quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CAPÍTULO 14 E 15

CAPÍTULO 14 
Eles estavam a 12 mil metros de altura, e era como se estivessem à mesma distância um do outro, pensou Joseph, irritado, quando tentou pela terceira vez puxar assunto com Demi e ela respondeu com um monossílabo.
Olhou para ela, não podia ver seu rosto direito, estava co­berto pelos cabelos que caíam soltos sobre os ombros, confor­me Demi lia um relatório após o outro. Ela estava assim, na mesma posição, e com a mesma disposição, desde que o avião decolara. Em nenhum momento se virara para ele para fazer um comentário, nem mesmo sobre o trabalho, como normalmente costumava fazer. Demi tinha um senso de humor extraordiná­rio, e conseguia fazê-lo rir mesmo quando o assunto era difícil e complicado. E ele sentia falta disso.
Joseph tamborilou os dedos sobre a mesinha. Ele próprio tinha milhões de coisas para verificar e repassar antes da reunião com Ron, mas não conseguia se concentrar. A cada poucos segundos, seu olhar se voltava na direção de Demi.
Ela havia tirado a jaqueta e estava usando uma blusa bran­ca que se ajustava com perfeição ao corpo, enfiada dentro da cintura fina da elegante saia-lápis, que chegava acima dos joelhos. Demi descruzou as pernas e tornou a cruzá-las, e os olhos de Joseph acompanharam os movimentos. Então ele no­tou que a caneta dela tinha caído no chão. Antes que pudesse pegá-la para ela, Demi se curvou para recuperar a caneta, e ele teve um vislumbre da borda do sutiã de renda branca que ela usava.
Joseph queria muito fazer amor com ela, mas sabia que teria de ser cuidadoso na abordagem. Um passo em falso, e as coisas poderiam ficar ainda mais complicadas.
Ao longo da última semana, Joseph se forçara a ter paciên­cia e a não se deixar afetar pelos modos distantes e formais de Demi. O que parecia estranho, porque paciência não era uma de suas virtudes, mas de alguma forma ele sentia que valia a pena esperar por Demi. Independentemente do que ela havia dito, sobre não existir mais atração, e que estava na hora de o relacionamento acabar, ele não acreditava. Tudo bem, ela podia estar sendo arrogante e confiante demais... E era possível que ela estivesse saindo com outra pessoa. Joseph não descartara de todo essa possibilidade. Mas ele detectara o desejo nos lábios dela, na última vez em que a beijara. Tinha quase certeza de que ela havia se forçado a demonstrar indiferença. E agora que eles iriam passar algum tempo juntos e sozinhos, era a ocasião perfeita para descobrir o que estava acontecendo, sondar o que se passava na cabeça dela, e, quem sabe, esperançosamente, voltarem às boas.
Só havia um pequeno problema. Demi o estava ignorando.
Joseph passou a mão pelos cabelos, irritado consigo mesmo por estar se amofinando com aqueles pensamentos ali no avião. Devia deixar aquelas dúvidas para outra hora, depois da reunião com Johnson. Era nisso que tinha que focar toda a sua atenção agora.
Ele se levantou e foi até o frigobar, do outro lado do avião.
— Quer comer alguma coisa? — perguntou por sobre o ombro.
— Não, obrigada — respondeu Demi sem erguer a cabeça. Ele pegou um sanduíche e se serviu de mais café.
— Quer beber?
— Não, obrigada.
Joseph respirou fundo. Que droga, ela estava fazendo aquilo de propósito para irritá-lo?!
Ele voltou para o assento e remexeu nos papéis.
— Você bebe café demais — disse ela, repentinamente. — Essa é a quarta xícara que toma. Eu me admiro que você consiga dor­mir de noite.
Ah... Então ela estava reparando no que ele fazia, mesmo sem olhar...
— Eu nunca tive problema para dormir.
Joseph olhou para ela e sorriu. Demi deu um leve sorriso e voltou a ler o relatório.
— Você deveria comer alguma coisa — insistiu Joseph.
— Não estou com fome. — Demi afastou os cabelos para trás da orelha.
— Você está bem? — perguntou ele, subitamente preocupado. Ele já há achara um pouco pálida de manhã, e agora percebia que ela estava bem abatida.
— Você já me perguntou isso de manhã. E eu disse que estou bem.
— Mas você não parecia bem de manhã, e não parece bem agora. Parece uma morta.
—Ah, que simpático... Obrigada. —Joseph sorriu.
— Só estou demonstrando minha preocupação.
— Se essa é a sua preocupação, acho que prefiro a sua atitude indiferente e dominadora.
—Bem, se é assim, não me importo de ser um tanto dominador... — Joseph olhou para ela com expressão de provocação.
Demi tentou ignorar o calor que percorreu seu corpo. Tinha raiva de si mesma por ser tão suscetível a Joseph.
— Acho que estamos nos desviando do que é importante Joseph. Deveríamos estar programando nossa reunião com Ron. Não...
— Sabe Demetria, só porque o nosso relacionamento terminou, não significa que não possamos ser amigos — interrompeu Joseph, com voz firme.
O coração de Demi acelerou. Claro que tinha grande apre­ço por Joseph, mas naquele momento não conseguia se ver sendo "amiga" dele. Bem que ela gostaria, mas seria possível ser amiga de alguém a quem se amou com tanta paixão? Perguntou-se.
