me
espera sentada mais confortavelmente no sofá?
— Claro. — Pego minha taça de vinho e
sigo para a sala. Sento-me do sofá e deposito a taça na mesinha de centro.
Alguns instantes depois, Joseph volta
trazendo minha sobremesa e sua taça de vinho reabastecida.
— Não vai comer? — Pergunto ao ver que
ele trouxe sobremesa apenas para mim.
— Não, mas por favor, fique a vontade.
Pego a colher e levo até a boca, sinto o
gosto de chocolate e deixo a mousse derreter em minha língua.
— Deliciosa mesmo, transmita meus
parabéns a Sra. Bennet pelo jantar maravilhoso e por essa sobremesa divina.
— Farei isso. — Ele diz com a voz rouca e
baixa.
Levo mais uma porção de sobremesa a boca,
Joseph observa todos os meus movimentos.
Seguro entre meus dedos o morango grande,
suculento e lambuzado de chocolate que enfeita a mousse e levo até a boca,
mordo e solto um gemido de apreciação.
— Tudo bem, já chega. — Joseph diz
impaciente.
Ele deposita sua taça na mesa, perto da
minha, e rapidamente tira das minhas mãos a sobremesa, também a depositando na
mesa.
— Olha Demetria, eu te chamei aqui hoje
porque eu preciso falar com você. — Seu tom de voz é urgente.
— Então diga.
— A última vez que nos vimos... — Sua voz
falha e seu olhar se torna selvagem, sei que assim como eu ele está lembrando
da nossa noite juntos. — Bem, aquela noite foi muito intensa para mim, foi
incrível, não consigo encontrar palavras que possam te dizer o quanto aquela
noite mexeu comigo.
Ele faz uma pausa, esperando que eu diga
algo, quando permaneço em silêncio, ele continua.
— Eu nunca senti aquilo antes, aquele
desejo, aquela fome de você, aquela vontade incontrolável e enlouquecedora de
te possuir...Eu nunca perdi o controle desse jeito com nenhuma mulher. Eu nunca
senti que desejava tanto alguém que faria qualquer coisa para tê-la.
Ele para de falar novamente e vem se
sentar mais perto de mim, com esse movimento sinto meu coração saltar e meu
corpo se arrepiar, só de tê-lo mais perto.
— Lembra que eu havia te pedido apenas
uma noite? Apenas uma noite para saciar meu desejo por você.
— Lembro, e foi isso que eu te dei
naquela noite que vim aqui.
— Sim, você me deu o que eu pedi, mas o
problema Demetria...É que eu quero mais. — Ele diz me olhando
intensamente, seus lindos olhos azuis parecem aquecer meu corpo, e essa
palavra, “mais”, me faz tremer levemente, só de pensar em ter outra noite
daquelas com Joseph.
— Como assim mais? — Pergunto para saber
o que esse “mais” implica.
— Meu desejo por você não cessou com
aquela noite, ele só aumentou. Depois que você foi embora e durante esses dias
que ficamos sem nos falar, eu pensei sobre o assunto. Pensei no que eu estava
sentindo e nas consequências disso, por isso que eu não te liguei ou fui falar
com você durante dias, porque eu estava tomando uma decisão.
— E o que você decidiu? — Pergunto
começando a ficar ofegante.
— Que eu quero você, não só por uma
noite, duas ou três. Eu quero você na minha cama, todos os dias.
Suas palavras surtem efeito diretamente
no meio das minhas pernas, sinto um calor infernal.
— Não acho que eu entendo, Joseph nós...
— Me escute, apenas me escute. — Ele se
aproxima mais.
— Demetria, eu percebi que meu desejo por
você é forte demais para ser saciado com uma misera noite ou duas. Eu preciso
de mais, muito mais. Por isso, eu gostaria de te fazer uma proposta.
— Que proposta? — Pergunto curiosa.
— Que a gente continue sendo amigos, mas
amigos com um pouco mais de intimidade.
— Você quer dizer amigos com benefícios?
