Joseph
Escuto
alguém a porta e vou atender. Quando abro vejo Frankie e Ariana parados com um sorriso
animado no rosto.
— Frankie.
— Joseph, quanto tempo, cara. — Nos
abraçamos animadamente.
— E essa é a
pequena Ariana? Nossa, como você cresceu. — Digo lhe cumprimentando com um
beijo no rosto.
— Entrem,
por favor. — Peço e abro caminho para que um dos meus grandes amigos da época
da faculdade e sua irmã mais nova entrem.
— Quanto
tempo, cara. — Frankie comenta.
— Pois é.
Venham se sentar, fiquem a vontade. — Digo encaminhando-os para o sofá. — Como
estão as coisas em Washington?
—
Maravilhosas. Mas sabe como é, uma vez cowboy sempre cowboy, sinto muita falta
desse lugar.
— Você que
quis se mudar assim que se formou. — Lembro-o.
— E me levou
junto. — Ariana comenta com ar divertido.
— Você adora
Washington, não finja que não.
— Eu adoro
mesmo.
— Aceitam
algo para beber? Vinho, uísque, cerveja?
— Eu aceito
um uísque. Ariana não bebe, não tem idade para isso. — Frankie diz protetor e
vejo sua irmã revirando os olhos.
— Um suco
então? — Pergunto.
— Não, mas
obrigada. — Ela diz sorrindo amigavelmente.
Levanto-me e
busco dois copos com uísque, um para ele e outro para mim.
— Vou te
falar Frankie... — Digo lhe entregando o copo e sentando-me novamente. — Quando
você me ligou hoje dizendo que estava em Dallas e perguntando se poderíamos
jantar, fiquei muito surpreso. Reencontrei outra pessoa daquela época uns dias
atrás, mas devo dizer que você é uma companhia muito mais agradável. — Digo e
ele ri.
— Então, o
que te trás de volta?
— Negócios.
E aproveitei para trazer Ariana, ela estava com saudades de alguns velhos
amigos.
— Fico feliz
que você tenha me ligado. Você tem noticias de algum dos rapazes de
antigamente?
— Tenho o
telefone do Peter e do Derek, mas raramente nos falamos, o que é uma pena. Ian ainda está por aqui?
— Está sim, ele
e a esposa, Nina.
— Ainda
casados?
— Ainda
casados e mais apaixonados do que nunca. — Digo mas então me lembro do que Demetria me contou. Não. Tenho certeza
que eles vão conseguir passar por isso, o amor deles é forte o suficiente. O
amor deles é daqueles que são raros de se encontrar, seja o que for que estiver
acontecendo com Nina, eles vão
superar isso, juntos.
— Quem
diria, não é que esse namoro de ensino médio durou? Que sorte ele tem. Eu me
divorciei recentemente. — Ele diz e vejo um pouco de tristeza brilhar em seus
olhos.
— Que pena,
sinto muito. — Digo.
— Tudo bem,
não era para ser. Mas e você, ainda o mesmo Joseph
que morre de medo de relacionamentos que eu me lembro? — Pergunta divertido e
bebe o uísque.
Na hora
penso em Demetria e em como eu
gostaria de ter um relacionamento sério com ela, e um sorriso me vêm aos
lábios.
— Hum, devo
deduzir que esse sorriso bobo é um não?
— O que eu
posso dizer, as pessoas mudam. — Digo sorrindo de canto.
— Mas olha,
por essa eu não esperava. Como é o nome da operadora de milagres? Porque fazer Joseph Jonas se apaixonar é um verdadeiro milagre, com certeza.
— É segredo.
— Mistério,
não é? Gostei, apimenta a relação. — Ele diz com um olhar conspiratório e uma
voz malandra.
— Frankie!
Estou bem aqui. — Ariana diz. Ela estava tão quieta que por um momento até
havia me esquecido que estava presente.
Frankie
apenas ri e dá de ombros.
— Espero que
estejam famintos, pedi para a Sra. Bennet caprichar porque teríamos convidados
muito especiais. Vou ver se está tudo pronto, só um minuto.
— Sra, Bennet,
está tudo pronto? — Pergunto enfiando minha cabeça pela porta da cozinha.
— Ah sim,
está tudo pronto. — Aquela senhora de meia idade, que me lembra aquelas vovós
corujas, me responde.
— Ótimo,
obrigado.
— O jantar
está pronto. — Digo ao voltar para a sala.
Vamos até a
mesa de jantar e o cheiro delicioso proveniente da cozinha atiça meus
convidados.
— Hum, que
cheiro maravilhoso. — Ariana comenta.
— Muito, se
o gosto for pele menos a metade que é o cheiro, a comida estará divina. — Frankie
diz.
— Acredite,
o gosto estará melhor. A Sra. Bennet é uma cozinheira de mão cheia.
Então o
jantar é servido e Frankie e Ariana podem comprovar que eu falava muito sério.
A comida estava espetacular como sempre.
— Ah Frankie,
deixe-a tomar um gole de vinho. — Digo ao meu amigo quando ele não deixa sua
irmã experimentar o excelente vinho que escolhi para o jantar.
— Sim, só
uma taça. — Ariana pede.
— Meia taça,
e só. — Ele diz lhe dando aquele olhar severo de irmão mais velho e por um
momento sinto uma saudade enorme de Olivia. Mamãe está certa, tenho que
visita-la com mais frequência.
Ariana prova
o vinho e sorri.
— Delicioso.
— Ela toma todo o conteúdo de sua taça e eu a reabasteço antes que Frankie
possa dizer algo.
