terça-feira, 23 de julho de 2013

CAPÍTULO 16 MARATONA

Joseph ouviu o caminhão, a campainha da porta, e imaginou por que o entregador não deixou os pacotes na escada, como de costume. E então, entendeu. Demetria. Os boatos deviam correr depressa na cidade, e todos estavam curiosos para ver a bela mulher que estava no castelo, com a fera medonha que se escondia na escuridão, pensou Joseph, com um sorriso amargo. Mas Demi não se importava com admiradores.
Ela mesma disse que os homens se interessavam apenas por sua beleza. Até mesmo o homem a quem amou. O homem que a enganou, traíu, magoou a ponto de fazê-la abandonar o emprego na embaixada. E que era um idiota, decidiu Joseph, e não merecia uma mulher como Demetria Lovato. Ela era carinhosa, generosa, e merecia um homem que a apreciasse. Ele vira a humilhação nos lindos olhos verdes, a vergonha e a raiva, que não tinham desaparecido. Há quanto tempo teria acontecido? Quem seria ele?
Olhando para o pátio, logo abaixo, viu Demi sentada à mesa de piquenique, observando Kelly brincar e desenhando alguma coisa num bloco. Quando o entregador se aproximou, deixou o bloco de lado e assinou o recibo de entrega, indicando com um gesto os degraus dos fundos, onde poderia deixar os pacotes. Mas o entregador não foi embora. Em vez disso, sentou-se ao lado de Demi. Bem perto. Fitando-a intensamente.
Joseph rangeu os dentes quando ela riu de algo que o rapaz disse, e ofereceu café da garrafa térmica que estava sobre a mesa. Será que ele não tinha mais nada para entregar?
Dewey apareceu. Joseph pensou que a expressão sisuda do amigo seria suficiente para afastar o rapaz. Mas se enganou. Demi serviu café a Dewey, e embora ele tomasse o café depressa, olhando para o entregador com ar muito sério, o jovem, muito bonito, e no mínimo cinco anos mais jovem do que Demi, pareceu não perceber. Joseph teve vontade de abrir a janela e gritar, dizendo ao sujeito para ir embora. Estava com ciúme. Louco de ciúme, admitiu, passando a mão pela cicatriz do rosto.
Ótimo. Era exatamente o que precisava.
Não parecia fazer diferença o fato e não tinha direito de ter ciúme de Demi. Ela não lhe pertencia. Tinha apenas Kelly, e sem Demi, até mesmo cuidar dela seria difícil. Demi, Dewey, Kelly… Eles eram a família que vivia na casa. Ele era apenas uma sombra. Um eco do homem que foi um dia. Oh, Deus, como a vida dele havia se transformado naquilo?
Nunca pensou em si mesmo como um covarde, e era contra sua natureza agir assim. Só estava se escondendo para poupá-las. Não queria ser fonte de pesadelos para nenhuma delas.
Uma batida soou na porta atrás dele, e Joseph desviou o olhar da janela. Sabia que era a empregada, a sra. Coleson. Pedindo a ela que esperasse um minuto, entrou no hall da escada de serviço e dirigiu-se ao segundo andar. A empregada não demoraria muito, pensou, enquanto atravessava os corredores, parando entre o quarto de Kelly e o de Demi. Tinha vontade de entrar no quarto de Demi e espiar, mas não seria honesto. Entrando no quarto de Kelly, recolheu alguns brinquedos e checou a estrutura da cama alta. Logo ouviu risadas novamente e espiou pela janela. Kelly corria em círculos, enquanto a gatinha tentava pegar os laços dos tênis da menina. Agarrando a cortina, amassou o tecido delicado com força. Daria tudo para estar ali, rindo, com a filha, sorrindo para Demi, sentindo o sol no rosto. De repente, Demi virou-se, o olhar dirigido exatamente para onde ele estava.
Mesmo à distância, ele viu a fúria nos olhos verdes. Por que estava tão zangada? Era ela quem estava flertando com o entregador. O rapaz acompanhou o olhar dela e rapidamente devolveu-lhe a xícara, tocando o boné num gesto de despedida ao partir.
Demi deu as costas para Joseph, despediu-se do entregador e sorriu para Kelly, que engatinhava ao lado da gatinha. Era bom vê-la sorrir outra vez. A menina andava triste, desde aquela noite em que o pai esteve tão perto, na cozinha, mas se recusou a vê-la. Os sentimentos de Kelly tinham sido feridos, e quando perguntou por que o pai não a queria, a raiva de Demi tinha aumentado.
Só que isso não a impedia de desejá-lo, cada vez que ouvia a voz dele.
Tinha que parar de pensar nele, lembrou-se, mais uma vez. Wilmer a desejou pela beleza, e agora Joseph fazia o mesmo. Era melhor cuidar de Kelly, ensiná-la a tratar da gatinha, que agora usava uma coleira verde, com um sininho que tilintava enquanto tentava agarrar os cordões dos tênis.
O novo membro da família agora tinha um nome. Serabi. A própria Kelly o escolheu, assistindo a desenhos na tv.
