segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

CAPÍTULO 7 MARATONA

Ele franziu mais a testa ao tom de desaprovação na voz dela.
— Parece que Sarah não explicou bem a situação. Graham é sua responsabilidade até que o trabalho termine. A governanta lhe dará algumas folgas se for ab­solutamente necessário. Espero que esta posição seja de curto prazo. Você está sendo generosamente paga pelo tempo extra. Estou trabalhando com prazos apertados e não quero ser interrompido.
O cabelo da nuca de Demi se arrepiou. Parecia que o pai havia se erguido do túmulo.
— Então não quer passar tempo nenhum com seu filho?
— Não. Algum motivo para o interrogatório, srta. Lovato?
Um aviso para ela recuar.
— Estou tentando compreender o estado emocional de Graham.
— É um bebê, quer apenas alimento, sono e uma fralda limpa. Contratei-a para ser a babá dele, não uma analista.
— Um e o outro têm muito em comum. Como bebês não conseguem verbalizar suas necessidades...
— Apenas mantenha os dois malditos meninos calados e longe de mim. É para isto que está sendo paga. De fato, prefiro nem mesmo saber que vocês três estão na minha casa.
Demi olhou para ele, abismada. Sabia que o emprego era bom demais para ser verdadeiro. Parecia que desco­brira o problema.
— Sim, senhor.
Lamentou ter encontrado um trabalho que desperta­va tantas lembranças ruins. Mas sua solidariedade se voltou para um garotinho que jamais compreenderia por que o pai não queria sua companhia. Estar lá para ele. E a dor... bem, jamais a esqueceria.
Jonas entrou no caminho para a casa, e Demi se calou. Depois que o carro passou os portões, ela observou, pelo espelho lateral, as pesadas portas de metal se fecharem. O coração disparou. Não tinha mais com fugir. Está sendo estúpida, Demi. Se realmente achasse que é um pervertido, jamais teria aceitado o trabalho.

Jonas parou diante da porta da frente da enorme casa de pedra cinzenta. Demi percebeu que as cores frias da casa e a falta de flores no jardim a tornavam ainda mais fria. Como seu dono. Era impressionante e luxuosa, mas monocromática. Verde. Como o dinheiro.

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