— Sim, é claro que somos amigos — obrigou-se a falar com naturalidade.
Então por que estou detectando certa frieza em sua voz?
— Não há frieza nenhuma. — Demi levantou o rosto, mas quando seu olhar encontrou o de Joseph, ela se arrependeu. Eu só estou lidando com a situação da melhor maneira que consi­go — admitiu, com a voz um pouco trêmula. — Claro que é um pouco... Esquisito viajar a trabalho com alguém com quem você foi... Tão íntimo.
— Não vejo por que — retrucou Joseph, encolhendo os ombros.
— Deve ser porque você está habituado a pular de um relacionamento para outro. Eu não.
— Mas foi você quem quis terminar, Demetria — lembrou ele. Pronto, lá estavam eles de volta àquele assunto, pensou Demi, tentando não entrar em pânico. Como isso fora acontecer?
— Sim, eu sei. E ambos sobrevivemos e trabalhamos bem juntos a semana inteira. No que diz respeito a mim, não vejo problema nenhum. Foi você quem trouxe o assunto, não eu.
— Porque eu acho que para haver um bom relacionamento no trabalho, é importante nos sentirmos à vontade um com o outro. Acho que não devemos permitir que questões pessoais interfi­ram no nosso trabalho.
Aquilo era tudo que importava para Joseph: trabalho.
— Eu concordo plenamente. — Demi voltou a olhar para os papéis à sua frente. — Quero que tudo corra bem, com o trabalho e conosco, cada qual com sua vida daqui para frente.
— Demetria, nós não vamos convencer Ron Johnson de que so­mos noivos, se você agir deste jeito comigo na frente dele!
Demi ergueu a cabeça abruptamente.
— Ah, então é este o problema! A questão não é que continue­mos amigos, mas enganar Ron Johnson!
— Não estou enganando ninguém — disse Joseph, com firmeza.
— Está sim. Você mentiu, e eu não aprovo isso!
— Você concordou em colaborar com a mentira, então tam­bém não é nenhuma inocente!
— E que escolha eu tinha, senão concordar?! Eu não concor­dei, mas fui obrigada a aceitar.
Bem, pelo que me lembro você não ficou tão indignada na ocasião. Ao contrário, nós selamos o acordo com um beijo.
Demi fechou os olhos e respirou fundo, furiosa. Como ele se atrevia a acusá-la do que havia sido um momento romântico entre eles?
— Vamos mudar de assunto, sim? — sugeriu ela, tentando não tremer. — E exatamente por isso que não podemos ser amigos.
— Por quê? Por que estou lhe mostrando a verdade?
— Porque você me irrita profundamente, por isso! — Ela quase gritou.
Joseph sorriu.
— Ah, está melhor.
— O que está melhor? — Demi franziu a testa.
— Você. Voltou a ser você mesma. Aquelas respostas monos­silábicas... "sim", "não"... Educadas e formais estavam realmen­te começando a me cansar. Eu tenho isso de todo mundo à mi­nha volta. Espero mais que isso de você.
— É mesmo? — A voz de Demi soou fria e sarcástica. — E eu também espero mais de você do que jogar na minha cara lembretes de momentos íntimos.
— Você sabe ser desmancha-prazeres, Demi — murmurou Joseph, rindo.
— E você sabe ser um pé no... Uma pedra no sapato!
— Vamos fazer o seguinte, vamos esquecer minha sugestão de "sermos amigos", certo? — disse ele, ainda com ar de riso.
— Ah, não precisa se preocupar. Vou fazer a minha parte e re­presentar o papel de noiva apaixonada, perto de Ron — resmun­gou ela. — Mas isso não significa que eu concorde com essa farsa.
— Eu nunca teria imaginado.
O calmo sarcasmo de Joseph não a fazia se sentir melhor.
— Talvez você devesse ter usado outra mulher como sua falsa cara-metade.
— Talvez — concordou Joseph, com um encolher de ombros. —Mas agora está um pouco tarde para isso. E como acompanhou desde o início as negociações para a aquisição da R.J., terá de ser com você mesmo.
A atmosfera não estava apenas gelada agora, estava glacial, ártica. Demi desviou o olhar, e o silêncio se interpôs novamen­te entre eles.
Como Joseph era insuportável! Que petulância era aquela de dizer que "teria de ser com ela mesmo"?
Meia hora depois, o sinal para apertar os cintos se iluminou, e o piloto anunciou que iriam pousar. Demi olhou para o reló­gio, e Joseph começou a juntar a papelada. Ele se inclinou para olhar pela janela.
— Parece que o tempo está bom, lá — observou.
Demi espiou também e viu o mar turquesa do Caribe, e em seguida a faixa verde de uma ilha rodeada por palmeiras e praias douradas.
— Lindo, não? — comentou Joseph.
Demi ficou imaginando como ele conseguia agir com tanta calma e apreciar a paisagem com tanta serenidade quando eles tinham acabado de se indispor um com o outro. Era irritante como Joseph tinha a capacidade de desligar o lado emocional; ele fazia isso sempre, mesmo quando estavam juntos... Fazia amor com ela com um ardor explosivo e dez minutos depois se trans­formava de amante em homem de negócios.
Isso a irritava sobremaneira.
— E, sim — murmurou séria. — Para que horas a reunião está marcada? — indagou ela, sem desviar o olhar da janela do avião.
