quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 22 E 23 MARATONA

CAPÍTULO 22
Respiro fundo antes de bater a porta, estou quinze minutos atrasada.
Bato três vezes na porta e dois segundos depois Joseph a abre, tão rápido que me faz pensar se ele estava ao lado dela esperando.
— Oi. — Joseph diz percorrendo meu corpo com seus olhos, se demorando mais nas minhas pernas vestidas com meu jeans preto.
— Oi, desculpa o atraso, foi o trânsito.
— Sem problemas, o jantar acabou de ser servido, entre. — Ele diz com um sorriso largo no rosto.
Ele abre espaço e eu entro em seu apartamento. A última vez que eu estive aqui, ele abriu essa porta e eu pulei em seu colo e ataquei sua boca, depois ele me levou até seu quarto e fez o melhor sexo da minha vida.
Só de lembrar disso sinto meu corpo se aquecer.
Entro no apartamento e um cheiro delicioso de comida me recebe, assim como uma musica baixa de fundo.
— Que bom que você veio, obrigado por aceitar meu convite.
— Claro, sem problemas. Obrigado você por me convidar.
— A comida está na mesa nos esperando, podemos? — Ele pergunta fazendo gesto para que eu vá à frente.
Sigo em direção à sala de jantar, quando entro vejo a mesa posta para dois. Alguns utensílios de porcelana fazem companhia para os pratos, os talheres e as taças. Um cheiro muito bom sai deles.
— Por favor. — Joseph diz puxando a cadeira para mim.
— Obrigada. — Digo sentando-me.
— Está faltando o vinho, volto em um minuto.
— Tudo bem.
Ele some pela porta, indo em direção à cozinha e logo retorna segurando uma garrafa na mão.
Ele a abre e serve as duas taças até a metade, deixa a garrafa na mesa e se senta em seu lugar, na cabeceira da mesa.
— Gostaria que eu lhe servisse?
— Por favor.
Ele pega meu prato e me serve, o cheiro delicioso e a aparecia suculenta da comida abrem meu apetite. Depois ele serve a ele mesmo e volta a se sentar.
Ele sorri para mim e eu sorrio para ele, sem graça.
— Espero que você goste.
Pego os talheres, coloco uma pequena quantidade neles e levo até a boca. O gosto é tão delicioso quanto o cheiro e a aparência.
— Está delicioso. — Digo limpando a boca no guardanapo.
— Que bom, pedi para a Sra. Bennet caprichar. — Ele diz e toma um gole de vinho.
— Quem?
— Sra. Bennet, minha empregada.
— Ah sim.
Continuamos comendo em silêncio, mas não aquele silêncio confortável, e sim o muito desconfortável. Às vezes ele me olha e sorri sem graça e eu retribuo o gesto igualmente sem graça.
Joseph se mexe frequentemente na cadeira e parece inquieto, como se quisesse dizer algo.
O que eu mais temia aconteceu, depois que transamos a relação entre nós dois ficou estranha, isso é obvio pelo silêncio constrangedor e a tensão pairando no ar.
— Como vão as aulas? — Ele pergunta de repente.
— Vão bem. — Digo e ele assente. Droga, devo me esforçar mais para termos uma conversa, ele está se esforçando.
— Estou feliz que logo estarei formada, a experiência de fazer uma faculdade é maravilhosa, mas sinceramente não vejo a hora disso tudo terminar. — Digo e ele ri.
— Eu pensava da mesma forma, acho que todos os universitários pensam assim. Não são todos que aguentam a pressão, se formar é algo grande. Fico feliz que você esteja no seu caminho para conseguir mais essa conquista na sua vida.
— Obrigada. Mas e você, como está o trabalho?
— Está muito bem, obrigado. Desde que fui promovido minhas responsabilidades triplicaram e o meu tempo para fazê-las parece que diminuiu, mas estou feliz. Gosto muito do que eu faço.
— A chave para o sucesso. — Digo.
