Isto com certeza
foi um erro.
A voz de Demi
estilhaçou a concentração de Joseph, não pela primeira vez, e o fez compreender
que não avaliava o pedido em suas mãos, mas observava a longa mecha de cabelo
que ela enrolava no dedo enquanto lia. Estivera imaginando aquelas mechas
rodeando outra coisa, uma parte de sua anatomia que endurecia e queimava cada
vez mais a cada segundo ao pensamento daquele cabelo, a língua... da boca o envolvendo.
Afastou as imagens.
—
O que foi um erro?
—
Este candidato não devia ter sido rejeitado.
—
Passe para mim.
Demi desdobrou as
pernas sobre as quais estivera sentada na cadeira diante de sua escrivaninha...
as pernas que ainda precisavam envolvê-lo, e se levantou com um movimento
gracioso e fluido que o lembrou das aulas de dança que ela mencionara. Enquanto
se aproximava, os papéis na mão, seu cheiro de madressilva encheu o espaço. O
mesmo cheiro que continua em meus lençóis. Joseph precisava pedir à governanta
que os trocasse. Hoje. E então talvez pudesse dormir em vez de se virar e rolar
na cama com sonhos ilícitos.
Aquela maldita
noite que nunca deveria ter acontecido despertara nele um instinto primitivo
de caçador que não conseguia dominar. A mente continuava a reviver o que ele e Demi
haviam feito. E o que ainda ansiava por fazer com ela. Irritado consigo mesmo
por sua perda de atenção, arrancou as folhas da mão dela e percorreu as
palavras digitadas. Descobriu logo por que havia rejeitado o candidato.
—
Ele é fraco.
—
Tem média muito boa no ensino médio e recebeu uma avaliação incrivelmente alta
nos exames das universidades. E ativo em muitos grupos comunitários e dá aulas
particulares para os colegas desde que fez 14 anos. E é o mascote da escola.
—
Veja sua escolha de carreira.
—
Quer ser um conselheiro do ensino médio. O que há de errado com isto?
Aborrecido com ela
por discutir um assunto menor, e mais ainda consigo mesmo por sua fascinação
por ela, Joseph jogou os papéis de volta para Demi.
—
Estamos procurando por alguém com mais ambição.
—
Está dizendo que ele merece menos porque escolhe definir o sucesso num nível
mais pessoal e menos lucrativo? Nem todo mundo quer ser presidente de uma
empresa listada na Fortune 500.
—
Demi, conhece este garoto?
—
Não, mas...
—
Então por que defende um garoto que não conhece?
Ela olhou para a
folha de rosto, então para o piso, a cor lhe cobrindo as feições. E fez aquela
coisa... aquilo que fazia sempre que estava nervosa. Mexeu os pés. Teria alguma
ideia de como era erótica a visão das coxas se roçando?
—
Ele me lembra de mim mesma. — Não levantou a cabeça.
O que um garoto
com 7 anos no sistema de adoção do governo teria em comum com uma garota mimada
que se formara na Vanderbilt? Joseph recostou-se e cruzou os braços.
—
Como ele se parece com você?
—
É presidente dos clubes de debates e de ciências e orador da turma. Tradução: é
um nerd. Você provavelmente foi um atleta, assim não pode saber como o ensino
médio pode ser um sofrimento para nós, nerds.
Joseph não se deu
ao trabalho de confirmar a avaliação verdadeira que ela fizera dele. Tentou
imaginar Demi como uma adolescente desajeitada e não conseguiu. Não com aquelas
curvas suaves, o cabelo castanho espesso e brilhante, a pele cremosa e
salpicada de canela, e os olhos incríveis. Como um homem deixaria de notar
aquela combinação?
—
Eu a imaginaria chefe de torcida, presidente da classe e rainha do baile.
Ela balançou a
cabeça, e o cabelo deslizou pelos ombros... do modo como queria que aquelas
mechas deslizassem por sua pele.
