quinta-feira, 30 de abril de 2015

CAPÍTULO 52 MARATONA

Joseph
Escuto alguém a porta e vou atender. Quando abro vejo Frankie e Ariana parados com um sorriso animado no rosto.
— Frankie.
Joseph, quanto tempo, cara. — Nos abraçamos animadamente.
— E essa é a pequena Ariana? Nossa, como você cresceu. — Digo lhe cumprimentando com um beijo no rosto.
— Entrem, por favor. — Peço e abro caminho para que um dos meus grandes amigos da época da faculdade e sua irmã mais nova entrem.
— Quanto tempo, cara. — Frankie comenta.
— Pois é. Venham se sentar, fiquem a vontade. — Digo encaminhando-os para o sofá. — Como estão as coisas em Washington?
— Maravilhosas. Mas sabe como é, uma vez cowboy sempre cowboy, sinto muita falta desse lugar.
— Você que quis se mudar assim que se formou. — Lembro-o.
— E me levou junto. — Ariana comenta com ar divertido.
— Você adora Washington, não finja que não.
— Eu adoro mesmo.
— Aceitam algo para beber? Vinho, uísque, cerveja?
— Eu aceito um uísque. Ariana não bebe, não tem idade para isso. — Frankie diz protetor e vejo sua irmã revirando os olhos.
— Um suco então? — Pergunto.
— Não, mas obrigada. — Ela diz sorrindo amigavelmente.
Levanto-me e busco dois copos com uísque, um para ele e outro para mim.
— Vou te falar Frankie... — Digo lhe entregando o copo e sentando-me novamente. — Quando você me ligou hoje dizendo que estava em Dallas e perguntando se poderíamos jantar, fiquei muito surpreso. Reencontrei outra pessoa daquela época uns dias atrás, mas devo dizer que você é uma companhia muito mais agradável. — Digo e ele ri.
— Então, o que te trás de volta?
— Negócios. E aproveitei para trazer Ariana, ela estava com saudades de alguns velhos amigos.
— Fico feliz que você tenha me ligado. Você tem noticias de algum dos rapazes de antigamente?
— Tenho o telefone do Peter e do Derek, mas raramente nos falamos, o que é uma pena. Ian ainda está por aqui?
— Está sim, ele e a esposa, Nina.
— Ainda casados?
— Ainda casados e mais apaixonados do que nunca. — Digo mas então me lembro do que Demetria me contou. Não. Tenho certeza que eles vão conseguir passar por isso, o amor deles é forte o suficiente. O amor deles é daqueles que são raros de se encontrar, seja o que for que estiver acontecendo com Nina, eles vão superar isso, juntos.
— Quem diria, não é que esse namoro de ensino médio durou? Que sorte ele tem. Eu me divorciei recentemente. — Ele diz e vejo um pouco de tristeza brilhar em seus olhos.
— Que pena, sinto muito. — Digo.
— Tudo bem, não era para ser. Mas e você, ainda o mesmo Joseph que morre de medo de relacionamentos que eu me lembro? — Pergunta divertido e bebe o uísque.
Na hora penso em Demetria e em como eu gostaria de ter um relacionamento sério com ela, e um sorriso me vêm aos lábios.
— Hum, devo deduzir que esse sorriso bobo é um não?
— O que eu posso dizer, as pessoas mudam. — Digo sorrindo de canto.
— Mas olha, por essa eu não esperava. Como é o nome da operadora de milagres? Porque fazer Joseph Jonas se apaixonar é um verdadeiro milagre, com certeza.
— É segredo.
— Mistério, não é? Gostei, apimenta a relação. — Ele diz com um olhar conspiratório e uma voz malandra.
— Frankie! Estou bem aqui. — Ariana diz. Ela estava tão quieta que por um momento até havia me esquecido que estava presente.
Frankie apenas ri e dá de ombros.
— Espero que estejam famintos, pedi para a Sra. Bennet caprichar porque teríamos convidados muito especiais. Vou ver se está tudo pronto, só um minuto.
— Sra, Bennet, está tudo pronto? — Pergunto enfiando minha cabeça pela porta da cozinha.
— Ah sim, está tudo pronto. — Aquela senhora de meia idade, que me lembra aquelas vovós corujas, me responde.
— Ótimo, obrigado.
— O jantar está pronto. — Digo ao voltar para a sala.
Vamos até a mesa de jantar e o cheiro delicioso proveniente da cozinha atiça meus convidados.
— Hum, que cheiro maravilhoso. — Ariana comenta.
— Muito, se o gosto for pele menos a metade que é o cheiro, a comida estará divina. — Frankie diz.
— Acredite, o gosto estará melhor. A Sra. Bennet é uma cozinheira de mão cheia.
Então o jantar é servido e Frankie e Ariana podem comprovar que eu falava muito sério. A comida estava espetacular como sempre.
— Ah Frankie, deixe-a tomar um gole de vinho. — Digo ao meu amigo quando ele não deixa sua irmã experimentar o excelente vinho que escolhi para o jantar.
— Sim, só uma taça. — Ariana pede.
— Meia taça, e só. — Ele diz lhe dando aquele olhar severo de irmão mais velho e por um momento sinto uma saudade enorme de Olivia. Mamãe está certa, tenho que visita-la com mais frequência.
Ariana prova o vinho e sorri.
— Delicioso. — Ela toma todo o conteúdo de sua taça e eu a reabasteço antes que Frankie possa dizer algo.
— Se não fosse por sua mulher misteriosa, diria que está tentando embebedar minha irmãzinha. — Frankie diz e ri.
