segunda-feira, 27 de abril de 2015

CAPÍTULO 47 + DESCULPAS + MARATONA NO FERIADÃO

Joseph
Estaciono a caminhonete em frente à casa, saio do carro e minhas botas de cowboy provocam estalos quando piso nos cascalhos no chão.
Subo os degraus, abro a porta e assim que entro o familiar e reconfortante cheiro de lar me recebe.
— Mãe, pai, Nick? Tem alguém em casa? — Grito.
Escuto passos no andar de cima e logo vejo mamãe descendo as escadas com uma expressão confusa no rosto.
Joseph, o que você está fazendo aqui?
— É muito bom ver você também, mamãe. — Digo enquanto a puxo para um abraço e um beijo.
— Sim, claro, é bom ver você também, lógico. Mas você não deveria estar no trabalho, filho? É dia de semana.
— Sim, eu sei. Mas hoje eu não tinha muito trabalho no escritório então sai um pouco mais cedo e resolvi vir ver se tinha algo que eu pudesse fazer por aqui. — Mamãe me dá aquele olhar desconfiado dela, espero que ela não perceba que estou mentindo, mas a dona Denise sempre percebe quando seus filhos estão mentindo para ela.
— Que bom que você veio, então. Acho que poderíamos usar um par de mãos extras em muitas coisas aqui. — Tudo bem, talvez ela não perceba sempre.
— Onde está Nick e papai?
— Seu pai está lá fora concertando a cerca, e Nick foi...Bem, ele foi visitar sua irmã.
Nick foi visitar Olivia? — Pergunto surpreso.
Essa é uma parte na história da nossa família e que é muito triste, minha querida irmã Olivia – que atualmente está com 21 anos – sofre de bipolaridade e ciúmes patológico, ou pelo menos sofria, agora graças a Deus ela está muito melhor. Mas infelizmente, alguns anos atrás essa doença – que nós ainda não sabíamos que ela tinha – fez com que ela fizesse coisas muito horríveis. Ela era apaixonada pelo nosso irmão adotivo, Nick, mas acho que a palavra que se encaixa melhor é obsessiva. Para encurtar a estória, ela sequestrou Selena, a namorada de Nick, e iria realmente mata-la se não fosse Nick chegar no momento certo. Infelizmente as coisas saíram mais ainda do controle e ela acabou atirando nele, felizmente não foi nada muito grave, mas Olivia foi presa e depois diagnosticada, sendo mandada assim para se tratar em um hospital psiquiátrico em Austin. Como Selena não prestou queixas e foi comprovado que Olivia estava doente, ela não foi condenada há passar vários anos na cadeia, mas Nick nunca a perdoou, ou era isso o que eu pensava até agora.
— Eu sei, também fiz essa cara quando ele me falou que iria vê-la. Mas como eu venho querendo que esse reencontro aconteça a tanto tempo, não discuti com ele.
— Mas ele foi sozinho? Mamãe, você lembra o que aconteceu a última vez que ele foi vê-la, anos atrás, não sei se isso é uma boa ideia.
— Calma, aquela vez ele ainda estava muito bravo com ela, foi errado o forçarmos a ir vê-la. Mas dessa vez é diferente, parece que Selena o convenceu a perdoa-la, e ela foi com ele até Austin para conversarem com sua irmã e resolverem isso de uma vez por todas. E eu estou muito feliz se você quer saber, quero minha família reunida novamente.
— Ah mamãe, eu também quero. Muito. Só estou com um pouco de medo, só isso.
— Sua irmã está muito melhor agora, Joseph. Ela está tomando os remédio, indo as consultas com os psiquiatras, você saberia disso se a visitasse com mais frequência.
— Hey, não precisa disso, dona Denise. Só estou preocupado, mas se você diz que está tudo bem, eu acredito. Mãe sempre sabe de tudo mesmo.
— E não se esqueça disso, mocinho. — Ela diz dando um tapa na minha bunda e eu rio.
— Acho que eu vou ir ajudar papai com aquela cerca.
— Ele está perto do cercado dos bois. — Ela diz e eu saio.
Vou andando e alguns instantes depois vejo papai ao longe, concertando a cerca, vou até ele meio nervoso, vir para Wills Point especialmente para conversar com meu pai é o meu verdadeiro objetivo.
— Oi, pai. — Digo chegando por trás dele e pegando-o de surpresa.
