quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 26 MARATONA

Joseph
Ajeito o travesseiro e deito. Viro para o outro lado e puxo o edredom até meu pescoço. Não fico nem cinco minutos assim e me viro para o outro lado, puxo o edredom para baixo, deixando-o em minha cintura.
Fecho os olhos e tento desligar minha mente de tudo para que eu consiga dormir. Não funciona. Viro, ficando de barriga para baixo, aperto os olhos com força e solto um suspiro. Preciso dormir, daqui a poucas horas vou ter que levantar e ir trabalhar. Viro-me de novo, deitando de costas. Olho para o relógio e vejo que são 1:30 da manhã. Eu tenho que acordar às 6h. Ótimo. Eu sempre dormi como uma pedra, então porque porra eu estou me revirando na cama faz horas sem conseguir dormir? Que saco. Percebendo que não vou conseguir dormir tão cedo, decido me levantar e trabalhar um pouco. Vou até meu escritório, sento-me na poltrona de couro e ligo o notebook. Começo a trabalhar na nova proposta que vou ter que apresentar para os acionistas da Thompson Reuters Company, na semana que vem. Peixe grande. Se eu fechar esse negócio, meu chefe vai beijar a sola do meu sapato. Será um dos maiores contratos já assinados por nossa empresa. Sem falar que ter a Thompson Reuters Company na nossa lista de clientes irá atrair muitas outras empresas e companhias de renome para nós. Já tenho a apresentação toda na minha cabeça, comecei a trabalhar nela alguns dias atrás e tenho mais essa semana para deixa-la perfeita. As horas vão passando, continuo trabalhando na minha proposta enquanto nas minhas costas Dallas pulsa com sua vida noturna selvagem.