Demi tornou a pegar o bloco e concluiu o desenho que fez de Kelly. Desenhar foi seu hobby, quando era mais jovem, e embora ainda adorasse essa arte, nunca mais desenhou depois de deixar a faculdade. A empregada estava limpando a casa, e ela tinha pouco a fazer, além de cuidar de Kelly. Sorrindo, viu a menina colocar a gatinha dentro do casaco. O amor que sentia por aquela criança crescia cada vez mais.
É tudo que tem, disse uma vozinha que não queria ouvir. Então, por que a semana passada tinha sido tão feliz, tão diferente dos dias ao lado de Wilmer? Afastando esses pensamentos perturbadores, voltou a desenhar, até que o vento forte obrigou-as a entrar em casa.
Assim que entraram, Serabi correu para investigar todas as portas e frestas dentro de casa. Kelly já ia segui-la quando Demi a impediu.
— Espere. Primeiro você vai se lavar, enquanto eu preparo o jantar.
Kelly gemeu dramaticamente, mas obedeceu, entrando no banheiro.
— Vou inspecionar suas mãos, senhorita.
— Sim, senhora — respondeu a menina, e Demi sorriu, pegando uma frigideira e os ingredientes para fazer o macarrão cabelo-de-anjo especial que Kelly gostava. Quando a menina voltou do banheiro, Demi a mandou  para a sala para procurar a gatinha e assistir a um vídeo. O zumbido do interfone ecoou na cozinha. Virando-se, ela apertou o botão.
— Chamou, meu senhor?
— Está perdendo seu talento para a comédia nessa cozinha. Ela sorriu, sentindo que a raiva diminuía.
— Incrível, não é?
— Por que aquele entregador demorou tanto?
Será que estava com ciúme?, pensou Demi.
— Estava apenas sendo gentil.
— É mesmo?
— Sim. É um bom rapaz, que está estudando muito para terminar o mestrado.
— Pouco me importa o que faz. Não quero estranhos perto da minha filha.
— Entendo. Mas acho que Dewey e eu podemos protegê-la muito bem.
— Pense um pouco, Demi. Sou um homem muito rico, e não quero que ninguém sequestre minha filha por causa de um resgate milionário.
— Não acha que está exagerando?
— Não, não acho.
— Então o que isso significa? Que não podemos ter visitas? Nem sair de casa? Espera realmente que Kelly se transforme numa eremita, sem motivo nenhum? — Ela ergueu o indicador, como se ele estivesse a sua frente. — Pois me deixe dizer-lhe uma coisa. Isso não vai acontecer! Não enquanto eu estiver por aqui. Ela precisa ir para a escola, brincar com outras crianças. Sente falta dos amigos, da casa e da mãe, e não se esqueça, sr Jonas, fui contratada para cuidar dela. E se não confia em mim para protegê-la — disparou, num tom decidido —, trate de descer e cuidar dela sozinho!
— Espere, eu… — a voz dele ressoou no interfone. — Está zangada comigo?
Ela inclinou-se, falando bem perto do aparelho:
— Não. Estou furiosa. Feriu os sentimentos de Kelly na outra noite. Estava a alguns metros dela e recusou-se a vê-la. — Demi respirou fundo. — Ela sentiu-se rejeitada, ferida. E acha que não a quer aqui.
— O quê?
— O que acha que uma garotinha de quatro anos pode pensar ao perceber que o próprio pai não quer vê-la nem falar com ela? Que estranho, não é? Como pode sentir-se rejeitada?
— provocou Demi, sarcástica.
— Droga!
— Concordo. O que pretende fazer a esse respeito?
— O que posso fazer?
— Desça e venha falar com ela.
— Acha que não quero isso? Mas não vou aterrorizar minha própria filha.
— Ela o ama incondicionalmente. É algo que os pais conseguem dos filhos, sem precisar fazer nada em troca. — Demi desligou o interfone, recusando-se a continuar. Mas depois de alguns instantes, apertou o botão mais uma vez. — É sua vez de jogar. Faça-o agora, ou saia de campo.
— O que quer dizer com isso? — A voz dele parecia ameaçadora, mas Demi não se importou.
— Fique escondido até ela esquecer que tem um pai, até que aprenda a viver sozinha. Talvez seja melhor. — Ela desligou novamente, voltando a preparar o jantar.
Joseph a chamou duas vezes, mas Demi não atendeu. Por fim, recostou-se na poltrona de couro, esfregando as mãos no rosto. Mulher teimosa. Quem ela pensava que era para lhe ensinar como cuidar da filha? Era apenas a babá, mais nada. Ele estabelecia as regras. Kelly era sua filha, e iria criá-la como achasse melhor.



VAMOS LÁ COMENTEM!!!

8 comentários:

  1. Lindo , a Demi e fogo essa e minha diva , isso ae Demi poe controlee nessa casa. E joe acorda ne homem

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  2. Posta mais, ta perfeitoo, posta mais, kkk essa demi vai deixar o Joe louco kkkk

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  3. Ai lindo demais, posta logo, senao morro

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  4. Aaaaa finalmente ela deixou o Joe ficar irado kkkkkk

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  5. Aí jesus viu joe, vai acabar perdendo a filha, seu burro...o amor e mais importante que aparência

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