— Ah, Joseph, meu filho. Que surpresa, não esperava te ver por aqui durante a semana, você não deveria estar no trabalho? — Ele diz enquanto trocamos um abraço rápido.
— Deveria, mas não tinha tanto trabalho assim hoje, sai mais cedo e resolvi dar uma passada por aqui.
— Que bom que você veio, já falou com a sua mãe? Ela vai ficar muito feliz se você ficar para o jantar.
— Já falei sim, ela disse que o senhor estava aqui e vim saber se eu posso ajuda-lo.
— Ah mas é claro, ajuda é sempre bem vinda, ainda mais para um velho como eu.
— O senhor não está velho, papai. — Digo rindo e dobrando as mangas da minha blusa xadrez.
— Mas não estou novo também. — Ele me diz com aquele sorriso de quem sabe das coisas.
Vou até a sua camionete estacionada ao lado da cerca e pego um par de luvas e as coloco.
— Porque o senhor não descansa um pouco enquanto eu continuo com isso daqui? — Pergunto pegando da sua mão o martelo.
— Acho que eu vou fazer isso, já não sou tão resistente como há vinte anos. — Ele diz e vai se sentar na parte detrás da caminhonete, na caçamba aberta.
Continuo o concerto de onde ele parou e começamos a conversar sobre amenidades.
— Pai, como é mesmo a história de quando você e mamãe se conheceram? — Pergunto depois de termos ficando em silêncio por alguns minutos.
— Não esperava por essa. — Ele diz.
— Como assim? — Pergunto confuso.
— Eu percebi que você queria me perguntar alguma coisa quando você chegou, uma pergunta que estava te deixando nervoso, só não esperava que fosse sobre como sua mãe e eu nos conhecemos. Você já sabe essa história, já contamos várias vezes para vocês.
— Sim, eu sei que quando vocês se conheceram ela estava com o seu melhor amigo, mas vocês acabaram se apaixonando e ficaram juntos, mesmo com os seus pais não aprovando ela. Mas eu quero saber mais, o que vocês sentiram, como você se sentiu por se apaixonar pela namorada seu melhor amigo, como vocês contaram para todo mundo que estavam juntos, qual foi a reação de todos, essas coisas.
— Ah sim. Bem, é uma história um pouco longa.
— Eu tenho tempo, se você tiver. — Digo. Ele fica com o olhar vidrado, olhando em minha direção, mas sem me ver de fato. Parecendo estar voltando para a noite que se conheceram há tantos anos atrás. Ele permanece em silêncio por tanto tempo que acho que não vai me contar, mas então ele começa a falar:
— Foi numa noite de agosto, há um pouco mais de trinta anos atrás. Jacob Daniels e eu fizemos o ensino médio e a faculdade juntos, aonde íamos éramos conhecidos como Jacob e Paul, os amigos inseparáveis. — Ele dá uma risada saudosa, porém triste.
— Depois que Jacob e eu nos formamos, ele se mudou para uma cidade no estado de Nova York, mas nós sempre nos comunicávamos por telefone. Passado um pouco mais de ano depois que ele havia se mudado, ele me convidou para ir visita-lo. Eu ainda não tinha um emprego fixo então fui para passar um mês lá, já com a mentalidade de quem sabe arrumar um emprego para mim também. Ele foi me buscar no aeroporto e matamos a saudade, ele disse que queria me mostrar a cidade e que no dia seguinte iria me apresentar para seus novos amigos e para sua namorada.
“Então na noite do dia seguinte ele me levou até um bar em que ele e seus amigos sempre se reuniam. Quando nós aproximamos da mesa cheia de pessoas conversando e rindo, eu a vi. Sua mãe. Meus olhos pareciam ter sido puxados para ela, foi a primeira pessoa em quem eu reparei e a única. Eu fiquei momentaneamente sem reação, senti algo estranho acontecendo dentro de mim, foi uma sensação muito estranha, as coisas ao meu redor pareciam ter sumido, meu coração começou a bater tão rápido como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. A mulher mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida, e quando ela me viu sorriu, e meu filho...Que sorriso.”
Papai diz com um brilho emocionado nos olhos e um sorriso apaixonado no rosto, o que me faz sorrir também.
— Quando Jacob me apresentou a ela e disse que aquela era a famosa Denise, sua namorada, eu senti uma coisa horrível em meu peito. Uma das maiores decepções que eu já senti foi saber que eles estavam juntos, foi como correr para abrir os presentes em baixo da árvore na manha de natal e descobrir que seu irmão ficou com todos os brinquedos que você queria e você ganhou só roupas sem graça. — Ele ri da sua própria analogia.