— Isso, exatamente isso que eu quero. Eu
sei que você ama o Harry e disse que iria voltar para ele, mas depois daquela
noite...Algo te fez mudar de ideia e vir até mim, posso presumir que aquela
noite que tivemos significa que você e o Harry ainda não voltaram?
Ouvir sobre Harry ainda é doloroso
demais, então não respondo, só concordo.
— E vocês ainda estão separados, certo?
Concordo com um balançar de cabeça
novamente.
— E você ainda quer voltar com ele?
— Não. A minha história com Harry acabou
definitivamente. Eu ainda o amo, mas está tudo acabado entre nós.
— Ele te fez algo ou...
— Por favor, não pergunte, não quero
falar sobre isso.
— Tudo bem, não vou perguntar nada sobre
esse assunto. Mas posso te perguntar qual é a sua resposta para minha proposta?
— Sinceramente não tenho uma. Não sei o
que pensar sobre isso.
— Você me deseja? Sente tesão por mim?
Quer que aquela noite se repita muitas e muitas vezes? — Ele coloca a mão em
meu joelho e me pergunta.
— Sim. — Respondo quase num sussurro.
— Então, aí está sua resposta. Por favor,
Demetria, diga que sim.
— Eu...Eu não sei...
— Sua indecisão é por causa do que você
sente por Harry?
— Não. — Respondo em um tom zangado. Por
que ficar falando o nome dele?
— Então por quê? Se eu te desejo e você
me deseja...
— Não sei, Joseph. Como seria essa
relação de amigos com benefícios?
— Não tem muito mistério, nós
continuaríamos amigos, porém faríamos sexo. Mas tenho que deixar claro duas
coisas. Primeira coisa é que ninguém, ninguém pode ficar sabendo. Você
sabe muito bem qual seria a reação das nossas famílias se descobrissem, não é?
Sem falar que Ian me mataria por tocar na irmãzinha dele.
— E a segunda? — Pergunto.
— A segunda é que não pode haver, em
hipótese alguma, envolvimento amoroso. Nós não seremos um casal, não pode
existir entre nós mais do que amizade e respeito. O que eu quero dizer é
que...Você não pode se apaixonar por mim, Demetria.
Olho-o chocada. Quanta pretensão, como se
eu fosse me apaixonar por ele. Já gastei minha cota de homens galinhas pelo
resto da vida, aprendi minha lição, homens como Harry e Joseph, nunca mais.
— Isso não é problema.
— Ótimo. Isso quer dizer que você aceita
minha proposta? — Ele me olha com esperança.
Aceito ou não aceito?
Talvez se eu me envolver constantemente
com um homem como Joseph, esquecer Harry seja mais rápido.
Além do mais, o jeito que Joseph fala
sobre o seu desejo por mim, infla meu ego. Minha autoestima está em queda
depois da traição dos meus dois últimos namorados, talvez dormir com um homem
sexy como Joseph me ajude a me sentir mais confiante, e quem sabe ter mais
experiência para garantir que meu próximo namorado não tenha que procurar outra
mulher para satisfaze-lo.
Olho nos fundos dos olhos de Joseph e
enxergo o tamanho da vontade dele de que eu aceite sua proposta.
Pensando bem, não tenho nada a perder e
muito a ganhar. Claro, se ninguém descobrir, porque se isso chegar aos ouvidos
do meu irmão ou do meu pai, Joseph é um homem morto e eu me tornarei uma
prisioneira eterna.
— Tudo bem, eu aceito. Ninguém fica
sabendo e nenhum de nos dois se envolve emocionalmente, combinado?
— Combinadíssimo, agora venha aqui.
Joseph me agarra e me puxa para seu colo,
sua boca vem na minha furiosamente. Ele me beija desesperadamente e com suas
mãos fortes aperta meu corpo.
— Quarto. — Ele se afasta apenas o
suficiente para proferir essa pequena palavra e volta a atacar minha boca.
Levantamo-nos desajeitadamente, com ele
ainda me segurando nos braços e sua boca ainda devorando a minha.
