Demetria
Termino de
almoçar e me encaminho para meu dormitório. Tenho uma prova difícil daqui a
dois dias e tenho que usar todo o tempo vago que tenho para estudar para ela. Caminho
pelo campus distraidamente. Chego ao meu prédio e subo as escadas lentamente,
quando viro em meu corredor, levo um susto com a quantidade de flores que estão
na frente da minha porta. Chego bem na hora em que Joseph está amarrando vários balões em formato de coração na
maçaneta da minha porta.
— Joseph? — Ele se assusta quando o chamo,
mas sorri assim que me vê.
— Ah, oi
amor. Como foram as aulas essa manhã?
— Bem,
obrigada...Ann, Joseph, porque o meu
corredor está parecendo uma floricultura? — Pergunto me aproximando dele, ainda
encarando os diversos vasos e buquês de flores espalhados pelo chão. Têm rosas
brancas e vermelhas, margaridas, tulipas coloridas e flores do campo. Sorrio ao
perceber um ursinho grande no meio de todas essas flores, ele segura um coração
que diz “eu só tenho olhos para você”.
Joseph se aproxima e laça
minha cintura, me puxando para junto de si. Ele segura meu pescoço e junta sua
boca com a minha. Me dá um beijo tão apaixonado, tão cheio de amor que eu me
esqueço de tudo o que vem me atormentando desde aquele jantar maldito.
Esqueço-me sobre o tal beijo entre ele e Blanda – o qual eu ainda não tive
coragem de questiona-lo – esqueço-me de todas as mulheres com quem ele já
esteve, esqueço-me de tudo que é ruim. Nesse momento só existe Joseph e eu. Quando ele se afasta estou
ofegante e com os joelhos fracos. Só ele para ser capaz de me fazer sentir isso
apenas com um beijo.
— Uma vez eu
te disse que nunca poderia te dar flores e balões. Eu só queria que...Queria
que você soubesse que eu mudei. — Ele diz e eu sinto meu coração inchar, tanto
que eu acho que vai explodir.
— Ah, Joseph. — Digo sorrindo e acariciando
seu rosto.
— Eu te amo Demetria, e pretendo me comportar como o
idiota apaixonado que sou. Vou te dar flores, balões, ursinhos e tudo o que
você quiser. Qualquer coisa para te provar que eu mudei e que eu te amo com
todas as minhas forças.
Ele segura a
mão que acariciava seu rosto e lhe dá um beijo.
— Joseph, por favor, me leve para dentro
daquele apartamento e faça amor comigo. — Peço em um sussurro.
— Tudo o que
você quiser, minha linda, tudo o que você quiser.
— Demetria, você pode levar isso lá para
fora e colocar na mesa? — Mamãe pede.
— Claro. —
Pego a travessa de vidro e me encaminho para a grande mesa com bancos de
madeira que foi colocada atrás da casa, ao ar livre.
Hoje é
domingo e decidimos fazer um grande almoço em família. Os Lovatos e os Jonas, todos reunidos para um farto almoço junto das pessoas que
amamos.
Papai está
sentado na varanda bebendo cerveja com Ian. Sunny
está com Wilmer – já o consideramos parta da família – e eu, mamãe e Nina estamos terminando de arrumar a
mesa. Denise, Paul, Joseph, Nick e Selena ainda não
chegaram. Estou colocando a travessa de salada de batatas na mesa quando escuto
o barulho de rodas nos cascalhos na frente da casa.
Joseph.
Sorrio e
saio correndo para recebê-lo.
Quando chego
à frente da casa e vejo Harry saindo
do carro, congelo no lugar. Não pode ser, eu devo estar imaginando. Que diabo
ele está fazendo aqui?
— Harry, o que você pensa que está fazendo
aqui? — Pergunto furiosa enquanto me aproximo de seu carro. Não acredito que
ele teve a cara de pau de vir até a minha casa.
— Você deve
ir embora, agora. — Digo olhando-o severamente.
— Ele não
vai a lugar algum, ele é meu convidado. — Escuto a voz de Ian atrás de mim.
— Como é que
é? — Viro-me olhando chocada. Eu só posso ter entendido errado.
— Eu o
convidei. — Ian repete.
— Como assim
você o convidou, você está louco? — Ian se
aproxima sem se deixar abalar pelo olhar fulminante que estou lançando para
ele.
— Vocês me
obrigam a ter que aceitar que aquele filho da mãe que você chama de namorado se
sente na mesma mesa que eu. Então ele vai ter que aceitar que o meu convidado
se sente nela também.
— Você não
pode fazer isso. Isso aqui é um almoço de família. — Digo histérica.
— Eu tinha
pedido para papai e mamãe se eu podia convidar um amigo, eles permitiram.
