Nossa, faz
mesmo muito tempo que eu não recebo uma mensagem dessas.
Isso é meio
que um código nosso, ou era. Harry é
um cara sempre muito confiante em si e nas suas habilidades, mas às vezes ele
tem problemas e incertezas como qualquer um, e normalmente o lugar que ele vai
para tentar clarear a cabeça e resolver esses problemas, é o campo de futebol
da faculdade.
Quando
namorávamos, e antes disso também, quando ele realmente estava confuso ou com
algum problema que o estava incomodando muito, ele me mandava uma mensagem
parecida com essa. Quando eu a recebia sabia que era coisa séria, porque Harry não é o tipo de cara que
normalmente expõe suas fraquezas, então eu sempre ia correndo até ele.
Mas agora a
questão é; Devo ir atrás dele? Quer dizer, se ele me enviou essa mensagem a
essa hora, algo deve estar mesmo o incomodando, e se eu realmente estou
voltando a ser sua amiga, eu deveria ir, não é mesmo? Afinal, é para isso que
os amigos servem, ajudar uns aos outros.
Decido ir,
talvez ele esteja mesmo precisando de alguém para conversar.
Quando chego
à porta tenho a visão desagradável de Camila,
vestindo apenas um robe transparente, parada em nossa pequena sala de TV.
— Nossa, já
vai sair de novo? — Ela pergunta com aquela voz debochada dela.
— Não vejo
como isso possa ser da sua conta.
— Você nunca
recolhe as suas garras, não é mesmo?
— Com você
por perto, não mesmo. Nunca se sabe quando vai dar o bote. — Digo e abro a
porta, quando ela entende o que eu quis dizer - que eu a chamei de cobra -
começa a me dizer algo, mas eu bato a porta e não a escuto.
“Deus do
céu, como foi que ela e eu fomos amigas por dois anos antes disso?”
Quando estou
na metade do caminho, e estremeço por causa de uma brisa gelada, percebo que eu
não troquei de rouba. Estou vestida com a rouba com a qual fui jantar com Joseph. Calça jeans skinning preta, uma
blusa de seda fina e ankle boots preta.
Quando chego
ao campo, logo localizo Harry, além
de ser porque não há mais ninguém aqui, ele sempre se senta no mesmo lugar. Na
parte de cima da arquibancada, bem no meio do campo.
Aproximo-me
dele, está com os braços apoiados no joelho e o queixo apoiado nas mãos, sua
expressão é pensativa, concentrada, como se ele estivesse assistindo a um jogo
que só ele vê.
— Oi. — Digo
me sentando ao seu lado. Ele me olha e parece um pouco surpreso, mas um sorriso
contido surge em seus lábios.
— Oi.
Obrigado por vir, não tinha certeza.
— É isso que
amigos fazem, não é? — Pergunto e aperto seu ombro.
— É. É sim.
— Ele responde de uma forma triste, voltando seu olhar para o campo iluminado
pelos fortes holofotes.
— Então, o
que é que está te incomodando?
— Sabe o
próximo jogo, de sexta? — Ele pergunta ainda encarando o campo.
— Sei sim.
— Então,
Steve Tischy vai estar aqui. Você acredita que ele vai assistir o jogo? — Ele
pergunta se virando para mim, eu o olho com confusão.
— Você sabe
quem ele é, certo? — Sorrio timidamente e balanço a cabeça.
— Meu Deus,
garota. — Ele diz fingindo estar exasperado e eu rio.
— Hey, não
sou eu a viciada em futebol aqui. — Defendo-me.
— Ele é o
presidente do New York Giants.
— Ah meu
Deus, Harry, ele está vindo para dar uma
de olheiro? — Pergunto empolgada.
— Não, não
na verdade. Mas ele vai assistir o jogo, e quem sabe se alguém jogasse bem o
suficiente para chamar a atenção...
— Você é o
capitão do time, ele vai acabar notando você.
— Eu sei.
— Imagina se
ele se interessasse por você, muitos jogadores famosos foram descobertos assim,
não é? Em jogos de colégio e faculdade.
— Sim. — Ele
diz apenas.
— Você está
nervoso, é isso? — Pergunto e ele balança a cabeça.
