CAPÍTULO 23

— Sim, posso confirmar que seu teste estava correto. Você está grávida, Demetria. Provavelmente de umas seis semanas, eu diria.

As palavras do médico atravessaram a mente de Demi quando ela deixou o consultório e entrou num táxi. Mas ela mal podia acreditar.

Na noite passada, quando ela fizera o teste e dera positivo, ela se convenceu de que o resultado estava errado.

Todo aquele tempo tentando engravidar... E, de repente, tinha acontecido, quando ela menos esperava. Ela havia dito para o médico e ele sorriu e deu de ombros:

— Às vezes, é assim que acontece.

Demi olhava silenciosamente as, ruas de Miami, com os raios de sol refletindo nos vidros dos prédios art déco. Ela ainda estava em estado de choque.

— Você devia ficar muito tensa e estressada quando estava tentando engravidar anteriormente — disse o médico. — E desta vez, estava relaxada. Isso pode fazer diferença.

Ela certamente se sentia relaxada perto de Joseph. A química entre eles era muito mais forte e poderosa do que jamais fora com Wilmer. Na verdade, se ela fosse realmente honesta, ela nunca tinha sentido a mesma profundidade de sentimento por Wilmer que sentia por Joseph. Sim, ela o tinha amado... Mas havia sido um tipo diferente de amor. Ela percebeu que tentava agradar Wilmer e sentia que nunca tinha conseguido porque ele sempre deixou claro de que era culpa dela eles não terem uma família.

Eles chegaram a um ponto onde nada que ela fizesse estava certo. Ela se lembrou de que tinha sugerido adoção e ele ficara furioso. A ideia era repugnante para ele. Agora, ela percebia que o relacionamento deles tinha sido vazio... Wilmer só amava a si mesmo.

Joseph, por outro lado, tinha sido um amante maravilhoso. Ele também foi responsável o suficiente para mencionar na manhã seguinte que o preservativo havia furado.

— Não se preocupe — murmurou ela enquanto se vestia. — Eu cuido disso.

As palavras ecoavam em sua mente agora. Ela realmente planejava ter cuidado disso. Mas aquele dia fora duplamente agitado. Houve inúmeras reuniões, pessoas bombardeando-a com    e-mails e perguntas e quando chegou o final do dia ela sentia que sua cabeça estava explodindo. Tomar a pílula era a última coisa em sua cabeça. E se ela fosse honesta, não tinha se preocupado a mínima sobre isso. Ela não achava que precisava tomar a pílula porque tinha estado casada com Wilmer por cinco anos, e durante 18 meses tentara desesperadamente engravidar... Sem sucesso.

Mas agora, ali estava ela... Grávida. Era quase como um milagre.

Sabia que estava sozinha e que essa não era a situação ideal. Joseph não queria qualquer tipo de compromisso e uma criança era o maior dos compromissos! Mas ela queria um bebê durante tanto tempo que ela não conseguia evitar sua felicidade.

Seu bebê não teria um pai, mas Demi tinha amor o suficien­te para compensar isso. Ela sabia que poderia compensar... Sabia que seria uma boa mãe.

Mas o que ela deveria dizer para Joseph? A pergunta revirou seu estômago. Ele ficaria furioso!

Talvez a melhor coisa fosse pedir demissão e voltar para a Inglaterra sem contar a ele sobre o bebê. Tinha uma amiga em Londres que começara o próprio negócio e ela havia falado, no passado, sobre oferecer um emprego a Demi. Além do mais, ela teria seus pais para ajudar. Eles ficariam muito felizes por se tornarem avós.

Com todas as coisas levadas em consideração, voltar para casa talvez fosse o mais sensato a se fazer. Se ela deixasse a empresa, Joseph não teria que saber que ele era pai. Ela apenas nunca mais o veria.

Esse pensamento a causava arrependimento. Mas ela logo enterrou o sentimento.

Partir sem dizer a ele que estava grávida era a melhor coisa a se fazer. Ele apenas ficaria furioso se ela dissesse o quanto gos­taria de ter o bebê. Poderia se tornar uma situação muito desa­gradável com ele culpando-a por não ter tomado a pílula do dia seguinte. Não havia razão em ter essa conversa. Ela não preci­sava mesmo de Joseph. Era uma mulher independente e moderna e administraria tudo perfeitamente sozinha. Esse era seu bebê.

O táxi encostou ao lado do prédio de seu escritório e Demi saiu. Enquanto ela caminhava para dentro e pegava o eleva­dor, ainda planejava seu futuro. De volta a Londres, ela poderia achar um apartamento adorável... Seria fácil com uma praça...

— Aí está você, Demetria. — O tom amigável de Miley cortou seus pensamentos.

 Demi deu um passo apressado para trás e olhou através da porta aberta do escritório de sua secretária. Para sua surpresa, seus olhos foram de encontro aos de Joseph, fazendo uma corren­te de eletricidade percorrer seu corpo.

Ele estava sentado na quina da mesa de Miley e parecia que estavam tendo uma conversa relaxada.

