domingo, 26 de janeiro de 2014

CAPÍTULO 30 E 31

CAPÍTULO 30
— Vou tomar uma chuveirada. — Joseph afastou-se depressa do quarto... ou melhor, da mulher em sua cama.
Só um amante, e então ele? Sério? Joseph trancou a porta do banheiro, plenamente consciente de que seu comportamento estava muito abaixo da cortesia básica.
Mas uma mulher cujo amante anterior tinha sido o próprio marido não era para ele. E por que teria ido para a cama dele se não estivesse em busca de mais... como uma aliança e um tíquete-refeição para ela e seu filho pelo resto da vida?
Não era a primeira vez que uma mulher lhe dizia uma coisa e pensava outra. A primeira foi a mãe adoti­va, que lhe prometera que seria sua família. Muitas outras nos anos seguintes, culminando com Ash. Ela alegou que tudo o que queria era seu bebê. Não ele. Não uma aliança. Não seu dinheiro. Ele não acreditou em nenhuma palavra... especialmente porque ela gastava toda a pensão muito generosa que ele enviava todos os meses para a criança. E não acreditava em Demi.
Abriu o chuveiro e entrou no boxe de mármore sem esperar que a água esquentasse. O jato gelado o fez cer­rar os dentes. Mas obrigou-se a ficar ali. Encostou os braços na parede e deixou a água gelada lavar cada ves­tígio do cheiro de madressilva de Demi.
Fazer sexo com ela fora um erro, mas ela o pegara em um momento de fraqueza. O telefonema do chefe da equipe de detetives que contratara para procurar Ash o abalara. O homem informara que o corpo mutilado de uma mulher havia sido encontrado nos arredores da cidade e que estava saindo para investigar. Os 97 minutos entre o primeiro telefonema e o segundo, em que disse­ra que a mulher não era Ash, tinham sido os mais lon­gos de sua vida... ainda mais do que o tempo de voo de Atlanta com o filho de Ash berrando.
Entrou em pânico e terminou no berçário. Se Ash morresse, o que aconteceria com o filho dela? Como as últimas semanas mostraram, não levava jeito como pai e não queria ser. Não podia se responsabilizar por uma vida tão frágil. O pai de Ash não tinha condições de cuidar de um bebê e, desde a morte do irmão dela, dois anos atrás, ela não tinha mais ninguém. O que deixava apenas Joseph. Pai por falta de escolha.
Joseph ajustou a temperatura da água para alguma coisa acima do gelo. Não queria ninguém dependendo dele. Não Graham. Não Demi. Não importava como o sexo tinha sido bom com ela, fora um erro. Um erro enorme que não tinha a intenção de repetir. Como disse a Demi, ela e os meninos eram apenas temporários em sua vida.

Mas Demi era astuta. Joseph não sabia como conse­guiu ultrapassar suas defesas. Não era capaz de contro­lar sua libido perto dela. O que significava que tinha que ficar longe da babá de Graham. Seu objetivo prio­ritário a partir daquela noite seria evitar Demetria Lovato e se livrar do feitiço que jogara nele.

CAPÍTULO 31
Onde estavam? E o que estavam fazendo? Joseph não viu ou ouviu Demi e os meninos desde a noite, dois dias atrás, quando cometeu o erro de levar Demi para a cama. Como aquilo era possível, quando antes não conseguiu escapar do barulho que faziam a não ser com seus fones de ouvido e música em volume alto? Mais importante, qual era a estratégia de Demi agora? Não tentou mais atraí-lo para junto de Graham e não lança­ra aqueles grandes olhos castanhos nele. Pensava que sua ausência o faria ansiar por ela? Se fosse assim, estava prestes a cair do cavalo.
Ouviu passos se aproximando, e seu pulso acelerou. Mas foi Sarah que entrou no escritório. Um olhar ao rosto pálido e à boca comprimida lhe mostrou que ti­nha um problema mais imediato do que as astúcias da babá.
— Você não parece bem.
— Ora, obrigada, Joseph, esta foi uma avaliação mui­to gentil. E bom dia para você também.
Nem a voz tinha o sarcasmo habitual.
— Sarah, o que está acontecendo?
— Não me sinto mal.
O alívio o percorreu.
— Mas também não me sinto... ótima.
E foi substituído pelo alarme.
— Quer voltar para o chalé e dormir mais umas duas horas?
— Estamos atrasados demais. Você tem lido os pedi­dos até tarde da noite, posso ver pela pilha de rejeitados que encontro todas as manhãs. Vamos ter que trabalhar durante todo o fim de semana se quisermos cumprir o prazo e voltar para o escritório na segunda-feira. Tele­fonei para dizer a David que não venha, mas ele já alu­gou um veleiro e está louco para navegar. Pode fazer isto se eu ficar presa aqui.
— Prefiro perdê-la por algumas horas do que por um dia inteiro. Tire a manhã de folga e descanse.
— Obrigada, ficarei bem.
Pela primeira vez em sete anos, ele não acreditou nela, mas reconheceu sua expressão teimosa e não insistiu. Ain­da não haviam chegado à metade dos pedidos. Tinham que terminar no prazo, assim, era necessário trabalhar.
Sarah se sentou e começou a digitar. Joseph fixou os olhos nos papéis na mão, mas o cérebro se recusou a funcionar. Estava atento aos ruídos de Demi e dos meninos. Onde, diabos, estariam?
Sarah suspirou e ergueu os olhos.
— Por que não vai procurar por eles?
— Eles quem?
— Não se faça de idiota. Se quer saber o que Demi e os meninos estão fazendo, vá encontrá-los.
— Está enganada se acha que me importo. — Mas o silêncio o distraía mais que os barulhos que faziam.
Sarah resmungou, incrédula.
— Você não virou uma página enquanto escrevi duas cartas de rejeição.
— Estou tentando decifrar a letra deste camarada. — Não era totalmente mentira.
— Acho que está apavorado.
— Com o quê?
— Deixar Graham invadir sua vida.
— Está caducando, Sarah.
— Você perdeu todos a quem amou. Seus pais, Kevin, Hank e agora Ash...
— Nunca amei Ash.
— Mas gostou dela, o relacionamento durou três anos.
— Ela passou mais tempo no exterior do que aqui, e não fazia exigências que interferissem nos meus planos para a Jonas Ltda.
— Mas agora é irrelevante por causa do seu filho. Graham faz parte da sua vida. Lide com isto. A menos que esteja com medo de um bebê.
— Não. Estou. Com. Medo — enunciou, o queixo rijo.
— Bom, porque qualquer investimento... financeiro ou emocional... é arriscado. Estou começando a acre­ditar que sua coragem se limita ao setor financeiro. Pode ter sucesso em dobrar o valor da empresa de Hank, mas a que custo?
Ele irritou-se.
— Está tentando ser demitida?
— Não. Desculpe. Estou de mau humor e descontando em você. Talvez deva voltar para casa e dormir um pouco. Mas retomarei depois do almoço.
Joseph preocupou-se. Sarah jamais ficava doente.
— Quer que ligue para um médico?
— Não, só preciso tomar alguma coisa para a dor de cabeça e me deitar até fazer efeito. Então voltarei.
— Nesse caso, vá para casa e descanse.
Joseph precisava dela ali, e não só por causa do prazo já tão curto. Ela seria um escudo entre ele e Demi, por­que, pela primeira vez na vida, como aquela noite pro­vara, não podia confiar em si mesmo. Colocou os fones de ouvido para afogar o silêncio.
Se comentarem posto mais 2 daqui a pouco.

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