—
Esta foi a minha irmã. Mas aprendi a fazer minhas desvantagens trabalharem para
mim.
Aquilo lhe prendeu
a atenção.
—
Como?
—
Aproximei-me dos atletas, das chefes de torcida e dos estudantes populares
dando-lhes aulas particulares, aquelas aulas de balé que mencionei, continuei
nelas apenas porque davam às garotas populares a oportunidade de me ensinar. A
alternância entre professora particular e aluna particular nos igualava e
impedia que eu me transformasse numa pária social. As garotas não ficaram
minhas amigas, mas se tomaram uma espécie de aliadas, assim ninguém me escolhia
como objeto de tormento. Este jovem está fazendo a mesma coisa. É inteligente,
sabe elaborar uma estratégia. Não o subestime.
Verdade. Teria que
se lembrar daquilo. Podia ter subestimado a astúcia de Demi.
—
Mesmo se tiver sucesso, será em pequena escala. Ele mal fará uma onda no lago
da vida. Por que desperdiçar o dinheiro da Jonas Ltda. com ele quando posso financiar
alguém que terá um impacto social muito maior?
—
Conselheiros e professores têm uma influência mais abrangente do que pensa.
Ajudam os alunos a passarem por situações difíceis e que podem prejudicar seu
sucesso na escola. O sucesso na escola certamente se traduz em sucesso em
outros aspectos das vidas deles. Um bom professor ou conselheiro protege as
crianças e as faz se sentirem seguras e apreciadas. Ensina-lhes que suas
opiniões têm valor e lhes permite expressarem seus pensamentos sem medo de
censura ou ridículo. Nem toda criança recebe em casa esta simples cortesia.
O rubor apaixonado
no rosto mostrou a Joseph que ela acreditava realmente na bobagem que dizia. E
era evidente que encontrara um de seus botões mais quentes. Não o mesmo que
apertara duas noites atrás. Ele piscou, tentando banir a imagem do rosto
vermelho quando afagara aquele botão especial.
—
Percebo que você não recebeu esta cortesia.
As pernas dela se
moveram e o distraíram mais uma vez. Maldição.
—
Meu pai era o único que podia ter opiniões em casa. Minha mãe jamais tomava uma
decisão sem consultá-lo primeiro. Ela, minha irmã e eu devíamos fazer como
papai mandava... até a escolha de nossas carreiras futuras... em vez de
pensarmos por nós mesmas, fazermos nossas próprias escolhas. A menos que queira
uma multidão de seguidores incapazes e nenhum líder, esta não é a forma de
preparar a futura geração.
Hank tinha sido
assim. Latindo ordens. Jamais aceitando um não como resposta. Jamais aceitando
o fracasso em nenhum nível. Joseph aprendera a deixar Hank agir como quisesse,
então seguia seu próprio caminho.
—
Seu pai lhe disse para ser professora?
—
Não. Insistiu que me formasse em história da arte, assim seria útil para meu
futuro marido.
—
Mas você não fez isto.
—
Eu me formei em arte em segundo lugar, mas queria ensinar, então me formei
primeiro em educação. Ele ficou lívido quando viu meu diploma.
—
Ele só descobriu depois de sua formatura?
—
Como não se importava, não perguntou.
A babá tinha
coragem. Joseph teria admirado aquilo em qualquer outra mulher, mas, no
momento, não precisava que lhe dissesse como gastar seu dinheiro.
—
É por causa de seus estudos que encara tanto minhas pinturas.
—
Não encaro, estudo, admiro. Nunca tinha visto originais desses artistas a não
ser em livros e museus.
—
São um investimento.
—
Um investimento trancado numa casa de férias onde raramente são apreciados.
—
Está me dando uma lição, Demi?
—
Sua coleção inclui alguns dos melhores artistas da América do Norte. É uma pena
que não partilhe. Poderia emprestá-la a um museu sem desvalorizar seu investimento.
Ela estava
tentando fazê-lo se sentir egoísta? Ou roubar-lhe as obras de arte?