“Não conversei com ela naquela noite mais do que o essencial, ela estava curiosa sobre mim porque ao que parece, Jacob tinha ficado muito animado com a minha visita e tinha falado muito sobre nossa amizade para ela. Ela foi muito simpática, mas eu não conseguia ser muito amigável com ela porque a cada vez que eu a olhava, eu a achava mais linda. Enfim, aquele mês passou e eu descobri que não queria voltar para o Texas, que eu queria ficar lá, e mais assustadoramente, eu percebi que era por causa dela. Eu não queria sair de perto de Denise, mesmo que ficar lá significava ter que vê-la com Jacob. Eles pareciam muito apaixonados, estávamos juntos há dez meses, e toda vez que ele a beijava era como um soco no meu estômago, a única coisa pior era ver ela beijando ele.”
Paro de mexer na cerca e vou me sentar ao seu lado na caminhonete, hipnotizado por suas palavras. Papai nunca tinha sido tão detalhista e aberto com relação aos seus sentimentos sobre essa história antes, ele e mamãe nunca a contaram com detalhes, apenas superficialmente.
— Eu acabei voltando para o Texas no final daquele mês, mesmo querendo ficar. Mas eu sabia que tinha que ir embora, tinha que voltar para casa, para minha família e tinha que me afastar de Denise porque eu estava apaixonado por ela, desde daquele primeiro momento no bar, e bem, ela era a namorada do meu melhor amigo e os dois estavam apaixonados. Por mais que eu quisesse ficar perto dela, conversar com ela, escutar sua risada e conhece-la melhor, aquilo tudo era muito doloroso. Eu nunca tinha sentido aquilo antes, por nenhuma outra mulher e eu estava com muito medo. Sabe, eu acho que é assim que a gente sabe que é a pessoa certa.
— Como assim? — Pergunto.
— Alguns dizem que é quanto você só quer ficar perto dela, ou quando você só pensa naquela pessoa, ou então quando você imagina viver com a pessoa para sempre e isso não te deixa com medo. Pois eu acho que quando a gente encontra a pessoa certa, quando a gente ama de verdade, o maior sinal é o medo.
— Medo? — Pergunto confuso.
— O medo, sim. Medo do sentimento, sabe? Porque ele é tão forte, tão grande, tão poderoso, tão confuso que é extremamente assustador. Eu fiquei apavorado quando conheci sua mãe, porque eu fui dominado por um sentimento que eu não conhecia e eu não tinha nem sequer a chance de tê-la. Era visível que ela era apaixonada por Jacob e eu não tinha a menor chance. Então para mim, isso é a maior característica do amor. Se o cara, por mais durão que seja, morre de medo do que sente pela garota, então ele a ama de verdade.
“E eu tinha muito medo mesmo, e quanto mais o tempo passava, mais eu tinha medo, porque eu já tinha voltado para o Texas fazia meses e não tinha nem um único dia em que eu não pensava na sua mãe. Eu tentei procurar outras mulheres capazes de me fazerem sentir algo mais poderoso do que eu sentia por Denise, é claro que eu fui idiota e não tinha percebido que eu nunca iria sentir aquilo de novo por outra, mas eu tentei. Tentei me apaixonar por outra.”
— Mamãe me disse uma vez que a gente não tenta se apaixonar, simplesmente acontece. — Comento lembrando da conversa que eu tive com mamãe sobre me apaixonar. Papai ri e passa a mão pelos cabelos.
— E ela tem razão, como sempre. Mas eu não sabia disso naquela época, e eu estava apavorado para arrancar a namorada do meu melhor amigo do meu coração, então...
— Você se envolveu com outras.
— Sim, muitas. Não com tantas quanto você já se envolveu na sua vida, é claro.
— Hey, muito obrigado. — Digo sarcasticamente e ele ri. Pelo jeito a minha reputação vai me perseguir para sempre, onde quer que eu vá, ela estará lá.
— Mas o que aconteceu? Como você e mamãe se reencontraram?
— Bom, é óbvio que a minha tentativa de esquecê-la não deu certo, mas pelo menos eu consegui ir pensando menos nela. E quando eu estava achando que eu poderia estar me esquecendo dela, o destino resolveu brincar comigo. De uma forma bem cruel, devo acrescentar.
— O que aconteceu? — Pergunto curioso.