— Ron nos convidou para jantar as sete e meia. — Joseph olhou para o relógio. — Teremos tempo suficiente para ir até minha casa, tomar um banho e trocar de roupa.
— Jantar? — Demi se virou para Joseph, com as sobrancelhas arqueadas, e em seguida voltou a olhar para fora. — Consideran­do-se que o homem é quase um eremita, isso é encorajador... Não é ele que só quer ter contato com os advogados e o gerente da empresa?
— É Ron é excêntrico. Mas eu comentei com ele que somos praticamente vizinhos em Barbados... Acho que esse fato con­tou a meu favor.
— Que bom. Bem, espero que as coisas se resolvam depressa. Talvez possamos voltar ainda esta noite.
— Talvez... Mas eu não contaria com isso, se fosse você.



 CAPÍTULO 15

Uma limusine esperava por eles do lado de fora do terminal.
Joseph e Demi se sentaram lado a lado, em silêncio, conforme o veículo percorria as estradas estreitas margeadas por canaviais.
O clima entre eles só estava um pouco mais leve porque Joseph tinha aberto a divisória de vidro para conversar com o mo­torista, um nativo da ilha extremamente simpático e amigável chamado George. Era um rapaz alegre e brincalhão, e Demi começou a se sentir um pouco mais relaxada e a apreciar a pai­sagem verde.
Eles só pararam quando chegaram à entrada da casa de Joseph, para esperar o imenso portão elétrico levantar.
— Estão anunciando um temporal para esta noite — avisou George, enquanto percorriam a alameda de entrada.
Demi olhou para o céu azul por entre as folhas das palmeiras.
— Mas não tem uma nuvem no céu.
É, mas elas já estão vindo. Deve começar a chover de madrugada.
— Espero que não seja um tornado — comentou Demi. — Pas­sei por um em Miami, no ano passado, e foi assustador.
— Bem, acho que tivemos sorte. Era um tornado, mas está perdendo a força. George sorriu por sobre o ombro. — Mas essas tempestades tropicais são tão imprevisíveis quanto às mu­lheres, por isso, nunca se sabe.
O carro parou, e Demi olhou ao redor, mal podendo acreditar no que via. No centro de um jardim paradisíaco, erguia-se uma casa linda, parte de pedra, parte pintada de branco, com uma va­randa que dava toda a volta.
Ramagens de plantas e flores tropicais pendiam das sacadas, e pelas portas de vidro ela pôde ver do outro lado à mobília de vime com estofados coloridos, de frente para um jardim que descia suavemente até a faixa de areia da praia. Ao fundo, o mar azul cintilava resplandecente.
Ela prendeu a respiração.
— Uau — foi tudo que ela conseguiu dizer, quando soltou o ar. Joseph lhe lançou um olhar divertido.
— Gostou?
— Se eu gostei?! Está brincando... Isto aqui é o paraíso, só pode ser!
George abriu a porta, e eles desceram do ar refrigerado do carro para o dia quente e ensolarado. Havia uma tranquilidade naquele lugar, um silêncio que apaziguava a alma. Os únicos ruídos eram o rebentar suave das ondas na praia e o zumbido de uma ou outra abelha revoando entre as flores.
Quando eles subiram para a sombra da varanda, a porta da frente se abriu e uma mulher de seus cinquenta e poucos anos os recepcionou. O corpanzil da mulher estava comprimido dentro de um vestido de estampa colorida, e ela mostrava um rosto re­dondo e sorridente. Demi simpatizou imediatamente com ela.
— Seja bem-vindo, Sr. Jonas — cumprimentou ela. — Já está tudo pronto e arrumado para a sua chegada.
— Obrigado, Dolores. — Joseph apertou a mão dela. — Quero lhe apresentar minha assistente, Demetria Lovato — disse ele. —Dolores é minha caseira, Demi. Ela toma conta maravilhosamente de tudo por aqui. Não sei o que eu faria sem ela.
A mulher ficou visivelmente encantada com o elogio. Qualquer coisa que precisar Srta. Lovato é só dizer.
Eles seguiram Dolores para dentro da casa e atravessaram o hall de piso de madeira polida. Demi vislumbrou uma elegante sala de estar à esquerda, antes de começar a subir a escada.
— Eu preparei a suíte de hóspedes para a senhorita, Srta. Lovato — avisou Dolores, atravessando o amplo hall do segun­do andar e abrindo uma porta com um floreio.
Demi passou por Joseph e entrou num quarto amplo, com uma cama de casal. Uma porta dupla de vidro se abria para uma varanda, com vista para o mar.
— Que maravilha... Muito obrigada.
— Que bom que você gosta. — Dolores se virou para seu patrão, que estava em pé na soleira da porta. — Houve alguns telefonemas para o senhor, Sr. Jonas.
Enquanto Dolores recitava uma lista de nomes e recados que parecia não ter fim, Demi se sentou na beirada da cama. Ela estava um pouco cansada... Na verdade, sua vontade era dei­tar-se e dormir um pouco. Devia ser o calor; não parecia haver ar-condicionado na casa, somente ventiladores de teto.
Dolores terminou a lista de telefonemas e perguntou a Joseph o que ele queria que ela preparasse para o jantar.
— Nós vamos jantar fora, obrigado, Dolores — disse ele. — O Sr. Johnson vai mandar um barco nos buscar.
