domingo, 19 de janeiro de 2014

CAPÍTULO 25 MARATONA

Joseph invadiu a cozinha. Seu olhar furioso percorreu os ocupantes e terminou em Demi com tanta força que lhe tirou o fôlego. Ela não viu sinais de que ele se lembrava do beijo. Mas tudo bem, também não queria recordar. Infelizmente, seus hormônios não tinham problemas com a memória e dançaram com a antecipa­ção de uma repetição.
— Ninguém aqui precisa trabalhar? — A voz era alta e áspera.
Demi se apressou a servir o leite das crianças. Se que­ria que Joseph e Graham se ligassem, precisaria ser for­te. Reuniu coragem e se obrigou a olhar para o patrão.
— Estou feliz por ter decidido se juntar a nós. Há um lugar pronto para você à mesa.
Joseph franziu a testa para o prato e o copo que ela preparara.
— Não vou ficar.
— É importante ensinar aos meninos que a cozinha é o lugar certo para comer, a menos que queira encontrar migalhas por toda parte. Sente-se.
— Não vou...
Um celular tocou, e Sarah se levantou.
— É meu marido, deve estar ligando por causa do fim de semana. Com licença. — Saiu e deixou Joseph e Demi se enfrentarem.
— Por favor, sente-se. Posso pegar alguma coisa para você beber?
— Não.
— Não quer beber nada?
— Não tente se insinuar para ter qualquer coisa mais permanente do que um emprego temporário de babá.
Demi arquejou.
— Não, estou apenas...
— Conheço o funcionamento da mente astuciosa de uma mulher. Outras mais experientes do que você já tentaram me agarrar. Ashley, por exemplo. Ela deliberada­mente deixou de tomar a pílula e engravidou sem que eu soubesse, acreditando que receberia uma aliança. Ninguém me obriga a nada. Uma lição que ela apren­deu da maneira mais difícil.
Aquilo revelava tanto. Não era de admirar que não aceitasse Graham como filho.
— Eu jamais...
— Você admitiu que engravidou sem o consentimento do marido.
— Já disse que foi um acidente.
— Quem era responsável pelo método contraceptivo?
— Eu, mas...
— Exatamente.
A acusação foi tão parecida com a de Lucas que lhe despertou a fúria.
— Tive um problema estomacal e não consegui manter alimentos no estômago por dias. Perdi algumas do­ses da pílula. Ficar doente foi culpa minha?
— Justifique seu comportamento como quiser. Mas não me torne seu alvo. — Joseph saiu da cozinha como entrara, furioso.
— Foi você que me beijou, lembra?
Então Demi se arrependeu. Discutir com o patrão não era a maneira certa de manter o emprego. Mas, maldição, estava cansada de acusações injustas.
Ele parou, virou-se e voltou com passos medidos até ficar tão perto que ela pôde sentir seu cheiro masculino, o calor que irradiava do corpo dele.
— Pode negar que queria o beijo tanto quanto eu?
Demi desejou saber mentir.
— Não, não posso negar. Mas não foi prudente.
— Está malditamente certa. E não acontecerá de novo. Não serei apanhado na mesma armadilha duas vezes. — E então saiu da cozinha.

Demi ficou imóvel, encostada no balcão. E, de repente, se lembrou dos bebês. Ninguém jamais a fizera se esquecer de Cody. Mas os meninos mastigavam alegremente seus cookies, indiferentes à confusão que Jonas provocara. Joseph jamais confiaria nela, mas estava tudo bem. Só precisava do cheque do pagamen­to e uma referência. Não queria um marido ou um amante, e mesmo se quisesse, não seria um homem cheio de suspeitas e ressentimentos, além de viciado em trabalho. Mas queria derrubar as barreiras de Joseph e transformá-lo no pai que o filho merecia ter.

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