— Ela e Jacob vieram para Dallas, visitarem os parentes dele e anunciarem que estavam noivos. — Meu queixo cai involuntariamente e eu olho chocado para papai.
— Eu não sabia que mamãe já tinha sido noiva, quer dizer, antes de você. — Ele ri e continua.
— Pois é, mas ela foi, e quando eu fiquei sabendo...Nem sei descrever o que eu senti, e quando eu a vi novamente depois de tantos meses, percebi derrotadamente que aquilo de ter a esquecido era apenas uma ilusão. Eu continuava loucamente apaixonado, bastou apenas um olhar para eu perceber como eu tinha sido idiota em achar que iria conseguir esquece-la.
E a novidade não era só que eles iriam se casar, Jacob tinha recebido uma oferta de trabalho em Dallas e Denise tinha acabado de se formar e tinha conseguido uma vaga para fazer uma pós na UTD. Então eles estavam de mudança para cá. Iriam comprar um apartamento e morar juntos.
— Nossa, você deve ter...Bem, deve ter sido bem complicado para você, não?
— Complicado é pouco. Eu fiquei com muito mais...
— Medo. — Termino sua frase e sorrio para ele.
— Bem, com eles vindo morar para cá nós três começamos há passar muito tempo juntos. Descobri várias coisas em comum com sua mãe e descobri também que ela era uma boa amiga. Começamos uma amizade bem forte, e eu sempre guardando comigo aquele segredo. Era tão sufocante.
“Eu sei muito bem como é ser sufocado por um segredo”. Penso sobre o meu segredo de estar dormindo com Demetria e principalmente sobre o fato de eu ter descoberto que eu estou perdidamente apaixonado por ela. As vezes eu tenho vontade de gritar para todo mundo, mesmo sabendo que ela não sente o mesmo.
— Meu sentimento por ela só crescia, e nossa amizade também. Jacob logo foi promovido e começou há passar muito tempo trabalhando, e eu e Denise passávamos cada vez mais tempo juntos. Acho que eu era meio masoquista, mas não conseguia lhe dizer não quando ela me ligava para ir encontra-la porque Jacob estava trabalhando até mais tarde. Queria passar cada segundo que eu podia com ela.
— Eu entendo. — Digo sem pensar e me recrimino. Papai me olha com uma cara estranha, mas não pergunta nada.
— Comecei a perceber alguns sinais de que ela também estava sentindo alguma coisa, mas então Jacob aparecia e ela parecia estar super apaixonada por ele. Eu ficava tão confuso, não sabia se aquele interesse por parte dela era só coisa da minha cabeça ou de fato ela gostava de mim. Talvez ela gostasse de nós dois. Teve uma noite que saímos para jantar nós três, mas Jacob recebeu uma ligação do trabalho e teve que ir, então ficamos só ela e eu. Jantamos, conversamos e rimos muito. Na hora de ir embora eu perguntei se ela não gostaria de passear um pouco, ela disse que ainda não conhecia muito bem a cidade e que queria sim. No meio do nosso passeio eu senti que...Como é que vocês jovens dizem mesmo? Rolou um clima.
“Eu estava cansado de não saber se ela gostava de mim ou não, estava cansado dos seus sinais confusos e não aguentava mais não ter ela para mim. Então sem pensar eu a beijei, e para minha surpresa ela retribuiu. Mas depois se afastou, disse que aquilo era muito errado e nós fomos embora. Não consegui dormir naquela noite, só consegui pensar nos seus lábios nos meus. Era enlouquecedor. Alguns outros beijos aconteceram depois daquele, em todos ela parecia querer também, mas sempre se afastava e falava como aquilo era errado. Eu achava que ela estava apaixonado por mim, mas estava com...Medo. Decidi tomar a iniciativa e me declarei para ela, contei que eu a amava desde da primeira vez que eu a vi.”
— E ela?
— Ela disse que estava apaixonada por mim, muito. Só que ela não queria magoar Jacob, ela estava confusa e não sabia o que fazer. Mas acabou que nosso amor foi maior que tudo isso, então ela terminou o noivado para podermos ficar juntos e saiu do apartamento que dividia com Jacob.
— Como Jacob reagiu?
— Como você acha? Primeiro ele ficou confuso, querendo saber por que ela estava terminando com ele. Quando ela disse que nós estávamos apaixonados, ele ficou louco. Veio atrás de mim e nós brigamos feio, ele me bateu, mas eu não conseguia bater de volta, apenas tentava me proteger. Acho que era porque eu estava me sentindo muito culpado, ele amava muito ela e eu sabia disso.
