A limusine percorreu um longo caminho arborizado e parou no topo
de uma bela colina. Era a melhor vista da propriedade que ficava no meio de uma
área verde em um parque público.
Demi desceu do carro disposta a não se impressionar, mas logo
descobriu que estava mortalmente impressionada. Nunca demonstrou muito
interesse por casas, mas jamais vira uma casa como Oakmere Abbey antes.
O telefone do carro tocou e ela atendeu.
- Quais foram as primeiras impressões? - Joe perguntou calmamente.
.
- Certamente é um belo cenário.
- A reunião atrasou. Por que não vai conhecer a lavoura primeiro?
Iremos juntos até a casa.
O motorista a levou Para ver o bem cuidado jardim da fazenda onde o
gerente a esperava para fazer uma visita guiada. Só se passara uma semana desde
que Joe prometeu encontrar uma casa nova para o abrigo.
Joe finalmente encontrou Demi próximo à cocheira. Com os cabelos
castanhos ao vento e uma das mãos enfiada no bolso de uma jaqueta, ela estava
sentada sobre um fardo de feno em um galpão aberto, acariciando um cachorro.
Animada e sorrindo, estava tremendamente atraente e cheia de vida. No momento
em que avistou Joe, seu rosto redondo ficou tenso e o sorriso natural se fechou.
Ele cumprimentou o homem e estendeu a mão para Demi intimamente. O
gesto era tão calculado quanto a determinação em fazê-la aceitar as mudanças no
relacionamento.
-Vamos ver a casa. Eu disse ao agente que preferiríamos vê-la
sozinhos.
Demi pensou se ela já tinha percebido como a simples presença de Joe
fazia seu coração disparar. Toda vez que ela via aquele corpo robusto e o belo
rosto bronzeado dele alguma coisa se mexia e ardia dentro de si. Ele estava
lindo, como sempre foi. De alguma forma, ele também a alegrava, fazendo com que
seus olhos ficassem fixos nele. Demi sabia que, se não aprendesse a conter suas
reações diante da
beleza e dos olhares dele, ela se humilharia e sofreria
desnecessariamente. Largou a mão dele e enfiou a sua dentro do bolso da
jaqueta. Resistindo passivamente, lembrou a si mesma: sem contatos físicos desnecessários
de qualquer espécie. Tinha que ter cuidado. Se ela lhe desse o mais leve
encorajamento ou permitisse a menor intimidade, ele tiraria vantagens. A mente
dele estava treinada para tirar proveito dos oponentes fracos e tolos. Veja o
que ele estava fazendo com sua paz de espírito! Se ela não tomasse cuidado e o
mantivesse longe, em breve ele estaria balançando um chicote na cara dela e
estalando os dedos para ela pular.
- Seus pensamentos estão tão longe – Joe disse diretamente. A cordialidade
e a franqueza dela tinham desaparecido. Qual era o problema com ela? Seria
porque ele a pressionou a dar uma chance ao casamento deles? Ele estava se
esforçando, por que ela não fazia o mesmo?
- Tem muita terra, o abrigo só usaria metade disso - Demi
comentou. - Uma propriedade deste tamanho deve custar uma fortuna.
- Posso pagar. A localização não poderia ser melhor.
O silêncio que se seguiu era arrepiante. Eles caminharam de volta
para a entrada principal. O salão era revestido com um papel de parede alegre o
chão era de cerâmica. Joe franziu as sobrancelhas.
- Deve ser muito frio no inverno.
Demi estava admirando a bela lareira de pedra e tinha uma
inscrição datada do século XV.
- Muito calor não é saudável - ela retrucou, e se afastou para
explorar a enorme sala de estar que a distância parecia muito bonita. - Esta
vista é de outro mundo. Isso não existe mais no século XXI.
- As condições oferecidas pela casa são melhores do que eu
esperava.
- Suponho que precisaremos arrumar algumas coisas.
- Algumas? - Joe repetiu sem acreditar. - Eu acho que ninguém mexe
em nada desde 1920!
-O que é maravilhoso, porque está completamente modesto - Demi
lançou um sorriso sonhador na direção dele. - Esta também foi uma casa feliz,
posso sentir a energia.
Acrescentando mais um zero à quantia que ele acreditava que iria
gastar em Oakmere, Joe percebeu que ela estava sorrindo para ele outra vez, e
observou-a discretamente.
- Gostaria de morar aqui?
- Oh, sim - Demi não tinha dúvidas, qualquer que fosse o
resultado.
Ela sabia que Oakmere não era o estilo de Joe. Ele estava acostumado
ao luxo e seus gostos eram muito modernos. Ele também nunca tinha evidenciado
algum gosto por construções históricas ou pela vida no campo. Mas aquela
realidade não incomodava Demi nem um pouco. Afinal de contas, aquela seria sua casa,
já que tinha a intenção de reivindicá-la como sua parte no divórcio.
Joe reparou como os cílios dela realçavam os olhos castanhos. Ele
ficou intensamente satisfeito por ela ter gostado da casa. Ele a observava
alisar delicadamente a balaustrada na escadaria como se fosse um ser vivo
necessitando de afeição. Era a mulher mais delicada e feminina que já
conhecera.
O olhar de preocupação de Demi atraiu a atenção dele.
- No que você está pensando?
Com as bochechas coradas e quentes, ela respondeu:
- Nada importante.
- Aposto que você estava pensando em nós dois... morando aqui.
Apesar de ter se sentido um pouco culpada diante daquela
suposição, o sorriso dele fez com que ela sentisse um calor no estômago.
Simultaneamente, os pensamentos dela viraram poeira.
- Talvez.
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