Aos tropeços e gemidos seguimos para seu
quarto. De repente Joseph para e se afasta, caminha até o sofá e eu encaro suas
costas confusa.
— O que foi? — Pergunto.
Ele se vira para mim e vem caminhando em
minha direção com a mousse nas mãos e um sorriso largo e safado nos lábios.
— Esquecemos a sobremesa.
CAPÍTULO 23
Joseph
Oito anos atrás...
Decido deixar a porta aberta, assim não
terei que ficar indo abri-la para alguém a cada cinco minutos.
Não sei de onde está brotando tanta
gente, pelo que eu me lembre, eu havia convidado metade das pessoas que estão
aqui. Provavelmente a outra metade seja formada por acompanhantes e penetras.
Vejo mais duas amigas gostosas entrando
pela porta e dou de ombros. Para mim não importa, quanto mais pessoas melhor,
afinal essa é uma festa, mas não qualquer uma, é a porra da minha festa de
aniversário.
Isso aí, 21 anos, baby!
Retorno da cozinha com uma cerveja e me
apoio na parede enquanto tomo um gole da bebida gelada. Observo todos com um
sorriso no rosto, eles estão dançando, conversando, se pegando...Isso sim é que
é uma festa.
O pessoal vai falar a semana inteira.
Meu sorriso some de meu rosto quando um Ian
com uma expressão confusa entra em nosso apartamento, ele olha todas as pessoas
com uma cara estranha e assim que me avista, sua expressão muda para uma
carranca.
— Você. — Ele diz parecendo bravo
enquanto se aproxima.
— Hey, cara. Quer uma cerveja? — Digo
despreocupadamente.
— Joseph, o que está acontecendo aqui?
— O que parece, uma festa.
— Não me diga, gênio. Eu quero saber o
que todas essas pessoas estão fazendo aqui, você tinha dito que iria convidar
poucas pessoas. — Ele cruza os braços e faz cara feia, como se ele fosse o pai
e eu a criança que o desobedeceu e agora deve se explicar.
— Eu convidei, mas não tenho culpa que
essas pessoas convidaram outras pessoas e essas outra pessoas mais pessoas.
— Joseph, deve ter umas 30 pessoas aqui.
— Ele diz parecendo indignado enquanto observa o ambiente. - E a maioria é
mulher. Você não presta mesmo, não é?
— Ah qual é, cara. Por que em vez de você
ficar aí com essa cara feia e reclamando de tudo, você não pega uma cerveja e
aproveita a minha festa de aniversário?
— De jeito nenhum, sei muito bem como
essa festa vai ficar depois de mais umas cervejas, eu vou é para o meu quarto.
— Como queira, mas não sabe o que está
perdendo. Não esquece que depois você vai ter que me compensar por perder a
festa do seu melhor amigo. — Digo com um sorriso brincalhão enquanto ele se
afasta.
— Ah, claro. Pode deixar que eu vou fazer
isso mesmo. — Ele diz debochadamente e some no corredor que lBlanda aos quartos
e banheiro.
Já faz quase duas horas que a festa
começou e ela está com tudo. Já avistei cinco possíveis candidatas a se
divertir comigo em meu quarto depois. Talvez eu leve as cinco, já que está
difícil de decidir. Sim, as cinco gostosas e eu daria uma bela after party.
Quando estou bebendo mais um gole da
minha cerveja, sinto mãos frias tocando meu braço. Viro-me e me deparo com um
sorriso malicioso enfeitando uns lábios carnudos que eu conheço muito bem.
— Blanda.
— Joseph. — Ela me cumprimenta chegando
mais perto.
— Não sabia que você estava na minha
festa.
— Cheguei agora a pouco. Sabe, fiquei
magoada por você não ter me convidado. Mas acho que eu entendo, essa relação de
ex namorados é complicada mesmo.
— Blanda, pela última vez, nós nunca
fomos namorados. Eu não faço isso e você sempre soube muito bem disso.