— Deve ter sido difícil escolher entre seu melhor amigo e a mulher que você ama.
— Foi, mas eu sabia quem seria minha escolha. Eu amava muito sua mãe, na verdade ainda amo demais, e apesar de ter me doido muito, muito mesmo magoar Jacob dessa forma e perder sua amizade, eu sabia que conseguiria viver sem ele na minha vida, mas não sem sua mãe. Então ficamos juntos mesmo magoando Jacob, nenhum de nós dois ficamos feliz de fazer isso com ele, mas estávamos muito apaixonados um pelo outro e não conseguíamos mais ficar separados. E mesmo que não ficássemos juntos, sua mãe me ama e não amava mais ele, de qualquer forma ela acabaria não se casando com ele. Ele achava que eu tinha feito tudo de propósito, que eu tinha tramado tudo isso pelas suas costas, eu tentei explicar que simplesmente tinha acontecido, mas ele não queria me escutar. Ele disse que me odiava e que nunca iria me perdoar, e nunca perdoou.
— Vocês nunca mais se falaram?
— No começo eu tentei, mas ele dificultava muito as coisas, chegando até a me agredir várias vezes em que eu tentei falar com ele, então eu desisti. Depois de alguns anos de casado, quando você era bebê, eu o procurei e descobri que ele tinha se mudado para Montana, entrei em contato e ele me disse para nunca mais o procura-lo. A última vez que eu tentei fazer contato foi há uns dez anos atrás, ele ainda estava morando no mesmo lugar em Montana, então eu o escrevi uma carta, e ele nunca respondeu.
— Sinto muito, por ter perdido seu melhor amigo.
— Eu também, mas todo dia que eu acordo e vejo sua mãe ao meu lado, eu penso “valeu a pena”.
— E como vocês lidaram com o fato da sua família não gostar de mamãe?
— Na verdade não era bem a minha família, só a minha mãe. Todos ficaram um pouco receosos por mim, pelo modo como tínhamos acabado ficando juntos , eles tinham medo que sua mãe fizesse a mesma coisa comigo que ela fez com Jacob. Mas logo todos perceberam que nós estávamos mesmo apaixonados.
— Menos vovó.
— Menos a sua vó. Ela achava que Denise era uma vadia, e chegou a falar isso para ela em várias ocasiões. Ela não se conformava pelo que tínhamos feito ao pobre Jacob, mas eu ela perdoou, mas a aproveitadora que seduziu seu filho e o fez trair seu melhor amigo, não. Foi difícil no começo. Sua avó não foi no meu casamento.
— Sério? — Pergunto espantado. — Isso é muito triste, sinto muito, pai.
— Foi muito triste não ter ela comigo naquele dia tão especial. E foi mais triste porque eu tive que me afastar dela.
— Por causa da mamãe?
— Sim, sua avó tratava muito mal Denise. Sua mãe não me contava nada, não querendo me fazer ficar com raiva da minha própria mãe, mas quando eu descobri que ela estava infernizando a vida da minha esposa eu parei de falar com ela. Ficamos um tempo assim, até que Denise ficou grávida de você, então sua avó quis se reaproximar. Ela e sua mãe realmente conversaram, acho que pela primeira vez, e acabaram se entendendo. Eu diria que minha mãe tinha passado de odiar Denise para suporta-la, algo que eu não tinha conseguido que ela fizesse, mas você conseguiu. Tinha jeito com as mulheres mesmo antes de nascer, rapaz. — Ele diz e ambos rimos.
— Mas quando eu era criança eu me lembro de vovó tratando mamãe super bem, ela até parecia preferir ela a você. — Papai ri novamente.
— Elas ficaram amigas depois, e sua vó passou a amar sua mãe como se fosse sua própria filha.
Fico em silêncio por um momento, repassando em minha cabeça toda a história de amor dos meus pais.
— Essa é toda a história. Tem algo mais que você queria saber? — Ele pergunta.
— O amor de vocês era meio que...Impossível, não é?
— Esse é um jeito de ver as coisas. Mas eu te digo uma coisa filho, não existe amor verdadeiro que não seja capaz de transformar as coisas impossíveis em possíveis.
— Então você acha que todo amor é mais forte do que as situações impossíveis em que ele se encontra? — Pergunto olhando-o nos olhos.
— Todo amor verdadeiro, sim. Tenho certeza.