— Um barco? — perguntou Demi, surpresa, depois que a caseira saiu.
— Sim. Parece que é mais rápido chegar a casa dele de barco. O caminho de carro é bem mais longo.
— Bem, se vamos de barco, acho melhor usar sapatos sem salto. — Demi tirou os sapatos de salto alto e esfregou os pés, distraída. Com o movimento, a saia subiu um pouco, e Joseph percorreu os olhos pelo corpo dela.
— Demetria?
— Hum? — Ela levantou o rosto e afastou os cabelos para trás, enquanto o fitava com aqueles olhos verdes grandes e indagadores.
Joseph hesitou. O que ia dizer para ela? "Não esfregue o pé desse jeito, porque está me deixando excitado"? Parecia loucu­ra... Até para os próprios ouvidos.
— Não... — Ele vacilou. — É que... Não temos muito tempo, então é bom começarmos a nos mexer.
Em seguida ele saiu e fechou a porta. Naquela noite, depois que tudo estivesse resolvido no campo dos negócios, ele daria um jeito de seduzi-la e levá-la para a cama, prometeu para si mesmo. E sua vida voltaria à normalidade.
Quando Demi desceu, vinte minutos depois, ela seguiu o som da voz de Joseph e o encontrou em um escritório com portas de vidro que se abriam para o jardim. Ele estava sentado à escrivaninha, com o notebook aberto à sua frente.
— Espere só um momento — pediu, cobrindo o bocal com a mão quando Demi entrou. — Demi, você se lembra da senha para acessar os arquivos da R.J.? — Ele percorreu os olhos pela silhueta dela, avaliando a calça branca de stretch e a blusa com uma discreta estampa em preto e branco. Ela conseguia ser sim­ples, elegante e sexy, tudo ao mesmo tempo...
Joseph apertou várias teclas, tentando acessar os arquivos.
— Espere.
Demi se aproximou, e Joseph sentiu o perfume suave quando ela se inclinou sobre o notebook. Ela digitou a senha, e no mes­mo instante a pasta que ele queria se abriu.
— Obrigado.
Joseph pegou novamente o telefone e retomou a conversa. Entretanto, pelo canto dos olhos, ele observava Demi enquanto ela andava pelo aposento. Ela pegou uma fotografia do pai dele, que estava perto da estante de livros, e depois admirou o quadro acima da lareira.
— Esta casa é bem diferente do que eu imaginava — disse ela, depois que Joseph desligou.
— E como você imaginava? — quis saber ele, recostando-se na cadeira giratória.
Demi estava observando uma peça de porcelana sobre uma mesinha de canto.
— Bem, a decoração do seu apartamento em Miami é... Como posso dizer... É mais clinica, não sei se posso descrever assim... E de extremo bom gosto e cheia de estilo, mas é diferente daqui.
— Clínica?
— Sim... Impessoal, sabe... E como se alguém tivesse decora­do o apartamento para você, e você tivesse entrado depois.
— É porque foi isso mesmo. O apartamento foi decorado para mim. — disse Joseph, sorrindo. — Eu contratei uma designer de in­teriores. Não tenho tempo para ficar escolhendo móveis e peças de decoração.
— É eu sei... Mas esta casa é mais aconchegante... É mais como... Um lar.
— Ela foi o meu lar durante algum tempo — explicou Joseph. — Meus pais se mudaram de Portugal para cá quando eu tinha nove anos.
— Oh... Eu não sabia! — Demi olhou ao redor outra vez, com interesse renovado. — Deve ter sido uma delícia crescer num lugar lindo como este.
— Foi bom. — Joseph olhou para o relógio.
— E onde estão seus pais agora? — indagou ela.
— Meu pai faleceu, e minha mãe mora na França. — Joseph se levantou. — Vamos rever os últimos detalhes para a reunião? Da­qui a pouco o barco deve chegar.
Demi notou como Joseph se esquivava de responder a perguntas pessoais. Ele sempre fora assim. Joseph nunca falava sobre sua infância, não lhe contava coisas do seu passado. Isso a entristecia. Eles tinham uma intimidade física incrível, e, no entanto, ela pouco sabia sobre ele. Joseph nunca se abrira com ela, nunca expusera seus sentimentos, suas emoções.
Demi ficou olhando enquanto ele abria a porta de um armá­rio e tirava de lá uma caixa de madeira.
— O que você está fazendo?
— Você precisa de um anel de noivado. Enquanto falava, ele esvaziava o conteúdo da caixa em cima da escrivaninha. Algumas joias se espalharam sobre o tampo da mesa.
— De onde veio isso? — perguntou Demi, curiosa.
— Eram da minha mãe. — Joseph abriu umas gavetinhas den­tro da caixa e procurou antes de pegar uma caixinha de veludo verde-escuro. — Ah, aqui está!
Ele ergueu a tampa e Demi viu um anel com um brilhante quadrado que brilhava ao sol do fim de tarde. Joseph pegou o anel e o entregou a ela.
— Veja se serve.
Ela examinou o anel antes de colocá-lo no dedo.
— Que lindo! — exclamou.
— Bem, eu imagino que Ron esteja esperando ver um belo anel no seu dedo. — Joseph acenou com a cabeça na direção da joia. — Experimente, para ver se serve.
Com uma sensação um pouco estranha, Demi enfiou o anel no dedo da mão direita.
