CAPÍTULO 24

Eram seis e meia e Joseph ainda se encontrava sentado a sua mesa. Sentia-se furioso consigo mesmo. Demi estava come­çando a se tornar uma obsessão, ele disse a si mesmo, nervoso.

Durante todo o tempo em que esteve em Nova York, ele não conseguiu tirá-la da cabeça. Durante toda a semana, ele pensou nela... Em seu lindo corpo... Sua pele macia... Seus olhos... Seu sorriso... E todas as mulheres que ele via, comparava a ela e en­contrava lacunas. Quando ele ligara para falar sobre os aspectos restantes do negócio com a R.J., foi pura tortura porque teve que forçar a si mesmo para que a conversa não se desviasse para algo pessoal.

Foi a mesma coisa ontem. Tão cedo ele chegara ao escritório, ele desceu até o andar dela para      vê-la. E depois ele parou porque não tinha nenhum negócio para discutir com ela. Qualquer coisa que ele dissesse a ela seria de natureza pessoal. E isso não estava certo. Demi estava fora dos limites, ele disse a si mesmo. Ela estava no passado.

Ela queria mudar para algo mais sério e ele não estava pronto para aquele tipo de relacionamento. Ele era do tipo livre, pelo amor de Deus. Gostava de curtir a si mesmo.

O problema era que ele não estava se curtindo. Em desespe­ro, teve um encontro ontem à noite para tentar tirar Demi da cabeça. Mas a estratégia não tinha funcionado. Ele não ficou nem um pouco entusiasmado pela mulher... Mesmo ela sendo linda e com muita disposição para ir para cama com ele. Então por que a dispensou? Por que voltou para seu apartamento cedo, sozinho e aborrecido?

Então, hoje, incapaz de aguentar, ele foi ao escritório de Demi. Tudo bem, ele não queria um relacionamento sério, mas tudo bem, não é? Porque ela havia deixado claro que não queria um relacionamento com ele... Apenas com outra pessoa. Então, por que eles não poderiam continuar a se ver até que ela arrumasse alguém?

Parecia uma opção simples o suficiente... E eles concordaram em serem amigos...

Exceto claro, o fato de Demi o tratar com desdém.

E ela parecia tão pálida. Talvez ele devesse insistir que ela tirasse uns dias de folga. Ela tem trabalhado duro.

Agora ele estava se preocupando com ela! Ela o estava en­louquecendo. Como poderia tirá-la de seu sistema?

Houve uma batida em sua porta e Sandy, sua assistente, entrou.

— Vou embora agora, Joseph — disse ela, com um sorriso.

— Sim, claro. Sinto muito, Sandy, que não tenha percebido que você ainda estava aqui.

— Tudo bem. Estava me atualizando um pouco.

— Ah, e a secre­tária de Demetria trouxe isto um tempo atrás.

Ela colocou duas cartas sobre a mesa dele. — Obrigado, Sandy. — Joseph as pegou e as abriu. A primeira era um memorando sobre os problemas no contrato que Demi havia mencionado mais cedo. Os olhos dele se desviaram com pouco interesse.

A segunda era uma carta de demissão de Demi. Joseph a olhou chocado!

Demi tinha se deliciado em um longo e relaxante banho de banheira e agora ela estava enrolada no sofá em seu roupão, es­cutando música. Ela acendera algumas velas e estava comendo sorvete. Tudo considerado por ela como muito bom.

Verdade que ela havia acabado de desistir do trabalho dos sonhos. Mas estava grávida... E essa era a única coisa na vida que ela sempre quis. Então não tinha grandes arrependimentos.

Ela não teve escolha. Não poderia ter ficado ali e trabalhado para Joseph enquanto esperava o filho dele... Seria uma situação muito estranha. E se ela tivesse pedido para ser transferida para o escritório de Londres, não teria dado certo também por­que Joseph teria descoberto sobre o bebê. E ele não poderia for­çá-la a abortar... Mas poderia dificultar muito sua vida. Além do mais, haveria a tortura de vê-lo... De assisti-lo continuar com sua vida e sair com outras mulheres. Ela não achava que poderia aguentar. Hoje quando ela o vira no escritório, sofrera por ele...

Aos poucos sua mente fora levada para outros pensamentos e ela tentou pensar positivo. Você não poderia ter tudo nessa vida e estar de volta a Londres teria suas compensações. Seus pais estariam por perto e havia a oportunidade de outro empre­go... Ficaria tudo bem.

Ela não precisava de Joseph.

Esticou-se e virou uma das lâmpadas perto de si e depois pegou uma revista de gravidez que ela havia comprado no ca­minho do trabalho para casa.

O barulho da campainha quebrou o silêncio.