Demetria
Visto uma roupa confortável, calça cargo verde musgo e uma regata branca. Desligo o secador e arrumo meu cabelo em um rabo de cavalo funcional.
Graças a Deus que quando voltei da minha maratona de estudos com as meninas, Camilla não estava em casa. Assim pude tomar meu banho tranquilamente e agora, vou poder comer alguma coisa na mais completa paz. Estou tão cansada para fazer algo mais elaborado, então decido fazer apenas um sanduiche. Depois de comer vou cair na minha cama e desmaiar até amanhã. Se fosse por Joseph, eu estaria fazendo meu caminho para sua casa agora mesmo. No final da tarde, quando eu ainda estava na biblioteca me matando de estudar, recebi uma mensagem dele. Ele queria saber se eu estaria lá no horário de sempre. Respondi dizendo que hoje não poderíamos nos encontrar, pois depois de estudar o dia inteiro, estava sem energia e a única coisa que eu queria era a minha cama.
Ele demorou em responder, e quando o fez, foi um curto e grosso “tudo bem, nos vemos amanhã.” Muito diferente da sua primeira mensagem, que parecia mais animada. Talvez ele tenha ficado chateado por não tê-lo avisado antes, mas se for isso, ele está exagerando. Nós passamos o último mês inteiro nos vendo todos os dias, além de eu ter dormido todas as noites em seu apartamento. Um ou dois dias sem sexo não deve mata-lo. Caminho até a cozinha, mas paro no meio do caminho quando escuto alguém batendo na porta, então vou abri-la. Quando abro a porta, o ruivo do outro lado dela era a última pessoa que eu esperava ver. Desde o dia em que eu joguei aquela caixa em seus braços e disse que tudo entre nós havia terminado definitivamente, Harry não me procurou mais, até hoje.
— Oi Demi. — Ele me cumprimenta com aquele sorriso que eu tanto amava, surpreendentemente, percebo que ele já não me afeta tanto quanto antes.
— O que você está fazendo aqui? Camilla não está.
— Eu não vim aqui por ela, vim falar com você. Posso entrar?
— Olha, Henrique, se eu me lembro bem, eu havia dito que não queria mais te ver. Então, adeus. — Digo fechando a porta, ele estica o pé, me fazendo abri-la de novo.
— Espere, Demi.
— O que foi?- Pergunto apoiando uma mão em minha cintura e outra na porta.
— Você gostou das minhas flores? — Ele pergunta e eu o olho com confusão.
— Que flores? — Pergunto.
— Eu te enviei um buquê de rosas vermelhas. Você não recebeu? — Agora ele é quem parece confuso.
— Um momento, o buquê era para mim?
— Como assim?
— Três dias atrás Camilla recebeu um buquê de rosas vermelhas, mas ela disse que era para ela. — Explico.
— Mas que vadia. — Ele sussurra para ele mesmo enquanto esfrega o queixo. — Não era para ela coisa nenhuma, era para você. Eu tinha até escrito um cartão com o seu nome. Pedi que o garoto da floricultura estregasse somente para você, mas que idiota.
— Bem, então obrigada pelas flores. Mas você não deveria ter feito isso, não estamos mais juntos.
— Sinto muito que você não tenha recebido meu presente. Eu sei muito bem que não estamos mais juntos, mas isso não me impede de continuar pensando em você, Demi. Eu te amo.
— Por favor, não comece. — Peço.
— Estou com tanta saudade de você, linda. Diga-me o que eu posso fazer para te ter de volta.
— Henrique, eu já disse, acabou. — Dizer essas palavras não doeu tanto como na última vez. É claro que eu não superei Harry completamente, ver ele ainda mexe comigo, mas fico aliviada em constatar que ele não me afeta tanto quanto antes, apesar de ainda provocar algumas reações em meu corpo.
— Demi, minha linda, não seja tão dura comigo, por favor. Eu me arrependi de ter feito o que fiz, eu nunca mais vou olhar para outra mulher, eu prometo. Volte para mim e vamos continuar de onde nós paramos. A gente sempre se deu tão bem, a gente se ama tanto, não deixe Camilla atrapalhar isso.
— Acontece que não dá, Henrique. Eu não consigo esquecer o que você fez, a magia acabou. Mesmo que voltássemos, não seria como antes. Não insista em tentar reviver algo que está definitivamente morto. — Surpreendendo a mim mesma, minhas palavras saem calmamente.
Ele dá um passo para frente e chega muito perto de mim, sua mão vem para o meu rosto, ele acaricia minha bochecha e seu toque já não me provoca mais arrepios.
— Eu quero voltar a ser só Harry para você, quero escutar de novo você me chamando de “meu amor,” quero voltar a passar a maior parte do dia ao seu lado, quero voltar a fazer amor com você, Demetria.
Oh caramba! Agora ele conseguiu alguma reação perceptível do meu corpo.
Fazer amor...Eu sinto falta disso. Por mais que as minhas noites com Joseph seja arrebatadores e inesquecíveis, o que nós fazemos em sua cama é sexo, e eu sinto falta de fazer amor. De ter essa intimidade com alguém que eu ame e que me ame de volta. Ser selvagem, mas apaixonado ao mesmo tempo. O sexo com Joseph é selvagem, feroz, necessitado, mas nunca suave, terno, carinhoso ou apaixonado.
Eu não quero me esquecer de como é isso, não quero só fazer sexo sem amor.
Talvez eu possa ter isso de novo, algum dia. Mas infelizmente, não será com Harry, mesmo que eu me sinta tentada a ceder.
— Sinto muito, mas não tem mais volta para nós. Realmente acabou tudo. Quanto antes você aceitar isso, melhor. Só tente não cometer o mesmo erro com a próxima garota pela qual você se apaixonar, ok?
— Eu sou apaixonado por você, só por você. E eu vou provar isso, vou te mostrar que eu te amo e vou conseguir você de volta, você vai ver. — Ele diz parecendo determinado.
— Adeus, Henrique.
— Adeus não, Demi. Até logo. — Ele diz e então se afasta, me dá um sorriso um pouco triste e se vai.

Fecho a porta e apoio minha testa nela, fechando os olhos os aperto com força. Depois de alguns segundos me dirijo ao meu quarto. Perdi a fome. 

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