— Se não
fosse por sua mulher misteriosa, diria que está tentando embebedar minha
irmãzinha. — Frankie diz e ri.
Estou pronto
para lhe dar uma resposta à altura, mas sou interrompido quando Ariana sem
querer deixa derramar quase todo o vinho em seu vestido claro.
— Ah droga,
meu vestido novo! — Ela exclama se levantando rapidamente e tentando limpar a
mancha com o guardanapo, o que só deixa-a pior.
— Não tente
limpar, se não vai ficar pior. — Digo.
— Não
acredito, esse vestido é novo e muito caro, agora é inútil. — Ela diz
tristemente.
— Calma, se
agirmos rápido pode ser que tenha salvação. Tire o vestido que eu peço para a
Sra. Bennet tentar dar um jeito nisso, ela conhece vários truques domésticos
para tirar manchas. Uma vez derrubei vinho no tapete, e ela tirou facilmente.
— Tirar o
vestido? E você quer o que, que ela fique nua? — Frankie pergunta levantando a
sobrancelha, me questionando.
— Claro que
não. Venha, Ariana. Vou lhe emprestar alguma roupa minha enquanto a Sra. Bennet
cuida do seu vestido. — Digo levantando-me e ela timidamente me segue.
— Sinto
muito mesmo, Joseph. Sou uma
atrapalhada. — Ela diz com as bochechas coradas de vergonha.
— Não se
preocupe. — Dou-lhe um sorriso simpático. — Acidentes acontecem.
Levo-a até
meu quarto e por um segundo me pergunto se Demetria
se importaria se eu emprestasse alguma roupa sua para Ariana, mas decido que é
melhor não, afinal são suas roupas e ela não está aqui para consentir, então
pego uma calça de moletom com elástico e uma camisa minha e entrego para ela.
— Pode
vestir isso, é meu e provavelmente ficará grande, mas é só até limparmos seu
vestido.
— Muito
obrigada, Joseph. E desculpe, de
novo.
— Sem
problemas. Fique a vontade. Mas troque-se rápido para ter mais chances de
salvar seu vestido.
— Tudo bem.
— Ela diz.
Fecho a
porta do quarto e volto para a companhia de Frankie. Assim que me sento na mesa
de jantar, escuto uma batida na porta.
“Quem será?”
— Só um
minuto, Frankie. Com licença. — Digo e vou receber a pessoa inesperada.
Quando abro
a porta, me pegando desprevenido pois não esperava vê-la essa noite, Demetria me encara com um sorriso largo
e um pouco safado no rosto. Seus olhos brilham com excitação, e por um momento,
a visão do seu belo rosto me deixa sem palavras.
— Oi, Joseph.
— Demetria? O que você está fazendo aqui?
— Pergunto confuso pois achei que ela ficaria até tarde em Austin fazendo
compras.
— Voltamos
mais cedo. Isso é para você. — Ela diz e só agora percebo que carrega um prato
envolto em papel filme e cheio de biscoitos com gotas de chocolate e que
parecem deliciosos.
— Eu disse
que iria te compensar por você ter comido aqueles biscoitos horríveis anos
atrás. Queria lhe fazer uma surpresa, está surpreso? — Ela pergunta ainda
sorrindo como se estivesse tramando algo.
— Bem,
estou. Não esperava vê-la hoje à noite. — Mas não estou reclamando, de forma
alguma.
— E eu tenho
outra surpresinha para você, embaixo da minha rou... — Demetria se interrompe bruscamente e olha para além de mim, seu
sorriso morrendo nos lábios e o brilho do seu olhar se apagando.
Olho para
trás e vejo Ariana vinda da direção do meu quarto, usando minha calça e minha
camisa, que ficam enormes nela, e seu vestido manchado nas mãos.
— Ah, pelo
visto você já tem companhia. — Ela diz com rancor, sua voz trêmula.
Olho
novamente para ela para pergunta-lhe o que ela quis dizer com isso, e me deparo
com seus olhos cheios de lágrimas.
— Bom, não
quero atrapalhar a sua diversão. Adeus. — Ela empurra o prato na minha direção,
e se eu não tivesse bons reflexos ele teria se espatifado no chão, se vira e
sai andando tão rápido que praticamente está correndo.
Depois de um
segundo tentando entender o que acabou de acontecer aqui, minha ficha caia.
Olho para Ariana vestida com as minhas roupas, vinda do meu quarto e que me
olha com confusão no olhar.
“Ah merda, Demetria
achou que eu e Ariana...Porra”.
— Segura
aqui. — Dou o prato com os biscoitos que Demetria
fez para mim para Ariana e saio correndo do apartamento.
Não posso
deixar Demetria pensar que alguma
coisa estava acontecendo entre Ariana e eu. De repente a ideia de ela achar que
eu estava dormindo com outra me causa náuseas. E medo. Se ela soubesse que eu
só tenho olhos para ela. Olhos e todo o resto, tudo é só dela.
— Demetria, espera, eu posso explicar. —
Grito, mas é tarde demais. As portas do elevador se fecham com ela dentro, só
tive tempo de ter um vislumbre de seu rosto manchado por lágrimas. Caralho. Quase
quebro o botão chamando o elevador, quando ele finalmente vem, aperto o botão
do térreo e juro por Deus, esse elevador nunca pareceu tão lento. Por sorte ele
não parou em nenhum andar.
Saio para a
recepção e procuro por ela, mas não consigo acha-la. Um desespero angustiante
começa a tomar conta de mim, como aqueles que precedem algo de muito ruim.
Preciso acha
Demetria e dizer que ela entendeu
tudo errado.
CONTINUA...
5 COMENTÁRIOS PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO.
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