Blanda McKenna é uma das mulheres mais
gostosas que eu já tive o prazer de provar. Não, na verdade, ela é a
mulher mais gostosa.
Cabelos negros e sedosos, olhos azuis tão
claros que até dói olha-los, rosto fino, nariz empinadinho e lábios carnudos. E
é claro, um corpo sensacional, de deixar qualquer um louco.
Conheci Blanda há uns nove meses, tivemos
uma noite louca de explodir o cérebro. Ela parecia um animal voraz, não sabia
se era eu quem a estava comendo ou o contrário. Depois disso nos encontramos
mais algumas vezes – ela com certeza não era mulher de uma vez só – ela sempre
vinha até mim com um apetite insaciável. Quando me dei conta, já estávamos
nesse lance a mais de quatro meses. Eu nunca havia transado tantas vezes com
uma única mulher antes, mas Blanda era mais velha e uma loucura na cama, então
eu decidi que tudo bem manter relações sexuais com ela frequentemente.
Obviamente ela sempre soube que não podia
esperar mais de mim do que orgasmos de enlouquecer a mente, ela tinha concordado
com meus termos.
Só que o tempo foi passando e sem me dar
conta, a nossa relação foi se tornando cada vez mais exclusiva, chegou a um
ponto que eu não estava vendo mais ninguém a não ser Blanda. No começo eu não
me importei muito com isso, afinal ela satisfazia meus desejos e não me cobrava
em nada.
Mas tudo que é bom chega a um fim, e o
nosso acordo de prazer mútuo não foi diferente. Blanda começou a ficar grudenta
e muito ciumenta, e quando ela começou a agir como se fosse minha namorada um
alerta vermelho soou em alto e bom som na minha cabeça. Eu tinha que dar o
fora.
Por mais que eu fosse sentir saudades do
seu corpo maravilhoso e dos orgasmos deliciosos que ela me deu, eu sabia que
tinha que acabar com aquilo antes que se tornasse algo que eu absolutamente não
queria.
Um relacionamento sério.
A ideia de namorar, mesmo que uma gostosa
como Blanda, me deixou em pânico. Afinal eu não sentia nada por ela, nada além
de tesão, e com certeza eu não queria renunciar a minha liberdade de poder
enfiar meu pau onde eu bem entendesse. Então eu cortei relações com ela, parei
de atender seus telefonemas, parei de responder suas mensagens, parei de lhe
dar atenção. Só a constatação de quão perto eu havia chegado de ter uma relação
de verdade, deixou meu estômago doente. Depois de uma semana sem noticias de Blanda,
alivio me inundou por saber que ela tinha se tocado e que tudo estava acabado.
Pena que eu estava enganado. Blanda não
aceitou muito bem a rompimento do que quer que tenha sido o que tivemos, então
assustadamente comecei a perceber por suas ações e conversas, que ela realmente
achava que éramos namorados, ela ignorou completamente meus avisos quando nos
conhecemos e começou a agir como uma mulher age no fim de um relacionamento.
Agora faz semanas que ela não larga do
meu pé, sempre tentando reatar um namoro que nunca existiu.
— Ah Joseph, você sabe muito bem que o
que tínhamos era algo especial. Tínhamos um relacionamento tão confortável,
estava funcionando para ambos os lados. Sem falar que o sexo era ótimo. Estou
com saudades de você, docinho.
— Nós não tínhamos um relacionamento, Blanda.
Pelo menos não do jeito que você acha que tínhamos. — Digo tomando um gole da
minha cerveja e olhando desesperadamente para os lados, implorando com os olhos
que alguém venha me salvar.
— Docinho, pare com isso, pare de falar
isso. Pare de ser tão teimoso e volte para mim, prometo ser uma namorada muito
compreensiva, você pode até dar umas escapadinhas de vez em quando, podemos até
dividir algumas das suas putinhas. O que você acha?
Droga, agora ela conseguiu me deixar
ligado. Só de pensar em Blanda e mais alguma gostosa me chupando quase, quase
me faz ter vontade de desistir dessa ideia de afasta-la.
