quinta-feira, 28 de março de 2013

PRÓLOGO

 



RODEADO por convidados célebres e aduladores, em sua festa de noivado, Joseph Jonas sentia-se aprisionado como um leão em um picadeiro circense. A bisavó acenou para que ele se aproximasse. A senhora era conhecida por sua franqueza e Joseph suspeitava que ela estava ansiosa para dar sua opinião sobre a noiva. Era um dos homens mais ricos do mundo, mas havia aprendido a dar valor à riqueza de uma pessoa genuinamente honesta.

Pequenina, Adelaide Jonas lançou os olhos negros e perspicazes sobre o belo bisneto, quando ele sentou ao seu lado.

— Asheley é uma jovem muito bonita. Todos os homens presentes estão morrendo de inveja.

Joseph ergueu o rosto arrogante e naturalmente bronzeado ao ouvir o óbvio e esperou pelo comentário mordaz que viria em seguida.

— Mas que tipo de mãe ela será para os seus filhos? — perguntou Adelaide.

Joseph estremeceu por dentro, pois nem ele nem Asheley estavam preparados para um passo tão grande assim. Na verdade, ele nunca havia pensado na noiva como uma mulher com instintos maternais.

Talvez tivessem filhos em alguns anos. Porém, se isso não acontecesse, Joseph não hesitaria em arranjar um sucessor apropriado para herdar seu poder e fortuna entre sua extensa lista de familiares. Quando o assunto era filhos, ele não tinha nem um pouco de sentimentalismo.

— Você acha que isso não tem importância, que sou ultrapassada, fora de moda — a velhinha comentou, com um toque de irritação. — Mas a verdade é que Asheley é fútil e egoísta.

Ele endureceu sua feição, teimosamente. Uma crítica tão dura sobre sua futura esposa não era bem-vinda. Sabia que a noiva adorava ser o centro das atenções e que não conseguia passar por um espelho ou câmera sem fazer uma pose. Abençoada com lindos olhos azul-turquesa, Asheley tinha uma beleza singular e passou a chamar a atenção da mídia desde a adolescência. Herdeira do império eletrônico Greene, filha única de pais muito cuidadosos, Asheley era muito mimada. Era óbvio que a bisavó nunca a entenderia.

Não poderia haver duas mulheres com tão pouco em comum. Filha de um pescador, Adelaide cresceu em meio à pobreza e se aferrava aos valores simples da vida. A recusa em aceitar os padrões esnobes de seus descendentes e a língua afiada faziam dela um estorvo e um constrangimento para a família. No entanto, Adelaide e Joseph tinham um forte laço afetivo, formado, inesperadamente, durante a adolescência rebelde e conturbada de Joseph, que quase chegou à autodestruição.

— Você não diz nada, mas se perdesse todo o seu dinheiro e suas mansões, carros e aviões, amanhã, acha que Asheley continuaria ao seu lado? — perguntou a bisavó, bruscamente. — Pois eu acho que ela desapareceria em um passe de mágica!

Ao se levantar e sair de perto da avó, Joseph quase soltou uma gargalhada, pois pensou que em uma situação dessas Asheley seria nada mais que um estorvo, um poço de autopiedade e recriminação. Sem dúvida, ela era o produto de um ambiente luxuoso e rarefeito. Será que a avó realmente acreditava que existiria uma mulher indiferente e incorruptível frente à fabulosa fortuna dos Jonas?

Acenou para o chefe da segurança, Nemos, pedindo que garantisse sua privacidade, e foi até o terraço. Desfrutou do ar fresco enquanto refletia sobre a nuvem negra que havia alterado seu humor. Afinal, não tinha dúvidas sobre seu casamento com Asheley Greene. Por que deveria? Todos a consideravam o par perfeito para ele. Ela possuía berço e era excelente anfitriã.

Ambos pertenciam ao mesmo mundo privilegiado e exclusivo, e ela conhecia as regras do jogo. Não importava o que acontecesse, não haveria divórcio. Assim, o império Jonas estaria protegido para a próxima geração.