— Está só um pouquinho largo. — Ela já ia tirar o anel quando Joseph se aproximou e segurou sua mão para olhar.
— Parece bom. Acho que não está largo a ponto de cair, não é?
— Não, não. — Demi ajustou o anel melhor e esticou o braço para admirar o efeito.
— Esta encenação é realmente necessária, Joseph? — perguntou ela, afastando-se dele.
— Talvez sim... Talvez não. Mas por via das dúvidas, vamos mantê-la, porque não vou deixar esse negócio escapar por causa de um capricho de um homem cheio de esquisitices. — Joseph fitou Demi nos olhos, com expressão séria. — Não custa nada, não é?
— Isso é uma questão de opinião, Joseph. Se Ron vier a descobrir que você mentiu para ele, pode custar sim, e muito. E como você é notoriamente um solteiro convicto, não é impossível que ele logo descubra. Ou desconfie, pelo menos.
— Bem, se isso acontecer, eu vou convencê-lo de que mudei de ideia. — Joseph encolheu os ombros. — Acontece, não é? Soltei­ros convictos podem se apaixonar e mudar de ideia com relação ao casamento.
— Seria mais convincente se você dissesse a ele que fez um transplante de cérebro, e que por isso decidiu se casar — retrucou Demi, com indiferença.
Joseph riu.
— Bem, nem você nem eu somos do tipo que quer compromissos, não é mesmo? Mas Ron não precisa saber disso.
Demi não disse nada.
— Ora, vamos lá, Demdem... Se essa negociação der certo, nós estamos feitos! Ninguém está roubando ninguém, nós vamos pa­gar pela aquisição da empresa, e um preço muito bom para ele!
Demdem... Joseph só a chamava assim quando eles namoravam. Ela disfarçou o arrepio que a percorreu de cima a baixo.
— Está bem, eu já disse que tudo bem! Mas terá de ser você quem vai contar as mentiras, porque isso eu não vou fazer.
— Sem problema.
Joseph sorriu aquele sorriso meio torto que ela conhecia tão bem e tanto amava. Demi faria qualquer coisa por Joseph quan­do ele sorria para ela daquele jeito... E isso era preocupante.
— Obrigado, Demi — murmurou ele.
— Não me agradeça, vamos logo começar o show.


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Oi, não estava nem de longe nos meus planos postar hoje, mas por motivos maiores hoje não teve aula e ainda saí mais cedo do trabalho, motivo? blecaute no nordeste brasileiro, tirando o constrangimento pra chegar em casa por conta dos semáforos estarem todos apagados e todo mundo doido pra chegar em casa e formar uma confusão nas avenidas, amei ficar em casa e namorar um pouco, pois é o tempo é pouco até pra isso, e como gosto muito de vocês resolvi postar 2 capítulos pra vocês antes de ir pro cinema assistir cine holliúdy  não é um programa romantico, mais tô louca pra assistir então vai ser esse mesmo, só isso por hoje pois já estou de saída. Só mais uma coisinha COMENTEM!!!!    

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

CAPÍTULO 13

Demi não teve muito tempo para pensar. Foi o tempo de ela voltar para casa, jogar algumas roupas dentro da mala, e o interfone tocou, com o porteiro avisando que o Sr. Jonas estava esperando por ela lá embaixo.
Ela lançou um rápido olhar para o espelho, antes de pegar a pequena mala de rodinhas. Não tivera tempo de trocar de roupa, ainda estava com a mesma roupa que vestira de manhã para ir trabalhar. Mas pelo menos agora havia um pouquinho de cor em suas faces... Provavelmente um sinal mais de agitação do que de saúde, mas de qualquer forma, já não parecia um fantasma ambulante.
O interfone tocou outra vez.
— Já estou descendo — disse ela, impaciente.
Em seguida saiu, fechou a porta e foi para o elevador, levan­do a mala, a pasta e a bolsa.
Demi não esperava que Joseph fosse buscá-la com uma limusine!
Um motorista desceu do carro quando ela se aproximou e pegou a mala, antes de abrir a porta para ela entrar. Ela se sentou no confortável banco de couro, de frente para Joseph.
— Desculpe por fazê-lo esperar — murmurou, sem fôlego.
— Sem problema.
Joseph, por sua vez, parecia perfeitamente relaxado. Estava examinando uma papelada e mal olhou para ela.
— Precisei arrumar a mala e... — Demi se calou quando de repente percebeu que eles estavam sozinhos. — Onde estão Aaron e John? Eles não vão?
Joseph olhou para ela.
— Não. Por que eles iriam?
 — Eu... Não sei... Achei que eles iriam. — Demi respirou fundo para se acalmar. Não queria que Joseph percebesse que o fato de eles irem sozinhos a abalava. — Quero dizer, não vamos precisar deles? A consultoria jurídica de Aaron pode ser crucial... Nor­malmente eu levo uma equipe comigo nas viagens de trabalho. Quando fui para Los Angeles no ano passado, levei...
— Demetria — Joseph a interrompeu e a fitou dentro dos olhos, com expressão séria. — Eu sou o presidente da empresa. Eu tomo as decisões. Você não precisa de ninguém mais com você.
Demi se encolheu no banco da limusine. Posto daquela maneira, ela supunha que ele tivesse razão.
