domingo, 2 de fevereiro de 2014

CAPÍTULO 34 BIG


Isto com certeza foi um erro.
A voz de Demi estilhaçou a concentração de Joseph, não pela primeira vez, e o fez compreender que não avaliava o pedido em suas mãos, mas observava a lon­ga mecha de cabelo que ela enrolava no dedo enquanto lia. Estivera imaginando aquelas mechas rodeando outra coisa, uma parte de sua anatomia que en­durecia e queimava cada vez mais a cada segundo ao pensamento daquele cabelo, a língua... da boca o envolvendo. Afastou as imagens.
— O que foi um erro?
— Este candidato não devia ter sido rejeitado.
— Passe para mim.
Demi desdobrou as pernas sobre as quais estivera sentada na cadeira diante de sua escrivaninha... as pernas que ainda precisavam envolvê-lo, e se levantou com um movimento gracioso e fluido que o lembrou das aulas de dança que ela mencionara. Enquanto se aproximava, os papéis na mão, seu cheiro de madressilva encheu o espaço. O mesmo cheiro que continua em meus lençóis. Joseph precisava pedir à governanta que os trocasse. Hoje. E então talvez pudesse dormir em vez de se virar e rolar na cama com sonhos ilícitos.
Aquela maldita noite que nunca deveria ter aconteci­do despertara nele um instinto primitivo de caçador que não conseguia dominar. A mente continuava a reviver o que ele e Demi haviam feito. E o que ainda ansiava por fazer com ela. Irritado consigo mesmo por sua perda de atenção, arrancou as folhas da mão dela e percorreu as palavras digitadas. Descobriu logo por que havia rejei­tado o candidato.
— Ele é fraco.
— Tem média muito boa no ensino médio e recebeu uma avaliação incrivelmente alta nos exames das universidades. E ativo em muitos grupos comunitários e dá aulas particulares para os colegas desde que fez 14 anos. E é o mascote da escola.
— Veja sua escolha de carreira.
— Quer ser um conselheiro do ensino médio. O que há de errado com isto?
Aborrecido com ela por discutir um assunto menor, e mais ainda consigo mesmo por sua fascinação por ela, Joseph jogou os papéis de volta para Demi.
— Estamos procurando por alguém com mais ambição.
— Está dizendo que ele merece menos porque escolhe definir o sucesso num nível mais pessoal e menos lucrativo? Nem todo mundo quer ser presidente de uma empresa listada na Fortune 500.
— Demi, conhece este garoto?
— Não, mas...
— Então por que defende um garoto que não conhece?
Ela olhou para a folha de rosto, então para o piso, a cor lhe cobrindo as feições. E fez aquela coisa... aquilo que fazia sempre que estava nervosa. Mexeu os pés. Teria alguma ideia de como era erótica a visão das coxas se roçando?
— Ele me lembra de mim mesma. — Não levantou a cabeça.
O que um garoto com 7 anos no sistema de adoção do governo teria em comum com uma garota mimada que se formara na Vanderbilt? Joseph recostou-se e cru­zou os braços.
— Como ele se parece com você?
— É presidente dos clubes de debates e de ciências e orador da turma. Tradução: é um nerd. Você provavelmente foi um atleta, assim não pode saber como o ensino médio pode ser um sofrimento para nós, nerds.
Joseph não se deu ao trabalho de confirmar a avalia­ção verdadeira que ela fizera dele. Tentou imaginar Demi como uma adolescente desajeitada e não conse­guiu. Não com aquelas curvas suaves, o cabelo castanho espesso e brilhante, a pele cremosa e salpicada de cane­la, e os olhos incríveis. Como um homem deixaria de notar aquela combinação?
— Eu a imaginaria chefe de torcida, presidente da classe e rainha do baile.
Ela balançou a cabeça, e o cabelo deslizou pelos om­bros... do modo como queria que aquelas mechas deslizassem por sua pele.
— Esta foi a minha irmã. Mas aprendi a fazer minhas desvantagens trabalharem para mim.
Aquilo lhe prendeu a atenção.
— Como?
— Aproximei-me dos atletas, das chefes de torcida e dos estudantes populares dando-lhes aulas particulares, aquelas aulas de balé que mencionei, continuei nelas apenas porque davam às garotas populares a oportuni­dade de me ensinar. A alternância entre professora particular e aluna particular nos igualava e impedia que eu me transformasse numa pária social. As garotas não fi­caram minhas amigas, mas se tomaram uma espécie de aliadas, assim ninguém me escolhia como objeto de tor­mento. Este jovem está fazendo a mesma coisa. É inte­ligente, sabe elaborar uma estratégia. Não o subestime.
Verdade. Teria que se lembrar daquilo. Podia ter su­bestimado a astúcia de Demi.
— Mesmo se tiver sucesso, será em pequena escala. Ele mal fará uma onda no lago da vida. Por que desperdiçar o dinheiro da Jonas Ltda. com ele quando posso fi­nanciar alguém que terá um impacto social muito maior?
— Conselheiros e professores têm uma influência mais abrangente do que pensa. Ajudam os alunos a passarem por situações difíceis e que podem prejudicar seu sucesso na escola. O sucesso na escola certamente se traduz em sucesso em outros aspectos das vidas deles. Um bom professor ou conselheiro protege as crian­ças e as faz se sentirem seguras e apreciadas. Ensina-lhes que suas opiniões têm valor e lhes permite expressarem seus pensamentos sem medo de censura ou ridículo. Nem toda criança recebe em casa esta sim­ples cortesia.
O rubor apaixonado no rosto mostrou a Joseph que ela acreditava realmente na bobagem que dizia. E era evidente que encontrara um de seus botões mais quentes. Não o mesmo que apertara duas noites atrás. Ele piscou, tentando banir a imagem do rosto vermelho quando afagara aquele botão especial.