— Com certeza.
Terminamos nosso jantar conseguindo amenizar o clima, depois que conseguimos engatar uma conversa, o silêncio constrangedor não voltou a nos incomodar mais.
— Gostaria de sobremesa? A Sra. Bennet preparou uma Mousse de chocolate deliciosa.
— Adoraria.
— Ótimo, eu vou buscar, por que não me espera sentada mais confortavelmente no sofá?
— Claro. — Pego minha taça de vinho e sigo para a sala. Sento-me do sofá e deposito a taça na mesinha de centro.
Alguns instantes depois, Joseph volta trazendo minha sobremesa e sua taça de vinho reabastecida.
— Não vai comer? — Pergunto ao ver que ele trouxe sobremesa apenas para mim.
— Não, mas por favor, fique a vontade.
Pego a colher e levo até a boca, sinto o gosto de chocolate e deixo a mousse derreter em minha língua.
— Deliciosa mesmo, transmita meus parabéns a Sra. Bennet pelo jantar maravilhoso e por essa sobremesa divina.
— Farei isso. — Ele diz com a voz rouca e baixa.
Levo mais uma porção de sobremesa a boca, Joseph observa todos os meus movimentos.
Seguro entre meus dedos o morango grande, suculento e lambuzado de chocolate que enfeita a mousse e levo até a boca, mordo e solto um gemido de apreciação.
— Tudo bem, já chega. — Joseph diz impaciente.
Ele deposita sua taça na mesa, perto da minha, e rapidamente tira das minhas mãos a sobremesa, também a depositando na mesa.
— Olha Demetria, eu te chamei aqui hoje porque eu preciso falar com você. — Seu tom de voz é urgente.
— Então diga.
— A última vez que nos vimos... — Sua voz falha e seu olhar se torna selvagem, sei que assim como eu ele está lembrando da nossa noite juntos. — Bem, aquela noite foi muito intensa para mim, foi incrível, não consigo encontrar palavras que possam te dizer o quanto aquela noite mexeu comigo.
Ele faz uma pausa, esperando que eu diga algo, quando permaneço em silêncio, ele continua.
— Eu nunca senti aquilo antes, aquele desejo, aquela fome de você, aquela vontade incontrolável e enlouquecedora de te possuir...Eu nunca perdi o controle desse jeito com nenhuma mulher. Eu nunca senti que desejava tanto alguém que faria qualquer coisa para tê-la.
Ele para de falar novamente e vem se sentar mais perto de mim, com esse movimento sinto meu coração saltar e meu corpo se arrepiar, só de tê-lo mais perto.
— Lembra que eu havia te pedido apenas uma noite? Apenas uma noite para saciar meu desejo por você.
— Lembro, e foi isso que eu te dei naquela noite que vim aqui.
— Sim, você me deu o que eu pedi, mas o problema Demetria...É que eu quero mais. — Ele diz me olhando intensamente, seus lindos olhos azuis parecem aquecer meu corpo, e essa palavra, “mais”, me faz tremer levemente, só de pensar em ter outra noite daquelas com Joseph.
— Como assim mais? — Pergunto para saber o que esse “mais” implica.
— Meu desejo por você não cessou com aquela noite, ele só aumentou. Depois que você foi embora e durante esses dias que ficamos sem nos falar, eu pensei sobre o assunto. Pensei no que eu estava sentindo e nas consequências disso, por isso que eu não te liguei ou fui falar com você durante dias, porque eu estava tomando uma decisão.
— E o que você decidiu? — Pergunto começando a ficar ofegante.
— Que eu quero você, não só por uma noite, duas ou três. Eu quero você na minha cama, todos os dias.
Suas palavras surtem efeito diretamente no meio das minhas pernas, sinto um calor infernal.
— Não acho que eu entendo, Joseph nós...
— Me escute, apenas me escute. — Ele se aproxima mais.