— Mas aposto
que eles não sabiam que era Harry,
não é? E desde quando você o considera um amigo? Você sempre o odiou, você só
está fazendo isso para provocar Joseph.
— Digo dando com o dedo em seu peito.
— Não
importa meus motivos, ele é meu convidado e ele fica. — Ele volta seu olhar
para Harry, que assiste nossa
discussão quieto. — O pessoal está lá atrás, pode ir até lá Harry, sirva-se de cerveja e o que você
quiser, fique à vontade.
— Obrigado, Ian.
— Harry diz e se dirige para a parte
dos fundos da casa, eu apenas o olho se afastar com a boca aberta, ainda não
acreditando no que Ian está fazendo.
Não posso
acreditar que ele esteja agindo dessa maneira. Meu Deus, alguém abduziu meu
irmão e colocou esse clone incrivelmente idiota no lugar?
— Você tem
que falar para ele ir embora, agora. — Emprego o máximo de autoridade na voz
que consigo.
— Não. Ele
fica.
— Porque
você está agindo dessa maneira? Você não acha que deveria estar mais preocupado
com a cirurgia da sua mulher do que agir como uma criança?
— Eu estou
preocupada com ela, e estou cuidando para que ela tenha tudo o que precisa. Não
precisa se preocupar.
— Ian, por
favor. Você sempre odiou Harry.
— Eu não vou
mudar de ideia, Demetria. — Ele diz
se afastando.
— Harry me traiu. — Digo e ele para. — Foi
por isso que eu terminei com ele, porque eu o peguei na cama com a minha colega
de quarto. — Vejo raiva passar por seus olhos.
— E ele já
tinha me traído antes disso também. Eu odeio ele, Ian. Você convidou um cara
que me fez sofrer, para perturbar um cara que me ama de verdade e só tem me
feito feliz.
Ele me olha,
mas não diz nada.
— Por favor,
faça Harry ir embora antes que Joseph chegue. Pare de ser tão hostil,
tão teimoso e tão infantil. Todos têm agido como adultos com relação à Joseph e eu, menos você. Você tem agido
como uma criança mimada que está emburrada porque as coisas não saíram como
queria.
— Ele fica.
— Ele diz teimosamente.
— Eu vou
falar com papai, ele vai fazer Harry
ir embora. — Ameaço.
— Ele não
vai expulsar um convidado meu.
— Eu não vou
mais falar com você, você já magoou demais Joseph.
Ele é seu amigo e está sofrendo com todo esse seu ódio, aí você pega e convida
aquele cara para uma reunião de família, uma tarde que era para ser cheia de
alegria, só porque você é egoísta e quer machucar o homem que eu amo. Eu não
vou te perdoar por isso, esse não é o Ianque
eu amo e admiro. — Digo magoada com sua atitude irracional e vou em direção aos
fundos da casa.
Chegando lá
vejo Harry com uma cerveja na mão,
sozinho em um canto, olhando para os lados parecendo desconfortável.
Papai me
olha com um olhar de desculpas, mamãe e Nina
estão fingindo que tudo está perfeitamente bem e Sunny me olha confusa assim que entro em seu campo de visão.
Caminho
determinada até Harry.
— Você tem
que ir embora. Agora.
— Seu irmão
me convidou, tenho o direito de estar aqui.
— Você não
tem direito nenhum. — Digo elevando a voz. — Você sabe que ninguém te quer
aqui, nem mesmo Ian, ele te convidou só para provocar Joseph.
— Sabe, eu
não gostava do seu irmão tanto quanto ele não gostava de mim, mas depois que eu
fiquei sabendo que ele deu uma bela de uma surra no seu namoradinho, acho que
ele até que é um cara bem legal.
— Como é que
você...Esquece. Você é um idiota, não acredito que eu cheguei mesmo a amar
você. — Vejo seu rosto murchar e magoa passar pelo seu olhar. Poderia até
sentir pena dele, se ele não fosse um idiota traidor.
— Você quer
mesmo ficar em um lugar que você sabe não ser bem vindo?
— Eu quero
ficar no mesmo lugar que você, não importa onde isso seja. — Ele diz dando um
passo em minha direção e colocando sua mão em meu rosto, que eu rapidamente
retiro.
— Harry, só vai embora, por favor.
— Eu te amo,
Demi.
— Eu não te
amo mais, Harry.
— Eu posso
fazer você voltar a amar.
— Não, não
pode. Entenda isso de uma vez por todos e pare de agir como um perseguidor, vá
viver sua vida.
— Eu não
consigo tirar você da minha cabeça, eu penso em você o tempo todo. Eu sei o
quanto eu te machuquei, eu sei o quanto eu fui um filho da puta, mas se você
pudesse me dar só mais uma chance...
