sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

CAPÍTULO 17

-Demi? Acorda! Vamos, você consegue. Demi, sou eu, Joe. Acorda!
Lentamente as palavras começaram a fazer sentido. Demi abriu os olhos, fechando-os com força ao perceber que a claridade fazia sua cabeça doer.
-Ohhh! - ela gemeu. A dor parecia explodir por todas as partes.
- Pronto, abra os olhos. Você vai ficar bem.
A voz forte de Joe continuava a forçá-la a acordar, mas ela não queria. A cabeça doía. Sua bacia doía.
-O que aconteceu? Onde estou? - perguntou ela.
A memória voltou.
- Oh, não. O bebê está bem? Joe! - ela abriu os olhos e tentou tocar o braço dele. Quando conseguiu, apertou com força. - Joe, o meu bebê está bem?
- Levaremos você ao hospital o quanto antes. Fique comigo. Você vai ficar bem. A ambulância vai chegar.
Ele pôs um estetoscópio e bombeou o aparelho de medir a pressão. Disse um número para alguém ao lado.
Demi olhou para o lado e viu outro paramédico anotando em uma prancheta.
- O tempo estimado para a chegada da ambulância é de dois minutos - murmurou ele, olhando para Demi e sorrindo. - Você está em boas mãos, senhorita. Joe e eu somos os melhores.
- Modestos, também - murmurou Joe. Vamos colocar você em uma maca, para manter sua cabeça imóvel. Apenas para precaução. Onde mais está doendo?
- Minha cabeça está me matando. O que aconteceu?
- Um carro avançou o sinal. Bateu na sua barriga. A droga do motorista estava bêbado. Pelo amor de Deus, são apenas llh30 da manhã!
Demi se sentiu enjoada. Fechou os olhos.
- Está tão claro! Tem certeza de que Jamie está bem?
- Quem é Jamie?
- Ela deu ao bebê o nome de Jamie - disse Selena,
- Selena?
- Bem aqui. - Ela esticou a mão e tocou Demi no ombro. - Meu Deus, você me assustou muito. Achei que você tivesse morrido até que esses rapazes apareceram. Não é fantástico? Joe está trabalhando como paramédico hoje e foi o primeiro a responder.
- Como ela está? - perguntou uma voz desconhecida.
Demi forçou o olhar e viu um policial fardado. Várias pessoas, muita confusão. Ela fechou os olhos, desejando que a dor passasse.
- Levaremos a moça ao hospital, mas acho que o ela vai ficar bem - disse Joe. - Você pode se informar com o médico mais tarde para marcar o depoimento.
-Acho que não vamos precisar incomodá-la com isso. Há várias testemunhas - disse o policial, locando o bloco de notas. - E temos o motorista.
- Estou com sono - disse Demi.
- Espere mais um pouco - pediu Joe.
Logo em seguida, Demi estava presa sobre uma maca, com um apoio de pescoço e sentiu ser levantada e colocada no interior frio e escuro de uma ambulância. Ela esticou o braço e segurou Joe.
- Venha comigo - disse ela. Ela só estava pensando em olhar um pouquinho para ele. Agora, aqui estava ele. E fazendo o seu trabalho. Ele não olhou para ela uma só vez com aquele brilho que ela conhecia.
Será que seus ferimentos eram graves, ou ele se fechara depois das declarações dela?
Ela ficou muito feliz em vê-lo, apesar das circunstâncias.
- Estaremos atrás de você - disse Joe.
- Por favor, você não pode vir comigo? Estou com medo - não do hospital, não dos ferimentos, embora pudessem ser sérios. Demi estava com medo da felicidade que sentia ao estar ao lado de Joe. Ela sentia muito a falta dele, como se uma parte dela tivesse sido amputada e agora recuperada.
Um tempo depois, Joe subiu na ambulância. O veículo saiu e ganhou velocidade.
Demi quase não podia ouvir a sirene, mas seu foco estava em Joe. Ele se sentou ao lado dela, segurando seu pulso e anotando os dados.