— Demetria, eu percebi que meu desejo por você é forte demais para ser saciado com uma misera noite ou duas. Eu preciso de mais, muito mais. Por isso, eu gostaria de te fazer uma proposta.
— Que proposta? — Pergunto curiosa.
— Que a gente continue sendo amigos, mas amigos com um pouco mais de intimidade.
— Você quer dizer amigos com benefícios?
— Isso, exatamente isso que eu quero. Eu sei que você ama o Harry e disse que iria voltar para ele, mas depois daquela noite...Algo te fez mudar de ideia e vir até mim, posso presumir que aquela noite que tivemos significa que você e o Harry ainda não voltaram?
Ouvir sobre Harry ainda é doloroso demais, então não respondo, só concordo.
— E vocês ainda estão separados, certo?
Concordo com um balançar de cabeça novamente.
— E você ainda quer voltar com ele?
— Não. A minha história com Harry acabou definitivamente. Eu ainda o amo, mas está tudo acabado entre nós.
— Ele te fez algo ou...
— Por favor, não pergunte, não quero falar sobre isso.
— Tudo bem, não vou perguntar nada sobre esse assunto. Mas posso te perguntar qual é a sua resposta para minha proposta?
— Sinceramente não tenho uma. Não sei o que pensar sobre isso.
— Você me deseja? Sente tesão por mim? Quer que aquela noite se repita muitas e muitas vezes? — Ele coloca a mão em meu joelho e me pergunta.
— Sim. — Respondo quase num sussurro.
— Então, aí está sua resposta. Por favor, Demetria, diga que sim.
— Eu...Eu não sei...
— Sua indecisão é por causa do que você sente por Harry?
— Não. — Respondo em um tom zangado. Por que ficar falando o nome dele?
— Então por quê? Se eu te desejo e você me deseja...
— Não sei, Joseph. Como seria essa relação de amigos com benefícios?
— Não tem muito mistério, nós continuaríamos amigos, porém faríamos sexo. Mas tenho que deixar claro duas coisas. Primeira coisa é que ninguém, ninguém pode ficar sabendo. Você sabe muito bem qual seria a reação das nossas famílias se descobrissem, não é? Sem falar que Ian me mataria por tocar na irmãzinha dele.
— E a segunda? — Pergunto.
— A segunda é que não pode haver, em hipótese alguma, envolvimento amoroso. Nós não seremos um casal, não pode existir entre nós mais do que amizade e respeito. O que eu quero dizer é que...Você não pode se apaixonar por mim, Demetria.
Olho-o chocada. Quanta pretensão, como se eu fosse me apaixonar por ele. Já gastei minha cota de homens galinhas pelo resto da vida, aprendi minha lição, homens como Harry e Joseph, nunca mais.
— Isso não é problema.
— Ótimo. Isso quer dizer que você aceita minha proposta? — Ele me olha com esperança.
Aceito ou não aceito?
Talvez se eu me envolver constantemente com um homem como Joseph, esquecer Harry seja mais rápido.
Além do mais, o jeito que Joseph fala sobre o seu desejo por mim, infla meu ego. Minha autoestima está em queda depois da traição dos meus dois últimos namorados, talvez dormir com um homem sexy como Joseph me ajude a me sentir mais confiante, e quem sabe ter mais experiência para garantir que meu próximo namorado não tenha que procurar outra mulher para satisfaze-lo.
Olho nos fundos dos olhos de Joseph e enxergo o tamanho da vontade dele de que eu aceite sua proposta.
Pensando bem, não tenho nada a perder e muito a ganhar. Claro, se ninguém descobrir, porque se isso chegar aos ouvidos do meu irmão ou do meu pai, Joseph é um homem morto e eu me tornarei uma prisioneira eterna.
— Tudo bem, eu aceito. Ninguém fica sabendo e nenhum de nos dois se envolve emocionalmente, combinado?
— Combinadíssimo, agora venha aqui.
Joseph me agarra e me puxa para seu colo, sua boca vem na minha furiosamente. Ele me beija desesperadamente e com suas mãos fortes aperta meu corpo.