— Não, Harry não dá. Eu amo o Joseph, estou completamente apaixonada
por ele, não quero mais ninguém além dele. E se você me ama tanto quanto você
diz, você vai embora agora.
Ele me olha
tristemente, leva sua mão até meus cabelos e os acaricia.
— Você não
está sendo justa, você sabe que eu te amo de verdade.
— Então vá
embora, agora.
Ele toma um
gole da sua cerveja e deixa a garrafa na mesa.
— Tudo bem,
eu vou, para mostrar que eu te amo. Me leve até o meu carro.
— Tudo bem.
— Digo revirando os olhos e o acompanho de má vontade.
— Tchau. —
Digo quando chegamos ao seu carro e me viro para voltar para minha família.
— Espera. —
Ele segura meu braço.
— O que foi?
— Pelo menos
me de um beijo de despedida.
— Então você
vai parar de enrolar e vai embora? — Pergunto.
— Vou,
prometo. — Solto um grunhido impaciente. Minha intenção é lhe dar apenas um
beijo rápido na bochecha, mas quando meus lábios encostam-se na sua pele, ele
me abraça e segura minha nuca. Vira o rosto e faz com que nossos lábios se
encontrem, tudo em um movimento rápido demais para que eu possa reagir.
Sua língua
tenta invadir minha boca e eu a mordo, fazendo-o me soltar e falar um palavrão
enquanto leva a mão até a boca.
— Seu
idiota, vá embora e não me procure mais. — Suas mãos seguram meus braços e ele
me puxa com força para junto de si, nossas bocas separadas por poucos
centímetros.
— Você não
pode fazer ou dizer nada para que eu desista de você.
— Mas eu
posso. — Escuto a voz grave de Joseph
e me viro em sua direção. Ele está a poucos metros de nós e escutou tudo, Nick e Selena estão logo atrás dele.
— Largue a
minha namorada, agora. — Ele diz com uma voz assustadora. Harry me solta e encara Joseph
com um olhar arrogante.
— Sua por
pouco tempo. — Ele diz sorrindo. Joseph
quebra a distância com dois passos largos e agarra Harry pela camisa.
“Oh não! Meu
Deus, porque Joseph tem sempre que se meter em alguma briga?”
— Se você
chegar perto dela de novo, se você falar com ela ou olhar para ela, eu vou
atrás de você, entendeu? — Joseph diz
numa voz sombria. Nick se aproxima do
irmão cauteloso, pronto para apartar uma briga se necessário.
— E eu vou
estar te esperando.
— Joseph. — Chamo-o e coloco uma mão em
seu braço, ele me olha e suaviza a expressão imediatamente.
— Solte-o. —
Peço e ele larga Harry no mesmo
instante, dando um passo para trás e me puxando para perto de si, envolvendo
meus ombros com seu braço.
— Saia
daqui, antes que eu perca a paciência com você.
— Tudo bem,
já estou de saída, mas por que ela pediu e não porque você quer. — Harry abre a porta do carro, mas antes
de entrar se vira para mim.
— O que nós
tínhamos era especial demais para você me esquecer tão facilmente...
— Humpf. —
Bufo e solto uma risada sem humor nenhum. — Esquecer você foi tudo, menos
fácil.
— Eu sei que
em algum lugar aí no fundo você ainda me ama. Você vai voltar a ser minha,
nossa história não acabou, Demi.
— Filho
da... — Joseph parte para cima de Harry, mas eu o seguro a tempo.
— Por favor,
Joseph. Não aqui. — Ele me ouve e
recua, Harry entra no carro.
— Até
depois, minha linda. — Harry diz e
arranca com o carro.
— Filho da
mãe. Quem ele pensa que é para te chamar de Demi, de minha linda? Deus, eu
quero matar esse pedaço de merda. — Joseph
diz vermelho de raiva.
— Calma,
cara. — Nick diz colocando a mão em
seu ombro.
— Calma
nada, eu vou acabar com ele isso sim. O que ele estava fazendo aqui? Porque
você deixou ele chegar tão perto? — Joseph
diz redirecionando sua raiva para mim.
— Hey,
calma. Foi Ian quem convidou Harry.
— Ian? — Selena pergunta confusa.
— É, ele o
convidou só para provocar Joseph.
— Mas Ian não odiava Harry?
— Pelo jeito
ele me odeia mais. — Joseph diz
encarando o chão, a raiva em sua voz sumiu e foi substituída por magoa.
Ele não olha
para ninguém e vai em direção a casa, sumindo pela porta da frente.
— Droga, eu
vou atrás dele. — Digo e saio correndo para dentro.
— Joseph, espere. — Ele para e se vira,
com as mãos na cintura. — O que foi?