- Eu não esperava vê-lo novamente - murmurou ela, querendo atenção. O atendente da ambulância estava sentado do outro lado monitorando o oxigênio.
- Fiquei muito assustado, quando chegamos lá e vi que era você a pessoa caída no chão - disse Joe.
- Vou ficar mesmo bem?
- Acho que sim. E não há problemas com o bebê, até onde eu sei. O médico vai lhe dizer com mais certeza.
- Aconteceu tão rápido!
- Eles pegaram o sujeito. Ele bateu em um carro estacionado e simplesmente ficou lá.
- Ele está bem.
- Bêbado feito um gambá. Anestesiado demais com o álcool para sentir alguma coisa - disse Joe enojado. - A polícia o levou.
- Eu poderia ter morrido - disse Demi lentamente. Em um minuto, estava falando com Selena, no outro estava atravessando a rua e aquele homem poderia ter me matado com o meu bebê.
- Mas não matou. Não pense assim. Mantenha o foco na sua recuperação.
Joe a observou fechar os olhos. Havia um hematoma em sua testa. O exame preliminar no local do acidente não indicou ossos quebrados, mas ela precisava de um raio X para confirmar.
Havia vários hematomas, especialmente na região da barriga, no ponto de impacto. Se ela estivesse um pouco mais à frente na faixa de pedestre o carro a teria acertado bem no meio, provavelmente arremessando-a no ar, com um resultado bem diferente do que ocorreu.
Ele queria espancar aquele motorista. Como ele se atreve a colocar a vida de outras pessoas em risco com sua embriaguez? Ele esperava que o juiz esfregasse o livro na cara dele.
Joe nunca esquecerá do medo que sentiu quando desceu do carro de resgate e reconheceu Demi. Por uma fração de segundo, ele achou que ela estivesse morta.
Ela ia ficar bem, convenceu a si mesmo, desejando que o sentimento de impotência passasse. Ele fizera seu trabalho e ela sairia do hospital andando. A mão dela estava arranhada. Com leveza, ele esfregou o polegar na pele ao lado do arranhão. Era muito macia. Ele odiava pensar no trauma que o corpo dela sofrerá. Torcia para que o bebê estivesse bem. Ele sabia que era preciso algo muito traumático para prejudicar um feto saudável. Demi não podia perder o bebê depois de perde o marido. Não podia sequer pensar sobre isso.
Talvez ela não o queira em sua vida, mas ele quer na sua. Ele desejava que as coisas tivesse sido diferentes. Joe a respeitava demais para insistir. Ele dera o melhor de si e ela disse não, ponto final.
Demi voltou a ficar inconsciente quando chegaram ao hospital. Joe deu um rápido relato a médico da emergência e observou enquanto ela era levada a uma pequena sala.
Joe foi atrás de um telefone. Ele procurou telefone do consultório de Eddie e ligou. Era melhor que ele dissesse a Diana do que Joe.
E, em seguida, ligou para Virginia.
Joe preenchia o relatório do incidente quando Selena entrou correndo no pronto-socorro.
- Ela está bem? - perguntou, indo até ele quando reconheceu o rosto familiar.
- O médico ainda está lá com ela. Liguei para o padrasto dela e para a sogra. Eles estão a caminho. Você pode ficar aqui, caso ela precise de alguém antes da família chegar?
- Posso. Você não vai ficar? - perguntou Selena.
 -Estou trabalhando. Logo que terminar esse relatório, estarei de volta ao serviço e talvez tenha que responder a outro chamado. Além disso, ela não me quer aqui.
Ele olhou para o relatório, feliz por notar que sua voz mascarara a dor que sentia ao dizer aquelas palavras.
-Não tenha muita certeza disso. Ela gosta de você muito mais do que admite - disse Selena. -Não desista dela ainda.
- Ela tem um jeito estranho de mostrar isso - comentou ele, anotando os últimos dados. Por um instante, ele quis manter as esperanças, mas Demi fora muito franca ao recusar o pedido de casamento e desprezando sua declaração de amor. Joe era muito orgulhoso para insistir onde não era desejado.
- Ela só está com medo de se machucar de novo - disse Selena.