— Quarto. — Ele se afasta apenas o suficiente para proferir essa pequena palavra e volta a atacar minha boca.
Levantamo-nos desajeitadamente, com ele ainda me segurando nos braços e sua boca ainda devorando a minha.
Aos tropeços e gemidos seguimos para seu quarto. De repente Joseph para e se afasta, caminha até o sofá e eu encaro suas costas confusa.
— O que foi? — Pergunto.
Ele se vira para mim e vem caminhando em minha direção com a mousse nas mãos e um sorriso largo e safado nos lábios.

— Esquecemos a sobremesa.

CAPÍTULO 23 
Joseph
Oito anos atrás...
Decido deixar a porta aberta, assim não terei que ficar indo abri-la para alguém a cada cinco minutos.
Não sei de onde está brotando tanta gente, pelo que eu me lembre, eu havia convidado metade das pessoas que estão aqui. Provavelmente a outra metade seja formada por acompanhantes e penetras.
Vejo mais duas amigas gostosas entrando pela porta e dou de ombros. Para mim não importa, quanto mais pessoas melhor, afinal essa é uma festa, mas não qualquer uma, é a porra da minha festa de aniversário.
Isso aí, 21 anos, baby!
Retorno da cozinha com uma cerveja e me apoio na parede enquanto tomo um gole da bebida gelada. Observo todos com um sorriso no rosto, eles estão dançando, conversando, se pegando...Isso sim é que é uma festa.
O pessoal vai falar a semana inteira.
Meu sorriso some de meu rosto quando um Ian com uma expressão confusa entra em nosso apartamento, ele olha todas as pessoas com uma cara estranha e assim que me avista, sua expressão muda para uma carranca.
— Você. — Ele diz parecendo bravo enquanto se aproxima.
— Hey, cara. Quer uma cerveja? — Digo despreocupadamente.
— Joseph, o que está acontecendo aqui?
— O que parece, uma festa.
— Não me diga, gênio. Eu quero saber o que todas essas pessoas estão fazendo aqui, você tinha dito que iria convidar poucas pessoas. — Ele cruza os braços e faz cara feia, como se ele fosse o pai e eu a criança que o desobedeceu e agora deve se explicar.
— Eu convidei, mas não tenho culpa que essas pessoas convidaram outras pessoas e essas outra pessoas mais pessoas.
— Joseph, deve ter umas 30 pessoas aqui. — Ele diz parecendo indignado enquanto observa o ambiente. - E a maioria é mulher. Você não presta mesmo, não é?
— Ah qual é, cara. Por que em vez de você ficar aí com essa cara feia e reclamando de tudo, você não pega uma cerveja e aproveita a minha festa de aniversário?
— De jeito nenhum, sei muito bem como essa festa vai ficar depois de mais umas cervejas, eu vou é para o meu quarto.
— Como queira, mas não sabe o que está perdendo. Não esquece que depois você vai ter que me compensar por perder a festa do seu melhor amigo. — Digo com um sorriso brincalhão enquanto ele se afasta.
— Ah, claro. Pode deixar que eu vou fazer isso mesmo. — Ele diz debochadamente e some no corredor que lBlanda aos quartos e banheiro.
Já faz quase duas horas que a festa começou e ela está com tudo. Já avistei cinco possíveis candidatas a se divertir comigo em meu quarto depois. Talvez eu leve as cinco, já que está difícil de decidir. Sim, as cinco gostosas e eu daria uma bela after party.
Quando estou bebendo mais um gole da minha cerveja, sinto mãos frias tocando meu braço. Viro-me e me deparo com um sorriso malicioso enfeitando uns lábios carnudos que eu conheço muito bem.
— Blanda.
— Joseph. — Ela me cumprimenta chegando mais perto.
— Não sabia que você estava na minha festa.