— Como você pode ter tanta certeza? Acho que você está sendo romântico demais, pai. Infelizmente existem amores, que mesmo sendo sinceros, não são possíveis.
Ela encara o horizonte por vários minutos, calado, seu olhar pensativo e compenetrado.
Joseph, você está apaixonado, filho? — Ele me pergunta e eu percebo que ele tenta soar normal, mas há uma certa ansiosidade por detrás de suas palavras.
Demoro para responde-lo, eu não admiti isso para ninguém, apenas para mim mesmo, e não foi algo fácil.
Abro a boca mas não consigo fazer isso, não consigo admitir em voz alta, é mais difícil do que imaginava. É como se eu estivesse tentando fazer algo contra a minha natureza.
— Sim. — Digo com uma voz fraca, é a única palavra que eu consigo dizer. Meu pai me olha com um sorriso enorme, aposto que ele está pensando “finalmente”, mas quando vê minha expressão seu sorriso morre.
— É um amor impossível?
— Não sei se é amor, mas e impossível. — Respondo, e é verdade, eu estou apaixonado por Demetria, mas ama-la? Se a teoria de papai estiver certa, se o amor verdadeiro é identificável pelo medo que sentimos dele, então eu...Eu acho que eu posso ama-la sim.
Porque eu estou completamente apavorado pela enormidade e pela força do que eu sinto por Demetria.
— Por quê?
— Por vários motivos. — Digo tentando me esquivar de sua pergunta.
— Quais? — Não posso ser completamente sincero com ele, se não ele vai descobrir de quem eu estou falando. Mas bem que eu queria finalmente colocar tudo para fora e contar para alguém essa história maluca entre Demetria e eu. Capaz de meu pai ter um ataque do coração se ele descobrisse que a mulher que estamos conversando é Demetria  Lovato.
— O fato de eu ser conhecido por todo mundo como um prostituto. — Digo me lembrando de como Sunny me chamou quando descobriu sobre Demetria e eu. — Um cara que nunca se apaixona e vive com uma mulher diferente a cada noite, mesmo que eu não seja mais como há alguns anos atrás, a reputação me persegue, e a verdade é que até muito pouco tempo atrás eu continuava dormindo com várias mulheres, eu parei de fazer isso quando eu comecei a me envolver com ela. Mas mesmo assim, eu sempre vou ter essa reputação, e é ela que faz com que a família dela não vá me aceitar, isso e outras coisas também.
— Entendo. — Ele diz pensativo.
— E tem o fato dela ser mais nova também.
— Mais nova quanto, Joseph? — Ele me dá aquele olhar desconfiado, e de quem está prestes a me dar um sermão.
— Calma, pai. Ela é maior de idade, não se preocupe.
— Como ela se sente com relação a você? Ela corresponde ao seu sentimento?
— Eu acho que não. — Digo tristemente.
— Como assim acha que não?
— Eu não contei para ela, para ninguém na verdade, você é o único que sabe.
— Então quando você disse que começo a se envolver com ela, você estava falando de sexo e não romanticamente?
— Sim, tudo começou como algum tipo de relação sexual casual em que ambos concordamos. Ela se sentia atraída por mim e eu estava louco de desejo por ela, como nunca havia sentido por outra mulher na minha vida. Ficamos nesse lance casual por alguns meses, ainda estamos na verdade, mas eu acabei me apaixonando e não sei o que fazer.
— Conte para ela como você se sente, é claro.
— Mas eu acho que ela ainda gosta do ex namorado. Ele a magoou muito, mas ela ainda o amava quando a gente começou esse lance, na verdade acho que foi um dos motivos dela querer se envolver casualmente comigo. Ela não demostra ainda ama-lo, mas eu vi como ela o amava muito somente há muito pouco tempo atrás, ela me disse com toda as letras que o amava muito quando começamos a nos envolver.
— E mesmo assim você aceitou ficar transado com ela? — Ele pergunta com aquele tom de reprovação que só um pai sabe fazer.
— Não é como se eu tivesse me aproveitado dela. — Digo me defendendo.
— Na verdade, é isso mesmo. Ela estava frágil e magoada com o namorado, claramente ainda o amava e mesmo assim você a convenceu a se envolver nisso só porque você a desejava como nunca havia desejado outra mulher. Isso foi muito egoísta, filho.
— Eu não a forcei a fazer nada. — Mas eu fiquei a perseguindo. Droga, será que eu me aproveitei mesmo da fragilidade de Demetria? Mas que porra, não quero ser um aproveitador.
