domingo, 19 de janeiro de 2014

CAPÍTULO 24 MARATONA

   Passos atrás dela fizeram Demi pular. Respirou deva­gar para se acalmar e verificou o relógio; 9h. Jonas... Joseph estava chegando para se juntar a eles. Mas, quando se virou, viu que era a assistente dele.
— Bom dia Demi. Soube que fez cookies. Recebi ordens de levar alguns para o escritório.
Desalento e alívio encheram o coração de Demi.
— Oi Sarah. E sim, tenho cookies, mas esperava que o sr. Jonas se juntasse a Graham para o lanche. Eles precisam se ligar, no caso...
— Gosto da maneira como pensa e concordo totalmente. Posso pegar um cookie... para mim, não para ele?
— É claro, sirva-se. Quer uma xícara de café?
— Nada de café. Adoro Graham, mas cuidar dele na semana passada agravou minha úlcera. Agora sei por que todas as minhas amigas ficam física e mentalmente exaustas depois da visita dos netos.
— Importa-se se lhe perguntar por que foi voluntaria?
— Não fui, a coisa foi mais ou menos como ser arrastada pela corrente. — Pegou um prato no armário e se serviu de um copo de água. — Todos os anos, Joseph e eu ficamos aqui por duas semanas de férias e trabalho. Avaliamos os pedidos para a bolsa de estudos e depois descansamos. Nos fins de semana, meu marido vem no jato da Jonas. Quando a assistente social ligou para dizer que Graham estava com eles, Joseph descobriu que Ash estava desaparecida, então fomos logo pegar o bebê, acreditando que seria por um dia ou dois. — Sentou-se à mesa, perto das cadeiras dos meninos e se serviu de um cookie. — Joseph começou a in­vestigar imediatamente, através de uma equipe de detetives particulares que enviou para a região. Quanto mais descobrimos, mais grave pareceu a situação. Quando percebemos que não seriam apenas alguns dias de ausência, eu disse a ele que não conseguiria lidar com Graham, mesmo com a ajuda da governanta. Insisti que contratasse uma babá. Não imaginei que pudesse ser derrotada por um bebê.
— Eles têm energia demais e, quando a casa não está preparada para eles, impedir que se machuquem é uma tarefa árdua.
— Aprendi à minha custa. — Jogou beijos para as crianças e sorriu para Demi com malícia. — Vamos apostar quanto tempo Joseph levará para vir buscar seus cookies?
Demi sorriu.
— Vejo que conhece bem o sr. Jonas.
— Desde que o pai adotivo o trouxe para casa.
— Você quer dizer ele e o irmão.
O sorriso de Sarah desapareceu.
— Não, apenas Joseph. Hank não estava interessado em Kevin, que tinha 15 anos. Joseph tinha apenas 8, era jovem, maleável e servia aos objetivos de Hank. Nada do que eu disse convenceu Hank a não separar os me­ninos. E Kevin ter acusado Hank de ser um pedófilo não ajudou.
— Mas Hank não era, era?
— Ah, não, definitivamente não. Apenas precisava de um herdeiro.
Que coisa triste.
— Mas se Joseph e o irmão não cresceram juntos, por que ele criou uma bolsa de estudos no nome de Kevin?
— Acho que se sente culpado porque teve uma vida fácil depois da morte dos pais, e o irmão, não. Joseph passou apenas alguns meses no sistema de lares de adoção, e Kevin quase três anos. Quando foi liberado, aos 18 anos, Kevin se juntou a um grupo errado. Poucos me­ses depois, foi morto num roubo de gangue. A policia acredita que foi a iniciação de Kevin.
— Que coisa horrível!
— Aos 11 anos, Joseph perdeu todos que amava.
— Foi sorte dele ter o pai adotivo.
— Hank Jonas não foi um pai amoroso. Mandou Joseph para um colégio interno e empregava babás durante as férias escolares até Joseph ter idade para se re­lacionar com Hank como adulto.
— Quer dizer que Hank cuidou de Joseph no aspecto material, mas não no emocional.
— Sim, mas Hank jamais mimou Joseph. Obrigou-o a trabalhar na empresa em todas as férias de verão, fazen­do os serviços mais desagradáveis. Hank alegava que aquilo não só faria Joseph aprender tudo sobre a empre­sa, desde a base, mas também construiria seu caráter e lhe daria calos e músculos. Por mais que deteste admitir, esta parte foi verdadeira. Não me entenda mal, Hank era um bom homem, mas tinha um coração duro e fechado.
Demi não queria ouvir nada que justificasse os hábi­tos do patrão. Sabia tudo sobre homens que negligen­ciavam a família pelo trabalho. Aprendera com a mãe.

E depois usara as mesmas justificativas para o comportamento de Lucas.

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