— Olá, Demetria — disse ele.

— Oi. Não esperava vê-lo por aqui.

— Voltei de Nova York ontem.

— Fez boa viagem?

— Sim, foi boa.

Houve um momento de silêncio e, enquanto ela o olhava, ela pôde sentir a dor que sua falta a fazia.

— De qualquer forma, Joseph, tenho muito que fazer, então é melhor eu ir... — De repente, ela estava desesperada para sair de lá.

— Na verdade, eu gostaria de ter uma palavra com você. — Joseph se levantou. — Conversaremos no seu escritório.

—Ah... Certo. — Ela estremeceu. Mesmo soando casual, seu coração batia acelerado. Ficar ao lado dele era tão difícil... Especialmente agora, com seu segredo queimando dentro de si. — Acho que tenho dez minutos, não é, Miley? — Ela olhou nitidamente para a secretária.

Miley a olhou sem expressão. Não havia nenhum compro­misso porque Demi a pedira para cancelar tudo pelo resto da tarde. Então ela poderia passar todo o tempo que quisesse com Joseph.

— Meu próximo compromisso está agendado para daqui a dez minutos, não é? — Demi a induziu de forma esperta.

— Ah... Sim. — Miley finalmente entendeu a indireta e concordou.

— Achei que seria — continuou Demi, vívida. — Venha, Joseph. Ela o conduziu até seu escritório e depois, fechando a porta, deu a volta para se sentar atrás de sua mesa.

Ao contrário de como ela estava se sentindo, ela notou o quão relaxado Joseph estava. Ele vestia um paletó escuro e uma blusa azul-claro aberta no pescoço. Estava muito bonito. Ape­nas ao olhá-lo seu coração batia um pouco mais rápido e a fazia se lembrar da sensação de se deitar em seus braços e ser abraçada.

— Antes que eu esqueça, Aaron Williams teve alguns problemas com um dos contratos e gostaria que você cuidasse... — Demi folheava alguns papéis que estavam perto dela e tentava se focar nos negócios. — Sim, aqui estão... É para o novo grupo que queremos...

— Eu falo com Aaron mais tarde — cortou-a Joseph. Ele se en­costou em sua cadeira e a olhou de uma maneira fixa que a irritava. — Miley me disse que você tirou um tempo para ir ao médico — falou ele, de repente. — Sinto muito por saber que você está doente.

— Ah, aquilo! Não foi nada. — Demi acenou com as mãos e torceu para que sua voz soasse firme. — Sinto-me muito melhor agora. — Ela imaginava poder sentir o olhar sombrio de Joseph queimando seu corpo e que ele sabia a verdade... O que clara­mente ele não poderia... Mas de qualquer maneira, ela podia sentir sua temperatura subir.

Ele não merecia saber a verdade? Uma voz dentro de si a questionava. Tinha o direito de esconder o fato de que ele seria pai?

Ela cortou abruptamente esses pensamentos. Ele não gosta­ria de saber...

— Bem, estou contente em saber disso. — Joseph sorriu. — Mas se precisar tirar uns dias de folga, não será um problema — con­tinuou ele.

— Joseph, estou bem. — Era imaginação dela ou os olhos dele se moviam sobre seu corpo? Ela mudou de assunto bruscamente. — Então... Há alguma coisa relacionada aos negócios sobre a qual você gostaria de conversar? — Ela forçou um tom de voz claro e eficiente e olhou seu relógio.

Quando ela o olhou novamente, pôde ver uma pinta de impaciência em seus olhos.

— Escute Demetria, pode parar o fingimento — disse ele, de repente.

— Que fingimento? — Ela sentiu sua pele empalidecer.

— Sei a verdade. Estas palavras bruscas fizeram o coração de Demi parar de bater por um momento. Ela o encarava em choque. Como ele poderia saber? Ela mesma tinha acabado de descobrir!

— Sobre o que está falando, Joseph?

— Estou falando sobre o fato de você não ter nenhum compromisso. Acabei de ver em sua agenda, pelo amor de Deus!

— Ah. — Ela sentiu sua respiração apressada com um alívio. — Bem, estou ocupada, Joseph. Apenas tirei algumas horas de folga e o trabalho não vai embora.

— Sim... Que seja. — Joseph a cortou, com a voz dura. — Olhe, tenho alguns detalhes a discutir com você. Mas como está obviamente sobrecarregada, discutiremos mais tarde.

— Sim, se não é importante, então seria melhor.

— Certo, ligo mais tarde.

Demi concordou. Então o assistiu caminhar para fora do escritório, fechando a porta com força.

Ela mordeu o lábio inferior. Essa situação não estava boa. E quanto mais ela prolongasse, pior ficaria. A única coisa que po­deria fazer seria se render a sua resignação. E ela deveria fazê-lo imediatamente.

Com determinação, ela se virou em direção ao computador e abriu um documento em branco e começou a digitar. Ela pediria para Miley levar ao andar de cima antes do fim do dia.

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Tá aí como o prometido, então, amanhã tem mais, até logo e comentem!