— É isso
mesmo o que você quer, jogar futebol profissionalmente?
— É o que eu
mais quero. — Ele responde me encarando seriamente.
— Então
arrase no jogo de sexta.
Ele ri
parecendo desanimado.
— Não é tão
fácil assim, Demi.
— Claro que
é. É só você jogar como sempre, você é muito bom Harry. — Chego mais perto dele, nossas coxas se encostam, coloco
minha mão em sua perna e lhe dou um apertão. — Eu confio em você, na sua
habilidade, na sua capacidade. Você não é o capitão à toa, você é o jogador que
mais faz gols nesse time.
— É touchdown,
linda. — Ele diz com um sorriso divertido no rosto.
— Tanto faz.
Gols ou touchdowns, não importa, você faz muito deles e é isso que esses caras
querem, não é?. — Ele ri e segura minha mão que está em sua perna.
— Estou com
medo. Não é que eu ache que eu não jogo bem, mas tenho medo de não jogar bem o
suficiente para me tornar profissional.
— Você joga,
Harry. Aliás, eu não sei como você
não foi contratado ainda. Esse idiotas não sabem o bom jogador que estão
perdendo.
Ele me olha
com as expressões parecendo mais tranquilas, acho que falar sobre isso o
ajudou. Seus olhos viajam pelo meu corpo e brilham com admiração.
— Você está
muito linda. Alguma ocasião especial? — Ele quer saber.
— Não, nada
demais, só sai para jantar. — Tento parecer casual para que ele não pergunte
mais nada sobre o assunto. Ele balança a cabeça levemente e parece querer dizer
algo, mas permanece em silêncio um momento.
— Desculpe
se eu atrapalhei alguma coisa. — Ele diz por fim.
— Eu tinha
acabado de chegar quando você enviou a mensagem, está tudo bem.
— Obrigado
por vir até aqui e ficar escutando minhas besteiras. — Ele aperta minha mão
levemente.
— Não é
nenhuma besteira. E não se preocupe, é normal ficar nervoso.
— Os Giants
sempre foram meu sonho.
— É mesmo? —
Ele balança a cabeça como resposta.
— Eu sei que
você vai conseguir, mas se por um acaso não for dessa vez, não desanime. Essa é
a primeira oportunidade de várias que você terá para mostrar seu talento, tenho
certeza.
— Você acha
mesmo?
— Acho.
— Você vai
assistir ao jogo sexta? Por favor, você sabe que a sua presença me dá sorte.
— Tudo bem,
eu estarei aqui sexta, torcendo por você. — Digo com um sorriso amigo.
— Obrigado,
isso é importante para mim.
— Não há de
quê.
— Sei que eu
não mereço sua amizade e seu apoio, não depois do que eu fiz com você. — Ele
diz abaixando a cabeça envergonhado.
Quando ele a
levanta novamente e me encara, seus olhos brilham cheios de lágrimas não
derramadas.
— Eu
sinto...Tanto. — Sua voz falha e uma lágrima rebelde escapa e escorre por sua
bochecha. Sinto meu coração se apertando. Ele entrelaça os dedos da nossa mão
que ainda está junta repousada em sua perna.
— Ter
perdido você será o grande arrependimento da minha vida. — Ele diz, agora mais
lágrimas caindo de seus olhos.
— Harry... — Minha voz sai fraca, quase um
sussurro. Sinto um desconforto enorme do estômago e um aperto na garganta. — Eu
já te perdoei, estamos voltando a ser amigos, vamos simplesmente tentar
esquecer isso, ok?
— Não dá.
Como esquecer toda a dor que eu te causei? Como esquecer que eu te perdi? Eu
ainda te amo, Demetria, e é muito
doloroso. — Sua voz falha de novo, e mais lágrimas são derramadas, sinto meus
olhos ficarem marejados.
— E sabe o
que é o pior? A culpa é toda minha. Não tem ninguém a quem culpar, a não ser eu
mesmo. Eu não sei por que eu fiz aquilo, eu nem a desejava...
— Harry, por favor, não. — Peço, sinto uma
lágrima escorrendo por meu rosto e rapidamente a limpo. Eu não o amo mais, mas
as feridas ainda não estão cicatrizadas completamente, e elas ainda podem doer.