Mas é melhor não arriscar, Blanda já se
mostrou ser uma mulher difícil de desgrudar, não posso ceder à tentação, por
mais difícil que seja.
— Sinto muito, baby. Não vai rolar.
Nesse momento certo movimento me chama a
atenção. Uma mulher vinda da direção do quartos passa correndo por todos, indo
em direção a porta. As pessoas resmungam, mas abrem caminho para ela.
Quando, para desviar de um casal, a
mulher se vira levemente em minha direção, reconheço-a.
— Nina? — Chamo a namorada do meu melhor
amigo. O que será que ela está fazendo aqui? Como ela ficou sabendo da minha
festa?
Ela vira o rosto e procura pela voz que a
chamou, seus olhos se encontram com o meu e foda...Seu lindo rosto está
machado de lágrimas, sua expressão é uma mistura de nojo e tristeza. Ela não
diz nada para mim, retoma sua corrida e sai pela porta.
— Nina, espera. — Um Ian despenteado vem
da mesma direção que Nina veio alguns segundos atrás.
— Nina, por favor, meu amor. — Ele grita
e vai tirando as pessoas do caminho com violência.
Passa pela porta correndo atrás da
namorada, escuto seus gritos abafados pela musica chamando por ela.
“Droga, que porra será que aconteceu?”
— Segura aqui, gata. — Digo empurrando
minha cerveja para Blanda.
— Docinho, onde você vai? — Ela pergunta
me olhando confusa, mas não me dou o trabalho de respondê-la e vou correndo
atrás da Ian.
Quando abro a porta do prédio e saio para
o ar gelado da noite, vejo Ian alcançando Nina e a fazendo olha-lo segurando em
seu braço e virando-a para ficarem frente a frente.
Vou correndo até eles e paro alguns
passos longe com medo de invadir o espaço dos dois.
— Me solta, Ian. — Nina grita tentando se
livrar das mãos fortes de Ian. O rosto dela está coberto de lágrimas.
— Não, você tem que me ouvir, por favor,
meu amor.
— Não me chame mais assim, nunca mais me
chame assim. Deixe-me em paz.- Nina está descontrolada, não para de chorar.
— O que você quer dizer com “nunca mais”?
— Ian pergunta e posso ouvir medo em sua voz, ele vai lentamente soltando os braços
de Nina.
“Será que devo interferir? Ir embora? E
se eu precisar me meter no meio dos dois?”
— Você entendeu perfeitamente, Ian. Está
tudo acabado entre nós.
Caralho!
— Não! — Ian diz soltando um gemido de
dor ao mesmo tempo em que fala.
— O que está acontecendo? — Pergunto, mas
os dois me ignoram.
— Nina, por favor, não faça isso comigo.
Eu te amo. — Ian diz parecendo pronto a cair de joelhos e implorar.
Nina solta uma risada sem humor nenhum,
repleta de magoa e dor, os mesmos que eu observo em seus olhos que brilham e
estão vermelhos por causa das lágrimas.
— Não minta mais para mim, Ian. Se você
me amasse não estaria dando uma festa que mais parece uma orgia. Se você me
amasse não estaria beijando aquela garota seminua no seu quarto. — A voz de Nina
falha no final da frase e ela leva a mão até a boca para segurar os soluços.
“Opa, espera aí! O que ela falou que o Ian
estava fazendo? Devo ter entendido mal, não pode ser.”
— Meu amor, não é assim, você tem que
acreditar em mim. Aquela mulher apareceu no meu quarto, ela se jogou em cima de
mim. — A voz de Ian está desesperada assim como a expressão em seu rosto.
Nina solta uma risada de escárnio como
quem não acredita.
— Essa desculpa já é velha, Ian. Pelo
menos seja homem suficiente e admita o que você fez.
— Mas eu não fiz nada. Eu te amo e só
quero você, meu amor. — Ele tenta levar sua mão até o rosto dela, mas Nina
recua um passo.