— Vamos trabalhar? Quero que você dê uma lida nestes relatórios que John fez.
Demi pegou as folhas de papel que Joseph lhe entregou e tentou se concentrar. Por alguns minutos, os dois ficaram em silêncio, conforme a limusine deslizava suavemente por entre o tráfego. Demi terminou de ler o relatório e abriu sua pasta para fazer algumas anotações. Ela não pôde deixar, entretanto, de se distrair por um momento, olhando à sua volta, dentro do veículo.
Ela nunca viajara com toda aquela suntuosidade. Normalmente pegava um táxi para ir ao aeroporto, quando alguém não lhe dava uma carona. Aquela limusine era imensa, com um banco circular de couro preto, minibar e TV.
O estilo de vida de Joseph era luxuoso. O apartamento dele era fabuloso, no distrito art déco de Miami, uma cobertura com vis­ta para o mar e piscina privativa. Ela havia estado lá algumas ve­zes, e ficara maravilhada. Por outro lado, embora o lugar fosse lindo e a decoração elegante e de bom gosto, era um apartamento típico de um homem solteiro, apesar de toda a modernidade e conforto, faltava um toque pessoal, feminino.
Bem que ela teria gostado de ser a pessoa que daria esse to­que... Mas mesmo que Joseph fosse do tipo de homem que preten­dia um dia se casar e ter uma família, provavelmente escolheria alguém de sua mesma esfera social. Um magnata, que tinha até um jato particular...
Joseph ergueu o rosto de repente e a flagrou fitando-o, ele estreitou os olhos, e o coração de Demi disparou. Ela desviou o olhar para fora, refletindo, desolada, que não importava quantas desculpas desse para si mesma para justificar que o relaciona­mento deles parecia fadado a não dar certo, o fato era que ela estava loucamente apaixonada por Joseph.
— Quer beber alguma coisa? — perguntou ele, servindo-se de café. — Tem suco e água mineral, também.
— Eu aceito água. — Demi observou enquanto ele pegava uma garrafa, abria-a e colocava num copo de cristal para ela.
— Obrigada. Ela teve o cuidado de não encostar na mão dele, ao pegar o copo.
— Não vamos manter este clima entre nós nos próximos dias, não é? — perguntou ele inesperadamente.
— Que clima? — Demi sentiu o rosto, queimar.
— Você parece... Magoada.
— Impressão sua — retrucou ela, tentando falar com voz firme. — Até onde eu sei, vamos viajar a negócios, não vamos? — Ela enfrentou corajosamente o olhar de Joseph. Após alguns segundos, ele assentiu.
— Ótimo. Tudo bem, então. O celular de Joseph tocou, e Demi voltou à atenção para os papéis em suas mãos, com uma sensação de alívio. Ele estava certo. Se aquele clima de tensão continuasse, em pouco tempo ela estaria um trapo.
— Oh, olá, Ashley — disse ele, já com outra disposição. — Eu estou a caminho do aeroporto. Você encontrou aquele relatório?... Ótimo... Ah, se você puder fazer isso, vai facilitar bastan­te as coisas para mim...
Ele riu de alguma coisa que Ashley disse. Era aquela risada, baixa e sedutora, que fazia o coração de Demi disparar. Repri­mindo um suspiro, ela tentou mergulhar ainda mais na papelada.
— Sim, está bem... Ok nos vemos em breve. — Ele riu nova­mente de alguma coisa que Ashley disse.
Obviamente, Joseph achava Ashley bastante divertida. Demi sentiu uma vontade imensa de tapar os ouvidos. Não queria ficar escutando aquilo. Do que os dois estavam falando? De se encon­trar para jantar? Para prolongar a noite depois?
— Certo, vou pensar a respeito... Ok, tchau.
Joseph desligou e o silêncio voltou a pairar no interior da limusine. Demi não tirava os olhos do trabalho. Ela nem piscava, embora não estivesse enxergando uma única letra ou número. Sabia que estava sendo ridícula. Se Joseph e Ashley começassem a sair juntos, não era da sua conta. E, de qualquer forma, não iria durar muito, mesmo. Em poucos meses, Joseph se cansaria e partiria para outra nova conquista.
O problema era que esse fato não animava Demi nem um pouco. Só de pensar em Joseph beijando outra mulher, fazendo amor... A deixava completamente arrasada. Era um sentimento irracional, mas era mais forte que ela.
Demi tinha se sentido do mesmo jeito quando seu casamen­to acabara e Wilmer dissera que estava indo embora de casa. Só que, naquela ocasião, era justificável. Ela fora casada com Wilmer por cinco anos, e ele não só a deixara por causa de outra mulher, mas essa mulher estava esperando um filho dele.
Ainda se lembrava da sensação horrorosa que tivera quan­do ele havia lhe contado a novidade. Como se não bastasse descobrir que Wilmer tinha tido um caso, ela ficou sabendo também que ele iria ser pai. E ele tivera o descaramento de dizer que ainda a amava.
Tudo começou como uma brincadeira inconsequente, não significava nada para mim — contara ele, com um ar de tristeza.
— Só um pouco de diversão... Nunca foi minha intenção magoar você. Mas o fato é que ela está grávida e vai ter um filho meu. Não posso abandoná-la agora. Tenho de fazer a coisa certa.