— Percebo que você não recebeu esta cortesia.
As pernas dela se moveram e o distraíram mais uma vez. Maldição.
— Meu pai era o único que podia ter opiniões em casa. Minha mãe jamais tomava uma decisão sem consultá-lo primeiro. Ela, minha irmã e eu devíamos fazer como papai mandava... até a escolha de nossas carrei­ras futuras... em vez de pensarmos por nós mesmas, fazermos nossas próprias escolhas. A menos que queira uma multidão de seguidores incapazes e nenhum líder, esta não é a forma de preparar a futura geração.
Hank tinha sido assim. Latindo ordens. Jamais aceitando um não como resposta. Jamais aceitando o fracas­so em nenhum nível. Joseph aprendera a deixar Hank agir como quisesse, então seguia seu próprio caminho.
— Seu pai lhe disse para ser professora?
— Não. Insistiu que me formasse em história da arte, assim seria útil para meu futuro marido.
— Mas você não fez isto.
— Eu me formei em arte em segundo lugar, mas que­ria ensinar, então me formei primeiro em educação. Ele ficou lívido quando viu meu diploma.
— Ele só descobriu depois de sua formatura?
— Como não se importava, não perguntou.
A babá tinha coragem. Joseph teria admirado aquilo em qualquer outra mulher, mas, no momento, não pre­cisava que lhe dissesse como gastar seu dinheiro.
— É por causa de seus estudos que encara tanto minhas pinturas.
— Não encaro, estudo, admiro. Nunca tinha visto originais desses artistas a não ser em livros e museus.
— São um investimento.
— Um investimento trancado numa casa de férias onde raramente são apreciados.
— Está me dando uma lição, Demi?
— Sua coleção inclui alguns dos melhores artistas da América do Norte. É uma pena que não partilhe. Pode­ria emprestá-la a um museu sem desvalorizar seu in­vestimento.
Ela estava tentando fazê-lo se sentir egoísta? Ou roubar-lhe as obras de arte?
— Suponho que queira arranjar isto para mim.
— Deus do céu, não! Não tenho este tipo de conexão. Mas posso ajudá-lo.
Abordagem interessante. Recuar, fazê-lo sentir uma segurança falsa.
— Este candidato não é o nosso homem. — Havia ca­ráter definitivo na declaração. Tomou-lhe os papéis e os jogou na cesta de “não”.
— Devia lhe dar uma oportunidade.
— Conselheiros não ajudaram meu irmão. Kevin passou de melhor aluno da classe para um fracassado nos seis meses que antecederam nossa separação. Ninguém... menos ainda o conselheiro da escola... se importou em descobrir o motivo.
A empatia lhe suavizou os olhos.
— Não foi apenas luto pela perda dos seus pais?
— Não. Recebíamos tarefas demais na casa adotiva, não tinha tempo para estudar. Inferno, mal tinha tempo para dormir, e éramos muito mal alimentados.
O choro de um bebê soou no monitor e, desta vez, Joseph sentiu alívio, não aquela reação nervosa e tensa. Queria parar de pensar em Demi, na fome que ela lhe despertava e que não fora saciada, na química violenta que partilhavam. Droga, nem mesmo provara a doçura entre as pernas dela ou sentira o calor de sua boca envolvendo-o. Se ela saísse do escritório, talvez pudesse se concentrar nos candidatos e não pensar em sexo.
Demi foi até as cestas, pegou o pedido rejeitado e o mudou para a cesta do “sim”. Ele quase riu da audácia dela.
— Pelo menos entreviste-o.
— Vá — ordenou, ansioso para ter de volta seu escri­tório, seu santuário, sua solitude.
No minuto em que ela saiu, ele pegou o pedido para devolvê-lo à cesta dos rejeitados, então parou. Os argumentos dela eram válidos, e sim, seu preconceito pes­soal contra conselheiros tinha influenciado sua rejeição. Joseph quase admirava Demi por apoiar o perdedor. Se alguém tivesse sentido tanto por Kevin, seu irmão jamais teria se perdido e não haveria necessidade desta bolsa em sua memória. Mas o sistema havia falhado.
E gostar da opinião de Demi, respeitá-la ou qualquer outra coisa sobre ela definitivamente não estava em seus planos. Precisava dela para cuidar do filho de Ash, e as­sim que ela voltasse Demi e seu filho partiriam. Seriam esquecidos. Como qualquer outra amante do passado.

Mas descobrira uma coisa vital na conversa. Demi sabia como usar e manipular pessoas. Os pobres-diabos do ensino médio provavelmente nunca souberam o que os atingira. Ele não seria tão ingênuo.

Oi desculpem a demora e o capítulo chato mas se começarem a comentar mais um pouquinho posto mais.

15 comentários:

  1. Oi! Demi é ousada e tem muita coragem de enfrentar o Joe, pelo jeito ele já está caidinho por ela, só não assume. Beijos e poste logo !

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  2. posta logo, ansiosa pela a continuação da historia.

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  3. Posta mais! Por favor amo seu blog e sua fic :))

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  4. a Demi ta muito osada, gosto assim hahahah, posta logo please!!! essas esperas me matam.
    bjs

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  5. postaa logo , please....

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  6. posta mais plz posta amo sua fic pf poste

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  7. VOLTEIIIIIIIIII
    E você continua essa Diva na escrita, amando muito as tuas histórias, já li tudinho que perdi. Estou tão feliz por estar de volta.

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