- Existem vários tipos de machucados. Ela lhe disse que a pedi em casamento e ela recusou? O que ela pensa que eu senti quando ela me deu um fora? - perguntou ele, logo em seguida se arrependendo. Ele não precisava mostrar ao mundo toda a dor que Demi lhe causara. Ele superaria isso.
- Ela não está pensando, está reagindo. Dê a ela uma outra chance. - pediu Selena.
- Se ela perguntar, diga a ela que virei mais tarde, na folga do jantar. Estou em serviço até amanhã de manhã. Mas virei aqui para saber como ela está passando.
Ele anotou o número do seu celular em um pedaço de papel e entregou a Selena, pedindo a ela que ligasse para ele tão logo tivesse notícias de Demi.
Não conseguia superar o medo que sentiu ao vê-la imóvel no chão. É claro que ele viria vê-la. Precisava saber se ela estava bem. Ele desejava poder ficar, mas o dever lhe chamava. Dizendo a si mesmo que ela estava em boas mãos, ele voltou ao carro de resgate, o qual Greg já havia reabastecido.
- Pronto para partir? - perguntou Greg.
- Mais do que nunca - respondeu Joe, desejando poder ficar com Demi.
Era pouco depois das sete quando Joe retornou ao hospital e localizou o andar de Demi. Ele estava no horário do jantar e fizera Greg deixá-lo ali.
Selena telefonara há algumas horas para informá-lo de que Demi estava bem, exceto por alguns hematomas e uma leve contusão. Quando Selena ligou, os pais de Demi e os Efron já tinham chegado. Ele se sentiu melhor ao saber que a moça tinha uma família por perto.
Ele chegou na porta aberta do quarto onde ela estava, sentindo-se inseguro. Talvez ele apenas desse uma olhadinha nela, sem que ela percebesse, só para ver se estava tudo bem. Demi não queria vê-lo.
Estava deitada, apoiada no travesseiro conversando com a mãe. Diana estava sentada ao lado da cama, com olhos preocupados. Eddie estava sentado ao lado dela, passando a mão nas costas da mulher, como se a consolasse.
-Joe! - quando Demi o viu, seu rosto se acendeu.
-Oi!-disse ele.
Demi sorriu.
- Selena disse que você voltaria. Entre.
Diana ficou de pé e foi cumprimentar Joe, abraçando-o com força.
- Obrigada por cuidar tão bem dela - disse ela. - Fiquei muito assustada quando Eddie foi em casa me apanhar. Mas deduzi que ela estivesse em ótimas mãos até eu chegar aqui.
Eddie esticou a mão para cumprimentar Joe.
- Também quero agradecê-lo. Ela é especial, sabia?
- Claro que sei - respondeu, sorrindo. - Só estava fazendo meu trabalho - disse ele.
- Então obrigado por fazer esse belo trabalho! Diana olhou para Demi e depois para Joe.
- Se você pudesse ficar por alguns minutos, preciso dar uma volta. Voltaremos logo, docinho - disse Diana a Demi. E então olhou para o marido. Em questão de segundos, eles desapareceram pelo corredor.
- Muito bem, mãe - Demi falou em tom de brincadeira.
- Como você está? - perguntou Joe, preparando-se para se sentar na cadeira que Diana desocupara.
- Minha cabeça está latejando como se tivesse uma banda tocando dentro, mas eles não querem me dar nenhum medicamento, por causa da minha perda de consciência. Minha barriga dói se eu me mexer um centímetro. As mãos doem, o ombro também...
- Mas você está bem, apesar disso?
- Acho que sim.
- Ficarei toda roxa por um mês, com certeza, mas o médico disse que os hematomas não são graves. E o bebê está bem. Passarei a noite aqui só por precaução.

Joe olhou para ela por um tempo e esticou o braço, pegando a mão dela. A pele de Demi era quente e suave. Ele esfregou o polegar sobre aquela textura suave. Ele chegou bem perto de perdê-la. Mesmo se jamais a visse novamente, queria que ela tivesse uma vida longa e feliz.

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