Estou pronto para lhe dar uma resposta à altura, mas sou interrompido quando Ariana sem querer deixa derramar quase todo o vinho em seu vestido claro.
— Ah droga, meu vestido novo! — Ela exclama se levantando rapidamente e tentando limpar a mancha com o guardanapo, o que só deixa-a pior.
— Não tente limpar, se não vai ficar pior. — Digo.
— Não acredito, esse vestido é novo e muito caro, agora é inútil. — Ela diz tristemente.
— Calma, se agirmos rápido pode ser que tenha salvação. Tire o vestido que eu peço para a Sra. Bennet tentar dar um jeito nisso, ela conhece vários truques domésticos para tirar manchas. Uma vez derrubei vinho no tapete, e ela tirou facilmente.
— Tirar o vestido? E você quer o que, que ela fique nua? — Frankie pergunta levantando a sobrancelha, me questionando.
— Claro que não. Venha, Ariana. Vou lhe emprestar alguma roupa minha enquanto a Sra. Bennet cuida do seu vestido. — Digo levantando-me e ela timidamente me segue.
— Sinto muito mesmo, Joseph. Sou uma atrapalhada. — Ela diz com as bochechas coradas de vergonha.
— Não se preocupe. — Dou-lhe um sorriso simpático. — Acidentes acontecem.
Levo-a até meu quarto e por um segundo me pergunto se Demetria se importaria se eu emprestasse alguma roupa sua para Ariana, mas decido que é melhor não, afinal são suas roupas e ela não está aqui para consentir, então pego uma calça de moletom com elástico e uma camisa minha e entrego para ela.
— Pode vestir isso, é meu e provavelmente ficará grande, mas é só até limparmos seu vestido.
— Muito obrigada, Joseph. E desculpe, de novo.
— Sem problemas. Fique a vontade. Mas troque-se rápido para ter mais chances de salvar seu vestido.
— Tudo bem. — Ela diz.
Fecho a porta do quarto e volto para a companhia de Frankie. Assim que me sento na mesa de jantar, escuto uma batida na porta.
“Quem será?”
— Só um minuto, Frankie. Com licença. — Digo e vou receber a pessoa inesperada.
Quando abro a porta, me pegando desprevenido pois não esperava vê-la essa noite, Demetria me encara com um sorriso largo e um pouco safado no rosto. Seus olhos brilham com excitação, e por um momento, a visão do seu belo rosto me deixa sem palavras.
— Oi, Joseph.
Demetria? O que você está fazendo aqui? — Pergunto confuso pois achei que ela ficaria até tarde em Austin fazendo compras.
— Voltamos mais cedo. Isso é para você. — Ela diz e só agora percebo que carrega um prato envolto em papel filme e cheio de biscoitos com gotas de chocolate e que parecem deliciosos.
— Eu disse que iria te compensar por você ter comido aqueles biscoitos horríveis anos atrás. Queria lhe fazer uma surpresa, está surpreso? — Ela pergunta ainda sorrindo como se estivesse tramando algo.
— Bem, estou. Não esperava vê-la hoje à noite. — Mas não estou reclamando, de forma alguma.
— E eu tenho outra surpresinha para você, embaixo da minha rou... — Demetria se interrompe bruscamente e olha para além de mim, seu sorriso morrendo nos lábios e o brilho do seu olhar se apagando.
Olho para trás e vejo Ariana vinda da direção do meu quarto, usando minha calça e minha camisa, que ficam enormes nela, e seu vestido manchado nas mãos.
— Ah, pelo visto você já tem companhia. — Ela diz com rancor, sua voz trêmula.
Olho novamente para ela para pergunta-lhe o que ela quis dizer com isso, e me deparo com seus olhos cheios de lágrimas.
— Bom, não quero atrapalhar a sua diversão. Adeus. — Ela empurra o prato na minha direção, e se eu não tivesse bons reflexos ele teria se espatifado no chão, se vira e sai andando tão rápido que praticamente está correndo.
Depois de um segundo tentando entender o que acabou de acontecer aqui, minha ficha caia. Olho para Ariana vestida com as minhas roupas, vinda do meu quarto e que me olha com confusão no olhar.
“Ah merda, Demetria achou que eu e Ariana...Porra”.
— Segura aqui. — Dou o prato com os biscoitos que Demetria fez para mim para Ariana e saio correndo do apartamento.
Não posso deixar Demetria pensar que alguma coisa estava acontecendo entre Ariana e eu. De repente a ideia de ela achar que eu estava dormindo com outra me causa náuseas. E medo. Se ela soubesse que eu só tenho olhos para ela. Olhos e todo o resto, tudo é só dela.
Demetria, espera, eu posso explicar. — Grito, mas é tarde demais. As portas do elevador se fecham com ela dentro, só tive tempo de ter um vislumbre de seu rosto manchado por lágrimas. Caralho. Quase quebro o botão chamando o elevador, quando ele finalmente vem, aperto o botão do térreo e juro por Deus, esse elevador nunca pareceu tão lento. Por sorte ele não parou em nenhum andar.
Saio para a recepção e procuro por ela, mas não consigo acha-la. Um desespero angustiante começa a tomar conta de mim, como aqueles que precedem algo de muito ruim.

Preciso acha Demetria e dizer que ela entendeu tudo errado.

CONTINUA...

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