— Tudo bem, não precisa ficar bravo comigo.
— Desculpe. É só que isso que eu sinto, nunca senti antes, você sabe que eu nunca me apaixonei e eu só estou com muito...
— Medo. — Ele termina minha frase assim como eu havia feito com ele e me dá um sorriso condescendente.
— Sim, estou apavorado. Apavorado porque eu nunca gostei de ninguém antes e de repente eu percebi que eu gosto dela demais, apavorado que ela não goste de mim, apavorado que ela seja o amor da minha vida e eu não seja o dela.
— Se ela for mesmo o amor da sua vida, ela vai gostar de você, mesmo que ainda não goste, ela irá um dia. Isso ou você está enganado e ela não é o amor da sua vida. Você já pensou que todo esse medo que você está sentindo pode ser só porque ela é a sua primeira paixão, e não porque você a ama?
— Você acha? Eu não sei, pode ser. O que você quis dizer com mesmo que ela não goste ela irá?
— Porque se ela for mesmo o seu amor verdadeiro, você será o dela. Não existe amor verdadeiro não correspondido, o que existe são pessoas que acham que amam de verdade e não são correspondidas, mas então elas vão lá e se apaixonam de novo e pensam “agora sim, ela é o amor da minha vida”. Isso não existe filho, as pessoas são muito levianas com esse assunto, acham que qualquer paixão é amor verdadeiro. Mas acontece que quando realmente é, ele é para sempre, você não simplesmente esquece a pessoa e acha outro amor verdadeiro, as coisas não funcionam assim.
— E quando a pessoa morre e o outro se apaixona de novo. Você está dizendo que essa segunda pessoa nunca vai ser o amor verdadeiro da primeira pessoa?
— Para mim, não. Ela pode até amar de novo, mas verdadeiramente e de todo coração, não. Sempre existirá um espaço especial para o amor verdadeiro que morreu no coração. Eu mesmo, se sua mãe morresse... — Ele faz uma careta como se só pensar nisso o machucasse. — Eu nunca amaria outra mulher, nem menos, nem mais e nem igual ao quanto eu amo ela. Simplesmente não consigo me imaginar amando outra mulher, nem que seja só um pouco.
— Então você está me dizendo que se ela for a mulher da minha vida, eu também serei o homem da vida dela, se não, eu estou sendo leviano e apenas estou confundindo uma paixãozinha com amor?
— Exatamente isso que eu estou dizendo. Talvez você só esteja confuso e como essa é a primeira vez que você se apaixona, não saiba lidar com esse sentimento.
— Ou talvez ela só foi capaz de me fazer me apaixonar, porque ela é a mulher da minha vida.
— Talvez. Mas eu nunca ouvi falar de uma pessoa que nunca se apaixonou antes de conhecer o amor da sua vida, com exceção àqueles sortudos que os encontram logo de cara. Mas não ache que só porque ela conseguiu mexer com você e as outras não, que ela é para sempre.
— Acho que você pode ter razão, faz sentido até. Mas é difícil me imaginar sentindo algo mais forte do que isso por outra mulher, mas como você mesmo disse, ela é minha primeira paixão, eu não sei realmente muita coisa sobre esse assunto. Eu posso estar muito errado.
— Mas uma coisa nessa história toda é certa e clara como água.
— O que?
— Você tem que contar para ela como você se sente.
— E se ela não sentir o mesmo, como eu faço para saber que eu devo insistir ou que eu devo recuar porque ela não é mesmo o amor da minha vida.
— Isso só depende de você. Você vai sentir quando a hora de desistir chegar, e se vocês forem mesmo feitos um para o outro, ela se apaixonará antes de você desistir.
— Mas e se eu insistir, ela se apaixonar mas não for o amor da minha vida?
— Eu acho que você faz perguntas demais, meu filho. E infelizmente eu não sei a resposta para todas elas. Mas o que as pessoas normais costumam fazer, é arriscar. — Ele diz com um sorriso divertido, zombando de mim.
— Então acho que eu tenho que arriscar.
— Eu acho que sim. Você vai me dizer quem é a mulher que finalmente conquistou o coração inalcançável do meu filho?
— Sinto muito, mas eu não posso, ainda não. É complicado.
— Tudo bem, apesar de que agora eu estou muito curioso para saber o porquê do mistério todo. Mas eu vou confiar em você e não vou te pressionar a me contar nada. E saiba que não importa o quão complicado ou impossível às coisas possam parecer entre vocês dois, eu vou sempre te apoiar, e no que eu puder te ajudar, é só pedir.