— Cheguei agora a pouco. Sabe, fiquei magoada por você não ter me convidado. Mas acho que eu entendo, essa relação de ex namorados é complicada mesmo.
— Blanda, pela última vez, nós nunca fomos namorados. Eu não faço isso e você sempre soube muito bem disso.
Blanda McKenna é uma das mulheres mais gostosas que eu já tive o prazer de provar. Não, na verdade, ela é a mulher mais gostosa.
Cabelos negros e sedosos, olhos azuis tão claros que até dói olha-los, rosto fino, nariz empinadinho e lábios carnudos. E é claro, um corpo sensacional, de deixar qualquer um louco.
Conheci Blanda há uns nove meses, tivemos uma noite louca de explodir o cérebro. Ela parecia um animal voraz, não sabia se era eu quem a estava comendo ou o contrário. Depois disso nos encontramos mais algumas vezes – ela com certeza não era mulher de uma vez só – ela sempre vinha até mim com um apetite insaciável. Quando me dei conta, já estávamos nesse lance a mais de quatro meses. Eu nunca havia transado tantas vezes com uma única mulher antes, mas Blanda era mais velha e uma loucura na cama, então eu decidi que tudo bem manter relações sexuais com ela frequentemente.
Obviamente ela sempre soube que não podia esperar mais de mim do que orgasmos de enlouquecer a mente, ela tinha concordado com meus termos.
Só que o tempo foi passando e sem me dar conta, a nossa relação foi se tornando cada vez mais exclusiva, chegou a um ponto que eu não estava vendo mais ninguém a não ser Blanda. No começo eu não me importei muito com isso, afinal ela satisfazia meus desejos e não me cobrava em nada.
Mas tudo que é bom chega a um fim, e o nosso acordo de prazer mútuo não foi diferente. Blanda começou a ficar grudenta e muito ciumenta, e quando ela começou a agir como se fosse minha namorada um alerta vermelho soou em alto e bom som na minha cabeça. Eu tinha que dar o fora.
Por mais que eu fosse sentir saudades do seu corpo maravilhoso e dos orgasmos deliciosos que ela me deu, eu sabia que tinha que acabar com aquilo antes que se tornasse algo que eu absolutamente não queria.
Um relacionamento sério.
A ideia de namorar, mesmo que uma gostosa como Blanda, me deixou em pânico. Afinal eu não sentia nada por ela, nada além de tesão, e com certeza eu não queria renunciar a minha liberdade de poder enfiar meu pau onde eu bem entendesse. Então eu cortei relações com ela, parei de atender seus telefonemas, parei de responder suas mensagens, parei de lhe dar atenção. Só a constatação de quão perto eu havia chegado de ter uma relação de verdade, deixou meu estômago doente. Depois de uma semana sem noticias de Blanda, alivio me inundou por saber que ela tinha se tocado e que tudo estava acabado.
Pena que eu estava enganado. Blanda não aceitou muito bem a rompimento do que quer que tenha sido o que tivemos, então assustadamente comecei a perceber por suas ações e conversas, que ela realmente achava que éramos namorados, ela ignorou completamente meus avisos quando nos conhecemos e começou a agir como uma mulher age no fim de um relacionamento.
Agora faz semanas que ela não larga do meu pé, sempre tentando reatar um namoro que nunca existiu.
— Ah Joseph, você sabe muito bem que o que tínhamos era algo especial. Tínhamos um relacionamento tão confortável, estava funcionando para ambos os lados. Sem falar que o sexo era ótimo. Estou com saudades de você, docinho.
— Nós não tínhamos um relacionamento, Blanda. Pelo menos não do jeito que você acha que tínhamos. — Digo tomando um gole da minha cerveja e olhando desesperadamente para os lados, implorando com os olhos que alguém venha me salvar.
— Docinho, pare com isso, pare de falar isso. Pare de ser tão teimoso e volte para mim, prometo ser uma namorada muito compreensiva, você pode até dar umas escapadinhas de vez em quando, podemos até dividir algumas das suas putinhas. O que você acha?