No entanto, Joseph não esquecia que aos 19 anos, para revolta das famílias, havia namorado e terminado com Asheley Greene. A mulher mais linda do mundo parecia ter muito pouco a oferecer. Além disso, era fria como uma geladeira na cama e fora dela.

— Por favor, não estrague meu penteado... — Era sua fala favorita.

— Estou precisando desesperadamente do meu sono de beleza...

— Odeio transpirar...

Asheley nunca seria uma amante entusiasmada e ardente na cama, pensou Joseph, resignadamente. A falta de paixão da namorada havia sido o principal motivo do término quando ele era apenas um adolescente idealista, instigado pela bisavó a acreditar que a mulher perfeita estava esperando por ele em algum lugar. Bem, ninguém poderia culpá-lo por não ter procurado. Na verdade, Joseph havia passado mais de uma década se relacionando com inúmeras mulheres, incessantemente, até chegar a uma conclusão cínica e vergonhosamente egoísta: a mulher perfeita para ele não existia. Além disso, agora via os defeitos de Asheley como positivos, pois assegurariam que o casamento provocaria o mínimo impacto possível ao seu estilo de vida.

Estava acostumado a fazer exatamente o que queria e quando queria.

O casamento com Asheley não mudaria essa realidade ela não criaria falsas expectativas em relação a ele nem faria escândalos ou cenas de ciúme. Sabia que não poderia exigir atenção, amor ou fidelidade por parte de Joseph. Não poderia haver melhor esposa para um homem como ele, viciado em trabalho, que vivia sobre pressão e que gostava de manter aberto seu leque de opções amorosas. Asheley estaria ocupada demais cuidando da aparência e do guarda-roupa para se sentir negligenciada pelo esposo bilionário.

Assim que voltou para a festa, Asheley foi rapidamente até ele para implorar por mais uma sessão de fotos. Nem uma gota de impaciência se estampou em seu rosto fino e aristocrático. Apesar de detestar publicidade, estava disposto a deixar que dessa vez ela organizasse a festa de noivado ao seu modo. Aliviada por ele não ter feito nenhuma objeção, Asheley o tomou pelo braço e começou a falar sem parar: — Aquela velha horrorosa sentada no canto é da sua ou da minha família? — perguntou ela com um risinho cínico.

Joseph contemplou o pequeno vão do salão, primorosamente decorado, e fixou os olhos na pequena senhora com um sóbrio vestido preto, e sentada de forma ereta. Velha horrorosa? Adelaide raramente saía da pequena ilha onde morava, Libos, e por isso poucos fora do círculo familiar a conheciam. Os olhos brilhantes e negros de Joseph faiscaram como ouro em chamas. — Por quê? — Você acredita que ela me perguntou se eu sabia cozinhar?!

Asheley revirou os olhos e fez uma expressão de zombaria, típica de uma jovem acostumada a ser tratada como uma rainha.

— Depois me perguntou se eu ficaria esperando você voltar do trabalho! Até parece... — disse ela. — Alguém devia ter deixado a velhota em casa. Ela me deixou constrangida. Espero, sinceramente, que ela não esteja no nosso casamento.

— Se ela não estiver, eu também não vou estar.

A resposta de Joseph foi suave como uma seda. Ele esperou alguns segundos até que a noiva compreendesse o que tinha dito. Aflita, Asheley fitou-o com um olhar constrangido. As unhas longas seguravam na manga da camisa de Joseph, em verdadeiro pânico, antes que ele se afastasse dela.

— Joseph, eu...

— Aquela senhora é minha bisavó e merece sua profunda consideração e respeito — alertou Joseph, enfaticamente, mas sem elevar o tom da voz.

Consternada por tê-lo ofendido, Asheley começou a oferecer milhares de desculpas. À lista de defeitos de Asheley, Joseph adicionou a grosseria e a falta de sinceridade.






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logo, logo posto o primeio capitulo espro que gostem!

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