Doer não por mim, mas pela Demetria
que já foi muito apaixonada por ele.
— Por favor,
eu preciso falar...Eu não a desejava, Demi, eu juro.
— Então, por
quê? — Sinto mais uma lágrima escapando.
Ele me olha,
o verde dos seus olhos mais claros por causa das lágrimas.
— Eu não
sei. Talvez porque eu seja o cara mais idiota do mundo? Eu estava com a garota
mais especial que eu conheço e a magoei sem nem ao menos saber o porquê eu fiz
isso.
— Harry, você já tinha... — Paro e respiro
fundo, essa dúvida me atormenta desde o primeiro momento. — Você já tinha me
traído antes disso? — Consigo ouvir o medo em minha própria voz.
A princípio
ele não me responde e nem olha em meus olhos, quando ele vira o rosto e nossos
olhos se encontram ele começa a chorar.
— Sinto
muito, eu realmente sinto.
Sinto uma
dor horrível, como se além dele fazer novas feridas em meu coração, ele tivesse
acabado de reabrir aquelas que estavam cicatrizando.
Escuto um
gemido e percebo que saiu da minha garganta. Harry chora mais ainda.
— Quantas
vezes? — Pergunto num sussurro.
— Duas. Com Camila e a outra, com uma garota numa
festa de comemoração depois do jogo.
— Mas eu fui
com você em todas as festas. — Digo horrorizada me afastando dele.
— Eu sei. —
Ele me encara visivelmente com dor no olhar.
— Ah meu
Deus. — Digo me levantando e colocando uma mão no peito. Acho que não consigo
mais respirar.
— Meu Deus,
você fodeu uma garota qualquer enquanto a sua namorada estava a poucos metros
de você? Qual é o seu problema? — Pergunto gritando, minha visão nublada pelas
incessantes lágrimas que escorrem por meu rosto.
— Perdão,
por favor, me perdoa. — Ele diz, seu corpo chacoalhando com o choro forte.
Não consigo
acreditar nisso, sinto que vou vomitar a qualquer segundo. Sinto tanto nojo,
tanta raiva, tanta magoa que chega a me deixar desnorteada, dou alguns passos
cambaleando para trás.
Sinto uma
dor tão excruciante que apenas respirar é difícil, parece que o ar se recusa a
entrar em meus pulmões.
— Me perdoa,
mas eu precisava te contar tudo, se nós vamos ser amigos eu tinha que...
— Nós não
vamos ser amigos, não depois disso! — Grito para ele com raiva e vejo-o se
encolhendo.
— Não, por
favor. Eu sei que eu não mereço, mas não consigo viver sem ter você por perto.
— Então você
vai ter que aprender. — Digo e me viro, e saio correndo.
— Não, Demetria, por favor espere. — Ele corre
atrás de mim e me alcança, sua mão se fecha em meu braço e ele me puxa, me
virando para si. Suas mãos seguram firmemente meus braços e não consigo me
soltar.
— Me solta,
eu não quero... — Minha frase é interrompida por seus lábios. Ele aperta meu
corpo contra o seu e sua língua consegue invadir minha boca. Seu beijo é desesperado,
ansioso, rude.
Com algum
esforço consigo empurra-lo, dou um passo para trás e estico o braço, impedindo
que se aproxime novamente.
— Não. — É
tudo o que digo, e então me viro e corro para longe dali.
Entro no
apartamento correndo e me tranco em meu quarto. Jogo-me na cama e trago meus
joelhos até meu peito, abraçando minhas pernas, querendo me encolher o máximo
possível.
E fico assim
até os soluços e os tremores cessarem.
voltei!!!
Não vai ter maratona pois já estamos na metade e estou extremamente ocupada desde que voltei do carnaval então vou tentar postar diariamente se vocês comentarem bastante.
DIVULGANDO:
Por trás da cena
Jemi - Beatiful Bastard
voltei!!!
Não vai ter maratona pois já estamos na metade e estou extremamente ocupada desde que voltei do carnaval então vou tentar postar diariamente se vocês comentarem bastante.
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Por trás da cena
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