— Não fique
assim, por favor.
— Como você
quer que eu fique? Eu chego aqui e vejo a minha namorada nos braços do ex e
ainda por cima descubro que o meu melhor amigo me odeia ao ponto de convida-lo
apenas para me atingir.
— Eu não
estava nos braços de Harry.
— Estava
sim, vocês estavam quase se beijando. — Obviamente agora não é uma boa hora
para admitir que Harry me beijou.
— Amor...
— Acho
melhor eu ir embora. — Ele diz.
— Não, não
fale besteira. Não deixe que os idiotas do Harry
e do Ian estraguem nosso dia. Vamos
mostrar para Ian que não há nada que
possa nos separar, que estamos felizes juntos e que nos amamos.
— Não posso
acreditar que ele me odeie tanto assim. — Joseph
diz passando a mão pelos cabelos.
— Uma hora
ou outra ela vai acabar entendendo. E mesmo que ele não entenda, isso não vai
nos separar. Eu não vou permitir que Ian nos
atrapalhe, a partir de hoje não vou mais falar com ele, agora sou eu quem vou
ignora-lo.
— Não quero
que você se afaste do seu irmão por minha causa.
— Não é por
sua causa, é por causa dele mesmo. Ele que tem agido como um idiota.
— Chamar Harry não foi a primeira coisa que ele
fez, foi? Ele tem feito outras coisas que você não me contou, não é?
— Joseph...Deixa isso para lá, não
importa.
— Importa
para mim, o que ele tem feito? Ele tem te tratado mal?
— Não
exatamente.
— Então o
que é?
— Ele tem
tentado me convencer a te deixar, ele tem...Ele fica me contanto coisas.
— Que tipo
de coisas? — Ele pergunta com um leve tom de desespero na voz.
— Coisas que
você fez no passado, com outras mulheres. Ele fica me dizendo que você é
nojento e que eu mereço coisa melhor. Ele me contou sobre as festas de troca de
casais que você deu no apartamento que vocês dividiam na faculdade, sobre as
vezes que ele pegou você com mais de uma mulher transando na sala, das vezes
que ele não conseguia dormir por causa dos gemidos. E da vez que...Da vez que
você transou com um homem. — Assim que digo isso Joseph fica branco como papel e rapidamente desvia o olhar, com
vergonha. Ele se vira, ficando de costas para mim.
— Eu estava
bêbado, foi só uma vez.
— Eu não
estou julgando, Joseph.
— Eu sinto
muito que tudo isso seja verdade.
— Joseph, olhe para mim. — Peço e ele
balança a cabeça em negativa.
— Tenho
muita vergonha de tudo o que eu fiz.
— Não tenha,
por favor, olhe para mim. — Ele lentamente se vira, quando vejo as lágrimas escorrendo
de seus lindos olhos, sinto uma vontade enorme de chutar a bunda de Ian.
Definitivamente eu não estou mais falando com ele.
— Ele tem
razão, você merece coisa melhor.
— Hey, não
fale uma coisa dessas. — Digo abraçando-o. — Eu não gosto nem um pouco do seu
passado, não vou mentir. Odeio que você tenha estado com tantas outras pessoas,
mas seu passado faz parte de quem você é agora, e eu te amo. — Ele me abraça
forte.
— Se eu
soubesse...Se eu soubesse que iria encontrar esse sentimento tão puro e bonito,
o nosso amor, eu teria feito tudo diferente. Não teria encostado em nenhuma
outra mulher, teria esperado por você.
— Queria ter
esperado por você também. — Digo.
— Só de
imaginar que você já dormiu com outro homem, me deixa cego de ciúmes, mesmo
tendo sido apenas um. Não posso nem imaginar como você se sente sabendo de tudo
o que eu fiz. Sinto muito meu amor, que você tenha que aguentar isso.
— Não quero
mais falar sobre isso, por favor. Vamos esquecer tudo isso, pelo menos por
hoje, vamos fingir que nada disso com Harry
aconteceu e vamos aproveitar o dia juntos.
— O que você
quiser, meu amor. Mas eu não vou me esquecer dele, se Harry chegar perto de você de novo, não vai ter nada que vá
conseguir me impedir de dar uma lição nele. E com relação à Ian, eu também não
vou permitir que ele continue te envenenando contra mim. Ele não quer aceitar
nosso namoro, muito bem então, mas ele não tem o direito de tentar
atrapalha-lo.
— Não vamos
deixar ele nos atrapalhar. — Digo.
— Não vamos
deixar ninguém nos atrapalhar, promete?
— Prometo. —
Respondo.
— Ótimo, eu
prometo também. Vamos permanecer firmes, meu amor, e juntos. Haja o que houver.