Droga, agora ela conseguiu me deixar ligado. Só de pensar em Blanda e mais alguma gostosa me chupando quase, quase me faz ter vontade de desistir dessa ideia de afasta-la.
Mas é melhor não arriscar, Blanda já se mostrou ser uma mulher difícil de desgrudar, não posso ceder à tentação, por mais difícil que seja.
— Sinto muito, baby. Não vai rolar.
Nesse momento certo movimento me chama a atenção. Uma mulher vinda da direção do quartos passa correndo por todos, indo em direção a porta. As pessoas resmungam, mas abrem caminho para ela.
Quando, para desviar de um casal, a mulher se vira levemente em minha direção, reconheço-a.
— Nina? — Chamo a namorada do meu melhor amigo. O que será que ela está fazendo aqui? Como ela ficou sabendo da minha festa?
Ela vira o rosto e procura pela voz que a chamou, seus olhos se encontram com o meu e foda...Seu lindo rosto está machado de lágrimas, sua expressão é uma mistura de nojo e tristeza. Ela não diz nada para mim, retoma sua corrida e sai pela porta.
— Nina, espera. — Um Ian despenteado vem da mesma direção que Nina veio alguns segundos atrás.
— Nina, por favor, meu amor. — Ele grita e vai tirando as pessoas do caminho com violência.
Passa pela porta correndo atrás da namorada, escuto seus gritos abafados pela musica chamando por ela.
“Droga, que porra será que aconteceu?”
— Segura aqui, gata. — Digo empurrando minha cerveja para Blanda.
— Docinho, onde você vai? — Ela pergunta me olhando confusa, mas não me dou o trabalho de respondê-la e vou correndo atrás da Ian.
Quando abro a porta do prédio e saio para o ar gelado da noite, vejo Ian alcançando Nina e a fazendo olha-lo segurando em seu braço e virando-a para ficarem frente a frente.
Vou correndo até eles e paro alguns passos longe com medo de invadir o espaço dos dois.
— Me solta, Ian. — Nina grita tentando se livrar das mãos fortes de Ian. O rosto dela está coberto de lágrimas.
— Não, você tem que me ouvir, por favor, meu amor.
— Não me chame mais assim, nunca mais me chame assim. Deixe-me em paz.- Nina está descontrolada, não para de chorar.
— O que você quer dizer com “nunca mais”? — Ian pergunta e posso ouvir medo em sua voz, ele vai lentamente soltando os braços de Nina.
“Será que devo interferir? Ir embora? E se eu precisar me meter no meio dos dois?”
— Você entendeu perfeitamente, Ian. Está tudo acabado entre nós.
Caralho!
— Não! — Ian diz soltando um gemido de dor ao mesmo tempo em que fala.
— O que está acontecendo? — Pergunto, mas os dois me ignoram.
— Nina, por favor, não faça isso comigo. Eu te amo. — Ian diz parecendo pronto a cair de joelhos e implorar.
Nina solta uma risada sem humor nenhum, repleta de magoa e dor, os mesmos que eu observo em seus olhos que brilham e estão vermelhos por causa das lágrimas.
— Não minta mais para mim, Ian. Se você me amasse não estaria dando uma festa que mais parece uma orgia. Se você me amasse não estaria beijando aquela garota seminua no seu quarto. — A voz de Nina falha no final da frase e ela leva a mão até a boca para segurar os soluços.
“Opa, espera aí! O que ela falou que o Ian estava fazendo? Devo ter entendido mal, não pode ser.”
— Meu amor, não é assim, você tem que acreditar em mim. Aquela mulher apareceu no meu quarto, ela se jogou em cima de mim. — A voz de Ian está desesperada assim como a expressão em seu rosto.
Nina solta uma risada de escárnio como quem não acredita.
— Essa desculpa já é velha, Ian. Pelo menos seja homem suficiente e admita o que você fez.