— Não me toque. — Ela diz com uma cara de
nojo e vejo uma dor profunda se estabelecer nos olhos de Ian.
— Nina, pelo amor de Deus, me deixe
explicar. Eu sei o que parece...
— Sim, eu também sei o que parece. Parece
que eu me enganei com relação a você, você não é quem eu achava que era. Você é
egoísta, você só pensa em sexo, em diversão, você é...Você é...Você é igual a
ele. — Ela aponta rapidamente para mim e me lança um olhar de nojo misturado
com pena. O que me faz recuar um passo. Ian nem faz menção em se virar para
mim, ele olha para Nina fixamente e só para ela.
— Minha linda, não fala assim, você me
machuca. Eu te amo, eu juro por tudo que é mais sagrado que a única mulher que
eu quero é você. Eu não fiz nada com aquela mulher e nem com nenhuma outra
depois que eu conheci você. Eu não sabia dessa festa, na verdade eu sabia mas
não era para ser uma festa assim, era para ser só uma pequena comemoração, as
coisas saíram do controle, meu amor. Acredite em mim.
— Como eu fui burra. Fui tão burra em
achar que você na faculdade, com todas aquelas mulheres gostosas lá, iria ser
fiel a mim, uma garota do ensino médio. Eu sou mais uma dessas garotas que se
tornam tolas por estarem apaixonadas, que não enxergam o óbvio. Mas eu não vou
mais ser assim. — Ela diz secando as lágrimas e parecendo ter acabado de tomar
uma decisão interna.
— Nina, por favor...
— Não, Ian. Chega. Se é isso que você
quer, se é assim que você quer viver... — Ela faz um aceno com a cabeça em
direção ao nosso apartamento. — Então seja muito feliz fodendo qualquer uma por
aí. Por que eu quero um homem que queira só a mim, quero um homem que me ame e
que queira se casar comigo, não quero alguém que só pensa no prazer e não
percebe que existem coisas mais importantes do que sexo. Eu não quero falar com
você nunca mais, e muito menos te ver. Esqueça que eu existo, vá viver a sua
vida desregrada e me deixe em paz. Adeus. — Ela se vira e começa a caminhar
para longe, Ian está meio curvado, como se estivesse sentindo uma dor muito
forte no peito.
— Não, pelo amor de Deus, não vá embora
meu amor. Não me deixe. — Ian vai até Nina e tenta segura-la, mas ela se
esquiva violentamente e olha para ele com fogo nos olhos.
— Já disse para não me tocar, não quero
suas mãos em mim, Deus sabe onde elas estiveram e o que fizeram. Deixe-me em
paz, Ian. Acabou tudo entre nós e eu não quero mais saber de você. Eu vou
sofrer no começo, mas sei que vou superar, eu vou te esquecer. Vai ser fácil,
vai ser só lembrar do que eu vi hoje.
Ian solta um grunhido que vem do fundo do
peito, um grunhido de quem está com a alma quebrada. Ele cai de joelhos na
frente de Nina a agarra suas pernas, ele chora igual a uma criancinha. Diante
de tamanho desespero, sinto meus próprios olhos umedecerem.
— Não, Nina. Por favor, não faça isso
comigo. Não sei viver sem você, meu amor. Eu sou quem você sempre achou que eu
era, eu sou o homem certo para você, eu quero me casar com você...Deus, eu
quero viver o resto da minha vida com você, então não me deixe.
Nina coloca as mãos no rosto e seu corpo
começa a tremer violentamente.
— Eu te amo tanto, Ian. Por que você fez
isso comigo? — Sua fala é quase inteligível devido a quantidade de soluço e
choro que ela produz.
— Eu também te amo, meu amor. Eu não fiz
nada, nada, eu juro. Acredite em mim. — Ian se agarra firmemente as pernas de Nina
e chora enquanto implora que ela não vá.
Olho ao redor do estacionamento, mas não
vejo mais ninguém observando a cena. Sinto-me um invasor, não deveria estar
aqui, isso é intimo demais, mas não sei o que fazer. Talvez Ian precise de um
ombro amigo, talvez eu possa ajudar de alguma forma.