—
Suponho que queira arranjar isto para mim.
—
Deus do céu, não! Não tenho este tipo de conexão. Mas posso ajudá-lo.
Abordagem
interessante. Recuar, fazê-lo sentir uma segurança falsa.
—
Este candidato não é o nosso homem. — Havia caráter definitivo na declaração.
Tomou-lhe os papéis e os jogou na cesta de “não”.
—
Devia lhe dar uma oportunidade.
—
Conselheiros não ajudaram meu irmão. Kevin passou de melhor aluno da classe
para um fracassado nos seis meses que antecederam nossa separação. Ninguém...
menos ainda o conselheiro da escola... se importou em descobrir o motivo.
A empatia lhe
suavizou os olhos.
—
Não foi apenas luto pela perda dos seus pais?
—
Não. Recebíamos tarefas demais na casa adotiva, não tinha tempo para estudar.
Inferno, mal tinha tempo para dormir, e éramos muito mal alimentados.
O choro de um bebê
soou no monitor e, desta vez, Joseph sentiu alívio, não aquela reação nervosa e
tensa. Queria parar de pensar em Demi, na fome que ela lhe despertava e que não
fora saciada, na química violenta que partilhavam. Droga, nem mesmo provara a
doçura entre as pernas dela ou sentira o calor de sua boca envolvendo-o. Se ela
saísse do escritório, talvez pudesse se concentrar nos candidatos e não pensar
em sexo.
Demi foi até as
cestas, pegou o pedido rejeitado e o mudou para a cesta do “sim”. Ele quase riu
da audácia dela.
—
Pelo menos entreviste-o.
—
Vá — ordenou, ansioso para ter de volta seu escritório, seu santuário, sua
solitude.
No minuto em que
ela saiu, ele pegou o pedido para devolvê-lo à cesta dos rejeitados, então
parou. Os argumentos dela eram válidos, e sim, seu preconceito pessoal contra
conselheiros tinha influenciado sua rejeição. Joseph quase admirava Demi por
apoiar o perdedor. Se alguém tivesse sentido tanto por Kevin, seu irmão jamais
teria se perdido e não haveria necessidade desta bolsa em sua memória. Mas o
sistema havia falhado.
E gostar da
opinião de Demi, respeitá-la ou qualquer outra coisa sobre ela definitivamente
não estava em seus planos. Precisava dela para cuidar do filho de Ash, e assim
que ela voltasse Demi e seu filho partiriam. Seriam esquecidos. Como qualquer
outra amante do passado.
Mas descobrira uma
coisa vital na conversa. Demi sabia como usar e manipular pessoas. Os
pobres-diabos do ensino médio provavelmente nunca souberam o que os atingira.
Ele não seria tão ingênuo.
Oi desculpem a demora e o capítulo chato mas se começarem a comentar mais um pouquinho posto mais.
posta mais!!
ResponderExcluirOi! Demi é ousada e tem muita coragem de enfrentar o Joe, pelo jeito ele já está caidinho por ela, só não assume. Beijos e poste logo !
ResponderExcluirposta logo, ansiosa pela a continuação da historia.
ResponderExcluirPosta mais! Por favor amo seu blog e sua fic :))
ResponderExcluirPostaaa mais
ResponderExcluirPosta mais
ResponderExcluira Demi ta muito osada, gosto assim hahahah, posta logo please!!! essas esperas me matam.
ResponderExcluirbjs
Posta mais
ResponderExcluirPosta logo
ResponderExcluirpostaa logo , please....
ResponderExcluirPostaaa maiiiiis
ResponderExcluirAEEEEEE! Posta mais PLEASEEEEEE
ResponderExcluirposta maaaaiss
ResponderExcluirposta mais plz posta amo sua fic pf poste
ResponderExcluirVOLTEIIIIIIIIII
ResponderExcluirE você continua essa Diva na escrita, amando muito as tuas histórias, já li tudinho que perdi. Estou tão feliz por estar de volta.