— Mas eu não fiz nada. Eu te amo e só quero você, meu amor. — Ele tenta levar sua mão até o rosto dela, mas Nina recua um passo.
— Não me toque. — Ela diz com uma cara de nojo e vejo uma dor profunda se estabelecer nos olhos de Ian.
— Nina, pelo amor de Deus, me deixe explicar. Eu sei o que parece...
— Sim, eu também sei o que parece. Parece que eu me enganei com relação a você, você não é quem eu achava que era. Você é egoísta, você só pensa em sexo, em diversão, você é...Você é...Você é igual a ele. — Ela aponta rapidamente para mim e me lança um olhar de nojo misturado com pena. O que me faz recuar um passo. Ian nem faz menção em se virar para mim, ele olha para Nina fixamente e só para ela.
— Minha linda, não fala assim, você me machuca. Eu te amo, eu juro por tudo que é mais sagrado que a única mulher que eu quero é você. Eu não fiz nada com aquela mulher e nem com nenhuma outra depois que eu conheci você. Eu não sabia dessa festa, na verdade eu sabia mas não era para ser uma festa assim, era para ser só uma pequena comemoração, as coisas saíram do controle, meu amor. Acredite em mim.
— Como eu fui burra. Fui tão burra em achar que você na faculdade, com todas aquelas mulheres gostosas lá, iria ser fiel a mim, uma garota do ensino médio. Eu sou mais uma dessas garotas que se tornam tolas por estarem apaixonadas, que não enxergam o óbvio. Mas eu não vou mais ser assim. — Ela diz secando as lágrimas e parecendo ter acabado de tomar uma decisão interna.
— Nina, por favor...
— Não, Ian. Chega. Se é isso que você quer, se é assim que você quer viver... — Ela faz um aceno com a cabeça em direção ao nosso apartamento. — Então seja muito feliz fodendo qualquer uma por aí. Por que eu quero um homem que queira só a mim, quero um homem que me ame e que queira se casar comigo, não quero alguém que só pensa no prazer e não percebe que existem coisas mais importantes do que sexo. Eu não quero falar com você nunca mais, e muito menos te ver. Esqueça que eu existo, vá viver a sua vida desregrada e me deixe em paz. Adeus. — Ela se vira e começa a caminhar para longe, Ian está meio curvado, como se estivesse sentindo uma dor muito forte no peito.
— Não, pelo amor de Deus, não vá embora meu amor. Não me deixe. — Ian vai até Nina e tenta segura-la, mas ela se esquiva violentamente e olha para ele com fogo nos olhos.
— Já disse para não me tocar, não quero suas mãos em mim, Deus sabe onde elas estiveram e o que fizeram. Deixe-me em paz, Ian. Acabou tudo entre nós e eu não quero mais saber de você. Eu vou sofrer no começo, mas sei que vou superar, eu vou te esquecer. Vai ser fácil, vai ser só lembrar do que eu vi hoje.
Ian solta um grunhido que vem do fundo do peito, um grunhido de quem está com a alma quebrada. Ele cai de joelhos na frente de Nina a agarra suas pernas, ele chora igual a uma criancinha. Diante de tamanho desespero, sinto meus próprios olhos umedecerem.
— Não, Nina. Por favor, não faça isso comigo. Não sei viver sem você, meu amor. Eu sou quem você sempre achou que eu era, eu sou o homem certo para você, eu quero me casar com você...Deus, eu quero viver o resto da minha vida com você, então não me deixe.
Nina coloca as mãos no rosto e seu corpo começa a tremer violentamente.
— Eu te amo tanto, Ian. Por que você fez isso comigo? — Sua fala é quase inteligível devido a quantidade de soluço e choro que ela produz.
— Eu também te amo, meu amor. Eu não fiz nada, nada, eu juro. Acredite em mim. — Ian se agarra firmemente as pernas de Nina e chora enquanto implora que ela não vá.