— Não aguento mais isso, está doendo
muito. Preciso sair daqui, me solte. — Nina diz se desvencilhando do aperto de Ian.
Ele relutantemente e lentamente afrouxa os braços e Nina dá um passo para trás.
— Não me procure mais. — Ela solta em
meio aos soluços e sai dali andando apressadamente. Mesmo com ela se afastando
posso ver seus ombros balançando violentamente.
— Não, Nina, não me deixe. Nina...Nina...Meu
amor... — Ian grita para ela, mas ela não volta. Ele apoia as mãos no asfalto e
chora.
Com meu coração doendo por causa do
sofrimento do meu amigo, com cuidado me aproximo dele.
— Ian, venha. Você tem que sair daqui,
venha irmão. — Paro ao seu lado e lhe estendo a mão.
Ele controla o choro e gradualmente seus
soluços param. Ele lentamente levanta o olhar em minha direção, e o que eu vejo
ali me provoca arrepios. Ele me olha com puro ódio.
— Você. — A palavra reverbera em seu
peito e sai como um rugido, um olhar assassino me encara. — É tudo culpa sua,
tudo culpa sua e dessa sua festa desgraçada. — Ele diz se levantando e eu recuo
um passo.
— Ian, cara, calma. — Digo com medo.
— Calma? Olha só o que você fez! — Ele
grita e sua voz ecoa no estacionamento vazio.
— Por sua culpa a mulher que eu amo me
deixou. Você convidou essas pessoas para a nossa casa, você convidou aquela
mulher nojenta e olha o que ela fez! Ela acabou com a minha vida, vocês dois
acabaram com a minha vida. — Ele grita a plenos pulmões, seu rosto fica
vermelho devido à raiva, uma veia salta de seu pescoço devido pressão.
— É tudo sua culpa, seu filho da puta.
Por que você tem que ser esse idiota de merda que você é? Por que você tem que
ser um prostituto do caralho? Por que você fez isso comigo, hein? — Ele se
exalta mais se isso é possível – e se aproxima mais de mim, com passos ameaçadores.
— É tudo a sua culpa. — Ele repete e com
um passo fecha a distância entre nós, suas mãos se fecham em minha camisa e ele
me puxa com violência para perto, nossos rostos a centímetros um do outro.
— Se a Nina não acreditar em mim, se ela
não voltar para mim, eu juro que eu vou acabar com você. Se ela não voltar, eu
juro, Joseph, eu vou te matar seu desgraçado. — Ele diz com os dentes cerrados
e os olhos vermelhos pelo choro e pela raiva.
E a única coisa que eu consigo pensar
agora é:
“Você ferrou com tudo, Joseph. Você
ferrou com tudo, seu pedaço de merda.”
Gente!!!
desculpa não ter postado ontem esse capítulo e que teve queda de energia aqui e não deu pra postar então aí está o de ontem e o de hoje para compensar, agora comentem para mais....
Esse flash back do Joe é enorme então foi dividido, no decorrer de toda a história vai ter vários desses para entendermos a vida prostituta dele...
Perfeito posta mais!
ResponderExcluirMeu Deus! Que capítulos foram esses Fernanda!
ResponderExcluirSério to amando muito essa fic
E eu amo Nian também.
Essa fic tem dois casais que eu amo!!
Posta mais logo
Tadinhos..... o que o Joe vai fazer para esclarecer os fatos? Ansiosa para mais hot dos dois..... eles vão ficar viciados um no outro kkkkkkk......continua....,.
ResponderExcluirSerá que o Joe vai fazer pela Demi o que o Ian fez para a Nina? Posta mais.
ResponderExcluirCara que amor é esse do Ian pela Nina? Ai que invejaaaa!!!! O amor Jemi vai ser maior ainda? O Joe vai ter a oportunidade de bater no Harry ? Tomara que sim. Posta outro.
ResponderExcluir