— Obrigado, pai. Obrigado por me escutar e me aconselhar, eu vou dizer tudo o que eu sinto para ela. — Dou lhe um abraço meio desajeitado.
— Que bom, meu filho. Espero que vocês dois se ajeitem e que eu e sua mãe possamos conhecê-la logo. Sua mãe vai ficar louca quando descobrir que você finalmente se apaixonou. Ela se preocupa muito com você e que você nunca vá sossegar.
— É, eu sei. — Rio. — Será que você pode guardar segredo por enquanto? Eu queria muito falar para mamãe sobre isso, mas sabia que ela iria pirar e ficar animada, e você era a minha melhor escolha para me abrir.
— Pode deixar, não vou contar para ninguém. E obrigado pela confiança em mim. Agora acho melhor você terminar essa cerca antes que o sol se ponha.
— Está certo. — Pulo da caçamba e volto até a cerca.
Mesmo morrendo de medo de como Demetria vai reagir, eu decido que eu devo contar como me sinto. Talvez ela nem esteja mais apaixonada por Harry e mesmo que ela não goste de mim, eu posso convencê-la a me dar uma chance.
Eu só não posso mais ficar reprimindo o que eu sinto quando estou perto dela, preciso lhe dizer que estou apaixonado e que não quero mais que sejamos amigos com beneficios, e sim namorados. Se ela aceitar, depois eu vejo como lidar com Ian em a reação de nossas famílias.
Pego o martelo e começo a concertar o restante da cerca.

— Então, você vai ficar para o jantar, filho?


OLÁ!

GENTE MILHÕES DE DESCULPAS POR TER PASSADO TODO ESSE TEMPO SEM POSTAR, MAS TENHO VARIOS MOTIVOS PARA TER DADO ESSE TEMPO, PRIMEIRO 2015 SE QUISER JÁ ACABAR E CHEGAR LOGO 2016 AGRADEÇO, POIS ESSE ANO AINDA NÃO ESTÁ MUITO BOM PARA MIM E NEM PARA MINHA FAMÍLIA, MINHA VIDA ESTÁ MEIO ATRIBULADA NO MOMENTO, DIA 1 DE ABRIL ( NÃO É MENTIRA) FALECEU UMA TIA MINHA E FIQUEI EXTREMAMENTE ABALADA COM ISSO ( TENHO PROBLEMAS COM RELAÇÃO A NERVOSISMO, E JÁ TIVE ALGUNS ATAQUES DE SINDROME DO PÂNICO) ESTOU ME RECUPERANDO AGORA DO BAQUE E ESTAVA DIRETO NA CASA DOS MEUS PAIS MEIO QUE COM MEDO DE QUE ACONTECESSE ALGUMA COISA COM ELES CASO EU ESTIVESSE LONGE É DIFICIL EXPLICAR O QUE SE PASSA NA MINHA ATORMENTADA CABEÇA COM ISSO TIVE QUE VOLTAR A VISITAR MEU PSICÓLOGO, COM ISSO NEM PENSAVA E NEM TINHA VONTADE DE POSTAR MAS HJ ME BATEU A VONTADE E PRA COMPENSAR VCS VOU FAZER UMA MARATONA NESSE FERIADO POIS JAJÁ COMEÇAM AS PROVAS DA FACULDADE E SE EU NÃO ME PREPARAR COMO DIZEMOS AQUI NO CEARÁ "VOU ME LASCAR"

SEI QUE NÃO TENHO O DIREITO DE EXIGIR MAS COMENTEM!!! 
TENHO CAPÍTULOS PRONTOS PARA HJ.  

4 comentários:

  1. nossa que barra, mas tudo vai dar certo.
    sobre o capitulo, arrasou, Joe ta in love *-* e sei que Demi tambem.
    so falta se declararem...e que seja logo ♥

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  2. Espero que vc melhore. Mesmo assim, obrigada por dizer o que está acontecendo. É importante. Adorei o Cap. Sla, eu nunca sei o que dizer
    #EsperandoMais

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  3. Melhoras e que tudo vai se encaixar na sua vida,e o capítulo Ta perfeito,não some mais não rsrs

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  4. Meu Deus joe confessando que está apaixonado, outra vez, hehehe, espero que ele fale pra demi logo, quero ver como vai ser a reação dela, ao descobrir que o sentimento é recíproco.

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