A coisa certa! Que absurdo... —Demi respondera que se ele queria fazer "a coisa certa", não deveria ter se envolvido com outra mulher, para começo de conversa. A vontade dela fora de jogar coisas em cima dele, de se revoltar contra ele e contra o mundo inteiro por toda aquela crueldade e injustiça. Por que ela não tinha ficado grávida? Por que não podia ser o seu bebê?
Mas Demi se controlara e se comportara com dignidade, recompondo-se e prosseguindo com sua vida. E nessa altura ela havia prometido a si mesma que nunca mais um homem a faria sofrer outra vez.
Por isso mesmo, ela fizera bem em terminar com Joseph, especialmente porque seu sentimento por ele era ainda mais forte do que por Wilmer. Na verdade, nem se comparava. E ela se recusava a sofrer por causa de um homem, não precisava de um homem em sua vida, disse a si mesma com firmeza.


CAPÍTULO 12 E DIVULGAÇÃO

Enquanto caminhava até seu escritório, Demi não podia dei­xar de pensar se Joseph iria mesmo sair com Ashley. Esse simples pensamento provocava uma sensação horrível dentro dela.
Com grande determinação, Demi concentrou a atenção no trabalho. O importante no momento era finalizar a negociação com Johnson.
A primeira coisa que ela fez quando se sentou à sua mesa foi ler os e-mails. Não havia nenhum com relação ao acordo com RJ. Aquele silêncio era preocupante.
Demi refletiu que seria melhor conversar com Joseph para saber como ele queria conduzir a negociação dali por diante. Ela estava tirando o telefone do gancho para ligar quando chegou um e-mail dele.
"Venha até minha sala para resolvermos essa situação com RJ.”
Nem "bom dia", nem "tudo bem?", nada.
Demi respirou fundo, preparando-se para o confronto, refletindo que poderia ter passado sem essa. Quando se levantou, sentiu uma súbita onda de náusea. A intoxicação alimentar ainda não sarara de todo.
Quando entrou no escritório de Joseph, Demi descobriu que não fora a única a ser chamada. O advogado dele, Aaron Williams, também estava lá, bem como o diretor do departamento financei­ro, John Sorenson. Joseph andava de um lado para o outro, feito um leão enjaulado.
Como Joseph conseguia continuar atraente mesmo quando esta­va bravo? Ela se perguntou. Ele irradiava uma energia poderosa, que intimidava, constrangia um dinamismo... Ah, como a vida seria tão mais fácil se ela fosse imune ao charme de Joseph Jonas!
— Por que chegou só agora, Demetria? — perguntou ele, quase ríspido. — Estou há horas no telefone com os advogados de Ron... — Joseph parou de falar e estreitou os olhos. — Está tudo bem? Você parece pálida...
— Eu estou bem — mentiu ela, surpresa por ele ter notado.
Joseph a fitou fixamente por um segundo, e o coração de Demi deu um pulo. Não vá começar a imaginar que ele se importa sua tonta, ela advertiu a si mesma.
Ela ergueu um pouco o queixo.
— Está tudo bem, Joseph — repetiu. Ele assentiu com a cabeça.
— Bom. Espero que sim. Temos bastante trabalho à nossa frente, nos próximos dias. Esta semana será crucial para as negociações.
Pronto... Tudo que importava para Joseph era o trabalho. Ele estava preocupado que ela precisasse faltar, e ela achando que ele pudesse estar preocupado com ela, pensou Demi, aborrecida.
— Bem, voltando ao assunto em questão — Joseph prosse­guiu sério: — Ron quer se encontrar comigo antes de assinar o contrato.
Então ele vai assinar? — Demi se sentou em uma cadeira. Joseph deu de ombros.
— Eu sei tanto quanto você. Mas o fato é que nós batalhamos muito para chegar até aqui, e não faz sentido recuar agora. Nós iremos até o fim, faremos qualquer coisa que ele queira se isso significar a compra da RJ.
— Eu estava revendo as condições, e acho que só se ele tives­se perdido o juízo, para não assinar logo este contrato — opinou John, servindo-se de café. — Quer café, Demetria?
Ela balançou a cabeça. Só a ideia de tomar café fazia seu estômago revirar. Com certa dificuldade, ela voltou a se concentrar no que Joseph estava dizendo.
— Eu não acho que a questão do dinheiro seja tão importante para ele. Aparentemente, ele quer outras garantias.
— Que tipo de garantias? — indagou Demi, cautelosa.
— Só Deus sabe ó que ele quer agora — respondeu Joseph. — nós teremos que ir encontrá-lo hoje... Antes que todo o nos­so trabalho seja perdido.
— Hoje? — Demi se empertigou na cadeira. — Mas... Assim, de repente?
— Terá de ser hoje. Os advogados não estão conseguindo mais adiar, e se deixarmos esta situação continuar se arrastando, vamos perder o negócio.
— Mas Ron é praticamente um eremita. — Demi franziu a testa. — Ele mora num lugar isolado em Barbados, Joseph. Você acha que ele virá para cá?
— Não, eu não acho — admitiu Joseph, seco. — Por isso já deixei nosso piloto de sobreaviso. — Ele olhou para o relógio.
— Se nos organizarmos, talvez consigamos decolar daqui à uma hora.
Demi balançou a cabeça. Ela não gostava nem um pouco do rumo que aquilo estava tomando.
— Ron é excêntrico, Joseph. Você sabe que é muito possível irmos até lá e ele mudar de ideia e não querer nos receber.
