quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

CAPÍTULO 4

Joseph
Apesar de morar e trabalhar em Dallas há pelo menos uns quatro anos, não consigo ficar longe da “Sweet Berry Farm.” Aqui é meu lar. Foi onde eu nasci, cresci e vivi muitos bons momentos.
E mesmo eu gostando de morar numa cidade grande, eu sinto falta da tranquilidade de uma cidadezinha como Wills Point. Por isso, sempre que posso venho para cá, ficar com a minha família.
Eles são a coisa mais preciosa para mim. Eu os amo demais.
— Como está o emprego, filho? — Mamãe, a qual eu seguro em meus braços enquanto estamos sentados no sofá assistindo TV, me pergunta.
— Tudo ótimo. Estou muito animado com essa promoção, quando eles me deram a noticia eu nem acreditei. Eles me deram um cargo de muita confiança, depois disso o próximo passo seria me tornar dono do lugar.- Eu digo brincando e nós dois rimos. — Não tem nível mais alto do que estou para almejar.
— Ah filho, estou tão feliz por você, e muito orgulhosa também. — Mamãe diz e eu abro um sorriso largo e sinto uma sensação de satisfação em meu peito.
— Obrigado, mamãe. — Digo-lhe fazendo carinho em seus cabelos.
— E pensar que aquele menino irresponsável que levava tudo na brincadeira e me dava muita dor de cabeça virou esse homem trabalhador e responsável. — Ela diz com admiração mas posso ouvir pelo seu modo de dizer que está sorrindo.
— Ei, o que é isso dona Denise? — Pergunto com falsa indignação.
— Ah Joseph, você sabe que isso é verdade.
— Pior que eu sei.
— Vou confessar que teve uma certa altura da sua vida, quando você deveria ser um homem maduro mas continuava levando tudo na brincadeira, que eu comecei a realmente me preocupar que você não fosse crescer nunca. Acho que demorou, mas finalmente você é um homem.
— Nossa mãe, muito obrigado. — Digo sarcasticamente.
— Estou bem mais tranquila agora. Apesar que... — Ela começa a falar mas para, como se mudando de ideia e achando que é melhor permanecer calada.
— Apesar que... — Incentivo-a a continuar.
— Apesar que... — Ela levanta o olhar e me encara nos olhos. — Filho, quando você vai arrumar um relacionamento sério?
Eu solto um suspiro frustrado e reviro os olhos.
— Estou falando sério, Joseph. Você logo vai fazer 30 anos e nunca nem sequer namorou. Você já não está cansado de só ter sexo sem compromisso?
— MÃE! — Olho-o para ela como se lhe tivesse nascido uma segunda cabeça.
Eu posso ter quase 30 anos mas eu ainda não vou ter essa conversa com a minha mãe.
— O que? Não é como se eu não soubesse das coisas que você faz. Todo mundo sabe.
— Eu sei, mas não precisa ficar falando. E além do mais, eu não sou mais assim, pelo menos não tanto. Eu aprendi a me controlar.
— Mas isso, essa vida que você leva, uma mulher diferente a cada noite, isso não é...Vazio? Quer dizer, você não quer encontrar aquela mulher especial que vai te fazer o homem mais feliz do mundo?
— Mãe, você sabe que eu não sou assim. Relacionamentos não são para mim.
— Você quer dizer que nunca vai encontrar uma boa moça, casar, ter filhos e ter uma família?
— Nada disso está nos meus planos, eu achei que você já tivesse aceitado isso, mamãe.
— Eu achei que conforme você fosse amadurecendo você iria perceber que todo mundo precisa de alguém. Veja seu irmão, você não tem vontade de ter algo com alguém assim como ele tem com a Selena?
Ela me olha nos olhos e eu reconheço muito bem esse olhar. Ela está a fim de falar sério e não vai deixar isso de lado até que tenhamos uma boa conversa acerca desse assunto.
Eu apenas solto um suspiro cansado e desvio olhar.
— Você não percebe o jeito que eles se olham? Você não quer olhar para alguém daquele jeito? Que alguém olhe para você como a Selena olha seu irmão?
— Joseph. — Ela chama quando eu não digo nada e eu volto meu olhar para ela.
— Eu...Eu não sei mãe, não sei, ok? Eu nunca senti essas coisas que você, o Nick, o papai e milhares de outras pessoas vivem me dizendo. Eu nunca amei uma mulher, eu não sinto falta porque eu não sei do que supostamente é para eu sentir falta, entende? Eu não sei o que é amar uma mulher, quere-la ao meu lado para o resto da vida. Como eu vou sentir falta de algo que eu desconheço?
Projeto meu corpo para frente e apoio os braços em meus joelhos. Logo sinto a mão de mamãe acariciando minhas costas.
— Eu só consigo ver o amor como uma forma deliberada de nos machucarmos. Quando eu penso em amor, eu penso em corações partidos, dependência, tristeza. Não consigo ver essas coisas boas que tanto vocês falam...O que será que tem de errado comigo, mamãe?
— Oh meu menino. Não tem nada de errado com você.
— Então porque eu não vejo o amor como uma coisa boa, assim como todo mundo? Porque eu não consigo querer ter só uma mulher?
— Talvez porque a mulher certa não tenha aparecido ainda.
Solto uma risada sem humor nenhum.
— Acho que ela está um pouco atrasada.
— Filho, tenha paciência. E acima de tudo, tente mudar essa sua ideia errada sobre o que é o amor. É sofrimento sim, não vou mentir, mas também é alegria. E essa alegria é tão profunda e verdadeira, que compensa a parte ruim. Você tem tantos exemplos disso; Eu e o seu pai, mesmo depois de anos de casados somos felizes e apaixonados, os seus avós e até o seu irmão.
— Não sei se consigo, mamãe. Eu quero querer me apaixonar, mas simplesmente não consigo. Eu já tentei.

— Joseph, a gente não tenta se apaixonar. Simplesmente acontece, muitas vezes quando menos se espera, e com quem menos se espera...Pense desse modo, se ainda não aconteceu com você, quer dizer que é porque o destino está te guardando uma bela surpresa. O maior dos amores. E ele está por vir, meu querido. Basta ter fé.

Tá aí o de hoje, comentem mais gente...

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