Olho ao redor do estacionamento, mas não vejo mais ninguém observando a cena. Sinto-me um invasor, não deveria estar aqui, isso é intimo demais, mas não sei o que fazer. Talvez Ian precise de um ombro amigo, talvez eu possa ajudar de alguma forma.
— Não aguento mais isso, está doendo muito. Preciso sair daqui, me solte. — Nina diz se desvencilhando do aperto de Ian. Ele relutantemente e lentamente afrouxa os braços e Nina dá um passo para trás.
— Não me procure mais. — Ela solta em meio aos soluços e sai dali andando apressadamente. Mesmo com ela se afastando posso ver seus ombros balançando violentamente.
— Não, Nina, não me deixe. Nina...Nina...Meu amor... — Ian grita para ela, mas ela não volta. Ele apoia as mãos no asfalto e chora.
Com meu coração doendo por causa do sofrimento do meu amigo, com cuidado me aproximo dele.
— Ian, venha. Você tem que sair daqui, venha irmão. — Paro ao seu lado e lhe estendo a mão.
Ele controla o choro e gradualmente seus soluços param. Ele lentamente levanta o olhar em minha direção, e o que eu vejo ali me provoca arrepios. Ele me olha com puro ódio.
— Você. — A palavra reverbera em seu peito e sai como um rugido, um olhar assassino me encara. — É tudo culpa sua, tudo culpa sua e dessa sua festa desgraçada. — Ele diz se levantando e eu recuo um passo.
— Ian, cara, calma. — Digo com medo.
— Calma? Olha só o que você fez! — Ele grita e sua voz ecoa no estacionamento vazio.
— Por sua culpa a mulher que eu amo me deixou. Você convidou essas pessoas para a nossa casa, você convidou aquela mulher nojenta e olha o que ela fez! Ela acabou com a minha vida, vocês dois acabaram com a minha vida. — Ele grita a plenos pulmões, seu rosto fica vermelho devido à raiva, uma veia salta de seu pescoço devido pressão.
— É tudo sua culpa, seu filho da puta. Por que você tem que ser esse idiota de merda que você é? Por que você tem que ser um prostituto do caralho? Por que você fez isso comigo, hein? — Ele se exalta mais se isso é possível – e se aproxima mais de mim, com passos ameaçadores.
— É tudo a sua culpa. — Ele repete e com um passo fecha a distância entre nós, suas mãos se fecham em minha camisa e ele me puxa com violência para perto, nossos rostos a centímetros um do outro.
— Se a Nina não acreditar em mim, se ela não voltar para mim, eu juro que eu vou acabar com você. Se ela não voltar, eu juro, Joseph, eu vou te matar seu desgraçado. — Ele diz com os dentes cerrados e os olhos vermelhos pelo choro e pela raiva.
E a única coisa que eu consigo pensar agora é:
“Você ferrou com tudo, Joseph. Você ferrou com tudo, seu pedaço de merda.” 

Gente!!!
desculpa não ter postado ontem esse capítulo e que teve queda de energia aqui e não deu pra postar então aí está o de ontem e o de hoje para compensar, agora comentem para mais....  
Esse flash back do Joe é enorme então foi dividido, no decorrer de toda a história vai ter vários desses para entendermos a vida prostituta dele... 

5 comentários:

  1. Meu Deus! Que capítulos foram esses Fernanda!
    Sério to amando muito essa fic
    E eu amo Nian também.
    Essa fic tem dois casais que eu amo!!
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  2. Tadinhos..... o que o Joe vai fazer para esclarecer os fatos? Ansiosa para mais hot dos dois..... eles vão ficar viciados um no outro kkkkkkk......continua....,.

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  3. Será que o Joe vai fazer pela Demi o que o Ian fez para a Nina? Posta mais.

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  4. Cara que amor é esse do Ian pela Nina? Ai que invejaaaa!!!! O amor Jemi vai ser maior ainda? O Joe vai ter a oportunidade de bater no Harry ? Tomara que sim. Posta outro.

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