— Eu não creio. Ele disse que queria se encontrar comigo, e me pareceu sincero e determinado — afirmou Joseph.
— Mas vamos precisar de cópias de toda a documentação!
O coração de Demi estava aos pulos agora, mas isso não tinha nada a ver com a documentação, e sim com a perspectiva! De viajar com Joseph, mesmo que a negócios.
— Aaron vai cuidar disso — Joseph a interrompeu com voz baixa e em seguida se voltou para os outros homens, que estavam de pé em silêncio, perto da janela. — Preciso de tudo dentro de meia hora.
Aaron arqueou as sobrancelhas, surpreso. Receio que vá demorar um pouco mais que isso para...
— Não posso esperar mais que isso — Joseph o interrompeu também. — Por isso sugiro que você se apresse.
— Está bem.
Aaron saiu da sala, visivelmente nervoso.
— Enquanto isso quero que você verifique os números, John.
— Joseph se virou para seu diretor financeiro. — Imprima algumas possíveis opções, para o caso de termos de renegociar o preço.
— Certo, vou fazer isso.
John saiu da sala, tão agitado quanto Aaron. Demi não os culpava por isso. Não era nada fácil ficar perto de Joseph quando ele estava naquele estado de espírito. Ele era perfeccionista e não aceitava reveses com facilidade.
O silêncio pairou sobre a sala quando Joseph e Demi ficaram sozinhos.
— E então, o que você quer que eu faça? — perguntou ela, com certa hesitação.
— Vá para casa e arrume a mala. Leve roupa suficiente para alguns dias.
— Alguns dias?! — Demi arqueou as sobrancelhas. — Não va­mos voltar amanhã?
— Não sei quanto tempo precisaremos ficar lá. Ficaremos o tempo que for necessário para sair com o negócio fechado.
Joseph olhou para ela. — E você vai fazer o papel de minha noiva.
Demi se sentiu tonta.
— Está brincando?!
— Claro que não — disse Joseph, em tom de voz calmo. — Por acaso este assunto é uma brincadeira?
— Eu avisei que você estava brincando com fogo quando mentiu para Ron! — Demi o fuzilou com os olhos. — Foi por isso que a negociação paralisou? Ele descobriu que você inventou um monte de mentiras?
— Eu não faço ideia, Demetria — respondeu Joseph, com sinceri­dade. — A única coisa que eu sei é que vou precisar de você para fazer a sua parte. Espero que não demore muito.
— Não gosto nem um pouco desse tipo de abordagem, Joseph. Não é nada profissional.
— Eu também não gosto, mas o que quer que eu faça? — Ele deu de ombros. — Eu preciso que vá comigo, independentemente da história do noivado. Você fez a maior parte das negociações, acompanhou tudo desde o início.
Ele tinha razão. Nem ela iria querer abandonar o projeto, àquela altura.
Demi suspirou. — Está certo. Vou pedir a Miley que faça reservas em um hotel para nós.
— Não precisa. Eu tenho uma casa lá. Hospedagem é a menor de nossas preocupações. — Joseph olhou para Demi, quando ela continuou imóvel e em silêncio. — Algum problema?
— Bem...
Ela hesitou. O problema era que o coração dela estava disparado! O fato de eles ficarem na casa de Joseph em vez de num hotel fazia tudo parecer pior ainda. Demi tentou se sentir me­lhor com a ideia de que Aaron e John também estariam lá, mas ainda assim seria uma situação íntima demais, dadas as atuais circunstâncias.
— Demetria?
A voz de Joseph a tirou do devaneio com um sobressalto.
— Não estou me sentindo à vontade com a ideia de mentir e encenar uma farsa. Mas concordo que não há outra coisa a fazer agora.
Ela não sabia o que mais poderia dizer, naquele momento. Explicar a Joseph que não queria ficar na casa dele iria dar a im­pressão de que não confiava em si mesma quando estava perto dele... O que era verdade, mas Demi não queria que ele soubes­se disso! Ela teria de ter muito autocontrole e foco e concentrar cada pensamento somente no trabalho, e não nele.
— Vamos ter que lidar com a situação — acrescentou ela. — É um assunto importante demais para simplesmente deixarmos escorrer pelo ralo agora.
— É exatamente o que eu penso, também. Que bom que pelo menos nós concordamos neste aspecto — disse Joseph, com formalidade na voz. — Passo no seu apartamento daqui a meia hora para pegá-la. Certifique-se de levar todos os documentos e papéis relevantes.
Demi assentiu, levantou-se e caminhou para a porta. Joseph a observou sair com um brilho de satisfação no olhar.
Talvez aquilo tudo revertesse a seu favor, afinal. Com Demi ao seu lado, havia a probabilidade de Ron assinar o contrato, e ao mesmo tempo a situação forçaria uma proximidade entre ambos... O que possibilitaria que ele derrubasse aquela atitude defensiva dela e descobrisse o real motivo pelo qual ela o estava evitando.
Havia grandes chances de ele ter sorte, nos negócios e na cama!
A ideia era animadora.



 DIVULGANDO

Particularmente adoro a história, deem uma olhada que é muito bom.

Agora comentem para mais um, vou ao dentista agora e quando eu voltar posto mais um, acho que em meia hora, já que é pertinho daqui de casa.